O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 86
Golpe de Estado


Notas iniciais do capítulo

Boa-noite para quem me lê e Feliz Dia do Amigo para todo mundo (é, todo mundo mesmo).

Então, como podem ver, o capítulo saiu cedo desta vez (vivas! Uhuuuu! Uhuuuu! Gol da Alemanha pra não perder a tradição, hahaha!). E, diferente do anterior, este foi um pouquinho mais fácil de escrever.

Quero abrir uma lacuna e agradecer ao Das Neves, recém-chegado no Nyah! Fanfiction, pelo menos oficialmente falando, pela TRIGÉSIMA SEGUNDA RECOMENDAÇÃO! Obrigado, man! Obrigado mesmo!

Bom, depois de uma senhora ameaça de término de namoro (comassim, queridos? Naruto e Hinata terminarem é pior que todos os Yuurei juntos? Enfim, cês que sabem). Alguém pensou no título deste capítulo, só por curiosidade?

"Moço, Naruto e Hinata podem se separar. Esquece a vida, esquece o título, esquece o mundo! NARUTO E HINATA PODEM SE SEPARARRRRRRRRRRR... (infinito)"

Assim sou eu imaginando as reações de alguns, hahaha.

Tenho uma "entrevista" nas Notas Finais. Favor darem uma olhada, é... interessante.

So, indo direto ao ponto (lê-se "ponto" mesmo; entende-se "capítulo"), boa leitura para todos! Nos vemos aonde? É isso aí, meu garoto! Nos vemos nas Notas Finais o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/504689/chapter/86

Hiashi Hyuuga, definitivamente, não queria receber visitas naquela noite.

Na sala de recepção, ajoelhados sobre o tatame e frente a frente, o líder do clã mais tradicional da Vila Oculta da Folha e a Quinta Hokage observavam-se em silêncio. O clima não era dos melhores.

— Eu já explicitei minhas razões no documento que lhe enviei, Hokage-sama — Hiashi quebrou o silêncio, por fim. — Nada mais precisa ser dito.

— No inferno que não, Hiashi! — Tsunade gritou. — Você simplesmente envia um pedido para a minha assistente referente à retirada de Hinata do rol de Jounin e espera que eu aceite sem reclamar? Ou você é muito ignorante, ou você é muito idiota.

— Entenda como quiser, Hokage-sama. Eu não me importo. E não revogarei minha decisão, caso esteja curiosa. Minha filha não serve mais a esta vila.

Os ossos dos dedos da Hokage estalaram alto quando esta fechou os punhos. Ela fitou fria os olhos do homem à frente.

— O que está tentando fazer? Fazer de Hinata uma réplica sua? Quer destruir a personalidade dela por... O quê? Orgulho pessoal? Dogmatismo de clã?

Hiashi suspirou profundamente.

— O clã Hyuuga deve sobreviver, Hokage-sama. Mais que as tradições, o clã propriamente dito deve sobreviver, e, para que isto ocorra, devo tomar as medidas necessárias.

— Sobreviver, medidas necessárias? No fim, você se tornou exatamente igual ao Sema Hyuuga-...

— Não, não me tornei — Hiashi interrompeu a Hokage, surpreendendo-a e a incomodando ainda mais. — Com todo respeito, Hokage-sama, mas a senhora não tem ideia do que acabou de dizer.

— Ah, não tenho? — Riu sarcástica. — Deixe-me, então, incrementar meu comentário, já que fui interrompida por você... Enfim, isso é medo?

— Medo? Não compreendi, Hokage-sama.

— Compreendeu, sim, Hiashi. — Olhou-o analiticamente. — Você não é idiota. Você sabe de que eu estou falando... Melhor, de quem eu estou falando.

Durante os primeiros quinze segundos, Hiashi não se manifestou. Falou após uma encarada categórica a Hokage:

— Kioto.

Tsunade assentiu, sorrindo um pouco cínica.

— Eu tive parte na sua tramoia, e foi esse meu erro. A pedido seu, desfiz-me de qualquer informação referente ao seu antigo companheiro de clã. Tudo porque você queria se esquecer do passado que te atormentava. Agora, porém, há boatos que seu amiguinho esteja muito vivo; e pior, seja um Yuurei.

— Não é boato algum, Hokage-sama. Ele está vivo, eu sei. Foi ele quem assassinou Sema e os demais. Aquilo foi um aviso. Kioto quis mostrar que está me esperando.

— Isso é paranoia, Hiashi. Não há motivos para Kioto ter assassinado Sema Hyuuga... Quero dizer, por que ele assassinaria Sema daquele jeito? Justamente Sema?

— Não sei. Kioto era alguém que respeitava Sema, e ao mesmo tempo, era meu amigo. Mas houve a Terceira Grande Guerra Ninja e toda aquela história.

