O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 54
Rock Lee vs. Gura


Notas iniciais do capítulo

Bom dia para todos! Antes de mais nada, quero compartilhar um poema que li nesta semana, em preparação para a UERJ. Vocês vão adorá-lo! Acreditem!

NO MEIO DO CAMINHO

"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra."

(Carlos Drummond de Andrade)

Drummond, pouco tempo depois de ter escrito este poema, foi entrevistado a respeito do significado do mesmo. Sabem o que este poema quer nos passar? Que havia uma pedra no meio do caminho, nada mais que isso.

É, eu sei... Também fiquei com cara de paisagem na hora.

Mudando de assunto, Rock Lee tem uma pedra no meio do caminho (tá, parei de zoar). Seu nome é Gura. Como o Jounin se sairá?

Sem mais delongas, senhoras, senhores e torcedores do Borussia Dortmund, com vocês o capítulo 54. Nos vemos nas Notas Finais o/



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Segundo Andar – Sala vazia – Rock Lee vs. Gura.

O golpe parecia cortar o ar. O ataque era pesado, potente e esmagador. O soco de Gura se perdeu no vazio, quase acertando em cheio o corpo de Rock Lee.

O ninja da Folha saltou para a direita, conseguindo mudar a própria trajetória com uma pisada mais firme. Agora, Lee estava frente ao ombro direito desprotegido do Oukami.

— Konoha Daisenkou (Grande Flash da Folha). — Lee saltou e desencadeou um poderoso chute lateral no rosto de Gura, mas, como anteriormente, o ataque foi inofensivo.

“Ele tem que ter alguma fraqueza”. — Pensava Lee enquanto golpeava violenta e rapidamente todo o corpo do gigante. Rock Lee não cessava de chutar e socar o inimigo. Os ataques eram desferidos em Gura quase simultaneamente, tamanha era a velocidade dos golpes.

— Tsc. Você me irrita, inseto. — Gura bocejou.

Com a mão esquerda, o Oukami parou o ataque de Lee, agarrando-o pela perna. O garoto se viu surpreendido pelo adversário.

— Vou te mostrar o que é poder de verdade, inseto.

Gura chicoteou o chão usando o corpo de Rock Lee. O Jounin era esmurrado impiedosamente contra o solo repetidas vezes. Com apenas uma mão, o Oukami balançava o corpo de Lee, como quem faz com uma corda. Para finalizar, Gura, ainda segurando o garoto pela perna, saltou e arremessou o garoto contra o piso, espatifando-o.

— AINDA NÃO ACABEI! — Gritou Gura.

Usando o próprio cotovelo esquerdo, Gura se lançou sobre o corpo caído de Lee.

O Chão não suportou o ataque de Gura e cedeu. Jounin e Oukami, ambos despencaram até o primeiro andar. Claro, Gura estava na posição de atacante, logo, não sofreria danos. Lee, por sua vez, estava estirado em meio aos destroços. O sangue escorria pela cabeça, empapando os cabelos; feridas, cortes e hematomas decoravam o corpo do rapaz. Lee ofegava.

— Você está quase morto, inseto. — Gura se abaixou e, com uma mão, ergueu o garoto pelo pescoço, suspendendo-o a quase um metro do chão. — Eu ainda nem comecei a lutar direito e você está a um passo da morte.

Impetuosamente, Gura arremessou o corpo de Lee contra uma parede. Uma batida bruta e assassina. As costas do garoto se chocaram com tamanha intensidade, que um grave ruído estalado se produziu, mesmo Rock Lee usando colete.

O Oukami deu as costas ao garoto enquanto ria de um jeito grotescamente arrogante. Mais um inseto fora esmagado pelo gigante Gura.

— Es... Es... Espere... — A voz sôfrega de Lee se fazia ouvir às costas do Oukami.

Incompreensão. Era com o que o homenzarrão lidava naquele momento. Gura assistia, incrédulo, a Lee se levantar com sofreguidão. As pernas bambas tremiam doloridas, o sangue que escorria pela cabeça era limpo com uma das mãos. Instantes depois, Lee reassumiu postura de combate.

— Eu... Eu ainda não fui derrotado, Oukami-san. — Falou com o máximo de firmeza que conseguia colocar na própria voz.

Gura franziu a testa, arqueou a sobrancelha e soltou um estrondoso gargalhar. Aquilo deveria ser algum tipo de piada.

— É engraçado que a porrada não tenha te matado, inseto. Vou garantir que você não tenha a mesma sorte de novo.

