Série Auror - Segunda Temporada escrita por Van Vet


Capítulo 20
Capítulo Final


Notas iniciais do capítulo

Pois é, amigos leitores, chegamos ao final de mais um episódio auror. Espero que gostem!
;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/505107/chapter/20

Harry estava sentado na cabeceira da longa mesa de reuniões no Quartel-General dos Aurores. Era um ambiente gelado e desprovido de ornamentos, apenas cadeiras cinzentas em torno da chapa de madeira de mogno. Malcolm Willard, seu superior, permanecia prostrado à direita, exalando seu odor típico de tabaco e anotando alguns pontos do relatório falado do auror. O ministro ouvia atentamente do outro extremo, as mãos apoiadas no abdômen, vestindo uma capa roxa com bordados de prata, a varinha apoiada no tampo da madeira e um semblante sobrecarregado de fadiga.

Harry não se encontrava tão melhor que o Ministro. Olheiras profundas e palidez vinham emoldurar um rosto que não dormia a mais de um dia. Do lado de fora do Ministério, começava a surgir o sol vívido da tarde londrina.

— Ronald tentou correr até Emmanuel, mas provavelmente ele envolveu-se na escuridão da catacumba e aparatou.

— Vocês não conseguiram aparatar? — Willard o interrogava.

— Isso. Ele lacrou toda a catacumba com feitiços para que nós não pudéssemos escapar.

— Me conte um pouco sobre as descobertas acerca da verdadeira identidade do Sr. Battitori.

Fora por intermédio de Hermione que ele soubera, aliás, se não fosse pela amiga, talvez eles ainda estivessem perdidos e desorientados naqueles labirintos opressivos. A bruxa informou ao Ministro, que alertou todo o quartel-general, assim que soubera de quem se tratava o rico italiano Emmanuel Battitori.

— Seu nome, na verdade, é Ottavio Pelinizzari. Nasceu em 1885, em Roma, e é filho de Guiliana e Francisco. Guiliana Pellinazzari vivia com sua família numa província trouxa, também em Roma, e foi a principal suspeita do roubo da Magia Incandescente Imperius das Masmorras de Glastonbury em 1864.

As Masmorras de Glastonbury formavam um dos complexos mais antigos da comunidade bruxa do Reino Unido. Encontrava-se na cidade de seu nome e era um prédio baixo de pedras selvagens, albergando uma intrincada rede de masmorras, que ocultavam todo o tipo de magia vívida decretada a estar fora do alcance da população mágica. Diziam que seus corredores eram protegidos por feitiços avançados e monitorados por selvagens e instáveis Trolls das Montanhas. Os rumores foram que o próprio Merlim fundara o complexo, procurando esconder a sabedoria mágica quando Morgana tornou-se incontrolável em sua ambição.

Mais tarde, as investigações pelo castelo Monte Sacro mostrariam que Emmanuel, ou Ottavio, havia assassinado a família para tomar posse do poder da Magia.

— Ele passou todos esses anos buscando uma forma de sugar o poder usurpado pela mãe, mas os mecanismos de defesa criados por Merlim e reforçados pela própria Guiliana não lhe permitiram.

— E como se justifica o poder persuasivo dele então?

— Ele conseguia trazer um pouco da energia para sua varinha quando ofertava as mulheres com características parecidas com a de sua mãe.

Quando o destacamento de aurores chegou às catacumbas para resgatá-los, um grupo iniciou minuciosa investigação por todo o local. A equipe de sentinelas de Glastonbury foi comunicada para ir resgatar, depois de um século, a Magia Incandescente e levá-la para seu local de onde nunca deveria ter saído. Logo, a gosma sinistra que grudava como piche pelo chão foi analisada e a surpresa apavorante veio a tona: eram os restos do corpos humanos das mulheres assassinadas que haviam se liquefeito e apodrecido depois do contato imbatível com a poderosa bola azulada.

Willard fez-lhe mais algumas perguntas, das quais Harry arrastou-se para responder. Kingsley foi generoso com ele, dando um basta no interrogatório do auror-chefe ao dizer que seu subalterno precisava de muito descanso agora.

Harry agradeceu ao ministro e aparatou do Ministério o quanto antes.

***

Hermione observava Ron ser tratado na ala de pequenos ferimentos do St. Mungus. O ruivo estava sem camisa, sentado num leito hospitalar enquanto recebia os cuidados de uma enfermeira nas escoriações em seu braço e ombro. Ao que parece seu noivo fora atingido numa dura batalha com o, agora foragido, Ottavio Pellizzarri.

— Sr. Weasley, agora peço que permaneça no seu leito, pelo menos pela próxima hora, para observamos se a batida na sua cabeça não foi grave. — a enfermeira informou depois que passou a faixa no braço dele.

