O ar frio corria caverna à dentro. Ruídos eram provocados devido ao estalar dos metais abandonados naquela mina. O lugar isolado era o palco do encontro que Sai tanto esperava. De um jeito ou de outro sua missão terminaria naquela noite fria.

Iruzu se levantou e, sorrindo malignamente, encarou Sai. O olhar do Nukenin era sádico, cruel, assassino. Sai, por sua vez, apenas sorria. Iruzu pôs-se a falar:

— O que um ratinho como você deseja comigo, Sai-kun? — Perguntou o homem debochadamente.

— Não é óbvio? — Sai sorriu para Iruzu. O típico sorriso que Sai usava para saudar aqueles que, posteriormente, iria matar — Eu fui mandado aqui para capturá-lo. É uma pena. Eu adoraria te matar, Iruzu Ibe. — Sai falou calmamente.

— Me matar? Nem Kakashi Hatake foi capaz de fazê-lo, pirralho! Você realmente se acha capaz? — Esnobou Iruzu.

— Quem sabe. Apenas se eu o enfrentar poderei responder tal pergunta. Não concorda, Iruzu Ibe? — Sai sorriu.

— Tsc. De fato.

Iruzu sacou Kokujin, sua espada, e avançou contra Sai que, por sua vez, esperou o momento exato para se equilibrar sobre a lâmina de seu atacante. Feito isto, com seu sabre em punho, Sai contra-atacou Iruzu, visando atingir do Nukenin que, naquele momento, tinha sua lâmina bloqueada pelos pés de Sai que estavam sobre a mesma.

A lâmina de Sai não encontrou obstáculos até atingir a cabeça de Iruzu. No entanto, Sai percebeu que seu golpe tinha sido completamente inútil.

— Isso é... — Sai estranhou o que tinha visto e recuou com um salto.

Iruzu coçou a cabeça no ponto em que Sai golpeara.

— Você é ágil, pirralho! Eu gostei de você! — Falou Iruzu.

— Você também pode usar o Kouton (Elemento Metal)? — Por ter sido capaz de transformar sua pele em metal, Iruzu foi capaz de bloquear o ataque fatal de Sai.

— Existem ninjas por aí com Kekkei Genkais interessantes. É por isso que eu adoro matar! Quanto mais eu mato, mais poder eu ganho! — Disse Iruzu.

Sai ignorou a fala de Iruzu. Tomou seu pergaminho e abrindo-o, já desenhava antes mesmo do rolo se abrir completamente. As mãos do garoto eram hábeis para o desenho. Sai desenhava criaturas inteiras em questão de segundos.

— Ninpou: Choujuu Giga, Ryuu (Arte Ninja: Técnica da Imitação da Super Besta, Dragão) — Dez dragões enormes saltaram do rolo de pergaminho cercando e atacando frontalmente Iruzu. Sai aproveitou ataque para saltar e, utilizando o chakra nos pés para ficar de ponta à cabeça no teto da caverna, bem acima de Iruzu, continuou a desenhar:

— Ninpou: Sumi Shawaa no Jutsu (Arte Ninja: Técnica do Chuveiro de Tinta) — Sai, dotado de uma velocidade absurda, desenhou dezenas de lâminas que, caíram na direção de Iruzu, como uma verdadeira chuva.

Iruzu, enquanto se defendia dos dragões de tinta, por um momento, desviou o olhar para cima, de onde provinha o segundo ataque de Sai.

“Este garoto é um bom ninja! Estou curioso para saber como ele vai se livrar do meu Kouton.” — Pensou Iruzu.

Iruzu destruiu seis dos dez dragões de tinta, mas também foi recebeu quase todos os golpes do Sumi Shawaa de Sai. Por usar o Kouton (Elemento Metal) os danos foram nulos.

O Sumi no Jutsu (Técnica de Tinta) de Sai transforma, na maioria das técnicas, tinta em sólido e com isso Sai pode causar danos no oponente. No entanto, pelo fato da pele de Iruzu ser composta, naquele instante de metal. O jutsu acertava, mas não fazia efeito, tornando-se tinta novamente.

Iruzu estava coberto pela tinta de dos jutsus de Sai. Para o ninja da Folha, a batalha estava mais que favorável! Ainda no teto da caverna, Sai abriu mão do pergaminho de desenhos, executou selos manuais e atacou:

— Ninpou: Sumi Nagashi no Jutsu (Arte Ninja: Técnica do Fluxo de Tinta) — Toda a tinta presente no corpo de Iruzu criou vida, mumificando completamente o Nukenin. Iruzu estava selado dentro de uma camada espessa de tinta.

Sai saltou do teto da caverna e, com um sorriso típico disse:

— Missão cumprida!