O Oukami avançou contra Rock Lee. O garoto saltou para cima, equilibrando-se sobre o corrimão da escada que levava de volta ao segundo andar.

— Tá fugindo, inseto covarde? — Uma pergunta debochada de Gura.

— Não... — Lee se agachou e abaixou os meiões alaranjados. Sob eles, pesos eram colocados nas pernas do garoto. Lee ainda mantinha o treinamento dado por Gai. — Eu resolvi tirá-los. — Referia-se aos pesos nas pernas.

— Esses pesinhos não vão fazer diferença alguma nesta luta, inseto. Não tô nem aí se você quer lutar sem eles. Você vai morrer do mesmo jeito. — Retrucou Gura. Lee, por mais fraco que estava, conseguiu sorrir antes de largar os pesos.

O estrondo que os pesos causaram ao atingirem o solo surpreendeu o próprio Gura. Ele riu com a surpresa.

— Ora, parece que o inseto feioso é durão, afinal. Gostei. Talvez valha a pena te matar mesmo, inseto.

Lee levou a mão até o estojo de acessórios. Sua mão encontrou uma Pílula de Soldado. Ele a ingeriu. Segundos depois, o garoto se sentia pronto para continuar o combate. Suas feridas incomodavam bastante, mas Lee as ignorava com sucesso. Fora treinado para suportar quaisquer dores, para ir ao limite do corpo. Trabalho duro: fora esse treinamento que recebera de Gai Maito, fora assim que vivera sua jornada ninja até aquele momento. Mesmo que ele tombasse em combate, a luta não acabaria ali. Definitivamente não acabaria.

— Prepare-se, Oukami-san. A verdadeira luta começa agora.

— Tsc. Não fique se achando, inseto! Você ainda continua meio-morto!

Lee suspirou. Os olhos focavam o gigante. A postura de Lee era ereta, com o punho esquerdo cerrado nas costas e o direito estendido à frente. Gura se mantinha relaxado. Dentre todos os cinco lobos, Gura era de longe o mais arrogante.

— Ei, inseto! Que tal um desafio? — Gura questionou.

— Sinta-se à vontade para estabelecer suas condições de combate, Oukami-san. — Concordou Lee.

— Certo. Se você for capaz de fazer com que meus joelhos toquem o chão, eu te direi o meu nome.

— Entendido, Oukami-san.

Segundos depois, Lee desapareceu da visão de Gura. O Jounin começou a se movimentar.

Em um instante, Gura percebeu a presença de Lee em suas costas e atacou, mas o mesmo não estava mais lá. Em seguida, sentiu movimentação pela esquerda; virou-se, porém não encontrou o garoto. Pela direita, mas, assim como antes, não conseguiu acertar Lee. Gura tentava interceptá-lo ou acertá-lo, todavia a Besta Verde da Folha era rápida demais. Por mais que Gura tentasse, acompanhar a atual velocidade de Rock Lee era impossível. Lee explorava o estilo de combate do inimigo, procurando uma ínfima brecha.

— PARE DE ME IRRITAR, INSETO MALDITO! — O impaciente e enfurecido Oukami berrava.

— Konoha Kongouriki Senpuu (Furação Adamantino Forte da Folha). — Um poderosíssimo chute aerogiratório executado por Lee, mirando no ombro esquerdo do gigante. Sem a interferência dos pesos e com a energia da Pílula de Soldado, os ataques do Jounin se tornavam não apenas mais rápidos; estavam incrivelmente mais fortes e danosos ao inimigo. Pela primeira vez na luta, Gura foi forçado a cambalear, dando três passos para trás.

— Consegue continuar o combate, Oukami-san? — Lee se afastou cautelosamente do inimigo, apontando para o braço esquerdo do mesmo. A potência do chute foi o suficiente para deslocar o braço de Gura para trás.

Gura sentia mais raiva do que dor. Estava sendo humilhado. Humilhado por um inseto que, até pouco tempo, era digno de pena. Agora era Lee o atacante e Gura o defensor. Raivoso, o homem olhou de relance para o braço avariado e, sem perder tempo, forçou a musculatura próxima à área danificada a trabalhar. Gura gritava em fúria.

Lee arregalou os olhos, surpreso. Gura, apenas forçando a musculatura para frente, recolocou os ossos do ombro no lugar. Aquilo deveria ser impossível. Gura frisou:

— É claro que ainda posso lutar, inseto repugnante! Não fique se achando! — Enquanto falava, Gura girava o braço até então deslocado e estalava os ossos.

