O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 100
Ruína da Folha - conclusão


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao centésimo capítulo e adivinha quem está de férias? Isso mesmo! Vocês -- não eu; tive um descanso da faculdade, mas (depois de iniciada a vida acadêmica) não dos estudos. Pelo menos consegui um tempo a mais nos meus dias para fazer outras coisas.

Eu queria agradecer agora porque acabei deixando passar esse detalhe no capítulo passado: MUITO OBRIGADO POR TERMOS PASSADO DOS 1700 COMENTÁRIOS! A todos que leem e dizem o que acharam, aos mais singelos que não falam muito, aos mais prolixos que adoram teorizar, aos leitores que romperam a relação autor/leitor e os quais posso chamar de amigos... MUITO OBRIGADO A TODOS, DE CORAÇÃO!

Boa leitura a todos! Nos vemos nas notas finais o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/504689/chapter/100

A aurora rasgava o horizonte montanhoso, com toda a sua glória. Raios tímidos e alaranjados abriam caminho pelo que restava da escuridão noturna e, a cada minuto seguinte, mais e mais fortes. Então, enfim, o sol podia ser visto ao leste.

 

— Qual o problema, Mira-sama?

A vice-líder dos Yuurei estava inquieta. Apesar da pose serena, Hana conseguia ver por trás daqueles olhos azulados. Algo incomodara Mira Uzumaki e, sabia Hana, qualquer coisa capaz de tirar a segunda em comando dos Yuurei de sua tranquilidade habitual era algo a ser considerado.

— Alguém interferiu no meu jutsu. — Mira olhou para o oeste, onde estaria o centro da Vila da Folha. — O parasita despertou em Iori.

Hana arregalou os olhos, sobressaltando-se.

— I-Isso quer dizer...?

Mira assentiu.

— Naruto Uzumaki está livre. Por hora.

— Oh... — Hana não sabia como se portar. Era bem esquisito para ela ver pela primeira vez um jutsu de Mira falhar. E isso significava que Naruto Uzumaki viria com força máxima. Hana Sakegari nunca o havia encarado pessoalmente, muito embora sabia da reputação do herói de guerra que era tido como o ninja mais forte do mundo atual.

Estava ansiosa para conhecê-lo, mas junto com a expectativa, outro sentimento nascia junto. Um certo temor.

— Eu preciso encontrar Iori — comentou Mira, com a voz serena de sempre. — Isso muda as coisas consideravelmente.

Em seguida, ergueu o rosto. Abaixo de onde estava com Hana, Kioto havia acabado de consumar sua vingança contra Hiashi. O Yuurei, em silêncio, olhava para Hanabi e Hinata. As filhas de Hiashi eram como presas frágeis, já derrotadas e em processo de cura devido ao jutsu da Quinta Hokage.

— Acabe com elas — ordenou Mira.

 

 

 

 

Iori estendeu a mão para seus alvos. Chakra escuro girava na palma de sua mão, assumindo uma forma esférica que era desagradavelmente familiar a Shikamaru.

— Uma Bijuu Dama?! Ele pode...

Iori disparou a bomba contra Shikamaru e Tsunade. Tiveram a sensação relâmpago de algo se lançando contra eles, depois o clarão cobrira-lhes os olhos, por fim, veio o calor.

Miraculosamente, estavam bem longe do raio da explosão, vendo-a crescer metros de distância. Tsunade piscou duas vezes e viu, diante dela, Yuugao Uzuki. Aparentemente, ela havia usado o Shunshin no Jutsu para salvá-los da explosão.

— Obrigada, Yuugao.

A capitão da ANBU fez uma ligeira mesura com a cabeça e acrescentou:

— Também conseguimos resgatar a Shizune-san. Ela está com Haru e os outros.

— E a Ino? E o Sai? — perguntou Shikamaru. Yuugao meneou negativamente com a cabeça.

— Eu não sei.

Shikamaru fechou os olhos por dois segundos, fazendo seus piores pensamentos voltarem para o mais fundo de sua mente. Agir pela emoção não ajudaria em nada naquela hora.

