O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 82
A loba e a fantasma


Notas iniciais do capítulo

Oh, grazadeus o Nyah voltou (pra quem não sabe, o site estava em manutenção).

Boa-noite, pessoal.

Eu deveria ter postado isso mais cedo, mas, conforme foi dito anteriormente, o site estava em manutenção. Desculpem-me pela nota inicial curta, eu meio que estou com preguiça de escrever tudo de novo xD

Enfim, boa leitura a todos. Nos vemos nas Notas Finais o/



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— Você disse... “Uzumaki”? — perguntou Beni.

Mira assentiu vagarosa e tranquilamente.

— Como isso é possível?

— Assim como você, Beni Makagawa, sim, eu sei quem você é!, eu também vi meu clã ser massacrado. E sobrevivi.

— Não me iguale a você, Yuurei — repreendeu Beni. — Só responda a pergunta.

Mira apertou os olhos, sorrindo sem graça.

— Você tem um pouco de razão. Não podemos ser igualadas porque — Mira deu um passo à frente — existe uma diferença abissal entre nossas habilidades.

Beni nada disse, apesar da provocação. Devagar, os polegares iam às extremidades das ataduras, desatando-as. Mira arqueou a sobrancelha, curiosa, e nada mais.

— Em contrapartida — continuou Mira — nós duas somos as remanescentes de nossos respectivos clãs, fomos caçadas porque a escória amaldiçoada e inferior deste patético e pútrido mundo ninja tinha medo do que podíamos fazer.

— Você não sabe pelo que eu passei — rebateu Beni. — Fique quieta.

— Nem você sabe pelo que eu passei, criança. Cale-se você.

— Criança? Você não aparenta ser tão mais velha do que eu. E, além disso, o clã Uzumaki foi destruído um pouco depois da Segunda Grande Guerra Ninja. Alguém com um rosto jovem como o seu não pode ter estado presente em um massacre que aconteceu há mais de trinta anos.

Mira negou.

— Eu tenho pesadelos quase todas as noites, criança. Lembro-me de ver minha família ser retalhada e destruída, minha casa se converter em escombros, minha vila, meu país, meus amigos, todos eles queimarem. Eu ainda escuto os gritos da minha mãe em sonhos — afirmou Mira. — Tenho certeza de que passou, ou melhor, passa por isso também. Ainda sonha com a sua família, não é mesmo criança?

Beni hesitou.

— Como sabe?

— É muito simples. Eu posso ver a escuridão nos seus olhos, o terror, o desespero, a frieza, a desgraça. Quando você sofre a dor da perda é fácil identificá-la no outro.

Continuaram a se encarar. Beni estudava a mulher que se apresentara a ela; Mira, apesar da postura firme que lhe era costumeira, estava relaxada naquela conversa — não tinha medo do Shinigami no Jutsu da Makagawa.

— O seu rosto... — Beni sussurrava.

— Sim, eu não lhe contei por que, apesar de já possuir trinta e um anos, mantenho meu rosto de vinte. — Com dois dedos da mão direita erguidos, Mira se concentrou. Na testa dela, um selo minúsculo e escuro surgiu. — Acredito que saiba o que é isso, criança.

Beni assentiu.

— Yami no Fuuin, o Selo da Escuridão — respondeu. — É a técnica que eleva os poderes dos Yuurei a níveis inimagináveis, o poder máximo de vocês.

— Correto. E, fora isso, o Yami no Fuuin faz do Yuurei imortal.

Beni fungou.

— Imortal? Pelo que andei pesquisando, um de vocês foi morto. Juha Terumi, não? Assassinado por Sasuke Uchiha.

Mira desfez o selo manual, fazendo com que a marca do Yami no Fuuin sumisse da pele.

— Você não me compreendeu, criança. O Yami no Fuuin, diferente do seu Shinigami no Jutsu, não nos garante sobreviver a quaisquer ataques; somos humanos, ou quase isso. O que quero dizer é: o Yami no Fuuin é a garantia de que o ninja deixou de ser o que é para se tornar um de nós, um fantasma. Uma vez marcado com ele, o Shinobi torna-se atemporal, torna-se eterno.

— Vocês podem viver para sempre graças a isso. E deixe-me adivinhar: seu rosto ainda é jovem porque você tinha esta aparência quando foi marcada. Estou certa... Mira Uzumaki? — questionou Beni.

Mira sorriu discreta e satisfeita.

— Está correta. Este era o meu rosto quando fui marcada. Agora, o tempo não tem efeito algum sobre mim. Nem sobre qualquer Yuurei. Somos eternos como fantasmas.

— Por que veio aqui? — Beni perguntou.

— Fácil. Eu vim para tomar este país. No instante em que pisei neste lugar, ele se tornou território dos Yuurei.

— Eu ainda estou aqui para dizer o contrário.

— E vai ser varrida por mim caso não saia do meu caminho, Beni Makagawa.

Os dedos negros de Beni estalaram. Livres das ataduras de Selamento, os braços de Shinigami moviam-se ameaçadoramente.

