Narradora pov’s  on

Dizem que iniciar algo é difícil, isso posso até concordar em parte, pois é preciso uma ideia ou objetivo e também são necessários esforço e motivação. Quando nascemos não fazemos a menor ideia do que seremos no futuro, como nossas escolhas e nossas “não-escolhas” podem afetar não somente nossos destinos como de todos os que nos cercam. Aposto que a pequena Sakura nos seus cinco anos de idade não imaginava que poderia se tornar a kunoichi mais poderosa de todas as nações, nem a Sakura de doze anos imaginaria que realmente tivesse chances de ser correspondida por sua paixão juvenil e muito menos poderia imaginar que aquele sentimento tão simplório de criança seria sua ruína e sua salvação ao mesmo tempo.

“Okaeri” é uma palavra pequena com um significado grande e seu significado não pode ser banalizado. Quando uma pessoa de sua família, nesse caso faço a referência aos laços sanguíneos e não-sanguíneos, o sentimento de felicidade e apreço por aquela pessoa a qual retorna para seu lar é tão profundo que não importa se aquela pessoa acabou de voltar de uma missão longa e perigosa ou que tenha voltado da feira aquele sentimento continua sendo o mesmo, com a diferença da intensidade da fala, obviamente.

Talvez esteja se preguntando o porquê de eu estar fazendo toda essa introdução para narrar o final desse ciclo, eu não tiro de ti esse direito, pois até eu se estivesse a ler ou a escutar essa história a vontade de pular para os “finalmentes” é enorme. Precisava dizer tudo isso para que fosse possível entender a parte a qual chegamos agora. Iniciar essa narrativa não foi algo dificílimo de se fazer, mas, à medida que o final se aproximava mais pesado e difícil ficava para avançar.  Afinal, finais são difíceis mesmo e juntar todas as pontas soltas será o desafio ao qual me comprometi. Então vamos lá!

— 4 Meses após a partida de Sakura-

Sakura continuava sua viagem a procura de sua redenção, fazia missões de espionagem e outras bastante arriscadas. Ela estava disfarçada e adotou o nome Asagi Wada, com esse jutsu de transformação ela conseguia manter com uma pequena parte de seu chakra para manter aquela aparência por 24 horas por dia, tal como sua mestra e prima Tsunade realizava para manter sua aparência jovem. Para todos ela era uma jovem de longos cabelos negros e seus olhos eram verdes, mas, um tom mais claro do que seu normal, havia mudado suas curvas também deixando-as mais acentuadas como Mei e Tsunade por exemplo, isso chamava muita atenção por mais discretas fossem suas roupas, ela havia feito isso para que não tivesse a menor chance de ser reconhecida e deu muito certo. Ela se sentia viva e sua culpa parecia diminuir sempre que colocara sua vida em altos riscos. Quem não gostava muito disso era Sasuke, sempre que podia trocava mensagens com Sakura, pois ele também se encontrava em missões perigosas. Takashi como sempre foi bem independente e não dava trabalho ao seu tio conseguia ficar sozinho por alguns dias, mas, sempre apareciam seus “tios” do coração para visitá-lo para que ele não se sentisse tão sozinho, Ino e Hinata eram presenças frequentes, ainda mais agora que a loira soube que está esperando seu primeiro filho e tem certeza de que será um menino igual ao filho de Hinata, Naruto e Lee o visitam com menor frequência, pois um está estudando bastante para se tornar o próximo Hokage e o outro continua a treinar arduamente com a energia de sua “juventude” e também sempre está por perto de seu mentor Gai-sensei.

A rotina da Haruno e do Uchiha mudaram completamente no mês seguinte com a descoberta tardia de que naquela noite de despedida havia sido concebida uma nova vida. Sakura mesmo sendo uma ninja médica deixou passar despercebido alguns sintomas, até porque com as células de Hashirama e toda a pesquisa que continuou a desenvolver atenuou os sintomas comuns a uma gravidez. Ela apenas percebeu que sua barriga estava ficando saliente e se sentia um pouco mais cansada do que o normal. Logo Sasuke foi contatado através de um pergaminho preso a uma ave mensageira.

