A Herdeira dos Black escrita por Akanny Reedus


Capítulo 34
Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas - part. II


Notas iniciais do capítulo

RECOMENDAÇÃO! *O* Muito obrigada pela recomendação linda, AngieCrazy, eu amei muito e esse capítulo é para você.



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Um silêncio era mantido em volta do cômodo, mas que foi de repente quebrado quando a porta se abriu rangendo sem ninguém entrando. Meu padrinho foi até a porta, olhou e disse:

— Não há ninguém aí fora…

— Esse lugar é mal-assombrado! — comentou Rony, cortando o que ia dizer.

— Não é, não — disse meu padrinho, ainda observando intrigado a porta. — A Casa dos Gritos nunca foi mal-assombrada... Os gritos e uivos que os moradores do povoado costumavam ouvir eram meus.

Ele afastou os cabelos grisalhos da testa, parecia pensativo, e logo disse:

— Foi onde tudo começou, com a minha Transfiguração em Lobisomem. Nada poderia ter acontecido se eu não tivesse sido mordido... E não tinha sido.

Ele parecia sóbrio e cansado. Rony ia interrompê-lo, mas Hermione e eu fizemos um “psiu!”. Assim como eu, ela também observava com muita atenção.

— Eu ainda era garotinho quando levei a mordida. Meus pais tentaram tudo, mas naquela época não havia cura. A poção que o Prof. Snape tem preparado para mim é uma descoberta muito recente. Me deixa seguro, entende. Desde que eu há tome uma semana antes da lua cheia, posso conservar as faculdades mentais quando me transformo... E posso me enroscar na minha sala, um lobo inofensivo, á espera da mudança de lua. Porém, antes da Poção Mata-cão ser descoberta, eu me transformava em um perfeito monstro uma vez por mês. Parecia impossível que eu pudesse frequentar Hogwarts. Outros pais não iriam querer expor os filhos a mim. Mas, então, Dumbledore se tornou diretor e ele se condoeu. Disse que se tomássemos certas precauções, não havia razão para eu não frequentar a escola — meu padrinho suspirou e olhou diretamente para Harry. — Eu lhe disse, há alguns meses, que o Salgueiro Lutador foi plantado no ano que entrei em Hogwarts. A verdade é que ele foi plantado porque eu entrei para Hogwarts. Esta casa — meu padrinho correu os olhos cheios de tristeza pelo quarto — e o túnel que vem até aqui foi construído para meu uso. Uma vez por mês eu era trazido do castelo para cá, para me transformar. A árvore foi colocada na boca do túnel para impedir que alguém se encontrasse comigo durante o meu período perigoso.

Mesmo morando no mesmo teto que ele, ainda tinha muita coisa sobre ele que não tinha conhecimento. Nunca escutei essas conversas, no máximo do que sabia era que ele sofre disso desde criança e quem foi o Lobisomem que lhe contaminou. Mas as histórias dele em Hogwarts? Era a primeira vez que estava escutando.

A expressão triste do meu padrinho me comovia, sabia muito o quanto falar sobre tal assunto lhe incomodava; é por esse motivo que nunca quis prolongar este assunto.

Ninguém dizia uma única palavra, além da voz do meu padrinho, dava para se ouvir os guinchos assustados de Perebas. O que me fazia suspeitar mais ainda que ele é quem meu padrinho e Black dizia ser.

— As minhas transformações naquele tempo eram... Eram terríveis. É muito doloroso alguém virar lobisomem. Eu era separado das pessoas para morder à vontade, então eu me arranhava e me mordia.

— Então era por isso que o via na maioria das vezes com tanta cicatriz — digo.

— Exato. Devo ressaltar que você era sempre a melhor companhia pôs-transfiguração — disse ele sorrindo e eu retribui com um sorriso tímido.

Eram poucas lembranças que me vinha na mente, uma delas era do quanto ficava preocupada quando via seu rosto machucado quando ia me buscar na casa da minha prima Andrômeda. Mesmo depois de saber de tudo, não deixei de ficar preocupada, acho até que aumentou porque sempre me vinha pensamentos trágico e perdê-lo era o meu maior medo.

— Voltando — falou meu padrinho, suspirando cansado. — Os moradores do povoado ouviam o barulho e os gritos e achavam que estavam ouvindo almas do outro mundo particularmente violenta. Dumbledore estimulava os boatos... Ainda hoje, que a casa tem estado silenciosa há anos, os moradores de Hogsmeade não têm coragem de se aproximar... Mas tirando as minhas transformações, eu nunca tinha sido tão feliz na vida. Mesmo tendo a minha melhor amiga ao meu lado, a mãe de Susana, Evanna, ou Eva — como era chamada pelos mais íntimos —, que foi minha vizinha e única amiga que tive na infância.

Por um momento olhei Black, que parecia ter diminuído a voracidade que antes olhava o rato, era difícil dizer o que seu olhar significava. Agora me pergunto: será que o nome da minha mãe o afeta?

