O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 83
Presente


Notas iniciais do capítulo

Boa-noite, people!

Desculpem a demora, eu estava enrolado com coisas da faculdade, betagem, escrita e muitos outros afins... Gente, vocês não fazem ideia de o quanto corrida foi esta minha semana. Sério. E, sabe, eu confesso que venho me sentindo meio desanimado, cansado ultimamente.

Quero abrir uma aba e agradecer ao jovem aroxa pela, sim, senhoras e senhores, TRIGÉSIMA PRIMEIRA recomendação! Aroxa, camarada, se estiver ao alcance destas minhas palavras, obrigado! Obrigado mesmo!

Gente, vocês já se inscreveram no Grupo Oficial do Nyah!? Não? Vão logo, facebookeiros de plantão! Go, go, go!

Ah, quem quiser me adicionar, sou o Victor Alves :3

Bom, gente, o capítulo passado foi para demonstrar informações. Sobretudo na primeira cena: Beni e Mira. Teorizadores, eu preparei um verdadeiro banquete para vocês naquela parte. Muita coisa está lá. E outra coisa, prestem atenção neste capítulo também. Eu acredito que o título "Presente" foi meio intrigante (ou não) para vocês. Bem, eis a explicação do mesmo.

Cara, tô com fome... Deixa eu me adiantar aqui porque eu preciso jantar, assistir a Mercenários 3 (não, seus zoeiros, eu ainda não vi! :p Nem 47 Rounin, Vingadores 2: Era de Ultron, A Esperança pt. 1, The Last, 300: a Ascensão do Império... a lista é enorme, enorme! Eu não vi nadinha!)

Ah, eu sei que ainda estamos em Junho, mas sabe, dia 27.07 é meu aniversário de, putz, véi!, vinte anos... (droga, saudades da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais...). Enfim, se quiserem, já podem preparar aquela vaquinha maneira, sabem como é, pra comprar o presente do autor-kun lindo ^^. Okay? :D Ahuahsuahsuhausha...

Enfim, vou comer alguma coisa e ver meu filme. Ai do palhaço que comentar spoiler, vou advertir sem dó! (mentira, amo vocês, caras! Cês sabem disso!)

Nos vemos nas Notas Finais! Boa leitura pra todo mundo o/



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Devido às responsabilidades que agora todos tinham em suas respectivas carreiras como ninjas, era raríssimo se encontrarem, mas considerando o pedido de Sakura Haruno estavam ali, juntos outra vez.

— Que bom que vieram todos — Sakura dizia ao grupo. — Escutem, por favor. O que eu tenho a dizer é importante.

Kiba deu um resmungo.

— É sobre aqueles caras, não é? Os tais Yuurei. Aqueles que o Naruto não conseguiu ganhar.

— Kiba. — Shino ajeitou os óculos escuros. — Cale a boca.

— Ei Shino, mas é verdade! E o Naruto ainda deixou aqueles caras baterem na Hinata! Eu fui visitá-la no hospital ontem e ela tá horrível! Que tipo de...

— Você não faria melhor, Kiba — rebateu Shino. — Agradeça por nossa companheira estar a salvo. Graças ao Naruto, inclusive.

— Eh, pessoal... — Tenten brincava com os polegares. — A Sakura quer falar, lembram?

E todos se viraram novamente para Haruno.

— Obrigada, Tenten. Bom, o motivo de eu ter chamado a todos é o que vem acontecendo com o Naruto. Não sei se já perceberam, mas, ultimamente, ele não tem estado bem.

— E não é pra menos, Sakura — comentou Ino. — Com tudo o que houve.

— Eu sei, mas o que eu quero dizer é: como integrante do Time Sete, eu conheço o Naruto melhor que muitos aqui. Sei dizer quando ele está bem, quando ele não está, e quando... Tem outra coisa envolvida.

— Coisa? — Chouji franziu a testa. — Como assim “coisa”?

— Eu não sei exatamente, mas...

— ... Naruto vem perdendo contato com as Bijuu — antecipou-se Sasuke. — A esta altura, é possível que já não consiga estar conectado a elas.

— Como assim, Sasuke-kun? — Lee, para perguntar, erguia o braço. Tenten achou aquilo desnecessário. — Então o Naruto perdeu as Bijuu ou coisa parecida?

— Não. Elas ainda estão lá seladas, mas Naruto não consegue contatá-las como antes.

— Conforme o Sasuke me informou — Sai parecia um pouco inquieto, comportamento que contrastava com a típica calma do rapaz —, há uma espécie de ser que interrompe a ligação. Por esta causa, o Naruto não pôde defender a Hinata-san nem sequer terminar sua missão no País dos Demônios. Além de outras coisas.

— Então... Tem uma criatura, ou um ser humano ainda, por trás do fracasso do Naruto-kun? — perguntou Lee outra vez, agora mais receoso.

— É o que parece — respondeu Sai. — Não é mesmo, Sasuke?

Uchiha concordou com a cabeça.

— Esses Yuurei... — Sakura murmurava. — Eles atacaram o Bee-sama, mataram o Omoi, me atacaram, atacaram a Hinata e sequestraram a cliente do Naruto. Fizeram tudo isso os malditos!

Diferente dos demais que se atentavam às palavras de Sakura, Sasuke, sereno, tinha olhos fixos em apenas uma pessoa que, como ele, preferia o silêncio do momento.

— No que está pensando, Shikamaru? — perguntou, introduzindo-o à conversa. Todos os olhares se voltaram para o ninja mais inteligente da vila.