— Você não é culpado pelo que aconteceu, Hiashi. Era uma guerra. O que você faz a partir de agora é o que conta, e você está usando a sua filha como escudo para seu medo.

— Hinata deve estar pronta, Hokage-sama — reforçou Hiashi. — Quando chegar a hora, eu quero que ela seja forte.

— Forte? Para quê? Suponhamos que Kioto esteja vivo e seja mesmo um Yuurei. Considerando o poderio do inimigo, perdoe-me, Hiashi, mas nem você, nem Hinata têm chances sozinhos. Não, sozinhos não. Lutar contra um Yuurei despreparadamente é suicídio. Você, Hiashi, tem o melhor Juuken e o Byakugan mais hábil. Hinata também. Mas contra alguém que matou sem esforço cinco membros da Família Principal...

— Hinata é mais talentosa do que aparenta, Hokage-sama. E há uma coisa nela... Devo torná-la pronta para assumir o clã. Assim, estarei resolvendo mais de um problema de uma vez.

— E, ao mesmo tempo, sacrificando a própria filha — rebateu Tsunade. — Tudo por pressuposições, por medos. É verdade, ela é sua filha, mas ainda é minha Kunoichi, e uma das melhores; eu não aceito perder alguém do nível da Hinata por egoísmo seu, Hiashi. Ainda mais com a situação que a vila enfrenta. Preciso de cada Shinobi e Kunoichi que puder, conto com os clãs! Mas você está fazendo o contrário porque acredita ser o melhor.

— A senhora ainda tem a sua discípula que, inclusive, herdou seu título de Sannin, Hokage-sama. Sakura Haruno é, atualmente, a melhor Kunoichi da Folha. A senhora, perdoe-me, está sendo dramática demais quanto à decisão que tomei sobre minha filha.

— Você assistiu ao Exame no qual Sakura e Hinata se tornaram Jounin, não assistiu? Lembra-se, as duas acabaram se enfrentando.

— E, no fim, não houve vencedora — completou Hiashi. — Sim, lembro-me da luta das duas.

— Exatamente. Minha discípula mais excepcional e sua filha estão equiparadas. Imagine agora, Hiashi, as duas juntas. Imagine-as trabalhando juntas.

Hiashi desdenhou.

— Nem mesmo o trio Sannin, que é de longe a equipe mais entrosada nesta vila, foi capaz de duelar contra os Yuurei tranquilamente. O que esperar de duas Kunoichi que mal trabalharam juntas?

— Então, você admite que, sozinhos, somos mais fracos contra o inimigo? Não, melhor, que afastar Hinata não contribuirá em nada para derrotar os Yuurei? Use o bom senso, Hiashi! Temos um inimigo em comum!

— Estou perfeitamente ciente de que temos um inimigo em comum, Hokage-sama. Entretanto, não vejo que tendo Hinata como Jounin mudará alguma coisa. Vide a derrota patética de minha filha na última missão ao lado de seu preferido, Naruto Uzumaki.

— Não ouse falar do Naruto, Hiashi — Tsunade falou ameaçadora. — Não ouse usá-lo como justificativa.

— Não ousar? Hokage-sama, é notório que seu preferido é, sim, um objeto nas mãos dos Yuurei. Seu ninja mais prestigiado não é nada além de uma arma, uma bomba da qual os Yuurei possuem o detonador. Minha filha foi humilhada por não ter poder o suficiente, e por estar ao lado de alguém tão incompetente para enfrentar estes inimigos como Naruto.

— Cale-se! — Tsunade berrou irritada. — Agora!

O rosto de Hiashi apresentava um brilho vitorioso. Sabia ele que falar mal sobre Naruto na presença de Tsunade era o mesmo que desrespeitar a própria Hokage. Entretanto, o líder dos Hyuuga, além de um homem de postura quase inexorável, era inteligente e sabia quando e como abordá-la sobre.

— A senhora fala de minha ignorância, mas se esquece da própria, Hokage-sama. Admita de uma vez, Naruto não pode combater qualquer Yuurei.

Os olhos de Tsunade estreitaram-se irados. Se não fosse uma política, teria se levantado e esmurrado o rosto de Hiashi; ela queria isso. Agora mais do que nunca.

— Eu sinto pena... de Hinata, de Hanabi. De você também, Hiashi. — Controlou-se ao máximo. — Você acha que impondo o seu ser sobre o de Hinata, afogando-a com as tradições do clã Hyuuga, sim, as malditas tradições do seu clã!, mudará alguma coisa. Acha que privando a sua filha, aquela mesma que você deserdou quando era mais nova, da própria felicidade irá torná-la mais forte para combater os Yuurei. Você se ilude, Hiashi! Ela estará mais fraca do que nunca.

