Série Auror - Segunda Temporada escrita por Van Vet


Capítulo 13
Parte 13




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O soco forte retumbou sobre a mesa, derramando o chá que Hermione havia trazido ao amigo. A morena eficientemente sacou a varinha e num floreio sorveu à extremidade do cabo o líquido fumegante, antes que queimasse alguém.

— Como os aurores não encontraram nada? — olhou séria de Harry para Rony.

Rony estava de pé, logo atrás da poltrona em que o outro auror havia se esparramado. Os ombros tensos, os músculos rígidos, extremamente contrariado pelo desfecho da busca no castelo de Battitori. Foram horas de percalços na Itália. Entretanto nenhum dois se comparava ao estado de frustração e ódio esboçado no semblante rasgado de Harry Potter.

— O castelo do desgraçado é gigantesco. Inspecionamos cada ambiente, lançamos feitiços de reversão de encantamentos para procurar passagens ocultas, utilizados um esquadrão com dez do nosso regimento. Nada. — informou Rony.

— Claro que não havia nada! Claro que não havia! — Harry voltou a esmurrar o tampo de madeira da escrivaninha de Hermione. Encontravam-se no escritório dela no Ministério. — Ele não iria deixar a gente olhar se houvesse.

Hermione atalhou outro olhar para seu noivo, desta vez ele expressava preocupação. Nunca vira o amigo tão descontrolado.

— Não existe a mínima possibilidade de a Gina estar bem? Quero dizer, ele não ter nada haver... — começou a morena cautelosa.

— Mione! — o ruivo gesticulou — Ele começou a usar legilimência em mim. Porque alguém inocente tentaria descobrir os pensamentos de outra pessoa para conquistar simpatia se não tivesse alguma intenção ruim?

Isso deixava as suspeitas a favor de Harry. Mas era tudo tão estranho... Ela não conseguia enxergar os pontos ou as reentrâncias análogas para encasar os fatos. Porque um homem solteiro, rico, imponente, um empresário de grande porte, iria querer sequestrando sua cunhada? Guardou a parcial incredulidade apenas para si (talvez a discutisse com Rony a sós), porque sentia que contrariar Harry poderia apenas piorar seus ânimos. Mais uma noite se instalara no céu e nada do paradeiro da ruiva. Este, no mundo bruxo e no trouxa, era sabidamente o tempo certo para dar uma pessoa como desaparecida.

— Eu preciso encontrar ela! — o auror exclamou, ameaçando socar a pobre mesa de trabalho de Hermione por uma terceira vez. Então sua voz falhou, as mãos voltaram para baixo e uma reação inesperada assustou o casal.

Harry derramou-se em lágrimas. E não eram nada contidas. Foi um berreiro libertador, após muitos dias de anulação. Gritos espasmódicos atravessaram a garganta dando um efeito ainda mais melodramático para a cena. Ele jogou os óculos sobre a escrivaninha e apertou o rosto com as mãos, escondendo sua fisionomia medonha de dor. Os ombros tremiam num vigor descompassado invejando uma biruta ao vento. A pele do pescoço, do rosto pelos contornos visíveis das mãos, iam ficando cada vez mais vermelhas e um ronco de baba e muco aplacou sinergicamente com os sons que escapavam-lhe pela boca.

Hermione foi arrematada por aquela fragilidade há muito não vista no amigo e ajoelhou ao seu lado. Queria encontrar uma magia que pudesse lhe levar toda a dor e também outra que pudesse trazer uma Gina sã e salva aos braços dele. Em contrapartida, só lhe era cabível abraçá-lo fortemente deixando um pranto discreto escorrer por suas bochechas coradas.

Rony ficou um tempo chocado com a reação repentina de Harry. Então sua ficha começou a cair. Viu a noiva agarrada ao amigo num sofrimento compartilhado, e sem querer sentiu os próprios olhos arderem. Encostou o dedo para esfregá-los, deparando-se com salgadas gotas inundando suas digitais.

Onde estava sua irmã? Será que nunca mais a veria?