Shikamaru, com as costas apoiadas ao muro, meditava em silêncio no que ouvia. Quando Sasuke o chamou, ele tardou a erguer a cabeça para todos; pensava, e se perturbava com o que tinha suposto.

— É engraçado e perturbador ao mesmo tempo — dizia Shikamaru — que todos os atacados têm envolvimento com o Naruto, não? Killer Bee, o ninja que ajudou Naruto a dominar os poderes Jinchuuriki; Omoi, também aluno de Bee e, assim como Naruto, veterano de guerra; Sakura, companheira de time e melhor amiga; Hinata, a namorada; e agora a cliente no País dos Demônios. As únicas manifestações confirmadas destes caras são em eventos em que conhecidos do Naruto se faziam presentes.

— Shikamaru... O que está supondo? — Ino perguntou incerta.

O Jounin sorriu desgraçadamente antes de olhar nos olhos de Sasuke.

— Como amigos do Naruto, tenho quase certeza de que somos alvos dos Yuurei. Todos nós.

O silêncio de todos era sepulcral. Kiba engoliu em seco, Akamaru grunhiu baixinho aos pés do dono, Shino suspirou, Ino arregalou os olhos, Tenten ficou boquiaberta, Chouji deixou cair o pacote de salgadinhos.

— Alvos? Shikamaru, você...

— Ele está certo. — Sasuke deu um passo à frente, ficando ao lado de Sakura e no centro exato da roda em que os amigos se organizavam. — Cedo ou tarde os Yuurei virão atrás de nós.

— Espera aí! — Kiba acenou, pedindo atenção. — Então o que aconteceu com a Hinata pode... pode acontecer com a gente também?

Shino pôs as mãos nos bolsos do casaco.

— Eis a sua chance, Kiba. Os Yuurei vêm atrás de nós.

— Shino! Isso não é brincadeira, entendeu? Quer parar com esse humor negro? Não estou te reconhecendo!

— Não estou fazendo piada, Kiba. E acho que nem você deveria bancar o arrogante nesta situação. Eu enfrentei Nukenin perigosos e fui morto por uma delas... Saber que ninjas piores que os Oukami estão atrás de mim não me dá motivo para fazer comédia, Kiba.

Ino baixou os olhos. Sentiu frio quando ouviu as palavras de Shino. Pensava nela e no que tinha acontecido na campanha contra os Oukami. Lembranças do rosto choroso e triste de Beni Makagawa vinham-lhe à cabeça.

“Beni... Você está bem?”. A Kunoichi se encolheu ao lado de Sai.

— O referencial dos Yuurei é o Naruto — continuou Shikamaru. — Até que me provem o contrário, as situações convergem para que eu tenha tal raciocínio. E, sendo assim, acredito que os Yuurei procurarão destruir tudo e todos que o Naruto preza antes de atacá-lo pessoalmente.

— Sei. Querem abater o psicológico antes do físico — concluiu Tenten.

— Mas não faz sentido! — exclamou Lee. — Quer dizer, ainda que nos matem, para vencer o Naruto-kun, precisarão derrotá-lo fisicamente. E o Naruto-kun é o Naruto-kun, não é? Ele é bem forte!

Shikamaru assentiu.

— É. Ainda vão precisar derrotar o Naruto fisicamente; deprimi-lo não é uma solução eficaz. O que me leva a imaginar que aquela coisa no Naruto faz mais do que interromper a ligação Bijuu-Jinchuuriki.

— Por que diz isso, Shikamaru? — indagou Chouji.

— Porque com o melhor ninja do mundo sob meu domínio, sem poder ativar seus poderes mais exorbitantes, eu posso derrotá-lo mais facilmente. Mas, apesar da vantagem, eu prefiro atacar os mais chegados e não o combato de imediato. Por quê? Por que essa preferência dos Yuurei para conosco ao invés do Naruto? Com essa coisa impedindo o Naruto de usar tudo o que tem, torna-se mais fácil derrotá-lo, não? No entanto, nós somos mais alvos diretos que o Naruto. O que me leva a crer que cada ataque está, de algum jeito, relacionado com a coisa que está dentro do Naruto.

— Talvez seja por diversão — deduziu Sai. — Para mostrar que o Naruto, teoricamente, não é ameaça para eles, e os Yuurei podem fazer o que querem.

— Não, tem algo a mais nisso tudo. Naruto encontrou os Yuurei antes de dar sinais de influência nos poderes Jinchuuriki e foi combatido de igual para igual. Se o inimigo tem poder para se equiparar ao Naruto, o que já é um feito impressionante!, interferir nos poderes dele para depois agir por diversão é, no meu ponto de vista, desnecessário. Se fosse apenas por isso, os Yuurei não precisariam atrapalhar as habilidades do Naruto; antes, porém, agiriam normalmente. Se tivessem que combatê-lo, eles apenas combateriam, já que têm poder para isso. Para mim, há algo além, oculto, nesta história.

— Então o que devemos fazer? — Ino perguntou.

Tenten, pondo-se de pé, prontificou-se a falar.

— Acho que devemos ficar ao lado do Naruto. Somos amigos dele, não somos? Ele faria a mesma coisa por nós.

— É — concordou Sakura. — Todos juntos. Vamos apoiá-lo no que pudermos. Ele fez aniversário nestes dias. Acho que uma comemoração não cairia mal, não concordam? Nada exagerado, mas especial. Ele está precisando de ânimo depois de tudo o que houve.

Pareceu uma ótima ideia. Ninguém se opôs. Sakura, agradecida pela concordância de todos, sorriu.