— Para remodelar um vaso, é necessário quebrá-lo primeiro para depois reconstruí-lo — afirmou Hiashi. — Sei o quanto Hinata progrediu enquanto teve Naruto por objetivo, mais ainda quanto esteve ao lado dele. Todavia, o "Efeito Naruto" é insuficiente neste caso. O que me leva a tomar minhas próprias medidas.

— Suas medidas... — Tsunade abafou uma risada desdenhosa. — Você não vai mesmo mudar de ideia, não é?

— Sou um homem de palavra, Hokage-sama. Permanecerei defendendo o que acredito ser o certo.

Por fim, Tsunade já sabia que nada adiantaria. Conhecia Hiashi o bastante para acreditar nisso. Lamentou a própria perda de tempo e se levantou devagar, sendo observada atentamente pelo líder Hyuuga.

— Entendo. Neste caso, nada mais precisa ser dito, não por mim pelo menos.

— Não pela senhora? — Hiashi se levantou do tatame também. — O que quis dizer?

A Hokage, porém, deu as costas e se dirigiu à porta da sala. Arrastou-a para o lado e, antes de sair, avisou:

— Ele vai vir atrás dela, Hiashi. E não pense que poderá impedi-lo. Você e eu estávamos lá quando Naruto derrotou Sema. Ele pode não estar tão preparado para deter os Yuurei agora... É, ainda não. Mas pode ter certeza, nem todos os seus subordinados juntos vão conseguir pará-lo.

— Está me ameaçando outra vez, Hokage-sama?

— Estou te alertando — corrigiu Tsunade com um pequeno sorriso debochado. — Naruto ainda é o melhor ninja deste mundo, e este é um fato que até mesmo o mais forte dos Yuurei deve considerar. Lembre-se disso.

Ditas tais palavras, Tsunade fechou a porta atrás de si.

 

 

                                                                   * * *

 

 

— O-o senhor tem certeza, Hiashi-sama? — Kou Hyuuga perguntou assustado.

— Sim. Ele virá.

— C-com todo respeito, senhor... — gaguejou. — Mas eu sou o guarda-costas da Hinata-sama há anos. Conheço-a bem. Fará bem a ela...

— Obedeça, Kou — repreendeu Hiashi. — Nada mais. Não quero que Naruto ouse pisar em nosso solo.

— S-sim, senhor. Farei o possível, Hiashi-sama.

E Hiashi deu as costas a todos os ninjas membros da Família Secundária que, diante dele, se ajoelhavam. Cerca de trinta homens trajados com o uniforme padrão da Folha — de cabeça abaixada — ouviam o superior.

Ao passo que Hiashi ditava ordens, pela janela do quarto, a herdeira do clã Hyuuga o assistia. Já haviam se passado algumas horas desde que Hinata tinha retornado à casa. Sem falar com ninguém — nem mesmo com a irmã —, trancou-se no quarto e, por horas, teve a visão da janela seu maior entretenimento da noite.

— Passe logo, amanhã. Passe logo — falou sozinha.

 

 

                                                                         * * *

 

 

No dia seguinte, no Terceiro Campo de Treinamento da Vila da Folha, Kakashi havia acabado de comer Dango em palitinho e ler outra vez a série Icha Icha. Não era de usar relógio, mas sabia o que estava acontecendo.

— Onde será que ele se meteu? — Quebrou o palitinho de Dango. — Depois o atrasado sou eu.

Naruto, porém, tinha acordado cedo de fato. Mas não tinha por objetivo maior treinar naquela manhã. A razão que o fez estar diante dos portões do clã Hyuuga era mais importante aos olhos dele.

Estava sério, decidido a ir até o fim. Se fosse necessário, atropelaria todos os guardiões Hyuuga que bloqueavam a passagem dele. Byakugan ativos, posturas de batalha, assim estavam.

— Pela última vez, Naruto-san — gritava Kou, líder do grupo de bloqueio —, volte! Você não é bem-vindo aqui!

— Como não, Kou? — berrou Naruto de volta. — Quer parar com isso? Eu preciso ver a Hinata! Então sai da minha frente de uma vez!

— Não podemos, Naruto-san! Você não está autorizado a passar! Recue, senão teremos de usar a força!

Dentro da mente do Jinchuuriki, Shukaku gargalhava.

Usar a força, é? Naruto ouviu a Fera de Uma Cauda desdenhar. Eles são quantos? Trinta? Só trinta para conter o Naruto? Isso é um espetáculo de comédia, só pode.

— Foi mal, Kou — disse Naruto. — Mas eu vou passar.

E Naruto atacou, avançando sem medo contra os defensores Hyuuga.