“Este meu adversário é um verdadeiro monstro. Que poder de recuperação assustador! Eu nunca vi algo assim!” — Pensou o garoto.

Rock Lee estalou os dedos das mãos, suspirando automaticamente:

— Hachimon Tonkou (Oito Portões Internos)... — Lee anunciava pausadamente — Daigou, Tomon, KAI! (Quinto Portão, o Portão da Floresta, abrir!).

A pressão do chakra de Lee era assombrosa. A pele do rapaz assumia a coloração avermelhada. O chão ao redor do Jounin rachava à proporção que o chakra fluía.

— Conheça, Oukami-san, o poder da Juventude de Rock Lee, a Besta Verde da Vila Oculta da Folha.

— Tsc. Como se o poder do Hachimon Tonkou fosse...

Um chute relâmpago na boca fez Gura se calar. O Oukami foi arremessado para trás, onde Lee já o esperava para continuar a sequência de ataques. Agora um chute descendente na nuca. Gura estaria prestes a despencar no chão, mas Lee foi mais rápido. Surgiu embaixo do grande corpo do homenzarrão, chutando-lhe no queixo e o arremessando para o alto. A série de golpes não estava terminada.

O que estava por vir era nada menos que uma das técnicas favoritas de Rock Lee. Kage Buyou (Sombra da Folha Dançante) era o nome. Consistia em deixar o próprio corpo abaixo do corpo do oponente estando ambos no ar, como uma folha voando ao vento. Esta técnica por si só era inofensiva, mas com ela Lee poderia usar outra demasiadamente mortífera.

Os braços do Jounin se entrelaçaram à cintura de Gura. As ataduras nos braços de Lee mumificavam o corpo do Oukami. Ambos giravam a uma velocidade intensa. Iriam colidir violentamente contra o solo.

— Omote Renge! (Lótus Primária) — Rock Lee anunciou o jutsu.

Um barulho ensurdecedor acompanhou a avaria no primeiro andar, palco atual da batalha. O chão estava escavado consideravelmente. A destruição era descomunal.

Rock Lee ofegava próximo de onde o corpo de Gura estava estendido no chão. O Oukami queimava de ódio. Jamais passara por uma situação tão vexatória. Estava com o rosto em terra. Nunca se imaginaria naquela posição. Um inseto o colocara no chão. Um inseto insolente o colocara no chão.

Levantou-se em meio a tropeços. Respirava rapidamente. Olhava raivosamente para o garoto à frente.

— Como ousa, inseto? — Gura vociferou pausadamente.

Lee não respondeu, antes, porém, rebateu com outra pergunta:

— Qual é o seu nome, Oukami-san? — Perguntou sério.

Aquilo tinha o cúmulo para Gura. Um verdadeiro insulto. Nunca esteve com tanto ódio quanto naquele momento. Infelizmente, era obrigado a cumprir a condição que ele mesmo havia estabelecido.

Respondeu com desgosto:

— Gura Kumatori.

Rock Lee sorriu satisfeito ao ouvir aquelas palavras.

— Vamos continuar, Gura-san. — Lee desafiou o oponente.

Gura estalou o pescoço, produzindo um grave ruído de ossos. Em seguida, levou os dois punhos cerrados ao solo, repousando-os sobre a terra. O sorriso nos lábios do Oukami transbordava confiança. Lee arqueou a sobrancelha, levemente confuso e curioso. Gura riu em desdém.

— Seu Taijutsu é bom, mas agora você testemunhará o poder esmagador de Gura Kumatori, a força bruta dos Oukami.

Lee se precipitou contra Gura. O garoto surgiu à esquerda do homenzarrão. O homem esboçou um movimento ofensivo com o braço, na expectativa de golpear o Jounin. Lee desviou, reaparecendo instantaneamente à direita desprotegida de Gura.

— Konoha Dai...

O ataque falhou. De algum modo, Gura conseguira girar o corpo, ficando, assim, frente a frente com Lee. Com o braço direito, ele foi capaz de anular o que seria o próximo ataque do garoto.

“Aquela posição de combate?” — Lee se questionou, descobrindo tarde demais.

Gura anunciou seu jutsu de forma calma e arrogante.

— Daiichi Inpakuto (Primeiro Impacto).

O enorme punho do Kumatori foi projetado no tórax de Lee. A força era descomunal. Gura parecia ter amplificado seus níveis de força e velocidade ao absurdo apenas por cerrar os punhos sobre a terra.