— Então está decidido. Faremos amanhã mesmo.

* * *

— Eu estou te falando, seu idiota, é uma surpresa.

— Que surpresa, Karin? E por que está me arrastando até aqui?

— Naruto, não me faça repetir tudo outra vez! Eu já disse que você já vai descobrir.

— Tá, mas a casa é minha e...

— Não amola.

Karin — a pedido de Sakura — havia convidado Naruto a dar uma volta pela vila e conversar um pouco. Enquanto usava tais pretextos para distraí-lo, os demais tinham a responsabilidade de organizar a casa de Uzumaki e aprontá-la para a festinha atrasada de aniversário.

Os primos Uzumaki estavam diante da porta quando Karin se antecipou e pôs-se à frente de Naruto, bloqueando-lhe a passagem.

— Feche os olhos.

— Hã? Tá falando sério?

— Anda logo, idiota!

Sem entender, Naruto resolveu acatar ao pedido da prima. Sentiu-a pegar-lhe pela mão e guiá-lo para andar mais um pouco. Também ouviu o abrir da porta e inalou um cheirinho bom de limpeza. O rapaz se perguntou se aquela era, de fato, a casa dele.

— Muito bem — Karin falava-lhe. — Pode abrir os olhos.

Após obedecer, Naruto ficou sem reação. Todos os seus amigos estavam ali, parabenizando-o por um aniversário atrasado, mas, ainda assim, dele. Sem saber o que dizer, Naruto viu Rock Lee correr ao seu encontro e abraçá-lo com força.

— Feliz aniversário atrasado, Naruto-kun!

— Lee, pare. Você vai esmagá-lo. — Tenten, tediosa, puxava o namorado para longe.

— Pessoal... — Naruto sorria vagamente. — Vocês...

— Anda logo, Naruto! — Sakura, de longe, chamava-o. — Você é o aniversariante, se esqueceu?

Sendo impulsionado por Karin, que ainda estava próxima ao primo mais novo, Naruto foi até onde Sakura, Sasuke e Sai — seus companheiros de time — estavam. Diferente dos outros dois, ela era a sorridente do time; não havia nada de assustador naquela Sakura Haruno.

— Você não vai dizer nada, Naruto? — perguntou.

— Hã, eu... — Naruto passou os olhos pela sala da casa, local em que ocorria a festinha. Apesar da sensação ímpar de estar com os amigos, ele tinha certeza de que algo faltava naquele ambiente. E sentiu-se culpado por confessar isso à amiga. — Eu queria que a Hinata estivesse aqui também, Sakura-chan.

O sorriso de Sakura fraquejou.

— Ah... Claro.

Como médica responsável por dar os primeiros-socorros à Hinata Hyuuga, Sakura Haruno sabia do estado físico daquela. Mesmo já apresentando um quadro significativo de melhora — já consciente, inclusive —, Hinata jamais se recuperaria a tempo da festa tramada para Naruto. Lamentou-se por Naruto e por não poder dar-lhe o prazer de ter a companhia da namorada dele naquela comemoração.

— Naruto — Sasuke chamou-o.

Os dois melhores amigos se observaram, olho a olho. Em silêncio, Naruto agradeceu.

Por bons momentos Naruto se sentiu renovado, alegre, mais leve. As preocupações do dia-a-dia, durante aqueles minutos, tinham ficado em segundo plano. Houve gargalhadas, chacotas, brincadeiras; estar com os amigos foi bom demais para ele.

Infelizmente, nada durava para sempre.

A porta se escancarou em meio à festa. Konohamaru, ofegante, exclamou:

— Naruto-niichan! Naruto-niichan! Você precisa ver isso! Agora! No portão! Rápido!

Pelo que a voz do menino sugeria, o que tivesse de ser visto não era bom. Receoso, Naruto sucumbiu à curiosidade e saiu de casa, sendo seguido pelos demais.

* * *

O amontoado de pessoas dificultava a passagem. Ninjas e civis, adultos de crianças; muita gente estava aos portões da vila. Naruto e seus companheiros conseguiram atravessar a multidão e chegar à entrada da Folha, onde Tsunade, Shizune, a ANBU e alguns Jounin se encontravam.

— Tsunade-obachan, o que está acontecen-

Naruto não sabia como descrever o que sentia naquela hora. Raiva, medo, angústia, impotência; tudo ia e vinha como um turbilhão incontrolável. Os nós dos dedos ficaram brancos à proporção que ele os apertava. Os olhos furiosos fixos à frente.

O homem de manto negro — fora da vila, mas bem à entrada dos portões — pairava no ar, equilibrando-se graças a um par de asas brancas que brotavam das costas. Estava sem capuz e exibia um sorriso desprezível e triunfante. Em uma das mãos, Taka Kazekiri segurava a certeza de que Naruto Uzumaki jamais teria sucesso em resgatar Shion.

— Finalmente resolveu aparecer, Naruto Uzumaki — ele falou sorridente. — Eu já estava cansado de esperar para entregar o seu presente. Eu sei que seu aniversário já passou, mas... Ah! Parabéns, Herói do Mundo Ninja! Isso é pra você!

E Taka soltou o suposto presente de Naruto. Era pequeno, mas imediatamente reconhecível. Com desprezo e uma fúria incontrolável, Naruto viu a cabeça decepada de Shion tombar sobre o chão imundo.

— Maldito! Eu vou rasgar você ao meio! — berrou.