 

 

                                                                   * * *

 

 

A porta de abriu com violência. Kou passou por ela às pressas, entrando na mansão da Família Principal. Na sala de refeições, Hiashi e as filhas tomavam o café da manhã quando foram interrompidos pelo guarda-costas de Hinata.

— Hiashi-sama! Hiashi-sama! — ele gritava ofegante. — O senhor precisa vir aqui rápido! É-é urgente!

— Kou... — Incomodado, Hiashi repousou a xícara de chá sobre o pires. — Dê-me uma excelente razão para você invadir minha casa e interromper minha refeição ao lado de minhas filhas.

O rosto do subordinado empalideceu na hora, Kou perdeu a voz; apenas tremia. Tentou formular uma frase, mas sequer precisou. Pois Hiashi, as filhas, todos puderam ouvir de longe o brado bastante conhecido. Era Naruto, que gritava "Hinata! Hinata!" sem parar.

— Ora, ora... — Hanabi não escondeu o contentamento. — Meu cunhado preferido veio nos fazer uma visita.

— Hanabi... — Hinata cochichou.

— Você o deixou passar, Kou? — A testa de Hiashi estava enrugada, o rosto vermelho de raiva.

— N-não, senhor... Ele... Veja por si mesmo, Hiashi-sama...

Assim o líder dos Hyuuga fez: ergueu-se abrupta e violentamente da mesa, vestiu a capa preta que sempre punha no cabideiro e se dirigiu à porta de entrada, abrindo-a em seguida.

Encontrou nada além do caos.

As pessoas pararam para ver. A frente da casa de Hiashi estava abarrotada de espectadores. Mas o patriarca não se importou com todos, apenas com um.

— Finalmente abriu a porta, Hiashi-sama — apesar do tom, Naruto não estava querendo brincar. — Desculpe a bagunça, mas eles não me deixaram passar.

Naruto apontou para trás, todavia Hiashi já havia notado todos os homens que tinha posto de guarda derrotados sobre o chão. Olhou novamente para Naruto, encarando-o.

— Como ousa...?

— Cadê a Hinata, Hiashi-sama? — Naruto foi direto ao ponto. — Eu preciso falar com ela.

— Você não a verá, Naruto. Já está informado, não está? Não é bem-vindo em minhas terras. Saia agora.

— Não saio — teimou. — Não até falar com a minha namorada.

— Minha filha já deixou claro: não há nada que precise ser dito entre vocês.

— Não foi isso que pareceu! E é por isso que estou aqui. Vou falar com a Hinata nem que tenha que arrebentar todo mundo pra falar com ela.

— Isso é invasão de propriedade — ressaltou Hiashi. As veias do Byakugan dilatando-se sobre a pele do rosto. — Além de uma ameaça direta ao líder de um clã. Não pense que sairá impune por esta afronta... Jinchuuriki.

Normalmente, Naruto não se importava em ser considerado como um portador de Bijuu; havia aprendido com Killer Bee que era bom ser parceiro das Feras de Caudas. O que incomodava era o jeito preconceituoso que alguns impunham a tal palavra, a forma como esta ressoava pelas vozes de certas pessoas. Naruto detestava ser desprezado por ser Jinchuuriki — lembrava-o da solidão do passado e, além disso, tinha amizade para com Kurama e os demais; eram como companheiros de vila, não monstros repugnantes.

Cerrou os punhos, estalando os ossos dos dedos. A cor das íris — outrora azul-safira — converteu-se em vermelho-sangue, as pupilas se dilataram, mudando para a vertical, as riscas nas bochechas se acentuando. Naruto expelia chakra por todo o corpo; um poder assombroso que fez o próprio Hiashi recuar um passo.

— Nunca mais, Hiashi-sama — dizia —, fale comigo desse jeito...

Os braços estenderam-se para frente, bem como a perna esquerda. Hiashi focava todos os Tenketsus, a pressão do chakra de Naruto Uzumaki, os batimentos cardíacos, tudo que seu Byakugan podia lhe mostrar.

— Você não verá a minha filha, Naruto. Isso é tudo.

Para todos estava mais que claro, aquelas palavras significavam um desafio para Naruto avançar. E foi exatamente que este fez, saltou na direção daquele considerado o Hyuuga mais forte.

Hiashi e Naruto atacaram-se ao mesmo tempo; Byakugan contra Chakra Bijuu. Colidir-se-iam não fosse a jovem que se interpôs entre os dois. Sem nem mesmo ter utilizado o Doujutsu, Hinata acertou o tempo exato, pondo-se entre o pai e o namorado. De costas para aquele, ela olhava apaticamente as pupilas bestiais de Naruto.

— H-Hinata...? — Naruto não entendia o olhar que estava recebendo. Parecia que, assim como o pai, a garota também o via como um monstro.