— Obrigado. — Ron respondeu calmamente. Ela partiu.

Hermione levantou da cadeira e sentou ao lado dele, no leito. Ele estava bem disposto e alerta, apesar dos ferimentos. Os cabelos pareciam mais vermelhos do que nunca.

— Vou falar com minha mãe agora. — comentou.

— Não, a enfermeira acabou de recomendar...

— Mione, eles estão mortos de preocupação na Toca. Eu estou bem. — assegurou.

— Deixa que eu vou. Dá pra ficar quieto aqui pelos próximos oitenta minutos, por favor?! — disse incisiva.

— Tudo bem! Tudo bem, mandona. — Ron rendeu-se. Então sorrindo, passou um braço ao redor do pescoço dela e beijou-a com carinho. Ela tocou de leve em seu tórax amplo e desnudo — Você foi fantástica, como sempre.

Ele se referia a coincidência que fora para Hermione encontrar no seu livro sobre famosos roubos da história bruxa, uma gravura da mãe de Ottavio. Uma bruxa alta, de flamejantes olhos claros, idêntica em aspecto e postura ao poderoso empresário bruxo, Emmanuel Battitori.

— Só lamento não ter sido mais rápida em identificar isso. — confessou — Agora esse mau caráter está solto por aí.

— Nós vamos pegá-lo. Tenho certeza disso. — o ruivo estava confiante.

— Ron... — ela suspirou. Queria lhe contar aquilo há muito tempo, e com o desfecho de todo drama sentiu que precisava desabafar. — Tenho que te contar uma coisa.

— Até duas, Mione. — o noivo estava romântico, e por um instante a morena pensou em desconversar. Somente por um instante.

— Há meses, quando Harry pediu para eu obter informações na seção de Esportes, eu fiz algo um tanto baixo.

Ele ficou escutando-a e a olhando serenamente.

— Eu joguei charme pra cima do chefe do departamento, o David Sanders, para conseguir as informações que o Harry queria. Não sei se ele percebeu, certamente que sim, mas foi preciso. Usar mágica poderia ser muito arriscado.

— Que tipo de charme? — enrugou a testa.

— Soltei o cabelo, dei uma olhadela suspeita... Enfim...

Ron ficou calado, carrancudo, por muitos minutos. Hermione balançou os pés sobre o leito, cada vez mais agoniada com aquele silêncio.

— Você não vai falar nada? Brigar comigo já seria um começo.

O auror balançou a cabeça e aproximou-se dela para lhe aplicar um beijo suave na testa.

— Foi por uma boa causa, se analisarmos bem. As suspeitas de Harry eram assertivas e eu sei que só agiu como agiu porque precisava ajudar seu amigo. Por outro lado, o que é um olhar seu para alguém, perto do que você me dá.

A maturidade de Ron a surpreendeu. A morena acariciou-o nos cabelos e beijou-o longamente nos lábios. Entretanto, no íntimo dela, Hermione sabia que aquela história não morreria fácil nas lembranças do noivo.

Alguém bateu no batente da porta do quarto, chamando a atenção do casal. A porta já estava aberta.

— Desculpe interromper outra vez. — era Harry. Estava mais abatido do que Ron.

— Dessa vez está perdoado. — o ruivo sorriu.

— Como está? Vai sobreviver?

— Eu me saí bem lá embaixo, — Ron se referia as catacumbas. — mas devo confessar que o oponente era do mais elevado nível. O combate mais acirrado que já me deparei.

— Ron...

— Querem que eu saia? — Hermione percebeu que aconteceria uma conversa mais profunda ali.

— Claro que não, para de besteira, Mione. — Harry ralhou, fazendo-a ficar onde estava — Quero que ouça também, porque vou pedir desculpas para meu amigo e preciso de uma testemunha caso ele fique metido demais e finja não ter escutado.

Ela sorriu antevendo o que viria.

— Tá tudo bem, Harry, não precisa... — Ron também sabia do que se tratava.

— Cala a boca, vocês estão chatos hoje, hein! Deixa eu falar! Eu tenho o direito de ser um completo imbecil e você não vai me tirar isso.

— Acontece que eu também fui um completo imbecil e duvidei das suas habilidades uma enésima de vezes durante os últimos tempos.

— Eu lhe dei oportunidades para tal. Ron, você se mostrou um tremendo auror naquelas catacumbas. Estou sendo sincero quando digo que nunca vi alguém lutar tão bravamente e repelir tantos feitiços mortais com tamanha eficiência.

— Feitiços mortais? — Hermione arregalou os olhos assustada. O noivo tocou carinhosamente em seu joelho.

— Mione, tá tudo bem agora. Essa é só o meu emprego. Harry, que tal um abraço para refazermos as pazes de vez?