— Você precisa me levar de volta pra lá, Yuugao-san — falou Shikamaru. — Aquele homem, ao que parece, é um Jinchuuriki. Isso deixa mais uma variável em consideração. Eu preciso entender como o jutsu dele funciona.

Mas Yuugao fez que não.

— Você é a pessoa mais inteligente e capaz de desvendar o poder do líder deles. Eu preciso mantê-lo a salvo.

— Então eu irei! — Tsunade pôs-se de pé.

E para a surpresa de Tsunade, Yuugao se colocou em sua frente.

— Perdão, Godaime-sama. Não posso deixar que vá comigo.

Tsunade fuzilou-a com os olhos.

— Saia da frente, Yuugao.

A capitão da ANBU, contudo, manteve-se firme.

— O Rokudaime-sama nos deu a ordem de protegê-la com nossas vidas — falou. — Os Yuurei querem assassiná-la, Tsunade-sama. Em respeito às últimas ordens do Sexto Hokage, iremos protegê-la até o fim. Portanto, não posso deixá-la ir comigo.

Tsunade cerrou o punho, os ossos dos dedos estalando alto.

— Tsunade-sama... — Shikamaru ponderou. — A vila precisa do seu jutsu médico. Se a senhora cair, não haverá mais Vila da Folha. Por favor, fique.

A Quinta Hokage manteve-se olhando para Yuugao, virou-se para Shikamaru e, outra vez, encarou a capitã da ANBU.

— É suicídio e você sabe.

Yuugao assentiu quase de forma imperceptível. Tsunade olhou-a nos olhos e sentiu uma tristeza disfarçada de ímpeto no rosto da mulher a sua frente. Yuugao era uma guerreira valente e, como capitã da Primeira Divisão da ANBU, mais do que qualquer outro, sabia o valor de uma missão sacrificial. Naquele momento, ela julgava que sua vida era um preço pequeno a se pagar.

Yuugao Uzuki colocou a máscara.

— A Folha sobreviverá — disse. — Nós murchamos e renascemos. Não será diferente dessa vez.

Desapareceu em seguida.

Tsunade suspirou. O ar parecia mais pesado em seus pulmões.

— Naruto, precisamos de você.

 

 

 

Iori se viu em companhia. Cinco vultos o cercavam, cada um a uma distância de pelo menos de metros. Ali, no meio da destruição, de pedra e madeira carbonizadas, de fumaça escurecendo o ar, o líder dos Yuurei planava enquanto seus inimigos o observavam do solo.

Shizune enfaixou o braço esquerdo, apertando a atadura com firmeza.

— Tem certeza de que pode fazer isso, Shizune-san? — perguntou Haru Nara, o capitão da Quarta Divisão ANBU.

A resposta de Shizune foi concentrar chakra nas mãos, de modo que a energia fluía e assumia a forma de uma lâmina. Chakra no Mesu, o Bisturi de chakra.

Ryo Sarutobi, capitão da Segunda Divisão ANBU sacou sua katana, brandindo-a ao redor do corpo.

— Vai pagar pelo que fez ao Kakashi-sama e aos outros.

— Ryo! — Yuugao falou firme. — Concentre-se.

O líder dos Yuurei parecia imóvel no ar. Suas vestes tremeluziam junto com a escuridão que emanava de seu corpo, dando-lhe uma aparência espectral.

— Eu não tenho o menor interesse em vocês. — A voz dele era grave.

Choujuu Akimichi, capitão da Terceira Divisão ANBU, foi o primeiro atacante. Surgiu acima do Yuurei, com a mão agigantada e armada para um soco. Os outros foram em seu apoio.

Iori sequer olhou para cima.

A explosão de escuridão massiva ocorreu num piscar de olhos. Tudo o que viram foi a visão escurecer. E então, já não havia mais nada.

 

 

                                                 * * *

 

 

— Ah, aquele desgraçado Cabeça de cuia... — Kan se levantou dolorido. Havia sido arremessado para longe pelo Hirudora de Rock Lee, que havia interferido em sua luta contra Sakura Haruno. Não que ele reclamasse de enfrentar mais oponentes. Porém, aquilo havia sido um tanto quanto humilhante para ele.