— Olá, Naruto-kun.

— Hinata! — Hiashi exclamou repreensivo. — Saia da frente. Isto é entre-...

— ... Naruto-kun e eu, papai. Por favor, deixe-me falar com ele; ainda é meu namorado, afinal. — Ela não se virou para falar com o pai, ainda encarava Naruto nos olhos. Este já havia suprimido o poder Bijuu.

A forma como Hinata falou fez Hiashi reconsiderar. Olhou as costas da filha, a feição meio tímida e incerta de Naruto e, por fim, afastou-se.

— Faça como quiser. Estarei lhe esperando lá dentro. — Retirou-se logo em seguida.

Bastou Hiashi fechar a porta detrás de si para Naruto tentar abraçar Hinata. Todavia não houve retribuição, pois ela fugiu dos braços do rapaz.

— Hinata, você...?

— Por que veio aqui, Naruto-kun? — ela o interrompeu. — Eu pedi para que não viesse.

— Eu queria te ver, droga! Ontem você sequer ousou olhar na minha cara! Tudo bem que eu fiz um estardalhaço bem grande hoje só pra vir falar com você, mas o que é isso? Por que não quer falar comigo? Por que está me olhando desse jeito?

Naruto falou às pressas e aguardou resposta. Hinata, no entanto, se mostrava tão impessoal que ele já não sabia reconhecer quem era a mulher diante dele.

— Vá para casa, Naruto-kun. Você não tem nada para fazer aqui.

— Mas que merda, Hinata! Quer parar de falar desse jeito?! Você não é assim! — gritou, ignorando os olhares e cochichos das pessoas ao redor. — E fala logo o que tá acontecendo! Por que você tá me ignorando e-...

— Não temos nada em comum, Naruto-kun. — Ela o silenciou. A pose de Naruto fraquejou com tais palavras. — Você é um Jounin, eu sou uma herdeira de clã; você serve à vila, eu sirvo à minha família.

— Espera aí! — Naruto avançou e a segurou pelos ombros. — Você tá dizendo que tudo o que a gente passou... Nossas memórias, nossos momentos... Nosso primeiro beijo no balanço... Isso não significa nada para você, Hinata? Você... Eu estou ouvindo isso de você?

Por tocá-la, Naruto sentiu o corpo da moça tremer um pouco. Os lábios de Hinata se abriram um pouco, fazendo Naruto crer que ela gostaria de dizer algo imediatamente. Entretanto, ela os fechou e retomou a feição indiferente.

— Eu gostei, significou muito para mim. Mas entenda, Naruto-kun, não somos mais adolescentes apaixonados; somos adultos. Você luta para se tornar o Hokage, eu para assumir meu clã. Trilhamos caminhos opostos, sempre fizemos isso, só não nos demos conta.

Naruto tentou discutir, mas Hinata fez um gesto pedindo para prosseguir.

— Você foi o único homem que eu amei, Naruto-kun; foi minha paixão desde a infância. Mas chegou a hora de crescermos. — A moça suspirou, afastando os braços dele de si. — Portanto, eu, Hinata Hyuuga, herdeira legítima do clã Hyuuga, peço-te consideravelmente que deixe meus domínios, Naruto Uzumaki. Aqui você não encontrará nada a satisfazê-lo. Apenas inflamará a ira de meu pai contra o governo da Senhora Quinta Hokage. Atacar um clã não é comportamento para quem almeja se tornar Hokage um dia.

— Eu fiz isso contra o Sema, Hinata! — enfatizou Naruto. — Fiz isso quando derrotei o Neji anos atrás. Se eu tiver que pisar em qualquer tradição idiota só para ficar com você, eu farei quantas vezes forem necessárias. E Naruto Uzumaki? Desde quando minha Hinata me chama assim?

Ela não disse mais nada. Enquanto seu exterior mantinha-se firme, o interior chacoalhava. Mais uma vez Naruto a tornava perdida e encontrada dentro de si mesma; um paradoxo completo. E, por ela, estava jurando ir contra qualquer dogmatismo imposto por Hiashi, pelos antepassados que estruturaram o clã Hyuuga. Hinata se angustiava — era ao herói dela, ao Naruto dela que deveria dar as costas naquele momento, mesmo desejando o extremo contrário.

— Por favor, Naruto-kun... — sussurrou baixo. — Vá.

Desgostoso e inquieto, Naruto viu Hinata encurvar a cabeça. Era óbvio que algo ou alguém a estavam forçando a agir daquela forma — a não ser ela mesma. Dava para ver nos olhos da moça os grilhões a cercando. Entendia Naruto, porém, que permanecer ali só a faria sofrer mais, além de não resolver nada. Se a situação estava sendo difícil para ele, para Hinata com certeza era pior.

