A Herdeira dos Black escrita por Akanny Reedus


Capítulo 35
Perebas: rato ou animago?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/503418/chapter/35

 

— Atacamos um professor... Atacamos um professor... — choramingou Hermione, olhando assustada para o inconsciente Snape. — Ah, vamos nos meter numa confusão tão grande…

Hermione não estava ajudando.

— Vocês dois não deveriam ter feito isso — censurou Black entre os resmungos da Hermione olhando para Harry e eu. — Deveriam tê-lo deixado comigo…

Evitei olhá-lo e só voltei minha atenção ao meu padrinho que lutava para se livrar das cordas. Fui até ele para soltar, mas Black foi mais rápido e o desamarrou.

— Obrigado, Harry e Susana — agradeceu.

Apenas balancei positivamente a cabeça e Harry disse:

— Não estou dizendo com isso que já acredito no senhor.

— Então está na hora de lhe apresentarmos alguma prova. Você, garoto... Me dê o Pedro, por favor. Agora.

Rony apertou Perebas mais junto ao peito.

— Nem vem — disse Rony com a voz fraca. — O senhor está tentando dizer que Black fugiu de Azkaban só para pôr as mãos em Perebas? Quero dizer... — e olhou para Harry, Hermione e eu à procura de apoio — tudo bem, vamos dizer que Pettigrew pudesse se transformar em rato, há milhões de ratos, como é que Black vai saber qual é o que está procurando se estava trancado em Azkaban?

— Sabe, Sirius, a pergunta é justa — disse meu padrinho, virando-se para Black com a testa ligeiramente franzida. — Como foi que você descobriu onde estava o rato?

Vi Black enfiando uma das mãos, dentro das vestes e tirou um pedaço de papel amassado, que ele alisou e mostrou para gente.

Dei uma espiada e parecia ser uma foto de Rony com a família, lembro que ele mesmo me contou que tinha ido com a família para o Egito no último verão, mas não lembro dele ter mencionado que a foto aparecerá no Profeta Diário. Aproximei melhor e lá consegui ver Perebas no ombro de Rony.

— Onde foi que você arranjou isso? — perguntou meu padrinho a Black, perplexo.

— Fudge — disse Black. — Quando ele foi inspecionar Azkaban no ano passado, me cedeu o jornal que levava. E lá estava Pedro, na primeira página... no ombro desse garoto... Reconheci-o na mesma hora... Quantas vezes o vi se transformar? A legenda dizia que o menino ia voltar para Hogwarts... Onde Harry estava…

— Meu Deus — exclamou meu padrinho baixinho, olhando de Perebas para a foto no jornal e de volta ao rato. — A pata dianteira…

— Que é que tem a pata? — disse Rony em tom de desafio.

— Tem um dedinho faltando — afirmou Black.

— Claro — murmurou meu padrinho. — Tão simples... Tão genial... Ele mesmo o cortou?

— Pouco antes de se transformar — confirmou Black. — Quando eu o encurralei, ele gritou para rua inteira que eu havia traído Lily e James. Então, antes que eu pudesse lhe lançar um feitiço, ele explodiu a rua com a varinha escondida às costas, matou todo mundo em um raio de seis metros, e fugiu para dentro do bueiro com os outros ratos…

— Só o que encontraram de Pettigrew foi um dedo — murmurei pensativa, o que me fez ganhar olhares.

— Exatamente, Susana — confirmou meu padrinho.

— Olha aqui, Perebas com certeza brigou com outro rato ou coisa parecida! Ele está na minha família há séculos, certo…

— Doze anos, para sermos exatos — disse meu padrinho. — Você nunca estranhou que ele tenha vivido tantos anos?

Eu estranhei e muito até, sempre me perguntei como aquele rato conseguiu viver tantos anos por se tratar apenas de um rato comum de jardim. Até onde sei eles tem uma vida curta, não devem nem chegar aos dez anos de idade e o Perebas tem exatamente doze anos!