Não conseguia ouvir nada. Tudo não passava de um zumbido grave e incessante em sua cabeça. Naruto tinha a visão focada apenas no inimigo acima. Na mão direita, o chakra rodopiava para formar o Rasengan.

— Como é que tá a vadia peituda? — Taka provocou novamente. — Ela ainda se lembra de mim? Deve se lembrar, não é? Eu a destrocei sem problemas e...

Mas Naruto já não estava no campo de visão de Taka. Em um abrir e fechar de olhos, o Jounin tinha saltado para o lado direito do Yuurei. Sem reação, Taka viu o Rasengan se aproximar voraz de seu corpo; o choque estaria para acontecer. Mas uma lufada de vento arremessou Naruto para longe, que, recomposto, conseguiu se equilibrar e aterrissar com segurança. Taka estava a salvo.

— Perdoe o meu parceiro, Naruto Uzumaki. — Das sombras, Suki, armada com o leque, se materializava até estar à vista de todos. — Ele é um falastrão irritante quando quer. É bem chato, às vezes.

Suki também estava sem capuz, e o sorriso irônico dela — tão similar ao de Taka — deixava Naruto ainda mais irritado.

— Oh, temos muitos espectadores nesta tarde corriqueira. Estranho. Parece até que somos especiais. — A Kunoichi riu.

— Sempre pontual, Suki-senpai. — Taka também soltou uma risada prazerosa.

— Ora, seus...

Mas antes que Naruto agisse, Sasuke avançou sozinho. Tão rapidamente, o Uchiha colidiu a lâmina da Katana com a haste metálica do leque de Suki; Jounin e Yuurei encaravam-se — ela sarcástica, ele sério.

— Sasuke Uchiha... — Suki dizia ao rapaz. — Então, foi você o responsável pela morte do Juha, não foi? Interessante, muito interessante... Eu acho que vamos nos ver outra vez. Por hora, ficamos na curiosidade de uma possível batalha.

A Yuurei ergueu o leque para cima, fazendo com que Sasuke se afastasse. Antes que o Uchiha pudesse reagir — pois preparava um jutsu de fogo —, uma barreira de vento se interpôs entre ambos.

— Vamos, Taka — ordenou. — Já entregamos o presente.

— Entendido, Suki-senpai.

— Eu não vou deixar vocês fugirem, seus merdas! — Naruto berrou.

Todavia, um choque horrível tomou conta do ser de Naruto antes que ele pudesse dar qualquer outro passo. Com as mãos à cabeça e urrando de dor, desabou sobre o chão.

— Naruto! — Sakura exclamou.

— O que estão esperando? — Tsunade gritou impaciente a todos os comandados. — Peguem aqueles desgraçados agora! Nãos os deixem fugir!

Suki, vendo aquilo, sorriu discreta. Sasuke — antes dos demais ninjas — tentou perseguir os dois inimigos, entretanto foi em vão. Como fantasmas, os Yuurei haviam desaparecido no ar. Fugiram.

Depois, houve o caos.

Como se apenas naquele segundo tivessem recobrado a consciência, as pessoas gritavam e tagarelavam de todas as direções. O ocorrido, em instantes, mostrou-se estar fora de controle. Temerosos, os cidadãos falavam aos montes. A visão de seu campeão Naruto Uzumaki fraquejando e berrando de dores contribuía, também, para a propagação desenfreada do pânico.

— Silêncio! — A voz autoritária de Tsunade sobressaiu-se às demais, aquietando a todos. Depois, mais moderada, mas ainda urgente, continuou: — Peço a todos que voltem às suas casas. A situação será resolvida o mais breve possível, mas, como Hokage e como cidadã também, peço a colaboração de todos.

Não foi preciso dizer outra vez. Em questão de minutos a entrada da vila estava praticamente deserta, salvo os ninjas ali presentes.

— Naruto — perguntava Tsunade —, você está bem?

O loiro levantou-se um pouco zonzo, mas confirmou com a cabeça.

— Tô sim, vovó. Foi só um...

— Foram eles, não foram?

Sem graça, ele não soube dizer ao certo.

— Tudo bem — Tsunade abstraiu. — Sakura, cuide dele. A ANBU caçará nos arredores da vila — continuou. — Mesmo considerando o jutsu de espaço-tempo do inimigo, não podemos nos dar o luxo de acreditar que eles estejam longe. Quanto aos demais Jounin, verifiquem toda a área interna da vila, sem exceção. Enviarei um parecer aos líderes de clãs para relatar nossa situação atual. Dispensados, todos!

Os ninjas dispersaram-se aos montes. Tsunade baixou os olhos, cansada, e suspirou. Virou para Shizune e continuou:

— Precisamos aprontar uma retaliação de imediato e... — interrompeu-se. Notou que um de seus Jounin, que deveria estar vasculhando Folha internamente, não fazia seu trabalho. — Sasuke? Por que não se juntou aos outros?

De costas para a Hokage, o Uchiha pensava. Os olhos iam de encontro aos gigantescos portões da Vila Oculta da Folha, de onde há pouquíssimos minutos Sasuke havia confrontado Suki, a Assassina de Kages.

— Estes caras... — falava baixo —, os Yuurei, são patéticos. E eu não poderia estar mais feliz em saber que sou alvo deles também. — Sorriu arrogante.

— Sasuke-kun? — Sakura olhou confusa para o namorado. — Do que está falando?

Virou-se para todos, que, intrigados, observavam-no. Sasuke prosseguiu:

— Sinto que vou encontrá-los muitas outras vezes. E, pelo Naruto, vou exterminá-los. Qualquer um que estiver no meu caminho; vou destruir os Yuurei. Isso é o que eu quero fazer.