Sacudiu a poeira e reempunhou sua foice. Estava bem longe do Hospital da Folha e, àquela altura, duvidava que ou Sakura ou Lee estivessem por lá. Olhou ao redor e suspirou de tédio.

— Droga, tá tudo destruído por aqui. Não tem ninguém para...

Foi quando algo o incomodou. Uma sensação calorosa e estranhamente familiar o fez olhar para trás. Estava mais e mais forte a cada segundo. Mais perto a cada segundo...

Kan apertou a empunhadura da foice na mão protética.

— Impossível...!

 

 

                                                 * * *

 

 

— Suigetsu! — Com horror, Karin viu seu companheiro de time ser dispersado em uma única lufada de vento. Suki sorriu por trás dele antes de fazê-lo desaparecer.

A Yuurei girou o leque Bashousen ao redor do corpo. A arma do Rikudou Sennin era menor, mas maleável e muito mais poderosa que seu leque habitual. “A arma digna de uma Yuurei”, pensou Suki vaidosamente.

Não sentia mais a presença de Suigetsu, em lugar nenhum. Isso só poderia significar uma coisa. Ao olhar nos olhos de sua atacante, Karin Uzumaki sentiu uma raiva explosiva crescer dentro dela. Suki, por sua vez, parecia se divertir com tudo aquilo.

— Parece que a habilidade de transformar o corpo em água do clã Hozuki não foi capaz de salvar aquele garoto? — ironizou a Yuurei. — O que ele era pra você? Seu namorado?

Karin gritou e correntes irromperam furiosamente de suas costas para atacar Suki, que girou no ar para evitá-las. Quando viu que as correntes estavam dando meia-volta para outra investida, criou uma bolha de ar ao seu redor, desviando o fluxo das correntes e, em seguida, brandiu Bashousen em um movimento transversal.

— Uzumakizinha patética...

A força do vento atingiu Karin em cheio, rasgando-lhe a carne em vários pontos simultâneos. Foi como ser atacada por centenas de facas de uma vez. Karin caiu para trás, tremendo. O sangue manchava suas roupas. Os cortes não tinham sido profundos porque Suki não queria matá-la daquele jeito. Karin era uma Uzumaki, era como Mira.

E, portanto, deveria sofrer antes de morrer.

Caminhou como um predador que saboreia a presa já vencida. Suki ergueu o pé e apertou-o contra a garganta de Karin enquanto erguia o leque acima da própria cabeça.

— Olhe bem pra mim, mulher Uzumaki. — Afundou o pé ainda mais contra a garganta da outra. Karin grunhiu, os braços se debatendo contra o chão pela falta de ar. — Você me lembra alguém que eu odeio. Não é nada pessoal, mas te ver assim desse jeito é me imaginar fazendo a mesma coisa com ela.

O vento dobrava-se nas penas de Bashousen. As mãos de Karin arranhavam a terra em desespero e agonia.

Mas Suki cedeu por uns instantes. A assassina de Kages, em seu ato final, hesitou. Algo estava errado e ela sentia.

— Esse chakra... isso é...

 

 

                                                 * * *

 

 

Anko Mitarashi jazia inconsciente ao lado de Shino. A Jounin tinha penas metálicas cravadas nas costas e nos quatro membros. A dor tinha sido insuportável para ela. Anko, depois de vários e extenuantes minutos de sofreguidão, havia desmaiado. Shino, por sua vez, ainda lutava para se manter acordado.

Depois de tê-los vencido, Taka Kazekiri havia fechado seu Yami no Fuuin e assistia àquilo tudo com satisfação.

— Sabe — Agachou-se na frente de Shino, olhando de perto a agonia em seu rosto enquanto a dor fluía dentro dele. —, eu acho que vou levá-la comigo. A mulher das cobras. A Suki-senpai é uma gostosa, mas ainda não trepei com ela. Enquanto isso, eu posso me divertir com essa daqui.

Shino grunhiu de forma ininteligível.

— Ora, vamos! — E Taka chutou-o no rosto. — Eu estou falando com você! Nós somos homens, afinal. É isso que fazemos.

Ao passo que Shino se rendia ao enevoar de seus pensamentos e à sensação de desmaio, Taka abria as asas em máxima envergadura, com todas as penas expostas. O Yuurei era como um anjo maligno.