O poder colossal do Oukami Gura lançou o corpo de Rock Lee novamente contra a parede. Rachaduras se formaram no mesmo instante em que as costas de Lee colidiram com ela. Com um único soco Gura fizera aquilo.

As feridas da batalha novamente voltaram a pesar sobre o garoto. Além disso, a fadiga de liberar o poder do Tomon (Portão da Floresta) também se manifestava. Se não tivesse ingerido a Pílula de Soldado antes, Lee, provavelmente, já estaria inconsciente. Isso era mau. Se as coisas continuassem naquele rumo, o combate não teria um fim agradável para o ninja da Folha. Só que Lee sabia, também, que deveria deter o inimigo a qualquer custo, qualquer custo mesmo. Óbvio, não pretendia morrer em combate; prometera a Tenten que estaria com ela após aquela missão. Não, ele não morreria. Recusava-se a acreditar em tal possibilidade.

Apesar das feridas, se levantou e ousou sorrir para o inimigo gigantesco. Que oportunidade melhor do que aquela para mostrar seu Poder da Juventude? Desde pequeno fora doutrinado a ultrapassar as próprias limitações. Contra Gura Kumatori não seria diferente.

— Hachimon Tonkou, Dairoku, Keimon. KAI! (Oito Portões Internos, Sexto Portão, o Portão da Visão. Abrir!). — Bradou Lee.

O chakra do garoto era perturbador. A pele estava mais avermelhada, a pressão sanguínea no interior do corpo do garoto estava muito mais intensa, vapor amarelado emanava dele. O Portão da Visão fora aberto.

Gura correu na direção de Lee, pretendendo esmagá-lo com mais um de seus socos poderosos. Assim que Gura atacou, Lee deu uma cambalhota no ar e chutou o rosto do adversário com a perna direita. Gura caiu imediatamente no chão e quando levantou foi metralhado por uma sequência impiedosa de chutes, socos e outros golpes de Lee. Os ataques eram muito rápidos, vindos de todas as direções. Gura sentia o corpo tremer sob pressão. Por fim, o derradeiro da sequência foi acionado: Lee girou o corpo e socou a cabeça do Oukami, afundando o rosto do mesmo no solo já devastado.

Sangue. Gura sentia o próprio sangue escorrer pela testa. Era quente. Que sensação odiosa, pensava ele. Gura não se lembrava da última vez que sangrara em batalha.

O gigante se pôs em pé, limpou o fluxo de sangue na testa com as costas da mão esquerda. Em seguida, berrou de ódio. Um grito alto, grosso e ameaçador. Lee permanecia em sua costumeira posição de combate.

O Oukami avançou pesadamente contra Lee, que também avançou contra Gura. O gigante mantinha o braço direito para trás, como se fosse socar mais uma vez. Lee girou o corpo intensamente no ar antes de colidir contra o algoz em seu caminho.

— Asa Kujaku (Pavão da Manhã)! — O ataque máximo do Keimon (Portão da Visão). Consistia em uma sequência insana de socos e chutes. Tamanha era a velocidade daquela combinação ofensiva que os braços e pernas de Lee flamejavam à proporção que os golpes eram usados.

— Daini Inpakuto (Segundo Impacto)! — A continuação da técnica de Gura. Era um único soco, porém, este segundo era muito mais poderoso que o Daiichi Inpakuto. A força do ataque era monstruosamente mais significativa.

A colisão das duas técnicas foi suficiente para destruir todo o imenso salão no qual lutavam. Gura e Lee foram arremessados para direções opostas com a onda de choque produzida. Os ataques se equiparavam.

De um lado estava Gura. Seu corpo enorme estava estirado ao chão. Sangrava muito. Sentia-se no limite. Ele não se lembrava de ter encontrado um ninja capaz de fazer frente à sua força descomunal, o que ele vivia naquele instante era utópico. Todos aqueles contra os quais lutara foram mortos com facilidade. Esmagados como insetos, como meros insetos.

No entanto, naquele dia, ele conhecera um oponente capaz de fazê-lo sentir dor e exaustão. Rock Lee, a Besta Verde da Folha. Talvez chamá-lo de inseto fora o maior erro de Gura, que se via obrigado a usar a última arma de seu arsenal. O Oukami se ergueu. Respirava pela boca.