— Além dela, quando entrei em Hogwarts eu tive mais amigos, três grandes amigos. Sirius Black... Pedro Pettigrew... E, naturalmente, seu pai, Harry, James Potter. Agora, meus três amigos não puderam deixar de notar que eu desaparecia uma vez por mês; Eva não ficava de fora dessa, ela sempre percebia meus desaparecimentos e ficava sabendo pelos três, ou pela própria, que sempre ia perguntar para eles sobre mim. Eu inventava todo o tipo de histórias. Dizia que minha mãe estava doente, que tinha ido em casa vê-la... Ficava aterrorizado em pensar que eles me abandonariam se descobrissem o que eu era. Mesmo conhecendo a Eva faz anos, nunca tive coragem de dizer nada para ela, nem mesmo antes de Hogwarts, tinha medo que ela me abandona-se. Mas é que eles, como você, Hermione, descobriram a verdade... E não me abandonaram. Em vez disso, fizeram uma coisa por mim que não só tornou as minhas transformações suportáveis, como me proporcionou os melhores momentos da minha vida. Eles se transformaram em Animagos.

— Minha mãe também?

— Meu pai também? — Harry e eu perguntamos ao mesmo tempo, a diferença é que o meu não teve a cara de espantado de Harry.

— Não e sim, apenas James que se tornou Animago.

— E por que não minha mãe?

— Na verdade ela pensou em se tornar uma, mas logo desistiu, claro que nunca a questionei sobre isso, pois foi uma escolha dela. Mesmo que ela não tenha aceitado se transformar em uma Animago, ela foi a que mais ajudou, já que ela era a melhor aluna em Transfiguração. Seu pai, Harry; sua mãe e seu pai, Susana, eram os alunos mais inteligentes da escola, o que foi uma sorte, porque se transformar em Animago é uma coisa que pode sair barbaramente errada, é uma das razões por que o ministério acompanha de perto os que tentam. Pedro precisou de toda a ajuda que pôde obter de James, Sirius e Eva. Finalmente no nosso quinto ano, eles conseguiram. Podiam se transformar em um animal diferente quando queriam.

— Mas como foi que isso ajudou o senhor? — perguntou Hermione, intrigada.

— Eles não podiam me fazer companhia como seres humanos, então me faziam companhia como animais. Um lobisomem só apresenta perigo para gente. Eles saíam escondidos do castelo, menos Evanna que apenas esperava o outro dia para saber como foi, saíam todos os meses, encobertos pela Capa da Invisibilidade de James. E se transformavam... Pedro, por ser o menor, podia passar por baixo dos ramos agressivos do Salgueiro e empurrar o botão para imobilizá-lo. Os outros dois, então, podiam escorregar pelo túnel e se reunir a mim. Sob a influência deles, eu me tornei menos perigoso. Meu corpo ainda era o de um lobo, mas minha mente se tornava menos lupina quando estávamos juntos.

— Anda logo, Remus — rosnou Black, que parecia ter voltado a observar Perebas com uma espécie de voracidade.

— Estou chegando lá, Sirius, estou chegando lá... Bom, abriram-se possibilidades extremamente excitantes para nós do momento em que conseguimos nos transformar. Não demorou muito e começamos a deixar a Casa dos Gritos e perambular pelos terrenos da escola e pelo povoado à noite. Sirius e James se transformavam em animais tão grandes que conseguiam controlar o lobisomem. Duvido que qualquer aluno de Hogwarts jamais tenha descoberto mais a respeito dos terrenos da escola e do povoado de Hogsmeade do que nós... E foi assim que acabamos preparando o Mapa do Maroto, e assinando-o com os nossos apelidos. Sirius é Almofadinhas, Pedro é Rabicho e James é Pontas.

— Que tipo de animal...? — Harry começou a perguntar, mas Hermione o interrompeu.

Sabia o que Harry iria perguntar, ele queria saber qual animal seu pai se transformava. Bem, ele não sabe o dele, mas eu sei em qual animal o meu se transformava.

— Mas a coisa continuava a ser realmente perigosa! Andar no escuro em companhia de um lobisomem! E se o senhor estivesse fugindo deles e mordido alguém?

— É um pensamento que ainda me atormenta — respondeu meu padrinho deprimido para Hermione. — E muitas vezes escapamos por um triz. Nós nos riamos disso depois. Éramos jovens, irresponsáveis, empolgados com a nossa inteligência. Por vezes eu sentia remorsos por trair a confiança de Dumbledore, é óbvio... ele me aceitará em Hogwarts, coisa que nenhum outro diretor teria feito, e sequer desconfiava que eu estivesse desobedecendo às regras que ele estabelece para a segurança dos outros e a minha própria. Ele nunca soube que eu tinha induzido três colegas a se transformarem ilegalmente em Animagos. Mas eu sempre conseguia esquecer meus remorsos todas as vezes que nos sentávamos para planejar a aventura do mês seguinte. E não mudei…

O rosto do meu padrinho endureceu, e havia desgosto em sua voz.