— Cansei de você, ca-

Taka parou e virou para trás por um instante.

Shino ainda estava consciente. Ouviu as últimas palavras de Taka Kazekiri, mas não entendia ao certo o que havia acontecido. Um ruído agudo de coisas se chocando, seguido por uma onda de calor pareceu calar a voz do Yuurei. Shino teve a impressão de ver uma espécie de relâmpago alaranjado riscar o ar diante de seus olhos. Um flash que tão rápido quanto havia surgido, se fora.

E então, foi vencido pela inconsciência. Não tivera tempo de olhar para trás.

Com a força do impacto, o Yuurei tinha sido lançado para metros adiante. Havia sido esbofeteado; um único golpe em cheio no meio do rosto.

Taka Kazekiri estava no chão, completamente nocauteado.

 

 

                                                  * * *

 

 

Hanabi estava paralisada, os olhos fixos ainda à frente. Hinata, completamente consciente, mas sem poder se mover devido às feridas que recebera. Ergueu a cabeça. Kioto, com os olhos brancos e gelados, as encarava de volta.

Era o fim.

— Acabe com elas. — Hinata ouvira outra Yuurei dizer.

Sem titubear, Kioto afastou o braço para um movimento terminal. Hinata forçava-se para sair de dentro da parte de Katsuuyu, levantar e tentar alguma coisa, mas seu corpo simplesmente não respondia.

Kioto lançou o braço para frente e, no entanto, não conseguiu completar seu movimento. O lampejo alaranjado queimava diante de seus olhos.

— Não ouse tocar nelas, seu maldito. Senão eu acabo com você!

Naruto segurava firme o braço de Kioto, travando-o com uma das mãos. O Yuurei semicerrou os olhos para seu atacante repentino e antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, sentiu uma pontada terrível de dor e seus ossos estalando onde Naruto o segurava. Fez força para trás e desvencilhou-se.

Kioto olhou para dentro do braço com o Byakugan e se voltou friamente para Naruto.

— Está quebrado. Fratura interna.

Mas Naruto não queria conversar. Estendeu a mão para cima e moldou um Rasengan com o chakra inflamado de Matatabi. No segundo seguinte, Kioto já não o tinha diante de seus olhos.

O Yuurei agiu rápido, virou-se para contra-atacar no instante que Naruto apareceu à sua retaguarda. Kioto ergueu o braço esquerdo, o único que poderia usar, e apontou para Naruto.

Mas Naruto estava rápido demais, mesmo para o Byakugan do Yuurei, e sumiu diante de seus olhos outra vez.

Reaparecendo novamente às costas de Kioto, enquanto este ainda completava o movimento com o braço, Naruto atacou. O Rasengan de fogo azul explodiu violentamente, mas não chegou a atingir seu alvo. Uma barreira de chakra azulado se levantou entre Naruto e as costas do Hyuuga, livrando-o de ser atingido.

Naruto estreitou os olhos e se virou para o alto. Sabia que Kioto Hyuuga não era o único Yuurei ali.

— Quem aquele bastardo pensa que é para atacar o Kioto-sama? — Hana Sakegari uniu as mãos. — Eu vou ensiná-lo a não...

A jovem Yuurei parou quando viu a mão de sua superior se interpor diante dela. Olhou para o lado e viu Mira. Ela encarava Naruto sem sequer piscar, seus olhos azuis transbordando em expectativa.

— Hana... — a Yuurei falava devagar. — Nossa invasão terminou. Saia daqui e resgate Taka.

A Yuurei Junior ainda olhou hesitante para Naruto Uzumaki e, outra vez, para Mira antes de obedecer. Com um gesto de braço, rasgou o ar e desapareceu na escuridão. Kioto, ao lado de Naruto, fizera o mesmo.

Sem os outros dois Yuurei, Naruto e Mira Uzumaki tinham a atenção exclusiva um do outro.

— É um prazer poder vê-lo pessoalmente, Naruto. Eu esperei muito tempo por este momento.

Por sua vez, Naruto acumulou chakra de Choumei na mão direita. Relâmpagos faiscavam na palma de sua mão.