“Olá Sasuke-kun,

Sei que pouco nos falamos nos últimos meses, pois, não queria atrapalhar você em sua nova missão, porém seria injusto eu não lhe contasse isso.

Eu descobri tardiamente que eu estou grávida. Sei que sou uma ninja médica e deveria ter percebido logo no início, mas, eu quase não senti os sintomas. Estou quase no final da missão e pelas minhas contas minha gestação está próxima do 5º mês.

Parabéns papai!

Essa criança é a maior prova do nosso amor e eu estou muito feliz mesmo que essa notícia tenha me pego de surpresa da mesma maneira que imagino que está a se sentir agora.

Aishiteru yo Sasuke-kun,

Sakura.”

Assim que leu a carta de Sakura, o Uchiha se encontrava num misto de emoções. Estava feliz com toda a certeza e surpreso também, seria melhor ainda se sua amada estivesse em segurança e protegida pelas muralhas e ninjas de Konoha. Ele estava muito preocupado, ele sabia que sua noiva não era uma mulher fraca, sim eles continuaram seu noivado apesar do tempo e distância, sua preocupação era de que algo ruim poderia acontecer com Sakura e o bebê, mesmo que ela seja uma kunoichi cabeça dura, não poderia desafiar o mundo com o risco de que algum mal possa acontecer a ela e ao filho dos dois. Logo ele mandou uma breve mensagem: “Onde nos encontramos?”. Sasuke sempre foi um homem de poucas palavras e bastante atitudes, por mais que demonstrasse afeto de modo único e sutil, Sakura soube que aquela mensagem significava o quão preocupado ele estava com a situação.

—Alguns dias depois-

Eles se encontraram no local determinado e Sakura precisou desfazer a transformação para falar com Sasuke, a barriga estava saliente e cresceu bem nos últimos dias. No início não tiveram muitas palavras, eles se olharam por alguns segundos e depois veio o abraço forte. Ela já estava em lágrimas e ele começou a chorar quando se agachou e encostou o ouvido na barriga dela e acariciou.

— Você sabe que é preciso voltar – ele começou a dizer – Já avisou ao Rokudaime?

— Queria que fosse o primeiro a saber – olhou para sua barriga a acariciando – Também temia que ele me mandasse retornar antes de concluir a missão com sucesso.

— Você se arriscou demais com isso – ela sentia falta de ouvir essa voz grave e de olhar nos olhos dele, por mais que o sentimento fosse de preocupação – Eu consigo imaginar o que fez durante esses meses todos, o quanto se arriscou – passava a mão pelos cabelos róseos longos dela – Se não descobrisse essa gravidez eu poderia apostar que colocaria ainda mais sua vida em risco. Por quê?

— Acho que talvez eu tenha me viciado nessa sensação de perigo e quase morte depois que tive acesso as minhas memórias de quando não estava em pleno controle de meu corpo – os olhos dela estavam começando a lacrimejar- Sasuke, eu senti algo tão bom quando desafiava a morte, eu sentia que assim conseguiria “pagar” a minha dívida com as pessoas e comigo – ele a abraçou forte enquanto ela continuava a falar em meio as lágrimas – Descobrir que tem uma vida dentro de mim me deixou desconcertada. Eu fiquei feliz e ao mesmo tempo mal por não estar cuidando dessa gravidez como eu deveria.

— Então por que você continuou Sakura? – os dois se sentaram na grama e Sasuke a amparava em um meio abraço- Deveria ter largado tudo e ter passado para outros shinobis capacitados.

— Não poderia mais – deu um suspiro profundo – Após eu mandar a mensagem para você eles tentaram me capturar – gesticulou – Era um grupo de ninjas renegados que queriam formar uma nova Akatsuki. A sorte é que eles não descobriram totalmente meu disfarce, eles sabiam que eu estava investigando e não quem eu era.