Nesse momento as peças confusas do meu quebra-cabeça foram se encaixando.

— Nós... Nós cuidamos bem dele!

— Mas ele não está com um aspecto muito saudável no momento, não é? — comentou meu padrinho. — Imagino que esteja perdendo peso desde que ouviu falar que Sirius fugiu…

— Ele tem andado apavorado com aquele gato maluco! — justificou Rony, indicando com a cabeça Bichento, que continuava a ronronar na cama.

— O gato não é maluco — disse Black, rouco. Ele estendeu a mão ossuda e acariciou a cabeça peluda de Bichento. — É o gato mais inteligente que já encontrei. Reconheceu na mesma hora o que Pedro era. E quando me encontrou, percebeu que eu não era cachorro. Levou um tempinho para confiar em mim. No fim eu consegui comunicar a ele o que estava procurando e ele tem me ajudado…

— Como assim? — murmurou Hermione.

— Ele tentou trazer Pedro a mim, mas não pôde... Então roubou para mim as senhas de acesso à Torre da Grifinória... Pelo que entendi, ele as tirou da mesa-de-cabeceira de um garoto…

            E eu pensando que as peças estavam mais nítidas, mas voltou a ficar confuso quando foram incluídas mais informações.

— Mas Pedro soube o que estava acontecendo e se mandou... — falou Black. — Este gato... Bichento, foi o nome que lhe deu?... Me disse que Pedro tinha sujado os lençóis de sangue... Suponho que tenha se mordido... Ora, fingir-se de morto já tinha dado certo uma vez…

Por mais que peças novas fossem incluídas, elas eram mais entendíveis, o que fez todo meu raciocínio seguir tranquilamente para o resultado. E o que mais deixava tudo aquilo suspeito era justamente o rato que não parava quieto. Perebas não parou quieto um minuto se quer, antes mesmo na cabana de Hagrid parecia um louco e agora… Será então que ele é mesmo o Pettigrew! Só que está desesperado para fugir e não ser morto por esse homem.

— E sabe por que é que ele se fingiu de morto? — perguntou Harry impetuosamente. — Porque sabia que você ia matar ele como tinha matado os meus pais!

Parece que eu não é a única a pensar nisso, mas ao contrário de mim, Harry não parecia estar pensando com lógica.

— Não — disse meu padrinho. — Harry…

— E agora você veio acabar com ele!

— É verdade, vim — disse Black, lançando um olhar maligno a Perebas.

— Então eu devia ter deixado Snape levar você! — gritou Harry.

— Harry — disse meu padrinho depressa — você não está vendo? Todo este tempo pensando que Sirius tinha traído seus pais e que Pedro o perseguira... Mas foi o contrário, você não está vendo? Pedro traiu sua mãe e seu pai... Sirius perseguiu Pedro…

— Não é verdade! — berrou Harry. — Ele era o fiel do segredo deles! Ele disse isso antes do senhor aparecer. Ele confessou que matou meus pais!

Harry apontava para Black, que sacudia a cabeça devagarinho; de repente vi seus olhos ficaram excessivamente brilhantes.

— Harry... Foi o mesmo que ter matado — disse, rouco. — Convenci Lily e James a entregarem o segredo a Pedro no último instante, convenci-os a usar Pedro como fiel do segredo, em vez de mim... A culpa é minha, eu sei... Na noite em que eles morreram, eu tinha combinado de procurar Pedro para verificar se ele continuava bem, mas quando cheguei ao esconderijo ele não estava. Mas não havia sinais de luta. Achei estranho. Fiquei apavorado. Corri na mesma hora direto para a casa dos seus pais. E quando vi a casa destruída e os corpos deles... Percebi o que Pedro devia ter feito. O que eu tinha feito.

A voz dele se partiu. Ele virou as costas.

Será que ele é mesmo inocente?

Será que foi mesmo Pedro Pettigrew que entregou os pais do Harry para Voldemort?