— Meu Shinigami no Jutsu superava de longe a espada Kokujin do meu líder Oukami, Iruzu Ibe. Pelo que me lembro, aquela espada foi forjada com base nas técnicas de Meiton (Elemento Escuridão) dos Yuurei.

As mãos de Mira ficaram à mostra, surgindo do manto escuro.

— Não confunda um resquício com um todo, criança. Eu mesma subjuguei Iruzu Ibe sem precisar executar sequer um selo manual.

— Você não faz ideia do que meu Shinigami no Jutsu é capaz, Yuurei — sussurrou Beni fria e ameaçadora mente.

— Eu nunca precisei usar meu Yami no Fuuin contra ninguém — rebateu Mira. — Não será você a ameaça que me fará mudar isso.

Beni pareceu satisfeita.

— Isso me agrada de certa forma. Eu sempre quis medir minhas habilidades contra as de um de vocês. Agora, eu, que era a Segunda em comando nos Oukami, estou frente a frente com a Segunda em comando nos Yuurei.

Mira estreitou os olhos. Os olhos azul-safira fixados em Beni.

— Permita-me mostrar meus poderes diante de você, Mira Uzumaki. Eu não luto contra ninguém faz dois anos.

A morena sumiu, aparecendo à retaguarda da outra e estendendo a mão contra ela. Mira não se moveu — sequer parecia surpreendida.

Dois pares de correntes de chakra ergueram-se do chão, bloqueando o tato de Beni com a pele de Uzumaki. Surgindo no alto, Makagawa reatacou, tinha os braços estendidos para baixo, para a cabeleira ruiva da Yuurei, que foi protegida outra vez pelas correntes de chakra. Mira mesmo não se movia.

Beni atacou uma, duas, diversas vezes, mas não obteve sucesso em nenhuma das investidas. Cautelosa, recuou.

“Eu sou rápida, muito rápida. Meu Sunshin no Jutsu era o mais veloz entre os Oukami. Então por quê? Por que eu não consigo tocá-la? Como ela consegue me acompanhar sem sequer se mexer?” meditava.

— Ataques à curta distância ajustados com uma velocidade mortífera — analisou Mira. — De fato é uma combinação perigosa. Você faz jus à alcunha que a procede, Beni Makagawa, ou devo dizer... “A Dama que personifica a morte”?

Beni se acalmou, reavaliando a situação e sua oponente. Achou graça.

— Uma vez também me disseram que meus ataques eram do estilo de curta distância... Se segue esta linha de pensamento, Mira Uzumaki, você não pode estar mais errada.

E Beni investiu outra vez. Tocando com uma das palmas sobre o piso enquanto outra mão se mantinha em selo.

— Kinjutsu: Kurushimi no Basho (Técnica Proibida: Lugar de Tormenta) — anunciou.

Tudo ao redor de Mira definhou. Pedras, plantas, o piso, até o ar se tornou tóxico. Não tardou para o lugar se tornar um domínio completo dos poderes de morte de Makagawa.

Só que Beni não estava satisfeita, não com o que estava vendo. Mira, ainda imóvel e tranquila, não sofria nenhum efeito colateral, nada.

“Ela deveria estar se contorcendo agora. Então por que ela... Ah, compreendo. Acho que eu não conseguiria tocá-la de qualquer jeito.” Beni pôde enxergar uma área circular no piso bem abaixo dos pés de Mira que, assim como a Yuurei, não tinha sido envolvida pelo Kurushimi no Basho. Para Beni, aquilo só significa uma coisa.

— Impressionante — elogiou Mira. — Realmente você não se resume em curta distância, Beni Makagawa.

— Você pôs uma barreira invisível em torno do seu corpo. Por isso meu jutsu não funcionou agora.

— Bela observação, criança. Agora me responda: é só isso que a Dama que personifica a morte pode fazer?

— Não ouse me subestimar.

Desta vez, as duas mãos de Beni se uniram no selo do Javali.

— Kinjutsu: Shinoraizu (Técnica Proibida: Ascensão da Morte).

O piso dilacerou-se sob os pés de Mira, que pulou para trás. Duas mãos bestiais, feridas e negras subiram do solo, tateando o lugar em busca do alvo.

— Eu ainda não acabei. — Makagawa manteve as mãos unidas no selo; os olhos seguindo a Yuurei.

Outros duas, quatro, seis, oito braços monstruosos ascenderam à procura de Mira, que, toda vez que pisava em algum ponto, fazia mãos brotarem em seu encalço.

— Esta técnica é uma variante do meu Shinigami no Seifuku (Subjugar do Deus da Morte) que eu só podia usar no meu Modo Shinigami — explicou Beni. — Nestes dois anos que sumi, fiquei mais forte, muito mais forte do que eu era enquanto uma Oukami. Pare de me subestimar, Mira Uzumaki! Lute comigo!

Enquanto Beni falava, Mira fugia das, agora, dezenas de mãos demoníacas vindas do solo. Com exceção das correntes de chakra e da barreira invisível, a Yuurei não tinha usado qualquer jutsu. Ver sua oponente saltar de um lado para o outro, como se a desconsiderasse deixava Beni irritada.