* * *

Naruto não dormiu bem naquela noite.

Não importava o quanto tentasse, ele sempre se via dentro de uma imensidão de trevas densas. A voz do demônio roxo sussurrando em seus ouvidos.

Você falhou outra vez, Naruto Uzumaki... Até quando continuará assim?

Ele procurava fugir, tentava despertar, mas tudo era em vão. O sono parecia não querer deixá-lo. Entrementes, Naruto sentia a temperatura gelada, o cheiro podre vindo da criatura, o serpentear do corpo pesado e gosmento do verme perto dele — era tão real, nem parecia sonho.

Eu lhe disse, não disse? — provocava a criatura. — Shion. Conforme eu previ, você não pôde salvá-la. Não pôde, Naruto.

— Cala a boca! — berrou estressado. — Me deixa em paz!

Quantas vezes eu tenho que dizer... Eu sou vo-

— No inferno que você e eu somos um! Eu vou da um jeito de me livrar de você! E depois, pode anotar, eu mesmo vou estraçalhar aqueles malditos que são responsáveis por você! É uma promessa, demônio maldito!

Uma promessa? — As vozes protuberantes do demônio gargalharam. — Você vive de promessas, meu pequeno Naruto. Promessas impossíveis demais de serem cumpridas. Diga-me: você foi capaz de salvar seu companheiro Jinchuuriki, foi capaz de evitar a morte de Omoi, de proteger sua amada Hyuuga, de resgatar sua preciosa Shion? Não, não foi; falhou, falhou e falhou, Naruto. Aceite, é inevitável.

Naruto cerrou os punhos, viu as veias nas mãos pulsarem salientes. Ele só queria ser deixado em paz, livrar-se de tudo aquilo, apagar o que tinha acontecido e seguir em frente. Todavia, desta vez, tudo parecia mais difícil; a cada missão, via-se impotente diante dos Yuurei, e suas constantes falhas sempre voltavam à memória para atormentá-lo.

Veja, Naruto. — O demônio rastejou o corpanzil até estar face a face com Naruto. — Veja a sua falha mais terrível.

Quando a máscara branca da criatura rachou por completo, Naruto estremeceu ao ver o rosto morto de Shion tão perto e ampliado do dele. Não aguentou ver aqueles olhos — outrora belíssimos como pedras de ametista — brancos e revirados, a garota ainda sangrava pela boca.

Naruto... — Para a angústia implacável de Naruto, o demônio imitava com perfeição a voz da princesa morta. — Você me deixou pra trás...

— Maldito! Seu maldito! Para de imitar a voz dela! Para! Você não tem esse direito!

Naruto...

— Droga! Cale essa merda de boca! — O rapaz tremia, os olhos marejavam. — Por favor, para...

Você me abandonou, Naruto. Eu só queria ficar com você... Eu te amava...

— PARA COM ISSO!

Tudo foi muito confuso. Naruto lembrou-se de, às lágrimas, puxar com força os cabelos da própria cabeça, fugindo com o olhar do rosto padecido da jovem; ter ouvido risadas grotescas de vozes mescladas; sentir frio, muito frio; ser comprimido e repuxado quase instantaneamente... E acordou.

Estava deitado sobre farrapos, cercado por destroços — não sabia onde estava —, a cabeça doía demais.

— Hum? O que hou-

Foi quando sentiu o frio aço da lâmina de Sasuke Uchiha a tocar-lhe o pescoço, rendendo-o.

— Sasuke? O que você tá fazendo? Por que tá apontando sua Katana pra mim? Eu não...

Olhou ao redor e não compreendeu; estavam todos lá. Sakura observava-o apreensiva ao lado de Anko e Yamato. Kakashi, Gai, Kurenai e muitos outros Jounin, incluindo os demais companheiros de Naruto, também estavam presentes. Ele prestou atenção no cenário e viu-se, com roupas semidestruídas, em escombros. Longe dali, ao horizonte, era possível ver o Monte dos Hokage.

Naruto estava na Vila da Folha.

— Sasuke... — temeroso, perguntou baixinho. — O que aconteceu aqui?

Os olhos do Uchiha analisavam-no com cautela. Por fim, Sasuke recolheu a Katana.

— Você fez isso, Naruto. Provavelmente enquanto dormia, mas fez. De longe dava pra ver a coluna gigantesca de chakra preto vinda desta direção. Quando chegamos aqui, encontramos a fonte do chakra desconhecido: era você deitado sobre escombros, gritando e se debatendo devido a um pesadelo. Quando você acordou, o chakra parou de fluir para o céu. Estamos conversando desde então.

Descobrir que foi o causador exclusivo de tudo aquilo o deixou péssimo. Naruto estava boquiaberto, sem saber o que falar — ou sequer pensar —, olhou para as próprias mãos e viu nada além de um ser repugnante. Ele era o demônio roxo, exatamente como tanto ouvira falar, e odiava-se por isso.

— Não... Eu...

— Naruto. — Surpreendeu-se com o toque de Sasuke em sua cabeça. — Venha comigo, vamos à Hokage.

“Tsunade-obachan... O que ela vai pensar?” perturbou-se. Com extrema relutância e um medo incomum, negou com a cabeça.

— Não, Sasuke... Eu não...

— Ora, pare de bancar o covarde, Naruto! — repreendeu Sasuke. — Venha logo.

* * *

Aquela reunião extraordinária e urgente estava minando a paciência de Tsunade.