Como se fosse para contrariar os dizeres de Sai, a camada de tinta explodiu violentamente. Sai foi arremessado alguns metros para trás, mas sem ferimentos. Da prisão de Iruzu, uma criatura horrenda havia saído.

— Esta poder é repugnante, mas eu gosto dele! — Falou Iruzu.

Sai havia reconhecido aquela técnica. Era a mesma transformação que Juugo, do Time Taka, costumava usar. O ninja da Folha se levantou. Ainda cambaleava devido ao arremesso que sofrera recentemente.

— A transformação Sennin de Juugo. — Sai encarava a nova aparência de Iruzu.

— Vamos lá, pirralho que usa tinta! — Iruzu avançou contra Sai com um soco.

Iruzu estava perigosamente mais rápido do que antes. Sai, por pouco, foi capaz de esquivar do ataque. Iruzu, porém, usou o pé esquerdo para mudar sua trajetória para a nova posição em que Sai estava.

Iruzu foi capaz de agarrar o pescoço do garoto, sufocando-o e levantando-o a um metro do chão. Sai se debatia na mão de Iruzu.

— Agora sim! O comportamento ideal de um ninja da Folha! — Iruzu escarnecia.

Iruzu espremia ainda mais o pescoço de Sai, mas para a surpresa do Nukenin, o corpo do jovem explodiu em tinta.

— Kawarimi no Jutsu? — Iruzu procurou com o olhar para onde Sai havia fugido. O garoto estava mais afastado, com o corpo por cima do pergaminho com o qual realizava suas técnicas do Sumi no Jutsu.

— Como conseguiu realizar a técnica de substituição? — Iruzu perguntou.

Sai tomou fôlego. Quase fora morto naquele instante.

— Quando eu ainda estava te atacando pelo teto da caverna, usei meu Ninpou: Sumi Nagashi no Jutsu. Esse jutsu usa selos manuais e não desenhos, pois manipula tinta já usada em batalha. Logo, para fazê-lo, eu abdiquei do meu pergaminho de desenhos, jogando-o do alto da caverna para deixar minhas mãos livres para os selos manuais. Claro, caso algo desse errado, eu me precavi desenhando um clone meu neste pergaminho antes de desfazer-me dele. Assim, eu poderia usar o Kawarimi no Jutsu (Técnica de Substituição) e escapar.

— Muito inteligente, pirralho que usa tinta! Mas e agora? Acha que vou deixá-lo fugir novamente? — Perguntou Iruzu.

— Tenho certeza que não! Por isso terminarei esta luta imediatamente! — Sai formou um selo com suas mãos e atacou:

— Ninpou: Sumi Baku no Jutsu (Arte Ninja: Técnica da Tinta Explosiva) — O clone de tinta que substituíra o corpo de Sai tinha encharcado completamente o corpo de Iruzu. Esta mesma tinta que estava no corpo de Iruzu explodiu.

Uma explosão à queima-roupa. Iruzu não teve tempo de reação. Não teve tempo para usar qualquer tipo de defesa. O jutsu de Sai o pegara desprevenido.

Metros dali, Sai ofegava. Tinha usado muito chakra deste que saíra em missão. Se não tivesse acabado com a luta naquele instante, estaria morto.

— Mal... Maldito seja! — A voz de Iruzu vinda detrás da fumaça da explosão fez Sai arregalar os olhos.

Iruzu caminhava entre a fumaça, seu corpo estava levemente ferido; graças à Transformação Sennin de Juugo, ele ainda estava vivo e praticamente ileso. Iruzu caminhava pacientemente até Sai. O olhar do Oukami era mais sanguinário do que nunca.

Sai nada mais podia fazer. Não tinha chakra suficiente para usar jutsus eficazes. Só tinha duas opções: tentar recuar ou morrer ali. O olhar de Sai estava desesperadamente mirando a entrada da mina.

— Não se preocupe, pirralho que usa tinta. Você tem minha permissão para fugir! É verdade que eu queria te matar, mas pensando bem, talvez seja melhor que viva. Quero que faça uma coisa para mim. — Disse Iruzu.

— D-Do que está falando? — Sai não compreendeu.

— Você levará um recado para mim, ou melhor... — Iruzu, já na forma humana, formou um selo com a mão direita, de forma que quatro silhuetas humanas surgiram assim que tal rito foi feito. Duas à sua direita e duas à sua esquerda. Iruzu sorriu diabolicamente — Você levará um recado para nós!

As silhuetas tornavam-se cada vez mais nítidas para Sai. Aos poucos se transformavam em pessoas, de carne e osso.

“Isso foi algum tipo de Kuchiyose? Ele invocou pessoas... com apenas um selo manual? Com apenas uma mão?” — Sai analisava.