— Se você não levar isso a sério, Mira Uzumaki... — Beni juntou as palmas das mãos, sussurrando fria. — Eu vou fazer isso por você. Kinjutsu: Shinigami no Seifuku.

Era o subjugar vindo de uma deusa da morte. De uma vez só, cem braços negros irromperam do piso e das paredes da sacada — que agora era o território de Beni. Enormes, assombrosos, assassinos; eles vinham aos montes contra uma Mira acuada, que não tinha para onde fugir.

E Mira pareceu um pouco impressionada naquela hora.

— Fuuinjutsu: Kongou Fuusa (Técnica de Selamento: Correntes de Selamento Adamantinas).

Das costas da Yuurei, centenas de grilhões de chakra de materializaram. Eram enormes, grossos, imponentes. Mira controlava o avançar das correntes com a visão; fez duas se fixarem onde ela estava pisando — para que, desta maneira, nenhum outro par de mãos negras irrompesse do chão —, enquanto todas as demais neutralizavam as técnicas de Beni. Braço por braço, o jutsu inimigo foi completamente derrotado.

Mira, também, moldou o selo manual.

— Fuuinjutsu: Kodai Seisei (Técnica de Selamento: Purificação do Mundo Antigo).

Um Kanji brilhou como brasa na palma esquerda da mulher, que tateou o solo negro e rochoso em seguida. Tudo clareou quando Mira tocou o chão. Depois, a sacada voltou a ser como era — o piso brilhante e límpido, sem qualquer sinal de destruição; o ar puro da noite fluindo; as luzes nas lamparinas e candelabros. Não havia quaisquer resquícios das técnicas horrendas de Beni Makagawa, que, estremecida, cerrou os punhos.

— Meus jutsus...

— ... Desfeitos — antecipou-se Mira. — Você está derrotada, criança. E eu nem precisei te enfrentar para isso.

— Não... Eu não fui derrotada ainda. Ainda não.

E Beni ameaçou levar os polegares à boca.

— Você não vai querer fazer isso, criança — Mira dizia com calma. — Usar seu Modo Shinigami contra mim. De acordo com as informações que possuo, é uma forma de usar Senjutsu que tem perigosos efeitos colaterais. Se não me matar, estará perdida.

— Como sabe...

— Você, que conseguiu escapar de dois subordinados meus, achou mesmo que eu não teria os olhos em você, criança? Desde que fugiu da mansão de Gintake Hanagusari, na cidade de Zuko, dois anos atrás; desde que se tornou a única Oukami sobrevivente, eu a venho observando, criança — revelou Mira. — Sempre, durante todo este tempo. Eu acompanhei a sua evolução, vi o quanto seu poder cresceu... eu vi tudo, Beni Makagawa. Eu sei tudo sobre você.

— Isso é mentira... Eu não...

— No País dos Pântanos — Mira interrompeu-a outra vez —, poucos dias atrás, você teve contato com Naruto Uzumaki, não teve Beni? Ele é uma ótima pessoa, não?

O coração de Beni falhou em uma batida, ela tremeu, tinha o olhar arregalado, as mãos hesitantes.

— Você... Você nos viu...

— Eu também achei inteligentíssimo o jeito como assegurou a sobrevivência de Hinata Hyuuga aqui mesmo neste palácio — Mira foi novamente incisiva. — Usar morte para a vida... Esplêndido raciocínio, criança.

Silêncio. Beni estava parada, boquiaberta, ante Mira. Não tinha ideia de como reagir, de o que deveria dizer a Yuurei naquela hora. Saber que, desde o início, estava sob os olhares frios e analíticos de Uzumaki, foi chocante. Sentiu-se um peão, uma pecinha que sempre esteve debaixo do controle de seu manipulador.

— O que quer comigo? — foi tudo o que ela conseguiu falar.

— Você tem potencial, criança — disse Mira. — Um potencial que eu admiro. Você foi capaz de evitar a morte certa há dois anos, tornando-se a única Oukami a conseguir sobreviver, e mais, a primeira pessoa a conseguir escapar com vida de um ataque dos Yuurei.

— Se mantinha os olhos em mim, então deve saber que eu fugi antes de seus subordinados chegarem — rebateu Beni.

— E conseguiu evitá-los por dois anos — persistiu Mira. — Ou acha que eles não notaram que faltava uma lobinha ser exterminada? Durante este tempo, eles tentaram com afinco te encontrar. Tudo para corrigir o erro do passado. Em vão, pois, assim como nós, os Yuurei, você se tornou indetectável. Menos para mim, criança.

Aquela conversa estava rumando para algo que Beni não gostaria de discutir, ela sentia.

— Vá direto ao ponto, Mira Uzumaki.

A Yuurei sorriu discreta.

— Com a morte de Juha Terumi, há um lugar vazio entre os Dez Fantasmas. Eu acompanhei as suas habilidades e sei o quanto elas eram desperdiçadas nos Oukami. — Mira endireitou a capa, ocultando as mãos. — Beni, eu convido você a se juntar a nós. Torne-se uma Yuurei.