— Eu não tô nem aí pra quem você é ou o que quer comigo. Só vou arrebentar você!

Mira sorriu paciente.

— Acredite, sua opinião vai mudar ainda neste dia. Infelizmente, devo adiar nossa luta para uma oportunidade mais adequada. E vou estar tão ansiosa para revê-lo quanto sei que você estará por mim.

Ditas essas palavras, Mira deu as costas para Naruto e abriu um portal diante de si.

Mas Naruto não tinha a intenção de deixar outro Yuurei escapar. Saltou imediatamente e avançou contra as costas da inimiga.

— Raiton: Rasengan!

Outra vez, o Rasengan parou em uma barreira azulada e Mira, ilesa, virou-se para o Jinchuuriki. Seus olhos brilhavam em satisfação, o sorriso exuberante. Não poderia ter desejado uma apresentação melhor do que aquela.

E Naruto gelou. Frente a frente com Mira Uzumaki, ele a viu de perto pela primeira vez. Antes, tinha apenas a observado da parte inferior da mansão Hyuuga; Mira estava no alto, a distância. Mas ali era diferente. Naquele momento, Naruto pôde olhá-la nos olhos, contemplar seu rosto por inteiro, cada detalhe.

Não era possível.

O formato do rosto, os cabelos ruivos, o penteado, a cor de pele, os olhos... tudo tão familiar, tudo tão do jeito que ele se lembrava. Naruto estava estático. Uma explosão de sentimentos tomava sua mente, bagunçava-lhe o raciocínio. Já não era só raiva que Naruto Uzumaki sentia; emoções completamente contraditórias haviam surgido no instante que ele a viu face a face. Estremeceu diante da mulher a sua frente. Era como ver um fantasma.

Naruto hesitou e deu dois passos para trás.

— M-mãe?

A Yuurei arregalou os olhos, surpresa. Depois, sorriu de um jeito calmo.

— Nos veremos de novo, Naruto — falou Mira.

E desapareceu.

 

 

 

Naruto demorou a voltar a si. Estava pasmo, mas ainda estava no meio de um ataque inimigo. Forçou-se a recobrar a racionalidade, tentando ao máximo afastar o rosto da mulher Yuurei.

Era quase impossível.

Com os pensamentos em desordem, foi preciso muito esforço para que se concentrasse no ali e no agora. Naruto fechou os olhos, estendeu ao máximo suas habilidades sensoriais e contou: um, dois, três.

Ainda haviam três Yuurei em solo da Folha.

— Kage Bunshin no Jutsu!

Três clones surgiram ao lado dele. Naruto não precisou dizer nada. Olhou para suas réplicas e estas assentiram, dispersando-se no ar. Sem qualquer inimigo por perto, Naruto se virou para baixo. Hinata e Hanabi precisavam de sua ajuda. Saltou até elas imediatamente.

Era estranho reencontrar Hinata naquelas condições. Não sabia o que dizer e tinha um dilúvio de coisas acontecendo ao mesmo tempo em sua cabeça. Ela o observou e, sabia ele, também estava perdida. Se por um lado, ela sentia alívio por vê-lo ali, por outro, sentia-se triste por tudo o que estava acontecendo e por tudo o que acontecera entre eles.

E Hanabi ainda estava em choque. Naruto virou-se para ela, olhando outra vez para Hinata, entendeu; os olhos dela já diziam tudo. Em silêncio, Naruto abaixou a cabeça e engoliu a própria desgraça.

O herói do mundo ninja havia chegado tarde demais, e aquela sensação era simplesmente esmagadora.

 

 

                                                * * *

 

 

— Se você está aqui, então significa que nossa invasão terminou. — Suki observava Naruto com ar divertido e despreocupado.

Ao redor da Yuurei, jaziam Chouji Akimichi, Tenten e Karin, sua prima; todos com ferimentos graves. Karin estava caída bem atrás de Suki. Naruto olhou para a prima no chão e depois para a Yuurei. O ódio queimava dentro dele.

— Você vai pagar por isso — vociferou.

Mas Suki fez que não.