Do outro lado estava Lee. O rapaz sentia dores horríveis por todo o corpo. Sentia as fibras musculares queimarem. Apenas sua vontade de vencer o mantinha consciente. Ele sabia que a energia dada pela Pílula de Soldado já se esgotara. Apostara tudo no Asa Kujaku, mas, ainda sim, Gura estava em pé.

Com extrema dificuldade, se levantou. Cambaleava e por pouco não caiu mais uma vez. Exausto era pouco para definir a situação atual, tanto de Lee quanto de Gura. Ambos sabiam: a batalha seria decidida naquele instante. O fim estava muito próximo. Não haveria defesa para nenhum dos lados; quem tivesse o melhor ataque venceria a luta. O problema era que o golpe mais poderoso de Jounin havia sido anulado pelo segundo soco do Oukami. Se Lee quisesse vencê-lo, teria que fazer algo inédito.

— Ei, pirralho... — Gura falava pausadamente devido à exaustão expressiva — Eu vou te matar agora. Eu vou te esmagar... Rock Lee!

Lee não sabia o que poderia acontecer caso tentasse explorar o extremo de seu poder, ou, pelo menos, não queria admitir a si mesmo. Nunca havia usada aquela técnica antes e considerando as condições em que seu corpo estava, talvez ele não pudesse cumprir a promessa com Tenten.

Mas era necessário deter Gura. Lee sabia disso. Era necessário.

* * *

Os ruídos da batalha ribombavam no céu noturno. Lee assistia sem piscar os olhos. Acima dele, seu professor duelava mortalmente contra Madara Uchiha. Gai havia ignorado o desgaste físico, os ossos quebrados e usara sua técnica máxima: Hachimon Tonkou no Jin, a liberação de todos os Oito Portões Internos. O garoto torcia enquanto lágrimas lhe escorriam pelo rosto.

— Vai, Gai-sensei! — Berrava Lee, enquanto assistia os últimos instantes de Gai Maito.

A batalha se intensificava a cada instante. Gai golpeava, mas era Madara o oponente dele. O poder do Rikudou Sennin estava com o Uchiha. Além disso, a dor que o Shimon (Portão da Morte) causava no usuário era horrenda, quase inimaginável. Sozinho, Gai não teria chance alguma; precisava de apoio.

Kakashi tinha o poder do Kamui; Minato, o Hiraishin no Jutsu e Gaara tinha a areia. Lee, por sua vez, usava o Keimon para proteger Gaara, enquanto este conduzia Kakashi com a areia para perto de Madara. Era tudo o que ele podia fazer no momento. Lee nunca se amaldiçoara tanto por sua falta de força. Rock Lee só conseguia liberar seis dos oito portões. Se conseguisse ir além do Keimon, talvez, Gai não precisasse abrir o Shimon. Por outro lado, ele entendia, como aluno de Gai, a lição que lhe era passada. Sacrifício. Fosse por algo, por alguém, por um ideal; sacrifícios, às vezes, se faziam necessários. Mesmo sendo parte da vida de um ninja, Lee não queria aceitar a morte de seu sensei.

Gai não morreu no duelo contra Madara Uchiha graças a Naruto Uzumaki. Quando a guerra terminou, Lee agradeceu muito a Naruto por ter salvado a vida de Gai e prometeu a si mesmo que jamais se amaldiçoaria por sua fraqueza. Se ele pudesse evitar que seus companheiros se deparassem com a escolha do sacrifício, ele o faria. Treinaria para jamais ver novamente o que aconteceu na guerra.

Se ele pudesse, seria ele o sacrificado, não seus companheiros. De novo não.

* * *

Ignorava a própria dor e cansaço mais que podia. Assim como seu mestre quis se sacrificar contra Madara Uchiha, ele precisava fazer algo para por fim àquela luta. Entendera o ensinamento de seu sensei e, ao mesmo tempo, se fortalecera. Estava na hora de ultrapassar os próprios extremos, de avançar mais um passo, de arriscar tudo em prol de uma causa, em prol daqueles que amava. Gura era uma ameaça visível. Deixá-lo vencer significaria sacrificar seus amigos e ele não faria isso. Ele faria tudo ao seu alcance para vencer, para esmagar aquele Oukami e findar o combate de uma vez.

— Desculpe-me, Tenten. Acho que não vou poder tomar sorvete com você. — Lee murmurou consigo mesmo.

Com toda a força que lhe restava, pressionou o próprio fluxo de chakra em seu interior.

— Hachimon Tonkou, Kyoumon, KAI! (O Sétimo Portão, o Portão da Insanidade, abrir!) — Lee anunciou seu último recurso naquela luta.