— O que disse?

— Eu sei, também, que você buscou poder para nos caçar e derrotar, mas, como vimos hoje, você ainda está longe de alcançar a vitória contra nós. Em contrapartida, tornando-se uma Yuurei, eu mesma a ajudarei a evoluir. Você será a minha protegida, e eu posso lhe garantir, dou-lhe minha palavra de vice-líder, que nenhum outro subordinado tentará contra você. Debaixo da minha proteção, você será intocável.

Beni estreitou os olhos.

— Você fala de seus subordinados... Mas e aquele que está acima de você, Mira Uzumaki? E se ele me quiser morta?

Mira negou.

— A minha vontade é uma só com a do Líder-sama. Eu lhe garanto que, caso aceite minha oferta, ele irá concordar com minhas escolhas; você não precisa temer.

— Eu não tenho medo de nada — Beni falou ríspida.

— Nada? — Mira franziu a testa, irônica. — Mas e os seus braços? E sua Kekkei Genkai amaldiçoada? Você os teme, não é verdade?

Os olhos negros de Beni baixaram até os braços; ela os observou quieta por longos minutos.

— Meus braços... são parte de mim — respondeu. — Eles me protegem, eu os protejo. Não tenho medo deles.

— Se não tem medo, criança, então por que os mantêm selados?

— Isso é óbvio.

— Não para mim.

Beni viu Mira vir em sua direção e recuou devagar, mas quando seus olhos encontraram os da Uzumaki, Makagawa viu brandura, calor, beleza e aconchego. Aquele olhar azul-safira tão acalentador, tão bonito, tão idêntico ao de Naruto; até partes do rosto de Mira lembravam-na do dele.

E Beni parou. Mira estendeu os dedos com leveza para frente, ainda olhando nos olhos da pequena. Um par de correntes de chakra subiu do chão vagarosamente, Beni estremeceu desconfiada, mas o olhar — e o sorriso — da ruiva fez-na se acalmar. Devagar, as correntes enroscaram-se nos punhos de Beni, mas sem machucá-la.

E então, Beni achou que o que estava vendo era impossível.

A parte negra como piche dos braços estava regredindo. Ela diminuía — dos cotovelos às pontas dos dedos —, desaparecia para mostrar uma pele de uma palidez atraente. Quando Mira desatou as correntes dos punhos da outra, Beni contemplou, desacreditada, os próprios braços — não havia sinal do Shinigami no Jutsu, ela era, agora, como qualquer pessoa.

— E-eu... — Beni sorria maravilhada, tinha os olhos marejados. — Eu sou...

— Normal? — deduziu Mira. — Sim, você é. Vê agora, criança? Comigo você não necessita se esconder debaixo de ataduras de selamento.

— Mas... meus poderes...

— Sua Kekkei Genkai está inviolada, posso lhe garantir — falou. — Eu apenas lhe mostrei o que estava oculto em você.

— Oculto? Em mim? — Beni não compreendeu. — O quê?

— Controle, criança. Controle sobre sua Kekkei Genkai.

Beni riu derrotadamente.

— Eu não posso controlar isso. Meus braços representam a evolução do Shinigami no Jutsu. Eu não posso controla-

— Claro que pode — repreendeu Mira. — As linhagens sanguíneas avançadas servem os indivíduos e não o contrário. O poder deve se curvar a você, não você ao seu poder.

Muitas coisas passaram pela mente de Beni naquele minuto. Sempre se imaginou livre da própria Kekkei Genkai, sempre desejou tocar nas pessoas sem causar-lhes a morte, sempre quis viver sem necessitar das ataduras de selamento — e agora tudo isso era possível. Beni jamais pensou que sentiria o próprio tato pelos braços, que sua pele poderia ser tão bonita quanto a de um bebê; estava vivendo um sonho.

Mas, por viver num mundo abarrotado de crueldade, Beni cresceu desconfiando dos outros; nada era de graça.

— Você, Mira Uzumaki, o que vai fazer caso eu não aceite a sua oferta, caso eu não me torne uma Yuurei.?

Os olhos de Mira se estreitaram no rosto.

— Por que a pergunta?

— Eu aprendi que no mundo ninja favores são tão raros quanto à bondade propriamente dita. Caso eu não concorde, você me matará, não é mesmo?

— Você ainda quer recusar, criança?

Beni olhou de Mira para os próprios braços.

— Eu quero viver. Eu quero ser feliz, ter a minha própria vida. Não quero ser usada como uma arma. Nunca mais, nunca mais.

— Então você supõe que eu só irei usá-la... Isso é ingratidão.

— Naruto confiou em mim para cuidar deste lugar quando vocês raptaram a líder dele. Agora você vem a mim e diz que veio para tomar este país. Além disso, você deseja me tornar uma de vocês... Eu que deixei minhas trevas para trás há muito tempo.