— Eu adoraria enfrentá-lo, Naruto Uzumaki. Da última vez que nos encontramos, eu tive que trazer uma cabeça para você e, no fim, não tivemos tempo para nada. O mesmo hoje. Espero que não passe da próxi-

O clone atacou, lançando-se sobre a Yuurei, que desapareceu no instante que foi tocada por Naruto. O ninja da Folha se virou e viu o ar se dobrar diante dele, tornar-se sólido e assumir a forma de Suki.

— Alto lá — falou ela. — Não seja tão apressado.

Naruto trincou os dentes, mas parou. Aquela Yuurei era problemática e, por ser uma usuária de Fuuton — como Temari —, lutar contra ela ali causaria uma destruição que poria em risco Karin e os outros; as vidas deles valiam mais do que sua vontade de atacar qualquer inimigo. Naruto virou-se para o corpo caído de sua prima fechou os olhos, sabendo o que deveria fazer.

— Bom menino — disse Suki, cortando o ar e desaparecendo.

Era humilhante deixar seus inimigos escaparem daquele jeito, mas não era o orgulho de Naruto que estava em jogo e sim as vidas de quem era importante para ele. Frustrado, ele fungou enquanto corria até Karin. Ajoelhou-se o lado dela e a tocou, concentrando a mente nas feridas que ela trazia no corpo.

Enquanto o poder do Rikudou Sennin fluía por meio dele, curando os ferimentos de Karin, Naruto não conseguia parar de pensar no quão atrasado estava. Era inevitável não acreditar que tudo o que estava acontecendo, que toda a desgraça que caíra sobre sua vila e sobre seu povo era culpa dele. Não tinha sido rápido o suficiente, não tinha sido forte o suficiente — e pela fraqueza dele, a Folha havia pagado o preço.

Enquanto suspirava e lamentava a própria incompetência, sentiu um toque fraco em sua bochecha. Acordou dos próprios pensamentos e viu a mão de Karin acariciando-o no rosto. Ela estava fraca, mas consciente.

— Você voltou... seu idiota... que bom te ver.

 

 

                                                 * * *

 

 

— É realmente assustador te ver aqui tão rápido. — Kan brandiu a foice, saltando para trás. — Eu ainda estou impressionado.

Kan estava sozinho com o clone de Naruto, cercado por destroços, fogo e cadáveres. Como seguidor da seita de Jashin, não poderia ser morto, mas lutar contra Naruto Uzumaki ali, no Modo Sábio dos Seis Caminhos, era algo que não lhe interessava. As probabilidades eram claramente desfavoráveis para o Yuurei.

— De qualquer forma, essa droga de invasão já deu tudo o que tinha que dar. Então, eu já vou-

Kan dobrou-se sobre o estômago quando Naruto o socou. O golpe tinha sido num piscar de olhos. Kan levantou a cabeça e Naruto continuou, agora com um chute alto. O Yuurei foi lançado para longe e caiu de costas no chão.

— Droga, seu filho de uma... — Kan olhou para cima. — Ah, não...

— Chou Oodama Rasengan! — E Naruto já caía sobre o Yuurei com uma esfera maciça de chakra.

Kan não tinha escapatória. Em um gesto rápido, rasgou o ar ao lado de seu corpo e rolou segundos antes do Rasengan gigantesco afundar o chão com violência.

Dentro da cratera criada, Naruto expirou, deixando a poeira envolvê-lo. Cerrou os punhos. Era um ninja sensorial e sabia muito bem: Kan não havia sido pego por seu ataque. Assim como os outros, aquele Yuurei também havia escapado.

Só restava um.

 

 

                                               * * *

 

 

Shizune tossia e arfava de dor. A perna esquerda estava presa entre os destroços. “O que tinha sido aquilo?”, perguntou-se. Lembrava-se de ainda armar posição contra o líder dos Yuurei e, no segundo seguinte, a paisagem havia simplesmente explodido ao redor dela em uma onda de chakra negro. Não sabia de mais nada, não sabia como os outros estavam; apenas que precisava fugir dali.

Fez força para tirar a perna de entre os escombros, mas não obtinha resposta. A perna estava quebrada. “Que ótimo”, pensou.