Uma voz bem lá no fundo da minha mente estava dizendo para acreditar nas palavras dele.

— Basta — disse meu padrinho, e havia um tom inflexível em sua voz que a muito tempo não ouvia. — Tem uma maneira de provar o que realmente aconteceu. Rony, me dê esse rato.

— Que é que o senhor vai fazer com ele se eu der? — perguntou Rony, tenso.

— Obrigá-lo a se revelar — disse meu padrinho. — Se ele for realmente um rato, não se machucará.

Rony hesitou.

— Dá o rato pra ele, Rony — digo.

Ele me olhou, balançou a cabeça e ele estendeu a mão, entregando Perebas ao meu padrinho. O rato começou a guinchar sem parar, se contorcendo, os olhinhos pretos saltando das órbitas.

— Está pronto, Sirius? — perguntou meu padrinho.

Black já apanhou a varinha do Seboso na cama. Aproximou-se de meu padrinho e do rato que se debatia.

— Juntos? — perguntou em voz baixa.

— Acho melhor — confirmou meu padrinho, segurando Perebas apertando em uma das mãos e a varinha na outra. — Quando eu contar até três.

Meu coração estava prestes a sair pela boca.

— UM…

Era agora que iríamos saber.

— DOIS…

Perebas: rato ou animago?

— TRÊS…

Lampejos branco-azulados irromperam das duas varinhas; por um instante, Perebas parou no ar, o corpinho cinzento revirando-se alucinadamente. Rony berrou, o rato caiu e bateu no chão. Seguiu-se novo lampejo ofuscante e então…

Meu queixo caiu ao ver uma cabeça surgindo no chão; brotaram membros; um momento depois havia um homem onde antes estava Perebas, apertando e torcendo as mãos. Bichento bufava e rosnava na cama; os pelos eriçados.

Era um homem muito baixo, quase do meu tamanho.

Era um homem bem gorducho, tinha cabelos finos e descoloridos estavam mal cuidados e o cocuruto da cabeça era careca. A pele estava enrugada, quase como a pelagem do Perebas, e havia um ar ratinheiro em volta do seu nariz fino e dos olhos muito miúdos e lacrimosos. Ele definitivamente parecia um rato. Ele olhou para a gente, um a um, respirando raso e depressa. Vi que os olhos deles correram para a porta e voltaram.

— Ora, ora, olá, Pedro — saudou-o meu padrinho educadamente, como se frequentemente os ratos virarem velhos colegas de escola à sua volta. — Há quanto tempo!

— S... Sirius R... Remus. — Até a voz dele lembrava um guincho. Novamente seus olhos correram para a porta. — Meus amigos... Meus velhos amigos…

A varinha de Black se ergueu, mas meu padrinho agarrou-o pelo pulso, lançando-lhe um olhar de censura, depois tornou a se virar para Pettigrew, com a voz leve e displicente.

— Estávamos tendo uma conversinha, Pedro, sobre os acontecimentos da noite em que Lily e James morreram. Você talvez tenha perdido os detalhes enquanto guinchava na cama…

— Remus — ofegou Pettigrew, e observei que se formavam gotas de suor em seu rosto — você não acredita nele, acredita...? Ele tentou me matar, Remus…

— Foi o que ouvimos dizer — respondeu meu padrinho, mais friamente. — Eu gostaria de esclarecer algumas coisas com você, Pedro, se você quiser ter…

— Ele veio tentar me matar outra vez! — guinchou Pettigrew de repente, apontando para Black, foi ai que percebi que lhe faltava o dedo indicador, pois ele usará o dedo médio. — Ele matou Lily e James e agora vai me matar também... Você tem que me ajudar, Remus…

O rosto de Black parecia mais caveiroso que nunca ao fixar os olhos em Pettigrew.

— Ninguém vai tentar matá-lo até resolvermos umas coisas — disse meu padrinho.