— Naruto Uzumaki... — murmurou Mira, lembrando-se do rosto daquele por quem tinha certa obsessão. — Nem imagino como ele conseguiu te desvirtuar, criança, ao ponto de você estar aqui me contrariando sem medo da morte. Você o ama?

Beni suspirou devagar.

— Ele, assim como a Usui-san e a Ino-san, me chamou de “amiga”. Isso é o bastante pra mim. O Naruto é bom, dá sem esperar nada em troca. Você, apesar das semelhanças no rosto, é completamente diferente dele. Ele é luz, você é treva. Não me juntarei aos Yuurei só porque você suprimiu a minha Kekkei Genkai, não vou trair o meu amigo por um bem próprio. Se eu tiver que lutar até a morte contra você, Mira Uzumaki, assim eu farei — Beni declarou decididamente, afastando-se da Yuurei.

O rosto de Mira ficou sereno por poucos segundos. Pensativa, ela fechou os olhos. Mas não tardou para sua feição se tornar rígida e perigosa. Quando a vice-líder dos Yuurei ergueu o olhar repressivo para frente, Beni saltou para trás cautelosamente.

Mas Mira estava decidida a fazê-la pagar.

Grilhões de chakra nasceram do piso, encurralando a garota por todos os lados. Desenhavam linhas e curvas no ar, vindo de todas as direções. Beni foi aprisionada pelos pés e mãos; os braços esticados como se estivesse sendo crucificada. Outras correntes serpenteavam ao redor do corpo dela vagarosa e aterrorizantemente.

E Mira Uzumaki a observá-la séria.

— Você escolheu errado, criança. Decidiu trilhar um caminho de derrota. — Os dedos dela uniram-se em um selo. Enquanto Mira admirava a presa que tinha em posse, nos braços de Beni, o Shinigami no Jutsu voltava a aparecer. — Eu lhe dei um presente, e estou tomando agora. Sua Kekkei Genkai voltará a necessitar daquele medíocre jutsu de selamento.

Beni sentia a própria repugnância lhe cobrir a pele com a qual ela sempre havia sonhado — e perdido tão rapidamente. O negror que, por muito tempo ela detestou, estava de volta.

— Não vou deixar... — Em meio ao espremer dos grilhões que a prendiam, Beni falou olhando diretamente para sua captora. — Este país não é dos Yuurei.

— Sim, agora é — decretou Mira. — O que encontramos, tomamos para nós. Nada pode aplacar os Yuurei, ninguém pode nos deter.

— O Naruto... Ele irá...

— O quê? — desdenhou Mira. — Meu compatriota, meu parentezinho distante tem alguma chance contra os fantasmas? Desista desta deplorável fantasia, Beni Makagawa! Neste exato momento, Naruto Uzumaki é assolado por um parasita do qual eu sou responsável.

— Então... aquele olhar maligno do Naruto... Foi você! — Beni se agitou, tentando se libertar das correntes. Mira ignorou-a.

— Você não pode me derrotar, é uma inútil diante de mim. E — Mira se aproximou, ficando a poucos centímetros de Beni —, eu lhe garanto, você sequer contará ao Naruto ou a qualquer pessoa sobre o que aconteceu hoje. Você nunca me viu, esta conversa nunca ocorreu. Você vai fugir, você voltará à sua vida nas sombras, você vai desaparecer para sempre. Se tentar contatar alguém, se buscar ajuda, vai morrer no ato.

Ao comando de Mira, duas correntes espectrais atravessaram os punhos de Beni e outra lhe penetrou a boca. Depois, a Yuurei sequenciou, intercaladamente, selos manuais; o olhar severo era inflexível

— Zekka Konzetsu no Jutsu (Técnica da Erradicação da Língua Amaldiçoada) e Fuuinjutsu: Mugen Muuchuu (Técnica de Selamento: Devorador Infinito).

E Mira fez desaparecer todas as correntes, Beni despencou sobre o chão, derrotada. Ela olhava para os próprios punhos com horror; onde as correntes a tinha atravessado havia as marcas inflamadas “夢中” numa vermelhidão que contrastava com a pele escura dos braços de Beni.

— O que você fez comigo?

Mira deu as costas para ela.

— Preocupe-se primeiro com o selo que pus na sua língua, criança. — Era verdade. Na parte superior da língua de Beni Makagawa existiam cinco linhas, três sólidas e duas quebradas; um selo amaldiçoado. — Danzou Shimura, conforme minhas fontes informaram-me, costumava aplicar esta técnica em seus comandados da Ne. Claro, não há ninguém melhor que um Uzumaki no que diz respeito à Fuuinjutsu. Se o selo de Danzou apenas paralisava o corpo para que informações não sejam transmitidas, o meu é capaz de te matar na hora.

Beni compreendeu a situação.

— Então, se eu tentar contar a alguém sobre meu encontro com você, irei morrer no ato.