Pôs a mão no rosto dela, acariciando-lhe a bochecha. Hinata corou e tremeu — exatamente como Naruto se lembrava. Sorriu determinado para ela.

— Você me salvou uma vez, Hinata. Eu tô te devendo isso — confessou, olhando diretamente para a moça. — Eu vou salvar você disso tudo. Vou ficar mais forte, e agora tenho um motivo maior para o ser. Só espere por mim.

E Naruto olhou para frente, confrontando-se com a porta da mansão Hyuuga. Hanabi, a irmã mais nova de Hinata, ainda assistia à cena. Mas, diferente do costumeiro, a garota não aparentava tranquilidade; estranho seria se o fizesse.

Trocando olhares com a cunhada, Naruto falou:

— Toma conta dela pra mim, Hanabi.

Hanabi achou aquela frase bem incomum, principalmente com a seriedade que não condizia com a tranquilidade de Naruto. Assentiu silenciosa para o namorado da irmã.

— Obrigado. — Voltou-se outra vez para a amada, ainda tocando-a no rosto. — Lembre-se, Hinata: é a minha vez de te salvar. E eu vou fazer isso, custe o que custar.

Afastou-se dela e se virou. Por um momento desejou que Hinata dissesse algo, mas, reconsiderando tudo o que havia presenciado, achou melhor não ouvir a voz da moça — o silêncio seria menos doloroso para ambos.

Deixou o clã Hyuuga, todo o tradicionalismo deste, e a mulher amada para trás.

 

 

                                                                            * * *

 

 

— Pensei que você não viria mais. — Kakashi fechou o livro, olhando com mais atenção o rosto frio do discípulo. — Onde esteve, Naruto?

Não houve resposta.

— Bom, não importa agora. Mesmo que você não me conte, eu acabarei sabendo.

— Kakashi-sensei...

— O quê?

Naruto apertou o nó do protetor ninja na testa. Tinha expressão séria e, ao mesmo tempo, focada. Por alguma razão, Kakashi presumiu onde Naruto esteve pela manhã. Nada falou com ele por considerar um assunto desnecessário. A vida amorosa do pupilo era pessoal, e Naruto já era um homem feito; saberia lidar com o que quer que fosse.

— Eu quero intensificar meu treinamento para aprender o mais rápido possível. Se importa?

Foi como se um brilho nostálgico estivesse nos olhos de Naruto. Um ar de determinação que, há tempos, Kakashi não testemunhava — a última vez, quando resgatar Sasuke era o objetivo de Uzumaki.

— Você que sabe, Naruto. Estou aqui para ajudá-lo. Então, se quer assim, vamos começar?

A resposta de Naruto veio com um selo manual. De um para milhares, os clones do Uzumaki abarrotaram o campo de treinamento.

— Vai encurtar o tempo de aprendizado usando o Tajuu Kage Bunshin no Jutsu... Como quando você aprendeu o Rasenshuriken — observou Kakashi.

— Tenho muita coisa pra fazer, Kakashi-sensei. — As vozes de Naruto e réplicas falaram em uníssono. — Tem alguém que devo resgatar, uma vila para proteger, um jutsu para dominar e nove caras para espancar. Aquele Yuurei de asas, Taka, eu acho... Ele vai ser o primeiro. Jamais vou esquecer o rosto daquele cara. Bom, aqui vou eu, Kakashi-sensei. Estou pronto.

 

 

                                                                 * * *

 

 

A notícia de que Naruto Uzumaki invadiu o clã Hyuuga e, sozinho, derrotou um esquadrão de guarda se espalhou rapidamente pela Vila da Folha. Alguns adoraram saber que, apesar de qualquer coisa, Naruto era o mesmo, um ninja a ser respeitado não importasse o adversário. A própria Tsunade, por exemplo, gargalhou só de imaginar o rosto irritado de Hiashi.

Entrementes, nem todos receberam a iniciativa do ninja como positiva. O ocorrido somado às recentes demonstrações de instabilidade no governo de Godaime Hokage era o assunto debatido secretamente entre Homura Koharu e Koharu Utatane, conselheiros anciãos de Tsunade.

— Não dá para esconder mais. — Homura ajeitou os óculos. — Aquele garoto se tornou incontrolável.

— Sim, decerto. Mas as pessoas gostam dele. E a Tsunade-hime também.

— Koharu, nós dois sabemos que Tsunade é muito passiva quanto aos feitos de Naruto Uzumaki. Vê? Ele atacou o Hiashi, um líder de clã! Isso é inconcebível! O que foi feito a respeito?

— Nada, eu sei.

— Bem disse você: Tsunade-hime não exerce mais a mesma influência como Hokage que tempos atrás.