A Hokage fuzilava com os olhos os dois conselheiros Homura Mitokado e Koharu Utatane, que haviam convocado-a para mais uma discussão sem sentido cujo tema era nada mais, nada menos, que Naruto Uzumaki.

— Você está ouvindo, Tsunade? — A voz grave e envelhecida de Homura cortava o ambiente.

— É impossível não ouvir, conselheiro — Tsunade bocejou sem se importar com qualquer reverência. — Infelizmente, é impossível.

— Você deveria ter mais respeito, Tsunade-hime! — ralhou Koharu, a segunda conselheira. — Sabe que é de suma importância o motivo de a convocarmos.

— Concordo que a segurança da vila é um assunto basilar para todos aqui, conselheira. Mas não a vida de um dos meus subordinados, pelo menos não para todos nós.

— Hipocrisia, Tsunade! Naruto Uzumaki é seu preferido!

— Sim, conselheiro, eu sei! — Tsunade elevou o tom de voz, perdendo o autocontrole. — Adoro o Naruto, adoro mesmo aquele idiota! Mas não acho que ele deveria ser o assunto a ser discutido aqui. Não têm algo mais importante para tratar comigo?

— Você não é uma menina tola, Tsunade. — Koharu observava-a com o rosto apoiado sobre os dedos. — Caso o contrário não seria a Hokage. Sabe tanto quanto eu que a segurança desta vila ninja, bem como de todos que nela vivem, está intrinsecamente ligada a Naruto Uzumaki, seu favorito.

Tsunade não gostou do sarcasmo.

— Sim, conselheira. Meu favorito, sim.

— Ontem pela tarde — Homura prosseguia a reunião —, a Folha foi visitada pelos criminosos conhecido como Yuurei...

— Eu já sei, conselheiro — interrompeu-o Tsunade propositalmente. — Eu estava lá pessoalmente. Vi o que houve.

— Então sabe o quão vulneráveis estamos ante esta ameaça. Nossos inimigos ousaram aparecer diante de nossos portões, de nossos Jounin, de nossa ANBU, de você, Tsunade!, e aguardaram pacientemente até Naruto chegar, conseguindo, inclusive, imobilizá-lo.

— O que houve com o Naruto foi...

— Não bastasse isso — complementava Koharu, não deixando Tsunade falar —, a notícia teve rápida repercussão. No mesmo dia, após o incidente, fui informada pela Coordenação de Suprimentos que nossos fornecedores de grãos se recusam a fazer entregas aqui. Ao que parece, as levas destinadas à Vila da Folha foram inexplicavelmente arrasadas. Tsunade-hime, você sabe de quem foi a culpa, não sabe?

A Hokage preferiu não responder.

— Também fui informada de que as importações de metais do País do Ferro foram desviadas nesta semana. Mifune, o líder dos Samurai, relatou em nota que um saqueador de “roupa e capuz pretos” arrasou os entregadores e tomou nossas encomendas.

— Ontem, quando os Yuurei invadiram, Naruto não foi capaz de desferir um golpe sequer com êxito. Foi-nos informado, também, que algo o perturbou e incapacitou ao ponto de ele se tornar um inútil ante o inimigo — Homura fechava o cerco. — É notório que nosso melhor ninja é uma marionete dos Yuurei.

Tsunade estalou os dedos, irritada.

— Cuidado com o que você fala sobre o Naruto, conselheiro — ameaçou. — Naruto não é uma marionete.

— Antes de erguer a voz para mim, Hokage, acredito que tenha uma explicação plausível para o que vem ocorrendo e mais: o incidente recente, no qual, sim, é o motivo principal de estarmos aqui!, Naruto Uzumaki expeliu uma quantidade absurda de chakra desconhecido forte o bastante para arrasar uma residência inteira. Permita-me perguntar: o que houve faz parte das habilidades Jinchuuriki dele?

O cerco estava montado. Tsunade bufou derrotada.

— Não. Não é.

— Aquele poder obscuro é proeminente de nossos inimigos, posso pressupor?

— Sim. Pode, sim.

— Então devo concluir que, baseado nos mais recentes fatos, sendo o último o mais agravante de todos, que Naruto Uzumaki é uma arma dos Yuurei contra nós.

Aquilo foi demais para Tsunade. Ela, descrente do ceticismo e do radicalismo dos conselheiros, ergueu-se da mesa de reuniões e, de pé, encarou-os.

— Mas que absurdo é esse?! — disse sobressaltada. — Naruto? Uma arma dos Yuurei? Vocês estão delirando!

— Sente-se, Tsunade-hime! — ordenou Koharu. — Mantenhamos o diálogo sem exaltações.

Tsunade, cansada de tudo aquilo, apertou a extremidade da mesa com tanta força ao ponto de arrancar fora um pedaço da madeira.

— Cale a boca, sua velha caduca e insuportável.

— Tsunade! — recriminou Homura. — Como Hokage, é obrigação sua nos dever respeito e...

— É recíproco, conselheiros! Como tais, vocês também devem acatar as minhas decisões! Pois bem, eu tenho uma agora: Naruto é meu preferido, meu netinho de consideração, e por confiar minha vida a ele, qualquer forma de reprimi-lo, pré-julgá-lo, ou até atacá-lo será passível de punição. Eu fui clara... conselheiros?

— Você nutre sentimentos por aquele garoto, Tsunade! Sua afeição a ele desvirtua o seu julgamento! — gritou Homura.