— Como conseguiu detê-los? – Sakura deu um sorriso, pois aquela pergunta era o reconhecimento de sua força, outra pessoa perguntaria “como conseguiu escapar?”.

— Usei meu poder ocular para neutralizar os que vieram me atacar – não conseguia deixar de sorrir enquanto falava -  Os mais fortes consegui capturar depois de uma longa batalha. Eles já foram encaminhados para os shinobis responsáveis de suas vilas.

— Compreendo – levantou-se junto dela – Fico feliz em ver o quanto você cresceu, mas, agora precisamos voltar para a vila e terá que se abster de lutas e esforço por um tempo.

— Eu sei disso Sasuke – seu rosto mudou de felicidade para tensão – Não posso assumir mais riscos pelo bem de nosso filho, mas, não sinto que posso voltar.

— Por causa da rejeição dos aldeões? – ele conseguia ler a alma dela, a sintonia entre os dois não mudou mesmo depois do tempo e distância separados – Você é uma heroína Sakura! Conseguiu evitar outro desastre pior de acontecer.

— Mesmo assim eles ainda me veem como um monstro e uma ameaça Sasuke – acariciava sua barriga- Agora entendo como Gaara e Naruto se sentiam quando crianças e julgados pela maioria dos aldeões como monstros por portarem as bijuus dentro de seus corpos – Sakura sempre foi aberta com seus sentimentos e não tinha vergonha de mostrar – Não quero que essa criança passe pelo mesmo que eles, pois eu ainda posso suportar, ela não.

— Vamos conseguir dar um jeito nisso – beijou-a suavemente- Eu prometo.

—3 meses depois-    

Eles retornaram a vila e com a notícia de que Sakura neutralizou a “Nova Akatsuki” e assim ajudou a manter a ordem e o clima pacífico entre as vilas recebeu uma condecoração por sua honra e bravura. A figura ruim dela aos poucos estava sendo enterrada para dar lugar de heroína e futura mãe. Seus amigos e familiares receberam muito bem a notícia da gravidez e estavam muito felizes. Hinata já tinha o pequeno Boruto nos braços e Ino estava com uma barriga maior do que Sakura próxima de dar à luz ao pequeno Inojin. Sakura teve a sensação de que enquanto esteve fora todas histórias começaram a tomar os eixos. Temari estava na vila há algum tempo e estava envolvida com Shikamaru, eles fizeram uma cerimônia íntima de casamento em Konoha e o pequeno Shikadai era consequência dessa união. Naruto fazia algumas missões diplomáticas para treinar e entender mais sobre o oficio de ser Hokage, mas, agora estava de licença aproveitando sua paternidade ao lado de sua amada. Mayumi estava fazendo  a mudança de residência saindo de sua antiga vila para morar mais próximo de seu clã, a burocracia fez esse processo ser mais demorado e Tsunade a ajudou com a mudança. Falando na Senju ela deixou o hospital nas mãos hábeis de Shizune e foi tirar umas férias relaxantes e tentou ficar longe das apostas, o que não deu muito certo.

O Uchiha e a Haruno ainda não tinham oficializado a sua união quando sua filha nasceu. Aliais a história do nascimento de Sarada Uchiha foi algo inacreditável de se contar. Tudo começou no dia que Sasuke saiu em missão e Sakura soube de uma informação importante ao ouvir atrás da porta do escritório de Kakashi. Ela se esqueceu do “pequeno” detalhe de estar com um barrigão de nove meses. Com suas habilidades não demorou tanto para que pudesse alcançar o seu amado, porém a bolsa havia estourado e não conseguiria chegar no hospital de Konoha a tempo. Sasuke então se lembrou de que próximo de onde estavam havia um esconderijo de Orochimaru que estava sendo vigiado por Yamato. Logo ele ajudou o jovem casal e por sorte do destino Karin estava por lá e realizou o parto. O sentimento de rivalidade foi posto de lado no momento e foi por terra assim que a ruiva viu a pequena sorrir para ela e um laço de amizade se formou entre elas.