— Você entende rápido, seria uma ótima Yuurei — falou Mira. — Em suma, é isso. Bastará você pensar em transmitir qualquer informação sobre mim que seu corpo agonizará e se desintegrará até virar nada. Os selos que coloquei em seus braços impedem o seu Shinigami no Jutsu de atuar como fator de cura. Pelo que sei, você não pode morrer porque a ligação com os seus braços a impede. Contudo, desconectada disso, você é tão mortal quanto qualquer outro. Jubile-se, Beni Makagawa, pois não precisei arrancar seus braços de Shinigami fora para te tornar mortal.

Mira entendia perfeitamente como as habilidades de Beni funcionavam. Além de trazerem a morte no simples contato físico, os braços não deixavam que Beni morresse, curando-a de qualquer ferida — não importava o quão grave fosse. Contudo, os mesmo braços que traziam a cura ao resto do corpo não eram capazes de se regenerar — todo dano que eles sofressem permaneceria lá. Portanto, para matar Beni Makagawa, teoricamente, dever-se-ia, primeiro, arrancar fora os dois braços de Shinigami no Jutsu para, posteriormente, golpeá-la de forma fatal. Só assim Beni poderia ser morta. Todavia Mira Uzumaki tinha ido além ao incapacitar o fator de cura do Shinigami no Jutsu; Beni Makagawa era mortal.

— Você não tem vantagem alguma, Beni Makagawa — relembrou Mira. — Está derrotada e seu poder está sob meu absoluto controle. Lutar não a levará a nada além da morte.

— Então me mate — Beni desafiou. — Mate-me.

— Criança, se eu quisesse, você já estaria morta. — Mira sorriu ainda de costas para Makagawa. — Mas eu me identifico com você, e por isso irei poupá-la. Viva a sua vida isoladamente e evite contatar os Yuurei outra vez.

— Não enquanto você estiver neste país, Yuurei.

— Se te preocupa eu estar aqui — Mira se virava devagar —, fique tranquila. Eu não sou uma tirana. Só busco a ordem, nada mais. Dou-te a minha palavra de que nenhum cidadão será ferido nem maltratado.

Beni observou Mira analiticamente, Não havia contradição nela; se Mira estivesse mentindo, fazia isso muito bem.

— E quanto a princesa? — perguntou.

— Shion está fora de meus cuidados. Não posso garantir que ela viverá.

— Entendo. — Beni abaixou a cabeça.

Mira tornou a se virar, admirando o horizonte madrugada afora.

— Desapareça, Beni Makagawa — ordenou. — Você não tem mais nada a fazer aqui.

Com amargura, pôs-se em pé. Não tinha sequer coragem de levantar a cabeça, tamanha a vergonha que sentia de si mesma.

“Naruto, me desculpe” mutilava-se em pensamentos. “Me desculpe, mas eu não tenho chance alguma contra ela.”

E desapareceu num súbito. Mira, agora, estava sozinha.

Sorriu vitoriosa.

— Você herdou o dom de fazer com que as pessoas confiem em você, Naruto — Mira dizia ao vento. — Kushina sentiria orgulho de você. Eu sentiria também se... — Cerrou os punhos, as pontas dos dedos ficando avermelhadas. — Se você não seguisse, também, a maldita sina que impuseram ao nosso clã. Você é fruto de uma vila ninja, o mesmo tipo de organização que me separou da minha melhor amiga, o mesmo tipo de sistema político que massacrou meu lar. Eu sinto que, um dia, lutarei contra você... E lhe garanto: vou lhe mostrar o meu rancor. Por completo.

* * *

Os quatro dias que se decorreram foram os mais pesarosos que ele poderia ter vivido.

Quando o pesado Gamabunta aterrissou à entrada do Hospital da Folha, Naruto saltou direto para a portaria, tendo nos braços o corpo desfalecido de Hinata Hyuuga. Ignorou as ralhas de Gamariki, desesperado para conseguir medicar a companheira.

— Bom-dia, Narut... Oh, o que houve com ela? — perguntou uma das recepcionistas.

Mas Naruto não respondeu. Atravessou o saguão à procura do primeiro médico que encontrasse. Olhava de um lado a outro perdido, em pane.

— Naruto? — Uma voz conhecida fê-lo se sentir minimamente mais tranquilo.

— Sakura-chan! — Correu para junto da amiga. — Olha, me escuta!, eu preciso que você...

— Acalme-se, Naruto! — Ela olhou-o repreensiva. Depois, fitou Hinata inconsciente e suspirou, compreendendo a emergência. — Me acompanhe. Ei, você aí, enfermeiro! Ajude-me a colocá-la na maca! Agora!

Um dos enfermeiros que atravessava o corredor atendeu ao chamado de Sakura, ajudando-a a deitar Hinata sobre uma maca e transportá-la para uma das salas. Naruto os seguiu.

* * *

— Você tá bem? — Sakura perguntou, sentada próxima à maca.

Recostado à parede perto da porta, Naruto apertou os próprios braços contra o corpo. Vestia apenas a camisa de malha que usava comumente debaixo da outra de mangas longas — esta utilizada para estancar de antemão o sangue de Hinata. Ele estava muito quieto, e não era ara menos. Olhou outra vez para a namorada adormecida sobre o leito e se sentiu o mais miserável dos homens. Como pôde ser tão desleixado? Ele não conseguia se perdoar.