— Resolvermos umas coisas? — guinchou Pettigrew, mais uma vez olhando desesperado para os lados. — Eu sabia que ele viria atrás de mim! Sabia que ele voltaria para me pegar! Estou esperando isso há doze anos!

— Você sabia que Sirius ia fugir de Azkaban? — perguntou meu padrinho, com a testa franzida. — Sabendo que ninguém jamais fez isso antes?

— Ele tem poderes das trevas com os quais a gente só consegue sonhar! — gritou Pettigrew com voz aguda. — De que outro jeito fugiria de lá? Suponho que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado tenha lhe ensinado alguns truques!

Black começou a rir, uma risada horrível, devo dizer, sem graça, que encheu o quarto todo.

— Voldemort me ensinou alguns truques?

Pettigrew encolheu.

— Que foi, se apavorou de ouvir o nome do seu velho mestre? — perguntou Black. — Não o culpo, Pedro. O pessoal dele anda muito satisfeito com você, não é mesmo?

— Não sei o que você quer dizer com isso, Sirius... — murmurou Pettigrew, respirando mais rapidamente. Todo o seu rosto brilhava de suor agora.

— Você não andou se escondendo de mim esses dozes anos. Andou se escondendo dos seguidores de Voldemort. Eu soube de umas coisas em Azkaban, Pedro... Todos pensam que você está morto ou já o teriam chamado a prestar contas... Ouvi-os gritar todo o tipo de coisa durante o sono. Parece que acham que o traidor os traiu também. Voldemort foi à casa dos Potter confiando em uma informação sua... E Voldemort perdeu o poder lá. E nem todos os seguidores dele foram parar em Azkaban, não é mesmo? Ainda há muito por aí, esperando a hora, fingindo que reconheceram seus erros... Se chegarem, a saber, que você continua vivo, Pedro…

— Não sei... Do que está falando... — respondeu Pettigrew, mais esganiçado que nunca. Ele enxugou o rosto na manga e ergueu os olhos para meu padrinho. — Você não acredita nesse... Nessa loucura, Remus... Foi ele quem traiu Lily e James, além disso é por culpa dele que Evanna está morta…

Por um momento realmente achei que viria o corpo de Pettigrew esparramado pelo chão. Se não fosse meu padrinho segurando Black com força, o outro realmente estaria morto.

— Como se atreve a dizer o nome dela?! — rugiu Black. — Nunca mais se atreva a mencionar o nome dela, Pedro! NUNCA!!

Pettigrew encolheu mais do que tudo.

— Sirius se controla — pediu meu padrinho ainda segurando Black.

— Me controlar? — perguntou Black furioso se soltando do meu padrinho. — Como acha que posso ficar ao ouvir o nome da minha MULHER sair da boca dele?

— Então se controle por ela — falou meu padrinho, Black virou o rosto. — Evanna te diria para você se controlar!

As mãos de Black tremiam, ele tampava o rosto e depois levava a mão até o cabelo. Ele estava muito pálido, olhava um pouco assustada para ele, o nome da minha mãe e a menção da morte dela dava todo efeito nele?

— O que a morte da minha mãe tem haver com tudo isso? — perguntei, trêmula.

Todos me olharam, Black inclusive me olhou preocupado.

— Susana — ele disse desesperado tentando se aproximar de mim, mas parou —, por favor, acredite nisso! — suplicou. Ele estava muito pálido e parecia desesperado. — Eu jamais faria algo ruim para sua mãe. Evanna era a pessoa que mais amava nesse mundo.

Nesse momento foi que reparei em algo dourado em seu dedo na mão esquerda. Parecia muito ser uma aliança… Será?

— Se alguém aqui tem culpa pela morte dela é você, Pedro.

— Eu? — guinchou Pettigrew. — Não fui que a matei e sim a sua…

— Quieto! — ordenou meu padrinho friamente. — Não diga o que não lhe convém, Pedro.

— Você vai acreditar nessa loucura que ele disse, Remus?