Da esquerda para a direita, a primeira pessoa era uma jovem. Os longos cabelos negros eram divididos em duas tranças enormes que chegavam até a altura do cóccix. Trajava um vestido azulado com detalhes amarelos, sem mangas, que tocava seus joelhos. Usava sandálias convencionais. O que mais chamou a atenção de Sai, no entanto, foram as senbon (agulhas) que a garota segurava entre os dedos. O olhar dela era analítico, como se estivesse decidindo se Sai era uma presa boa para se caçar e matar.

O segundo era um homem adulto de, provavelmente, vinte e três anos. Usava calças e sandálias típicas de um shinobi. Também estava munido com um estojo de shurikens em sua perna esquerda. Apenas uma couraça em forma de “X” cobria seu abdômen e tórax. Os cabelos eram loiros, longos e muito mal arrumados. Seu olhar era como o de Iruzu, sedento por sangue. Ele também segurava dois sabres em suas mãos. Este homem estava bem ao lado de Iruzu.

O próximo era um homem muito alto, largo e musculoso. Provavelmente media 2,40 metros. A feição daquele gigante era de desprezo, como se Sai fosse um inseto para ele. E, talvez fosse realmente, tamanha era a altura daquele homem. Vestia roupas largas e esverdeadas. Uma camisa sem mangas verde-claro, calças da mesma cor e chinelos e meias de lã, como os samurais mais antigos.

Por fim, a última integrante do grupo era uma garota de, aproximadamente, 1,63 metros. Usava um longo vestido negro capaz de cobrir-lhe até os pés. Os cabelos eram negros e longos. A pele era branca como porcelana. A garota não encarava Sai. Mantinha a cabeça baixa e o pescoço, basicamente, imóvel. O que mais chamou a atenção de Sai foram as ataduras que a garota usava nos braços, da altura dos cotovelos até as pontas dos dedos. As ataduras cobriam com uma perfeição ímpar aquelas regiões, de modo que não havia espaço para sequer deixar a pele exposta.

— Volte, Sai! — A voz de Iruzu direcionou a atenção do garoto para o homem no meio do grupo — Volte como um cão sarnento e acuado para sua tão amada Vila Oculta da Folha enquanto ainda tem tempo e diga, apregoe: O tempo da Folha murchar está chegando! E nem mesmo o Herói da Vila Oculta da Folha poderá impedir isso!

“Então são eles! Os Oukami!” — Sai encarava o grupo, memorizando suas feições e características.

— Ei, pirralho! — O homem loiro, à direita de Iruzu, falou — Não ouviu? Talvez eu deva matá-lo aqui e agor...

— Acalme-se, Raiga! — Iruzu pousou a mão sobre o ombro de Raiga.

“Raiga Takame! Então este é o usuário do Reika no Jutsu, Raiga Takame!” — Sai encarou o homem de cabelos loiros.

Sai se desconcentrou ao sentir que sua bochecha fora ferida misteriosamente, o sangue do corte descia lentamente sobre sua pele.

— Tsc... É um gatinho, mas é muito lento! — Disse a jovem morena que segurava as agulhas.

Sai notou que a garota, naquele instante segurava apenas duas agulhas entre os dedos da mão esquerda.

“Não é possível! Ela arremessou uma agulha e eu nem fui capaz de notar!” — Sai olhou para trás e viu, cravada em um pilar de madeira, a agulha arremessada.

— Eu já te disse, Sai: Fuja enquanto ainda tem chance! — Frisou Iruzu — Não costumo ser benevolente com minhas vítimas.

Sai levantou-se e, olhando pela última vez o grupo, desapareceu em fumaça.

— Devíamos tê-lo matado, Iruzu! — Falou Raiga.

— Concordo com o Takame, eu queria esmagar aquele verme! — Disse o “gigante” dos Oukami.

— Não! Tudo tem um propósito! Falta pouco para começarmos o trabalho que o nosso cliente nos deu.

— Você deveria tomar cuidado ao chamá-lo de “cliente” e não de “meu senhor”, Iruzu! Você está sendo descuidado. — Disse a garota de tranças — Não se sabe quando eles estão escutando!

— Que eles venham! — Disse o homem de maior estatura — Vou esmagar qualquer um deles!

— Fique quieto, Gura! — Repreendeu a garota — Nós, os Oukami, não somos páreos para os Yu...

— CALE-SE, MERA! NUNCA PRONUNCIE ESTE NOME! — Iruzu berrou, repreendendo a garota de tranças chamada Mera.

— O que você vai fazer agora, Iruzu? — Perguntou Raiga.

Iruzu caminhou para diante de seu grupo e disse:

— Venham, em breve vamos fazer a Folha murchar! Como nossos clientes desejam. — Disse o líder dos Oukami.