***

— Pode voltar para Toca, eu fico fazendo companhia para o Harry. — disse Hermione, numa voz cansada.

— Não. Eu quero ficar.

Tão esparramado no sofá dos Potter quanto ela, Rony anuiu. Coçou os olhos com força, sentido a exaustão submergir, mas sabia que se tentasse dormir o sono não viria com facilidade.

— Willard esteve no meu escritório mais cedo. Me sondou se Harry abrira uma tal correspondência do Ministério que foi para Toca.

— Hã?

— Eu acho que você deve voltar para casa e procurar por ela. Ele me recomendou e pareceu tanto preocupado sobre talvez essa carta não ficar oculta por um tempo.

— Nossa, Mione... Que carta? Eu estou perdido!

— Pois chegue em casa, procure por ela nas correspondência do dia e guarde-a. É algum comunicado do ministério para o Harry. Willard não me disse detalhes, mas sei que não é nada de bom.

Ele concordou, embora confuso quanto às desconfianças da morena.

— Então está mesmo corroborando com Harry? — perguntou-lhe Hermione, retonando ao velho assunto.

— Não vejo porque o cara usaria legilimência...

— Ron, estive pensado sobre isso. — ela sussurrou para que Harry não escutasse do andar de cima. Este se encontrava no banho. — Ele é um homem de negócios. Pode ser algo natural, talvez uma espécie de jogada comercial, persuadir as pessoas com uma simpatia calculada para causar uma boa impressão.

— Mione — o ruivo murmurou de volta. — Entrar na mente de outra pessoa para tentar descobrir seus pensamentos e moldar-se na conversa a fim de agradá-la, não me parece nenhuma jogada comercial. Isso é coisa de mau caráter.

— Eu sei disso! — impacientou-se — Mas Rony, você acha que esse argumento justifica, por exemplo, esse cara estar com a Gina no sentido de cárcere? Não faria muito mais sentido se ela estivesse lá como, bem, er... de livre e espontânea vontade?

— O QUE??? — gritou.

Hermione fez uma careta e sinais frenéticos com a mão.

— Shhhh!! Para de gritar! — olhou temerosa para as escadas. Se o irmão da desaparecida teve essa reação, não queria nem pensar qual seria a do marido.

— Você tá louca? — o ruivo rosnou.

— Não. Eu tô sendo é muito sensata. Ela pode estar pedindo abrigo pra ele.

— Porque ela faria isso?

— Será que só eu estava na Toca na semana passada? Quando eles foram almoçar conosco e a Gina nem olhava na cara no Harry? Eles nem sentaram no mesmo canto da mesa! Tem algo muito errado entre esses dois, algo que possa estar justificando ela dar um sumiço, Ron.

— Também está adepta da crise no casamento... — ele balançou a cabeça a remetendo à sua mãe — Não consigo acreditar na Gina deixando todos nós preocupados, muito menos em... Ah, Mione, eles se amam, não? Unidos desde Hogwarts. Ela gostava do Harry desde que tinha dez anos!

Hermione uniu as pernas em cima do assento do sofá e aninhou o queixo no ombro largo de Ron. Entrelaçou sua mão na dele, que agarrou de prontidão, e ficaram friccionando a pele quente um no outro.

— Mais de dez anos se passaram de lá pra cá. Talvez eles tenham se desencontrado como um casal. Simplesmente ela pode tê-lo deixado de amar, Ron. Isso às vezes acontece. — comentou tristemente.

O ruivo arregalou os olhos.

— O que quer dizer com isso? A nossa relação tem chance de...

— Não. Claro que não. — ela balançou a cabeça de imediato e agarrou-o pelo pescoço manhosamente — Da minha parte nunca.

Ele fez uma concha com as mãos ao redor do rosto magro da noiva. Partilhavam da mesma dor em supor que Harry e Gina estivessem prestes a não ser mais um casal. Era como se inconscientemente ambos torcessem para que algo mais sério estivesse acontecendo com a ruiva.

— Da minha parte nem que eu reencarne quinze vezes!

Eles se abraçaram fortemente, concordando que o dia fora improdutivo e um tanto fúnebre.


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