— Acalme-se, Homura. — A idosa batia os dedos sobre a mesa. — Lembre-se de que, na época, tínhamos Danzou vivo. Alguém a altura para substituí-la.

— Danzou era extremista, de fato, mas eficiente — concordou Homura. — Receio dizer que perdemos dois grandes líderes e companheiros: Hiruzen e Danzou.

— O que houve durante o ataque da Akatsuki... A destruição de nossa vila. Não suportarei se algo do gênero ocorrer outra vez, e Tsunade-hime mantém uma bomba dessas dentro da vila. Mantém Naruto Uzumaki livre por aí, sem sequer examiná-lo de forma mais aprofundada. Descontrolado, ele arruinou a própria casa.

— E ainda há os Yuurei — pontuou Homura. — Não vejo alternativa senão apelar ao Senhor Feudal pelo afastamento de Tsunade. O Conselho deve assumir o governo regencialmente até o representante ideal ser encontrado, um que se mostre menos apático aos problemas ocorrentes na vila.

— Homura! — escandalizou-se a velha Koharu. — Isso é um Golpe de Estado! Assim como os Uchiha tentaram aplicar anos atrás.

— Os Uchiha eram egoístas; nós estamos desesperados. Há diferença.

— Mas para que outro Hokage seja levantado, faz-se necessária a aprovação da indicação por todos, ou pelo menos a maioria dos Jounin. No momento, são poucos que se encaixam neste quadro, e não há Jounin desleal à Hokage-sama nesta vila.

Homura pensou um pouco. Retirou os óculos, limpou-os nas vestes e, por fim, recolocou-os. No rosto.

— Há um ninja em especial... Um que, com certeza, é um dos quais você imaginou. Com ele como Hokage, podemos substituir Tsunade-hime, governar pelas sombras e, além disso, observar atenciosamente Naruto Uzumaki.

— Homura... — Temerosa, Koharu Utatane, endireitou o corpo sobre o assento. — Você não está pensando em usá-lo, está?

— Exatamente, minha companheira. — O conselheiro levantou-se. — Ele será o novo Hokage.

A mando de Tsunade, sem que os dois idosos percebessem, Sai, tenente do Primeiro Esquadrão da ANBU e ex-membro da Ne de Danzou, espionava os dois conselheiros, ao passo que transcrevia de forma quase automática todas as palavras destes para um pequeno pergaminho que levava consigo.

— É isso. A Hokage-sama precisa saber.

Recolocou a máscara e desapareceu.

 

 

                                                                   * * *

 

 

A Hokage ouviu o relatório sem indagar em momento algum, prestando apenas atenção nos detalhes minuciosos. Esperou Sai terminar para pontuar o que tinha acabado de descobrir.

— É o Naruto — previu Tsunade. — Eles querem fazer do Naruto o novo Hokage para, assim, poderem-no vigiar de perto e, de forma imperceptível, manipulá-lo.

— Foi o que imaginei na hora, Hokage-sama — concordou Sai. — Farão do Naruto uma marionete governamental, enquanto, por trás das cortinas, regem a Vila da Folha.

— E pensar que o Homura-sama e a Koharu-sama iriam tão longe — lamentou Shizune. — Há um meio de impedi-los?

— Sim. Assassinato. — Sai sorriu.

A assistente da Hokage olhou-o escandalizada. Pela expressão facial de Sai, era impossível descobrir se aquela ideia era ou não ironia.

Tsunade apoiou o queixo sobre uma das mãos, inquieta.

— Infelizmente, aqueles dois ainda exercem forte influência no rol de Jounin da vila. E dadas as circunstâncias atuais, eu diria que eles têm reais chances de me derrubar. Como Hokage, não fiz nada realmente efetivo contra os Yuurei. E as pessoas confiam e adoram o Naruto; vê-lo Hokage daria a elas esperança.

— Mas o Naruto-kun ainda é protagonista daquele incidente que destruiu a casa dele — lembrou Shizune. — Poderíamos usar isso como argumento para a não nomeação de um novo Hokage. Eu quero, sim, ver o Naruto-kun realizar o sonho dele, mas acho que agora seria precipitação demais.

— Concordo com a Shizune-san — disse Sai. — Deixar o Naruto assumir agora seria prejudicial até para ele. E, se não me engano, Naruto está treinando com o Kakashi-taichou uma técnica nova.

— O problema — Tsunade pensava alto — é, caso o pedido dos conselheiros chegue ao Senhor Feudal, as chances de vê-lo se concretizar são absurdamente altas. Aquele gordo inútil que governa este país é fácil de ser manipulado. Principalmente se questões financeiras forem envolvidas. Lembro-me muito bem que ele enviou mixarias à vila após o ataque do Pain para ajudar da reconstrução. Conforme ele disse, era desgastante e caro cooperar conosco; deveríamos cuidar de nosso próprio solo.