E Sakura via o sofrimento externado nos olhos do amigo.

— Naruto... Ela vai ficar bem. Já iniciei o processo de extração do veneno.

Mas não houve qualquer reação vinda de Uzumaki.

— Você está horrível, sabia? — Riu forçada, tentado descontraí-lo, mas sem sucesso algum. — Vá descansar.

Naruto não se moveu. Sakura suspirou.

— Ela estava morrendo — revelou —, a Hinata. Mas muito devagar, como se a vida ainda relutasse em se apegar a ela. Foi o que bastou para mim. Tive tempo de trabalhar para estabilizar o estado de saúde dela. Fique tranquilo; ela está fora de perigo.

Com o canto do olho, ele verificou o relógio na mesa de Sakura. Os efeitos do poder de Beni tinham sido desfeitos. E, conforme o combinado, ele tinha feito o impossível ao cruzar uma rota enorme em quatro dias. Todavia não se sentia satisfeito, não se sentia alegre, nem mesmo vitorioso em nada. Nada.

— Você tá com fome? — Sakura perguntou. — Eu tenho um...

— Sakura-chan.

— Hum? O que foi Naruto?

E Naruto ergueu os olhos azulados, bonitos, e chorosos. Silenciosa e cabisbaixamente, ele lacrimejava. O lábio inferior vermelho de tanto ser mordido.

— Eu vou matá-los — disse amargurado. — Vou fazê-los pagar por isso. Todos eles. Todos... Vou acabar com todos.

Sakura se levantou e foi até Naruto, envolvendo-o em um abraço apertado. O rapaz não reagia; olhava para o distante na janela, ainda chorando quieto.

— Me abrace — Sakura pediu. — Esqueça esses caras, Naruto. Não é bom pensar nisso agora. Só me abrace.

Relutante, Naruto pôs as mãos sobre as costas da amiga, juntando o corpo de Sakura ao seu em um abraço fraternal.

— Vai ficar tudo bem, Naruto — Sakura prometeu. — Estamos todos aqui com você.

A visão do rosto sereno e decididamente melhor de Hinata sobre o travesseiro foi a última que Naruto teve antes de abaixar a cabeça e recostá-la no ombro de Sakura.

— Obrigado... Sakura-chan.

* * *

— Então foi isso que aconteceu — Tsunade murmurou. — Entendo.

Um dia havia se passado desde o regresso de Naruto. Seguindo a recomendação de Sakura — apesar de relutar — ele voltou para casa, onde comeu e passou o resto da tarde descansando da tortuosa viagem de volta à vila. Agora, na manhã do dia seguinte, ele prestava o relatório à Hokage. Não tinha a melhor das feições, mas, buscando sempre se lembrar das palavras da Haruno, Naruto tentava parecer mais animado, pelo menos melhor do que ontem.

— Sim, Tsunade-obachan. Foi isso.

— Mas que droga — resmungou a Hokage. — Esses caras de novo, de novo!

Naruto deu um suspiro e baixou a cabeça.

— É. De novo.

— Naruto-kun — chamou Shizune, que estava quieta ouvindo tudo no canto do escritório de Tsunade. — A Sakura me disse que a Hinata melhorou bastante desde que chegou ao Hospital ontem. Você foi um herói, conseguiu trazê-la num tempo recorde. Parte do salvamento dela se deve a você.

Naruto sorriu forçado, ainda cabisbaixo.

— Só fiz minha obrigação — disse. — E ainda assim não agi sozinho. Mas, olhando por outro lado, eu deixei dois inocentes morrerem, deixei a Hinata se ferir, deixei que capturassem a Shion e pus em risco todo o pessoal do país.

Shizune, incerta, olhou para a mestra que, pensativa, apoiava a cabeça sobre as mãos.

— Naruto, eu sei que você quer ir atrás dos Yuurei. Mas eu acho que...

— E vou, Tsunade-obachan! Eu vou, sim, atrás de-

— Não vai, não! — ralhou Tsunade, os olhos sérios. — Você não, Naruto.

— E por que não?!

— Você já se envolveu demais com eles por hora. Deve descansar, pensar em ouras coisas e...

— Descansar? — perguntou abismado. — Eu não posso descansar! Eu tenho que...

— Pense em você mesmo, Naruto! Pense nos seus amigos, na sua vila! — Tsunade gritou, levantando-se. — Você sempre me disse que quer ser Hokage, mas acha que, se o for um dia, vai ficar vivendo em missões? Não, Naruto! É claro que não! Talvez quando você for Hokage você consiga mudar isso, e saiba que, se o fizer, estará abandonando a sua vila, deixando-a a liderança de outros! Você poderá ser facilmente questionado, entre muitos outros problemas! Mas o que quero dizer mesmo é: sendo Hokage, você se torna a maior autoridade na Folha; pode fazer quase tudo o que quiser, ficar aqui ou sair sempre que pintar uma missão nova. Mas, enquanto você não é Hokage, você é um Jounin que serve a mim, e, portanto, me deve submissão! Se eu digo que você não vai atrás dos Yuurei, você não vai! Entendeu, Naruto?