— Homura tem razão, Tsunade-hime. Você deveria dar ouvidos à nossa experiência! Nós, seus conselheiros, testemunhamos todas as Quatro Grandes Guerras Ninja, lutamos, inclusive ao lado de seu tio-avô, o Nidaime Hokage-sama. Sabemos muito bem quando um dos nossos não pode continuar, está à mercê do inimigo. Neste exato momento de insegurança, você, Hokage, quer nos sentenciar à morte ao nos deixar junto de uma arma que não pode controlar.

— Naruto não é uma arma! — A fúria de Tsunade explodiu. — Naruto é uma pessoa! Uma pessoa!

— Uma criança amaldiçoada, Tsunade! Sempre foi! Tivemos sorte nos últimos anos por nada inerente a Kyuubi ter fugido de controle, mas, recentemente, está escancarado que ele pode explodir a qualquer momento e condenar a todos nós.

— Vocês não disseram isso — Tsunade falou numa mescla de descrédito e raiva. — Vocês não disseram isso.

— Não vemos outra solução senão, por hora, encarcerar Naruto Uzumaki e deixá-lo sob minuciosa supervisão. Danzou, se ainda estivesse vivo, concordaria conosc-

Mas para Tsunade aquela conversa estava mais do que acabada. Sem aceitar qualquer opinião a parte, ela despedaçou a mesa de reunião com um soco. Assustados, Homura e Koharu levantaram-se em súbito, observando, descrentes, o rosto severo da Hokage.

— Eu já disse, conselheiros, ninguém, absolutamente ninguém vai tocar no Naruto enquanto eu for a Hokage. Naruto nos salvou não uma, mas diversas vezes, ou já se esqueceram do quão virtuoso é o nosso herói? E agora, quando ele precisa de nós, vocês simplesmente querem virar as costas para ele, determinando-o como um monstro, como uma “arma”? É isso, conselheiros? Pois se pensam assim, me desculpem, mas a experiência de vocês não serve pra nada! E o ciclo de ódio o qual meu avô Hashirama, meu tio-avô Tobirama, meu professor Hiruzen, o salvador Minato, nosso herói Naruto e muitos outros lutaram e lutam para destruir sempre existirá graças a pensamentos egoístas vindos de gente como vocês! Torno a dizer: ninguém tocará no Naruto enquanto eu for a Hokage. E isso é tudo!

A passos firmes, a Quinta Hokage deu as costas para os dois conselheiros e deixou a sala de reunião.

* * *

Era madrugada quando Tsunade, ainda demonstrando o fatídico estresse da reunião emergencial com os conselheiros, viu Naruto entrar em seu escritório acompanhado de Sasuke Uchiha, Sakura Haruno, Shikamaru Nara, Kakashi Hatake e Yamato.

— Naruto! — exclamou a Hokage. — O que houve com você?

Mas o Jounin estava constrangido demais para responder. Sentia-se culpado pelo que havia acontecido.

— Hokage-sama, se me permite, gostaria de dar meu parecer quanto ao que houve com o Naruto — pediu Shikamaru. Tsunade assentiu, sem desviar os olhos do loiro. Assim, Shikamaru deu continuidade: — Pelo que fui informado, Naruto vem apresentando este problema um pouco depois do primeiro contato com nossos inimigos, os Yuurei, que, antes do confronto, sequestraram e assassinaram Killer Bee da Vila Oculta da Nuvem.

— Continue, Shikamaru.

— Perguntei-me: tendo os poderes que têm e, além disso, uma Bijuu em posse, a Hachibi, por que os Yuurei simplesmente não atacam? Não é novidade que Naruto, ultimamente, encontra-se limitado, então por que os Yuurei se abstêm?

— É o que quero saber — a Hokage murmurou. — Se soubéssemos como retaliar, não estaríamos passando por isso.

— E ao que parece, o inimigo se precaveu para que a técnica se entranhasse tanto no Naruto ao ponto de ser taxada de irremovível por qualquer um, exceto seu conjurador.

— Então, Shikamaru — Sakura se manifestou —, apenas os Yuurei podem desfazer o que quer que esteja atormentando o Naruto.

— Basicamente... Sim, é isso, Sakura.

— Ah, maravilha. — Naruto suspirou. — Era só o que me faltava.

— Selar a criatura também não adianta, pois, de algum modo, ela sempre acaba escapando; foi feita para não ser selada... Ou, conforme minha teoria diz, ela está selada no Naruto. Sempre esteve.

— O quê? — Naruto perguntou. — Do que você tá falando, Shikamaru?

— Naruto — Shikamaru deu um suspiro longo —, além de Killer Bee, quem também possuía o chakra da Hachibi?

Houve silêncio por alguns instantes. Para muitos, a ficha já havia caído. Para Naruto, não.

— Eu... Mas o que isso...

— Eles catalisaram, Naruto — explicou Shikamaru. — Os Yuurei sabiam que, desde o fim da Quarta Guerra, você possuía a metade do chakra da Hachibi, a parte Yang, e Killer Bee a parte Yin; e ambas se completam, correto?

— Você está me dizendo que...

— Exato, Naruto. Os Yuurei nunca planejaram usar a Hachibi como arma de destruição em massa; eles foram mais sutis e, diferentes das vilas ninja, usaram o poder Bijuu para criar uma rede de transmissão de chakra infalível e quase imperceptível. Naruto... eles mataram o Killer Bee e extraíram a metade Yin do chakra da Hachibi para conectá-la à sua e, neste processo, transferir para você uma coisa que, neste caso, é a criatura roxa com a qual você sonha. Foi assim que aconteceu, agora tenho certeza.