Era a primeira vez que liberava o Kyoumon, o Portão da Insanidade. Nunca havia experimentado tamanho poder. Lee sentia o fluxo de ar correr mais rápido ao seu redor. O solo sob seus pés pouco a pouco se desintegrava. Os batimentos cardíacos estavam desesperadamente acelerados. A pele estava quase tão vermelha quanto sangue. O corpo do garoto liberava um vapor azulado. A Besta Verde caíra por terra; agora, Lee se tornava a nova Besta Azul da Vila da Folha.

Gura sentia o próprio corpo tremer com a pressão que o chakra do oponente exercia no ambiente. Se o jutsu de Iruzu não estivesse programado para reagir apenas ao Naruto Uzumaki, a mansão já teria ruído há tempos e Karin Uzumaki já estaria morta. Felizmente, o líder dos Oukami fora bem objetivo: apenas o chakra de Naruto acionaria Eikyou Soushin Houdou (Cobertura Transmissora de Impacto). Os demais Oukami poderiam liberar seus poderes à vontade.

Precisava agir rapidamente. Assim como ele, Lee também estava no próprio limite. Em outras palavras, mais um golpe e o ninja da Folha não levantaria novamente. Era a hora de esmagar de uma vez Rock Lee.

Gura ergueu o braço direito, esboçando socar pela terceira vez, e avançou triunfante contra o rapaz.

— ACABOU, INSETO! — Berrava Gura — MORRA DE UMA VEZ!

Lee cerrou o punho direito, produzindo o agudo som de estalar de ossos. Não desviava os olhos do inimigo; observava-o, apenas calculando o tempo certo de atacar.

Assim que Gura alcançou uma determinada distância, Lee avançou. O punho direito estava recuado, pronto para socar o Oukami. O ar ao redor do punho de Lee se distorcia e ganhava forma.

Gura e Lee se atacaram.

— DAISAN INPAKUTO! (Terceiro Impacto) — Bradou Gura Kumatori.

HIRUDORA! (Tigre da Tarde) — Gritou Rock Lee.

O impacto dos dois ataques foi colossal e decisivo para aquela luta. O poderosíssimo soco de Rock Lee devorou por completo a técnica do Oukami Gura, que foi lançado, pela porta principal, para fora da mansão. Hirudora, a técnica mais poderosa do Kyoumon (Portão da Insanidade) esmagara de forma magnífica o gigante Gura Kumatori, que nada pôde fazer além de tombar em batalha. Lee havia vencido seu oponente.

Não foi capaz de manter o Sétimo Portão por muito tempo, visto que era a primeira vez que usufruía de seu poder. Além disso, seu corpo estava ridiculamente exausto e ferido, quase sem vida.

Desabou sobre o chão avariado. A poeira lhe sujava o rosto. Antes de perder a consciência, disse consigo mesmo:

— Tenten... Gai-sensei... Estão me vendo? Eu lutei bem?

Foram as últimas palavras ditas pelo moreno antes de sua visão escurecer.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Foi uma luta legal?

Ah, gente, só para esclarecer uma coisa que aconteceu no capítulo passado. O Shino ainda está vivo, ok? Ele está morrendo aos poucos, mas ainda não partiu dessa para melhor, não. Sei que essa é uma boa notícia, né? Saber que ele está doente, louco, morrendo lenta e vagarosamente, mas está vivo. Há esperança! o/

Eu tenho uma amiga baixinha muito legal que Shippa o Shino com a Beni (é, gente, com a lindinha e kawai da Beni). Em virtude disso, eu quero ouvir de vocês:

1-) Qual(is) são seus shipps nesta história? Existe algum personagem criado por mim que, assim como a Beni, é alvo de shipps?

Obs.: Caso não seja um shipper... você simplesmente não é um. Fim.

É só uma curiosidade minha mesmo (ou não, dependendo do casal, quem sabe seu shipp não vira Canon em "O Herói do Mundo Ninja"?).

Ah, eu não me esqueci da digníssimo sessão PROCURADOS DA RODADA, ok? O problema é que tá tarde e eu quero dormir. Portanto, vou contar com a consciência de vocês. Pessoal, deixem de ser Gasparzinhos (fantasminhas camaradas hehehe) e comentem. Eu adoro ouvir vocês, é sério!

Próximo capítulo: Tenten vs. Mera Kujiro

Até o próximo capítulo, pessoal o/