Os Últimos Passos de Um Homem escrita por Bruno Silfer


Capítulo 13
Capítulo 13: Quebra




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Para quem passa tanto tempo preso, ficar um dia que seja em casa é algo para se comemorar e aproveitar muito. Gaara estava mais que feliz. Recordava dos bons tempos que morara ali com Temari. Quase tudo na casa estava igual, afinal não fazia tanto tempo assim que ele estava preso; de tudo, pôde voltar ao seu quarto onde poderia jogar seu vídeo-game, dormir na própria cama, ligar seu computador e mandar mensagens para os amigos virtuais que tinha. A maioria eram recados de despedida, pois em pouco mais de um mês não poderia mais falar com eles; enquanto isso Ino estava ao seu lado acompanhando tudo.

– Vai mandar recados para todo mundo? – perguntou Ino.

– Pra todo mundo não. Só estou respondendo os recados que recebi. – respondeu Gaara mostrando a quantidade de mensagens.

– Nossa... São muitas...

– Pois é. O mínimo que posso fazer é responder.

– E o que dizem?

– A maioria é de gente que acha a minha morte justa. Às vezes acho uma mensagem de apoio.

– Até seus amigos querem que você morra?

– É difícil Ino. Quase todo mundo me julgou sem sequer me ouvir primeiro. Só agora estou vendo que espécies de amizades eu tinha.

Nessa hora Temari chamou a estudante para ajudá-la com o almoço “especial”. Gaara também foi até a cozinha, mas não cozinhou (ele era um horror na cozinha), limitou-se a conversar com elas, afinal assunto não faltava.

– Falando nisso Gaara. – disse Temari enquanto cortava uma batata – O que você está fazendo para escapar?

Apesar daquele dia ser dedicado à outros assuntos, a morte tão próxima ainda era o principal; e diante da tranqüilidade apresentada pelo ruivo, tanto Temari quanto Ino sentiam-se a vontade para perguntar qualquer coisa, inclusive sobre a sua iminente morte.

– Logo depois que fui condenado o advogado que me defendia entrou com um pedido de transformar a pena de morte em prisão perpétua, mas ainda não tive resposta.

– É esse o chamado “pedido de clemência”?

– Esse mesmo. Só não gosto desse nome. Faz parecer que estou implorando.

– Qualquer um imploraria.

– É.

– Mas me diz: está esperançoso? – perguntou Ino otimista – Vou torcer muito para que mudem a sua pena.

– Acho difícil. O conselho de perdão desse estado nunca perdoou ninguém, e não creio que eu vá ser o primeiro.

A hora do almoço chegara e todos foram comer. Enquanto comiam não foi mencionada a palavra “morte”, o que ajudou a espantar o clima pesado que esse assunto trazia. Pelo contrário, riram muito e resolveram chamar até os policiais que estavam vigiando do lado de fora da casa para almoçar com eles. Quando terminaram de comer e arrumar a cozinha, os policiais voltaram aos seus postos, Temari foi assistir televisão enquanto Gaara foi ao seu quarto e deitou-se na cama. Enquanto olhava para o teto pensava em sabe-se lá o que até ver uma sombra: Ino estava parada na porta e o olhava como quem queria pedir alguma coisa.

– Ino.

– Oi. – respondeu Ino com voz nervosa.

– O que houve?

– É que... posso ficar aqui com você?

– Claro, vem.

Ino sorriu, entrou no quarto e fechou a porta. Gaara pensou que ela sentaria em uma das duas cadeiras do quarto, mas em vez disso ela deitou ao seu lado na cama. Ele ficou ansioso, mas não dava pra negar que gostou.

– Você está cheirosa.

– É que eu acabei de tomar banho.

Gaara também tomara banho, mas antes do almoço. Ele viu que aquela era a oportunidade perfeita para revelar o que sentia. Estavam sozinhos, o silencio imperava, tinha quase certeza que Ino sentia o mesmo por ele. O certo é que outra chance como aquela nunca mais surgiria.

– Ino.

– O que foi?

– Você nunca ficou tão perto assim de mim.

– Se eu pudesse ficava assim todo o tempo.

Dito isso ela se virou e ficaram de frente para o outro. Os olhos verdes do ruivo encaravam os olhos azuis da loira e ele, como por impulso, a puxou para junto de si. Corações acelerados, nervosismo, medo, incerteza, tudo se misturou naquele momento. Assim sendo seus rostos se aproximaram até que suas bocas se encontraram em um beijo tão intenso quanto a vontade que eles tanto seguraram. Mas agora tudo mudou. Se algum motivo os impediam de viver momentos como esse, ele foi colocado de lado naquela hora. Nunca as mãos dos dois trabalharam tanto e por pouco não se entregaram um ao outro ali mesmo naquele quarto. Antes, porém, ficaram bem abraçados e conversando, não raramente sendo interrompidos por mais beijos.

– Você sabe que não vamos poder ficar juntos né?

– Eu sei que a chance é pequena, mas eu acredito que tudo vai dar certo.

– Queria ter o seu otimismo.

– Você é que é negativo. – disse Ino sorrindo.

Ficaram alguns minutos abraçados e em silêncio, até Gaara dizer:

– Está tudo errado.

– Como assim?

– Conheci você dentro de um presídio; quero você pra mim, mesmo sabendo que pode dar tudo errado; e te beijei antes de dizer que te amo.

– Eu também te amo. Mesmo que tudo esteja contra.

Ficaram muito mais leves e os beijos vieram naturalmente. A verdade é que Ino nunca demonstrou a ninguém que gostava do Gaara, mas guardou para si mesma esperando se poderia ou seria possível tornar realidade. Por terem tão pouco tempo, iriam se encontrar todos os dias para matar a saudade e a vontade que só cresceram. Foi nesse clima que a tarde terminou e ele foi levado de volta ao presídio com a certeza que fizera o certo e que o pouco tempo de vida que lhe restava teriam os melhores e mais intensos momentos que poderia ter.


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