O Jounin ficou quieto, desconsertado com a resposta que havia recebido. Shizune, pelas palavras de Tsunade, encolheu os ombros, apiedando-se silenciosamente de Naruto.

— Agora — Tsunade abaixou o tom de voz —, eu quero que me diga quem era essa “amiga” que o livrou da armadilha dos Yuurei no País dos Demônios? Você não disse o nome dela.

Naruto relutou em responder.

— Naruto, diga! — ordenou Tsunade.

— Não posso, Tsunade-obachan. Eu prometi que não contaria a ninguém sobre ela. Só sei que ela precisa de ajuda. Eu a deixei cuidando do país em meu lugar. Se os Yuurei atacarem...

A Hokage, sem piscar nem por um segundo para Naruto, avaliava-o. Sempre o considerou teimoso demais, mas não conseguia entender toda aquela hesitação em falar um simples nome.

— Por que, Naruto?

— Eu já disse, vovó. Não posso contar pra ninguém. Acredite em mim, minha amiga não é uma má pessoa. Se não fosse por ela, eu jamais teria conseguido trazer a Hinata com vida.

Tsunade olhou para Shizune, que, tímida, encolheu os ombros outra vez. Depois, novamente focando em Naruto, disse:

— Que seja. Ainda não consigo entender as suas razões, mas sei que posso confiar em você. Agora peço que também confie em mim. Por hora, vou afastá-lo dos Yuurei e deixá-lo em observação. Pelo que você me disse, seus poderes Bijuu vêm sendo afetados constantemente desde o primeiro incidente. Fugiu do nosso controle.

— Quem a senhora vai enviar ao País dos Demônios? — Naruto procurou mudar de assunto. Tsunade não gostou do corte na conversa, mas preferiu desconsiderar.

— Ainda estou pensando nisso, mas provavelmente enviarei alguns ANBU disfarçados de diplomatas do País do Fogo.

— Tsunade-obachan, estamos falando daqueles caras! Não podemos apenas envi-

— Eu sei, Naruto, eu sei. Mas, como Hokage, infelizmente, não tomo todas as decisões sozinhas. Sabe o que quero dizer, não sabe?

Naruto abaixou a cabeça, murmurando.

— Os conselheiros.

— Exatamente. Um dia, quando for Hokage, você entenderá plenamente as minhas escolhas que faço hoje. Além disso, dadas às circunstâncias, pressinto que o melhor a se fazer é manter os melhores ninjas na vila. Mandá-los atrás destes criminosos é muito arriscado.

Naruto se sentia frustrado, muito frustrado. A situação não era nada boa e parecia ir de mal a pior a cada dia que passava. Ele temia por Hinata, por Beni, por Shion, pelos enviados ao País dos Demônios — a visão de Sai, ex-companheiro de time e atual tenente da Primeira Divisão da ANBU, veio ao consciente de Naruto —, por sua vila, por todo mundo. Não se via em tal quadro em muito tempo. Mas o que ele poderia fazer? Sair da vila só traria mais complicações, e Naruto, lá no fundo, sabia que o certo seria ficar na vila e esperar que tudo ocorresse bem.

Mas, também, tinha plena convicção que todo este positivismo não passada de utopia.

— Tsunade-obachan.

— O que foi, Naruto?

— Eu posso ir pra casa? Quero descansar mais um pouco.

Estava clara a derrota nas feições de Uzumaki. Dando-se por vencida, Tsunade autorizou-o a sair. Naruto agradeceu discretamente e despediu-se da Hokage e da secretária, Shizune.

Fora do Edifício Hokage, Naruto se dirigia a passos acanhados e quase sonolentos. Respondia de forma supérflua a alguns cidadãos que o cumprimentavam nas ruas; a mente dele estava distante dali. Abatido, ele entrou em casa e, sem mesmo se trocar, jogou-se sobre a cama. Adormeceu em poucos minutos.

E, atormentado em pesadelos, ele via o demônio roxo a rir-se dele, predizendo quem mais dos amigos de Naruto morreria.


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Notas finais do capítulo

Ah, antes de falarmos do capítulo de hoje, quem aqui é o dono do time Wolfs Stark do Cartola FC? Só reportando que, ahá! Eu fiz mais pontos que você nesta rodada :p Sómeferro FC rumo ao título!

Ah, caso haja mais cartoleiros aqui, gente, bora pra Liga do Nyah! Vamos fazer aquilo crescer!

Enfim, o que acharam do capítulo de hoje? Pra quem esperava certo equilíbrio, pois é, há uma diferença entre os níveis de Beni e Mira, não? E aprendemos um pouco mais sobre a vice-líder.

Vou focar a história agora da Folha, até porque preciso fazer algumas coisas...

Próximo capítulo: Presente

"Presente" aqui não é tempo (igual a passado e futuro), é objeto mesmo. Parece bem vago o título, eu sei. Vocês entenderão o porquê mais à frente.

Até o próximo capítulo o/