Os Últimos Passos de Um Homem escrita por Bruno Silfer
Realmente é incrível como um desabafo deixa as pessoas mais leves. Gaara pela primeira vez dermiu bem e ficou mais aliviado desde então. A primeira coisa que fez ao acordar foi terminar de escrever sua composição musical e a melodia adequada. Chega a hora do café da manhã e no refeitório Naruto percebeu que o amigo estava mais contente; resolveu ir até ele saber o motivo, já imaginando o que era.
– É impressão minha ou você acordou feliz?
– Tem toda a razão. – respondeu Gaara – Estou muito feliz.
– Posso saber o motivo?
– Eu contei toda a verdade para a Ino ontem.
– Tudo?
– Tudinho.
– Como ela reagiu?
– Ficou meio assustada, o que eu já esperava, mas disse que me achava um herói.
– Nossa. Por essa eu não esperava.
– Nem eu cara. Nem eu. Mas me sinto ótimo agora.
– O que uma conversa franca não faz né?
– Pois é.
– E por que ela te achou herói?
– Isso eu não sei. Vou perguntar quando ela vier de novo.
– Bom... – olha o relógio – Não vai demorar a chegar a hora da visita.
– Sabe de uma coisa? Acho que só não enlouqueci ainda por causa dela.
– Está gostando dela Gaara?
– Sinceramente? Queria dizer que não, mas acho que estou. Depois de ontem não tem como esconder.
– Sabe que isso é loucura né?
– Sei sim. Não vou contar nada à Ino. Se eu falar e por acaso namorarmos ela iria sofrer muito quando eu morrer. Não é justo com ela. Melhor deixar assim.
Tomou mais um pouco de café e voltou à cela. Estava tranqüilo e para passar o tempo ficou a afinar o violão. Estava distraído ao ponto de não perceber a entrada da Ino onde ele estava. Ele só notou quando sentiu o perfume da estudante e olhou para a sua direita.
– Tão sério... – disse Ino com um sorriso.
Ino usava cabelo liso, solto e um belo vestido azul que ia pouco acima dos joelhos. Movido pela beleza, Gaara falou mesmo sem querer:
– Você está linda.
A garota corou ao ouvir o elogio. Ele percebeu e procurou se justificar, mas se atrapalhou com as palavras. Ambos acabaram rindo da situação e resolveram conversar e tirar as dúvidas que ainda tinham.
– Você está feliz hoje. – disse Ino.
– O Naruto também notou. É verdade. Até que estou feliz.
– Por quê?
– Por ontem. Te contar toda a verdade me fez um bem enorme. Principalmente pela sua reação e do beijo que me deu.
– Nem dormi direito por causa dessa história.
– Se só de ouvir você está assim...
– Pois é.
– Aliás, quero te perguntar uma coisa.
– O que?
– Por que me chamou de herói ontem?
Ino levantou e encostou-se na parede próxima. O olhou e respondeu:
– É isso que eu acho.
– Mas não tem sentido. – disse levantando também – O que eu fiz foi matar alguém e com requintes de dor. Existe heroísmo nisso?
– Você não leva em conta o que te levou a fazer isso.
– Como assim?
– Você não premeditou o crime. Só foi tomado por um sentimento de perda, culpa e ódio.
– Absolutamente certo. – concordou Gaara – Mas eu...
– Além do mais – interrompeu Ino – eu sei que você não é assim. Tem um temperamento forte mas não é assassino. Mas fez algo extremo para tentar proteger uma amiga. Não é todo mundo que tem essa coragem.
– Eu nunca pensei desse jeito.
– Por isso vivia triste.
– Pena que isso não foi lembrado no meu julgamento. Eu poderia ao menos ter escapado da morte.
– A lei é fria demais. Só leva em conta os fatos.
– Nem me fale...
De repente Gaara lembrou de algo e disse:
– Lembra da música que eu estava escrevendo e travei?
– Lembro. Por quê?
– Graças ao que você disse ontem eu consegui terminar.
– Sério?!?
– É sério.
– Vai cantar pra mim né?
– Talvez. Mas não hoje.
– Por que não?
– Quando você vier aqui de novo eu canto.
– Vou cobrar hein?
Um sorriso brotou dos lábios de ambos. O clima da conversa de hoje foi totalmente diferente das demais e isso ajudou muito a espantar o clima pesado que sempre predominou. Eles conversaram por mais algum tempo e volta e meia riam. Agora eram muito mais amigos do que psicóloga e paciente.
– Agora tenho que ir. – disse Ino e levantou.
– Mas já?
– Eu tenho aula pela tarde.
– Tudo bem. Volta amanhã?
– Volto, claro.
Assim que a loira deu uma voltinha para sair, seu vestido rodou e subiu de leve. Não sei direito mas Gaara achou aquilo muito sensual.
– Ino. – chamou Gaara.
– Oi.
– É melhor parar de vir aqui com esses vestidos. Eu tenho um fraco por você de vestido. – involuntariamente tapou a boca com a mão.
Pronto. Falou o que prometeu que não diria. Saiu sem pensar e não segurou o que sentia há tão pouco tempo, mesmo não tendo plena certeza do que era realmente. Mesmo assim viu Ino ficar vermelha e também sorrindo. Ela saiu da cela e lá de fora perguntou:
– Quando você disse que eu estava linda... era verdade?
– Mais do que verdade. Você está linda.
Agora que já tinha dado uma pista do que sentia não precisava mais esconder, mesmo não dizendo diretamente. Ino abaixou o olhar e saiu da vista do ruivo, que não teve certeza se ela foi embora triste ou feliz.
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