— Talvez, afinal é difícil compreender por que um homem inocente iria querer passar doze anos sob a forma de um rato.

— Inocente, mas apavorado! — guinchou Pettigrew. — Se os seguidores de Voldemort estivessem atrás de mim, seria porque mandei um dos seus melhores homens para Azkaban, o espião, Sirius Black!

O rosto de Black se contorceu.

— Como é que você se atreve? — rosnou ele. — Eu, espião do Voldemort? Quando foi que andei espreitando gente mais forte e mais poderosa do que eu? Agora você, Pedro, jamais vou entender por que não reparei desde o começo que você era o espião; você sempre gostou de amigos grandalhões que o protegessem, não é mesmo? Você costumava nos acompanhar... A mim e ao Remus... E ao James…

Pettigrew tornou a enxugar o rosto; estava quase ofegante, sem ar.

— Eu, espião... Você deve ter perdido o juízo... Nunca... Não sei como pode dizer uma…

— Lily e James só fizeram de você o fiel do segredo porque eu sugeri — sibilou Black, tão venenosamente que Pettigrew deu um passo atrás. — Achei que era o plano perfeito... Um blefe... Voldemort com certeza viria atrás de mim, Eva se ofereceu para ser a fiel do segredo, mas eu a impedi no mesmo momento, nunca deixaria ela se arriscar daquela forma principalmente pela Susana, ele com certeza viria atrás dela, mas não queria colocar a vida da minha mulher e nem da minha filha em risco. Foi aí que decidi te escolher, Voldemort, jamais sonharia que os dois usariam um sujeito fraco e sem talento como você... Deve ter sido a hora mais sublime de sua vida infeliz quando você contou a Voldemort que podia lhe entregar os Potter.

Ouvia Pettigrew resmungar, perturbado; entre ouvia palavras como “extravagante” e “demência”, mas era impossível deixar de prestar atenção na palidez e ao jeito que olhava as janelas e a porta. Não precisava ouvir mais nada, eu já sabia em quem acreditar, sabia quem era inocente e quem era o culpado.

— Prof. Lupin — disse Hermione timidamente. — Posso... Posso dizer uma coisa?

— Claro, Hermione — disse meu padrinho cortesmente.

— Bem... Perebas... Quero dizer, esse... Esse homem... Ele dormiu no quarto de Harry durante três anos. Se está trabalhando para Você-Sabe-Quem, como é que ele nunca tentou fazer mal a Harry antes?

— Taí! — exclamou Pettigrew com a voz esganiçada, apontando para Hermione a mão mutilada. — Muito obrigado! Está vendo, Remus? Nunca toquei um fio de cabelo do Harry! Por que iria fazer isso?

— Vou lhe dizer o porquê? — falou Black. — Porque você nunca fez nada, nem a ninguém nem para ninguém, sem saber o que poderia ganhar com isso. Voldemort está foragido há doze anos, dizem que está semimorto. Você não ia matar bem debaixo do nariz de Alvo Dumbledore, por causa de um bruxo moribundo que perdeu todo o poder, ia? Não, você ia querer ter certeza de que ele era o valentão do colégio antes de voltar para o lado dele, não ia? Por que outra razão você procurou uma família de bruxos para o acolher? Para ficar de ouvido atento às novidades, não é mesmo, Pedro? Caso o seu velho protetor recuperasse a antiga força e fosse seguro se juntar a ele…

Pettigrew abriu a boca e tornou a fechá-la várias vezes. Parecia ter perdido a capacidade de falar.

— Hum... Sr. Black... Sirius? — disse Hermione.

Vi-o encarando Hermione como se nunca tivesse visto, ou que nunca alguém o chamou com tanta polidez.

— Se o senhor não se importar que eu pergunte, como... Como foi que o senhor fugiu de Azkaban, se não usou artes das trevas?