— Atualmente-

— O que aconteceu com eles Obaa-san? – perguntou a menina de cabelos negros – E o que aconteceu com Takashi-kun e os outros depois?

— Eu também quero saber o mesmo que a Aimi-chan – perguntou o menino de cabelos levemente róseos – O que aconteceu depois?

—Meus netos, como eu disse antes: “Finais são difíceis” – acariciou a cabeça deles – Continuando: Eles retornaram para Konoha e finalmente se casaram. Sasuke tinha uma missão muito importante e  ficava afastado durante a maior parte do tempo durante suas viagens, isso se agravou quando Sarada alcançou seus 4 anos.

— E eles não se viram mais? – choramingou a menina – Que final triste!

— Calma Aimi-chan! A vovó ainda não acabou a história, certo? – piscou para mim.

— Está certo Hikaru-kun. Eu ainda não acabei – pisquei de volta para ele – Sarada reencontrou seu pai ainda jovem e depois ela pode entender o porquê dele ter ficado longe para proteger não só a vila e o mundo, sua família sempre teve importância para ele.

— Então ele deu conta dos perigos? – meu neto estava empolgado – E Takashi o ajudou?

— Takashi estava fora durante esse evento – respondi – Sasuke, seu amigo Naruto-sama e Boruto lutaram contra as ameaças. Enquanto Sakura, Temari e Hinata cuidaram para das pessoas na arena, pois os outros tinham sido transportados para outro lugar.

— Tiveram outras batalhas, não é Obaa-san?

— Para de ser chato Nii-san! – minha neta repreendeu Hikaru – Quero saber do romance e da história de Hokage da vovó!

— Minhas histórias de Hokage ficam para outra ocasião minha querida – pigarreei – Assim como as histórias de batalhas – fiz o sinal para que deitassem em suas camas – Preciso finalizar essa história para que possam dormir.

— Certo – responderam juntos tristonhos.

— Vamos aos casais primeiro: Mayumi e o antigo Rokudaime Kakashi ficaram juntos após vários encontros e depois de Naruto tomar posse do posto de Hokage. A amizade de Takashi e Mahina se transformou em amor e logo em sua adolescência seguiram por esse rumo. Os outros casais que citei permaneceram juntos até o final de suas vidas. Alguns tiveram mais filhos depois e é isso para resumir – pensava nas últimas palavras – Muitos conflitos aconteceram, mas, no final tudo acabou bem. As figuras lendárias surgem nas horas de adversidade e eu espero que essa paz perdure até o final dos tempos para que lutas sejam apenas recreativas e não vida ou morte.

— Se você pudesse colocar um nome para essa história tão legal qual seria vovó? – Aimi perguntou já bocejando – A história é de uma pessoa, mas, envolve tanta gente!  

— Verdade! E também é um romance cheio de batalhas – concluiu um Hikaru bem sonolento – Será trabalhoso nomear.

— Vocês estão certos sobre isso, porém já sei qual será o nome – já sorria – Vou usar a expressão que li nos antigos diários de meu pai, “A Flor Mais Bela de Konoha”, pois era isso que minha mãe sempre fora. Uma flor que cresceu em meio as adversidades e se tornou bela depois de demonstrar sua força.

— Isso a gente não encontra na Ninjapedia – meu filho entrou no quarto das crianças – Desculpe a interrupção mãe.

— Okaeri meu filho! – abracei-o saudosa – Está tudo bem, pois a história que eu contava já acabou.

— Essa parte da história -meu filho disse – As histórias de sua Obaa-san são muito boas também crianças. Agora é hora de dormir, deem boa noite para sua avó.

— Tá bom Otou-san! – falaram ao mesmo tempo – Boa noite Obaa-san! Queremos ouvir mais histórias.

— Na próxima vez garotos – fiz o sinal que foi passado de geração a geração – Boa noite.