O desespero de verdade veio quando ela sentiu o chakra negro se manifestar de novo. Olhou para trás e lá estava ele, Iori Kuroshini, o líder dos Yuurei.

Aproximava-se normalmente, como quem caminha desinteressado. Shizune tateou o chão, procurando qualquer coisa que pudesse ajudá-la a sair dali. Nada.

Iori parou ao lado dela e Shizune congelou. O terror a havia tomado por completo.

— Não! Não, não... — A escuridão serpenteava ao redor dela, envolvendo-a como uma jiboia antes de esmagar os ossos da presa. Iori mesmo não gesticulava; era como se a escuridão pensasse sozinha.

A escuridão contraiu-se, destruindo concreto, tijolos e tudo onde a ninja da Folha estava presa.

O líder dos Yuurei não esboçou qualquer reação e a voz de dentro do capuz era no mesmo tom grave.

— Bem-vindo de volta, Naruto Uzumaki. Esperava por você.

Naruto estava agachado de frente para o Yuurei, com Shizune resgatada em seus braços. Levantou-se cuidadosamente e a colocou deitada atrás de si, virando-se logo em seguida para o homem de preto.

“Naruto!”, exclamou Kurama dentro dele. “Tenha cuidado com esse aí. Ele é diferente dos outros.”

“Além disso, Naruto, você percebeu, não? O chakra dele.”, acrescentou Son Goku.

“Sim”, respondeu mentalmente às Bijuu. “É exatamente igual ao do Demônio Roxo.”

— Você vai fugir como os outros? — Naruto falou ao Yuurei.

— Fugir? — perguntou o Yuurei. — Eu não preciso. Mas estou decepcionado. Eu vim até sua vila, matei o seu povo e você ousa aparecer diante de mim com um mero clone.

— Como você...? — Mas Naruto acabou entendendo. Aquele homem havia conseguido a Kekkei Genkai de Shion e era capaz de ter vislumbres do futuro; sabia que se tratava de um Kage Bunshin e não do Naruto original.

A escuridão vibrou atrás de Iori, assumindo a forma de uma espécie de passagem. Naruto sabia que o Yuurei estava prestes a dar as costas de fugir e, por isso, atacou. Precisou de uma fração de segundo para moldar o Rasengan e avançar sobre Iori. O que Naruto não esperava era que a escuridão ao redor de seu oponente iria detê-lo. Iori sequer havia se mexido; o braço com o Rasengan estava imobilizado por um tentáculo de Meiton a centímetros da boca do capuz. Naruto não conseguia avançar um milímetro sequer para frente.

— Droga!

— Enfrentá-lo agora não está nos meus planos — dizia Iori, ainda sem se mover. — A escuridão precisa crescer dentro de você, Naruto Uzumaki. Só então, nos veremos de novo.

Com o outro braço, Naruto tentou alcançar o capuz, mas outro tentáculo de Meiton o segurou.

— Eu vou atrás de vocês! — ralhou. — Vou atrás de vocês e vou matá-los!

O Yuurei ergueu a mão e agarrou os cabelos de Naruto, fazendo-o olhar bem no meio do capuz. Naruto havia notado que a pele da mão daquele homem era branca como giz, mas não conseguia enxergar nada por dentro do capuz, exceto um par brilhante de olhos roxos.

— Pequena fração de chakra, diga ao seu original que venha. Nós esperamos por ele.

— Nós?

Mas não houve diálogo. Iori fez pressão com chakra contra a cabeça do clone e este se desfez em fumaça. A invasão Yuurei estava terminada. Cabia agora a Naruto Uzumaki saborear o gosto amargo do caos ao seu redor e de todas as pessoas que ele jamais veria outra vez.

Assim, Iori Kuroshini desapareceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A invasão chegou ao fim. A Folha foi deixada no caos e Naruto voltou.

Este capítulo saiu menor do que eu gostaria, mas acho que eu tivesse colocado mais alguma coisa iria comprometer o que quero fazer mais para frente. De qualquer forma, este capítulo será um divisor de águas para alguns personagens, principalmente o protagonista. Além disso, nele há detalhes que devem ser levados em consideração.

Próximo capítulo: Decisão

Agora vou tratar de responder vocês :3

Até o próximo capítulo o/