— Provavelmente uma possível invasão Yuurei será posta em pauta. — Shizune apertou um pouco mais a própria cintura. — Desta forma, será muito fácil convencer o Senhor Feudal a tomar providências para que o Hokage melhor seja levantado.

— No caso, o Naruto — completou Sai. — Tenho quase certeza de que encobrirão ao máximo as informações do último incidente, ou tentarão articular para que a Hokage-sama seja a responsável pelo ocorrido. Como protetora máxima da vila, é dever dela impedir que tais aconteçam.

— Poderíamos extraviar o pedido oficial deles — sugeriu Shizune. — Destruir qualquer chance dos conselheiros contatarem o Senhor Feudal.

— Não será possível — negou Tsunade. — Aqueles dois já formaram time com o Terceiro e o Danzou. Tiveram o meu tio Tobirama por instrutor; não os subestime, Shizune.

— Deixe-me cuidar disso, Hokage-sama — pediu Sai. — Como tenente da Primeira Divisão da ANBU, posso facilmente-...

— Não, Sai. — A Hokage negou com a cabeça. — Além de manchar suas mãos por uma causa que não vale tanto a pena para um ato extremista desses, você só se prejudicaria, além da sua capitã, a Yuugao. Também pode ocorrer algum tipo de comoção com a morte daqueles dois, e tudo o que eu menos quero agora é dividir nossa vila. Já basta minha discussão com o Hiashi.

— Perdoe-me, Hokage-sama.

Shizune olhou compassiva para o jovem ANBU e, depois, para a mestra. Como assistente, imaginava a pressão que recaía sobre os ombros de Tsunade.

— Hokage-sama, o que faremos?

Tsunade se levantou da cadeira, deu as costas para os dois, voltando-se para a janela de seu escritório. Manteve-se calada e pensativa. Pelo vidro, ela assistia à madrugada de sábado correr através do tempo.

— Vou fazer o jogo deles — declarou, ainda de costas.

— P-perdão, Hokage-sama? — Shizune não compreendeu.

— Vou renunciar ao meu título de Hokage. — Tsunade se virou para os dois, desafiando-os a questionar sua decisão. — E, ao mesmo tempo, vou dar um basta no plano daqueles dois de usar o Naruto como fantoche.

Shizune e Sai se entreolharam. Ambos sem entender os planos da Hokage, observaram-na curiosos.

— O que quer dizer exatamente, Hokage-sama?

Tsunade sorriu sarcástica.

— Naruto não é o único ninja nesta vila que o Senhor Feudal gostaria de ver se tornar um Hokage. Há outro, apenas mais um. E, como Hokage atual, minha escolha de sucessor tem um peso muito maior que o de dois conselheiros. Shizune, prepare a papelada; eu vou nomear o Sexto Hokage.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me amem, me odeiem.

Então? Como foi? Fofinho e triste na parta NaruHina, né? Mas E O RESTO do capítulo, hein? Victor quer saber, Victor meio que precisa saber.

Ah, tenho umas perguntas para vocês aqui, conforme eu disse nas Notas Iniciais. Pois bem, vamos lá, seis perguntinhas básicas, sem drama.

1) Na sua opinião, qual é o melhor personagem de O Herói do Mundo Ninja? Por quê?

2) Na sua opinião, qual foi, desde a primeira até a mais recente, a melhor luta ocorrida em O Herói do Mundo Ninja? O que mais marcou nesta luta?

3) Na sua opinião, qual é o personagem que deve reaparecer nesta história? Por quê?

4) Na sua opinião, qual personagem deve morrer em O Herói do Mundo Ninja? Por quê?

5) Para você, quais são as três lutas que DEVEM ocorrer em o Herói do Mundo Ninja?

6) Para você, quem será nomeado o Sexto Hokage em O Herói do Mundo Ninja?

* * *

[PERGUNTA EXTRA - porque eu sou desses]

"Cadê os shippers de Shibeni? Hahaha."

* * *

Não se sintam obrigados a responder, mas aos que tentarem, please, sem respostas do tipo "Melhor personagem? Humm... Acho que Fulano, Beltrano, Ciclano, Deltrano, Erano." Um só, galera.

Lembrando a todo mundo que o melhor comentário do capítulo ganha estrelinha. Aeeee! Todo mundo disputando a Estrela Victoriana. Decidirei o melhor comentário SEMPRE que for postar o próximo capítulo.

E falando nele...

Próximo capítulo: Rokudaime Hokage

É, senhoras e senhores... tá acabando.

Até o próximo capítulo o/