Aquilo foi um baque no Uzumaki, que, inocente, jamais teria suspeitado de que seus amigos Bijuu poderiam ser usados desta maneira tão vil. E saber que Bee tinha sido assassinado apenas por este propósito e nada mais fez Naruto nutrir ainda mais ódio dos Yuurei. Ele queria matá-los, todos, mas limitado, sabia que era impossível e angustiava-se por isso.

— Aqueles bastardos... Desde o começo...

— Conversei com Yamato-taichou — prosseguia Shikamaru — e ele me confirmou que o chakra que Naruto estava expelindo nesta noite, o mesmo que destruiu a casa dele, era denso, diferente de qualquer coisa relativamente humana. Portanto, baseado nisso e no que construí racionalmente, me leva a crer que, de algum jeito, o que está dentro do Naruto é interligado a uma Bijuu, podendo ser, inclusive, uma.

— Espere, Shikamaru-kun, eu não entendi direito — disse Shizune, que estava próxima a Tsunade. — Esta criatura misteriosa que vem debilitando o Naruto-kun é... uma Bijuu?

Todos fitavam Shikamaru, ansiosos. O Jounin assentiu.

— Naruto nos informou que ele vê a criatura no plano psíquico onde deveriam aparecer as demais Feras de Caudas, mas só encontra este monstro. Mesmo não sendo uma Bijuu, as características são inegavelmente semelhantes.

— Mas Naruto não possui todas as Nove Bijuu seladas dentro de si? — questionou Yamato. — Como isso é possível?

— Ainda não sei ao certo — confessou Nara. — Mas tenho certeza do que disse. O incidente nesta noite confirma isso, além do curioso fato deste demônio afetar apenas os poderes Jinchuuriki do Naruto.

— Uma Bijuu que substitui outras Bijuu... — Kakashi murmurou. — Eles foram bem inteligentes.

Tsunade pigarreou.

— Shikamaru, você tem algum plano para ajudar o Naruto?

Assim como antes, todos observavam com ar de expectativa para Shikamaru que, sorrindo discreto, assentiu.

— Sim, Godaime-sama. Eu estive pensando em algo e, finalmente, cogitei uma possibilidade. Só existem quatro formas de manipular e suprimir o poder de uma Bijuu. A primeira é o uso de um Jinchuuriki, a segunda é usar Selos de Contrato, a terceira é o Mokuton, a quarta...

E Shikamaru olhou diretamente para Sasuke.

— O Sharingan — concluiu Sasuke.

— Exatamente, Sasuke. Você pode usar o seu Doujutsu, acessar o plano psique das Bijuu e, lá, suprimir a influência da criatura misteriosa — concluiu Shikamaru.

— Sasuke... — Tsunade fitou o subordinado. — Você consegue?

Uchiha deu um sorriso arrogante.

— Eu fiz isso uma vez, Godaime; posso fazer de novo. E se os meus olhos servirem para prejudicar os Yuurei, farei isso com todo prazer. — Ele, depois, caminhou na direção de Naruto, observando-o. Nos olhos serenos do Uchiha o Sharingan se manifestava imponente.

— Naruto?

— Entendi — pela primeira vez, Naruto aparentava calma. — Confio em você, Sasuke. Faça.

E os dois trocaram olhares. Quando Sasuke olhou ao redor, não estava mais na sala da Hokage, mas envolto em uma escuridão gelada e infindável. Naruto ainda estava ao seu lado.

— Entramos — disse o Uzumaki.

— Você esperava o quê? Agora, onde ele está?

Bastou Sasuke perguntar para que um rastejar agudo fosse ouvido pelos dois ninjas. Um corpo pesado e colossal erguia-se das trevas, máscara branca e demoníaca à vista. O demônio roxo abriu a boca, sibilando:

Ah, eu sei quem você é... Estes olhos... Você é Sasuke Uchiha.

Para desconforto e surpresa do demônio, Sasuke não aparentava medo; sorria arrogantemente para a criatura, encarando-a com os olhos ameaçadores — não mais com os poderes básicos da Linhagem Sanguínea do clã Uchiha, antes, todavia, sua combinação mais atemorizante: Fuumetsu Mangekyou Sharingan e Rinnegan, respectivamente.

— Então... é você que está fazendo isso com o meu amigo, não é? Finalmente nos encontramos.


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Notas finais do capítulo

Shion está morta.

"Ah, Victor, mas por que os 'disgramadu' dos Yuurei não destruíram o corpo dela? Sabe, aquela parada de 'Sem deixar corpos, assim agem os Yuurei' e talz? CADÊ?"

Calma, jovem. Tudo tem um propósito, e este, bom, vocês viram que os Yuurei fizeram isso, exclusivamente, para presentear o Naruto, não é?

"Ah, mas o Iori, o líder, conseguiu ou não roubar o poder da Shion de prever a morte?"

Hmn... talvez sim, talvez não. Quem sabe, não é?

Finalmente mais informações sobre o "demônio roxo", temido por uns, apreciado por outros, detestado pela maioria. O que acharam? E o que têm a dizer sobre?

Ah, e o capítulo? O que mais gostaram dele (se é que gostaram de alguma coisa, porque, bem... deixa pra lá)? O que acha que precisa ser melhorado (gente, eu tô parecendo a janela de review ao digitar isso e.e)?

Próximo capítulo: Contra-ataque


Não, não é tão óbvio assim. Tem mais maracutaia nesse título.

Obrigado por lerem, pessoal!

Até o próximo capítulo o/