Harry, Ron e Hermione, que foi arrastada pelos dois, cada um por um braço, formaram um abraço triplo no centro do leito. Ela chorou um timidamente porque chegou a pensar que eles nunca mais voltariam a estar próximos daquele modo. Eles enxugaram suas lágrimas e a chamaram de emotiva exagerada.

***

Duas semanas depois...

A notícia recaiu como uma bomba nos ombros de Harry. Na manhã seguinte estaria nos principais jornais do país e sua vida voltaria a ser aquele conhecido mar de polêmicas e aborrecimentos. Isto era algo inerente ao seu nome e seu destino, começou a achar que jamais se livraria de tal estigma.

Tivera os últimos dias de licença do ofício, sobre a desculpa de que como ficara em forte estresse, precisava descansar. Ao voltar à rotina da segunda feira, Willard o informara solenemente da decisão do quartel em comunhão com o Ministro. Até Kingsley compactuava com aquilo. Estava afastado por tempo indeterminado. Trocando para palavras mais simples, demitido.

O brilhante bruxo, o garoto número um, o aniquilador do mal encarnado de outrora, agora só servia para atrapalhar missões e colocar os parceiros em risco de vida. Ele até chegou a rir-se dessas implicações apresentadas por Willard.

Harry poderia recorrer, apelar perante o Ministério, mas, do fundo de seu coração, não queria. Viu ali uma oportunidade única para sair de toda aquela violência para sempre e, pela primeira vez em sua vida, ser apenas um bruxo comum numa sociedade mágica. Havia outras coisas mais importantes em voga nesses dias também.

O bruxo aparatou para sua casa bela e bucólica e adentrou na sala assoviando. Chega de mau humor. Guardou a capa no aparador e caminhou para o andar de cima, em direção ao quarto. A porta estava aberta, a janela parcialmente e amparada pela cortina, e os raios solares incidiam timidamente sobre a moça deitada na cama.

Gina sorriu para ele ainda embolada nas cobertas. Estava fraca, mais magra, bastante abatida após uma semana desacordada no hospital e a experiência de quase morte. O importante, porém, era o otimismo em sua tez sardenta.

— Ué, resolveu faltar ao trabalho? — brincou ao vê-lo entrando.

Harry foi para cama e jogou-se no seu lado com roupa e tudo. As molas do estrado rangeram em resposta. A ruiva tocou suavemente em seu tórax por cima da blusa quando se acomodou.

— Quero ficar mais tempo com minha linda esposa. — disse, preferindo omitir, pelo menos até o Profeta Diário apresentar num sensacionalismo enervante, seu mais novo fardo.

— Hoje as garotas do Hapias vêm aqui. Elas querem me ver e falar comigo.

— Não quero ser chato, — falou cauteloso — mas não está um pouco cedo pra você fazer manobras em vassouras? — Harry tinha planos de tê-la somente para ele aquele dia.

— Não se preocupe, bobinho, se eu voltar para o time só posso entrar na próxima temporada. Faltam quatro meses ainda. — ela beijou-o no nariz.

Harry a abraçou e enroscou seu pescoço no dela.

— Eu te amo tanto. — apertou-a contra seu corpo. — Se algum dia alguém quiser te fazer mal novamente, eu vou ouvir minha intuição e passar por cima de qualquer lei...

— Hoje começa um novo tempo. — ela o interrompeu, apoiando-se nos cotovelos para fitar seus olhos verdes — Nós só pensaremos no que vem daqui em diante e vamos apagar esses aborrecimentos do passado.

— Você está certíssima. — afastou uma mecha de cabelo ruivo do rosto dela.

Se beijaram urgente e apaixonadamente por muitos minutos. O hálito dela era fresco como uma manhã de verão. Quando seus corpos se afastaram, ele sacou sua varinha e fez um encantamento no ar. Gotículas cintilantes com perfumes de flores criaram um lindo efeito sobre suas cabeças.

— Mágica nova? — ela perguntou esticando os dedos para alcançar as partículas.

— Aprendi há muito tempo, num livro de encantamentos românticos quando ainda éramos adolescentes. Eu queria te impressionar, mas acabou que achei um pouco brega afinal e não o usei.

Eles riram, se abraçaram e se amaram.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sim, isso não é um final completo, é apenas o final desse episódio.
Eles acharão Ottavio? Harry ficará mesmo afastado do Ministério? Rony e Hermione permaneceram bem depois da revelação dela?
Todas essas perguntas só poderão ser respondidas no próximo episódio, Supremacia de Morte, que não tem data pra sair ainda.
Na verdade, tudo depende da repercussão da série. Ela me dá muito trabalho mesmo, então preciso de mais gente comentando e mais leitores.
Não perca a vez e me dê um comentário final! o/

Grande Beijo à todos, até a próxima...

Van Vet



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Série Auror - Segunda Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.