— Muito obrigado — exclamou Pettigrew, acenando freneticamente com a cabeça na direção dela. — Exatamente! Precisamente o que eu…

Mas logo ele se calou, quando o meu padrinho o olhou. Black franziu ligeiramente a testa para Hermione, mas não parecia ser de aborrecimento. Parecia estar considerando a pergunta.

— Não sei como foi que fugi — disse lentamente. — Acho que a única razão por que nunca perdi o juízo é porque sabia que era inocente. Isto não era um pensamento feliz, então os dementadores não podiam sugá-lo de mim... Mas serviu para manter lúcido e consciente de quem eu era... Além de sempre manter em pensamentos na Susana, sabia que precisava ficar ao lado da minha filha... Isso tudo me ajudou a conservar meus poderes quando tudo se tornava... Excessivo... Eu conseguia me transformar na cela... Virar cachorro. Os dementadores não conseguem enxergar, sabe... — Ele engoliu seco. — Aproximam-se das pessoas se alimentando de suas emoções... Eles percebiam que os meus sentimentos eram menos... Menos humanos, menos complexos quando eu era cachorro... Mas achavam, é claro, que eu estava perdendo o juízo como todos os prisioneiros de lá, por isso não se incomodavam. Mas eu fiquei fraco, muito fraco, e não tinha esperança de afastá-los sem uma varinha... Mas, então, vi Pedro naquela foto... E compreendi que ele estava em Hogwarts com Harry... Perfeitamente colocado para agir, se lhe chegasse a menor notícia de que o partido das trevas estava reunindo forças novamente…

Pettigrew sacudia a cabeça, murmurando em silêncio, mas todo o tempo seus olhos se fixaram em Black como se estivesse hipnotizado.

—... Pronto para atacar no momento em que se certificar de que contava com aliados... E para entregar o último Potter. Se lhes entregasse Harry, quem se atreveria a dizer que traíra Lord Voldemort? Pedro seria recebido de volta com todas as honras... Então, entendem, eu tinha que fazer alguma coisa. Era o único que sabia que ele continuava vivo…

“Era como se alguém tivesse acendido uma fogueira na minha cabeça, e os dementadores não pudessem destruí-la... Não era um pensamento feliz... Era uma obsessão... Mas isso me deu forças, clareou minha mente. Então, uma noite quando eles abriram a porta para me trazer comida, eu passei por ele em forma de cachorro... Para eles é tão difícil perceber emoções animais que ficaram confusos... Eu estava magro, muito magro... O bastante para passar entre as grades... Ainda como cachorro nadei até a costa... Viajei para o norte e entrei escondido nos terrenos de Hogwarts, como cachorro. Desde então vive na floresta, exceto nas horas em que saía para assistir Quadribol, é claro. Você voa bem como o seu pai, Harry... Ou então para ver a Susana, que vivia sentada perto do lago enegrecido …

Black se virou para mim e Harry, não evitei um momento sequer o seu olhar…

— Acreditem em mim — disse, rouco. — Acreditem em mim, Susana e Harry. Nunca traí James e Lily. Teria preferido morrer a traí-los.

Harry fez apenas um aceno afirmativo com a cabeça.

— Susana, filha, você foi minha força em todos aqueles anos preso naquele lugar — disse, me olhando. — Tinha total conhecimento que você estava aos cuidados de Remus, depois do que aconteceu com sua mãe, e isso de alguma forma me conforta porque sabia que estava em boas mãos. Eu nunca trairia a confiança de Evanna; muito menos pensaria em machucá-la e nem mesmo você… Daria minha vida por vocês duas. Filha, por favor, eu preciso da sua palavra…

Senti minha garganta coçar junto com os olhos que ardiam.

— Sim, eu acredito em você — disse com dificuldade. — Existe uma prova maior disso tudo do que você passar esses doze anos com a aliança?

Ele sorriu, levantou a mão com a aliança dourada me mostrando e tocou o anel.

— Nunca pensei e nunca irei tirá-la.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Herdeira dos Black" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.