— Durante todo este ano, lutei comigo mesmo, me perguntando se devia contar a Dumbledore que Sirius era um Animago. Mas não contei. Por quê? Porque fui covarde demais. Porque isto teria significado admitir que eu traíra sua confiança enquanto estivera na escola, admitir que influenciará outros... E a confiança de Dumbledore significava tudo por mim. Ele me admitira em Hogwarts quando garoto, e me dera um emprego quando eu fora desprezado toda a minha vida adulta, incapaz de encontrar um trabalho remunerado porque sou o que sou. Então me convenci de que Sirius estava penetrando na escola por meio das artes das trevas que aprendera com Voldemort, que o fato de ser um Animago não entrava em questão... Então, de certa forma, Snape tinha razão quanto à minha pessoa.

— Snape? — exclamou Black com a voz rouca desviando os olhos de Perebas pela primeira vez nos últimos minutos para olhar meu padrinho. — Que é que Snape tem a ver com isso?

— Ele está aqui, Sirius — respondeu meu padrinho sério. — É professor em Hogwarts também. — Olhei meu padrinho, curiosa, ele ergueu os olhos para mim, Harry, Rony e Hermione. — O Prof. Snape frequentou a escola conosco. Ele se opôs fortemente à minha nomeação para o cargo de professor de Defesa contra as Artes das Trevas. Passou o ano inteiro dizendo a Dumbledore que eu não sou digno de confiança. não me surpreendo dele ter chegado ao ponto de incluir a Susana nas conversas dele.

— Eu?

Meu padrinho assentiu.

— Eu bem percebi como Snape te trata. É injusto, e é óbvio o por que, ele te usa para descontar a raiva por ser filha do Sirius. Além de que você — ele me olhou mais atento — tem o mesmo temperamento do seu pai.

— Não posso acreditar que ele faz isso com ela — disse Black nervoso. — Fracamente, a Susana não estava nem nos planos para vim ao mundo. Ela não tem culpa de nada sobre o que fazíamos com ele…

Então quer dizer que o Snape faz da minha vida um inferno por causa do meu "pai"?

— Será que dá para me explicar melhor isso?

— Acontece, que seu pai aqui, pregou uma peça no Snape que quase o matou, uma de que participei…

Black emitiu uma exclamação de desdém.

— Foi bem feito para ele — zombou. — Espionando, tentando descobrir o que andamos aprontando... Na esperança de que fôssemos expulsos…

— Severus tinha muito interesse em saber aonde eu ia todo mês — disse meu padrinho para nós quatro. — Estávamos no mesmo ano, entendem, e não... Hum... Não nos gostávamos muito. Ele não gostava nada de James. Ciúmes, acho eu, do talento de James no campo de Quadribol... Em todo o caso, Snape tinha me visto atravessar os jardins com Madame Pomfrey certa noite quando ela me levava em direção ao Salgueiro Lutador para eu me transformar. Sirius achou que seria... Hum... Divertido, contar a Snape que ele só precisava apertar o nó no tronco da árvore com uma vara longa para conseguir entrar atrás de mim. Bem, é claro, que Snape foi experimentar, e se tivesse chegado até a casa teria encontrado um lobisomem adulto – mas seu pai, Harry, que soube o que Sirius tinha feito, foi procurar Snape e puxou-o para fora, arriscando a própria vida... Snape, porém, me viu, no fim do túnel. Dumbledore o proibiu de contar a quem quer que fosse, mas desde então ele ficou sabendo o que eu era…

— Então é por isso que aquele Seboso não gosta de você — disse — porque achou que você estava participando da brincadeira?

— Isso mesmo — zombou uma voz fria vinda da parede atrás do meu padrinho.

Snape removia a Capa da Invisibilidade e segurava a varinha apontada diretamente para meu padrinho.

Em um movimento automático tampei minha boca com as duas mãos com os olhos arregalados. Hermione gritou. Black levantou-se de um salto.

— Encontrei isso ao pé do Salgueiro Lutador — disse Snape, atirando a capa para o lado, mas tendo o cuidado de manter a varinha apontada diretamente para o peito do meu padrinho. — Muito útil, Potter, obrigado…

Seboso parecia estar ligeiramente sem fôlego, mas o rosto expressava contido triunfo.

— Vocês talvez estejam se perguntando como foi que eu soube que estavam aqui? — disse com os olhos brilhantes. — Acabei de passar por sua sala, Lupin. Você esqueceu de tomar sua poção hoje à noite, então resolvi lhe levar um cálice. E foi uma sorte... Sorte para mim, quero dizer. Encontrei em cima de sua mesa um certo mapa. Bastou uma olhada para me dizer tudo que eu precisava saber. Vi você correr por essa passagem e desaparecer de vista.

— Severus... — começou meu padrinho, mas Seboso atropelou-o.

— Eu disse ao diretor várias vezes que você estava ajudando o seu velho amigo Black a entrar no castelo, Lupin, e aqui tenho a prova. Nem mesmo eu poderia sonhar que você teria o topete de usar este lugar antigo como esconderijo…

— Severus, você está cometendo um engano — disse meu padrinho com urgência na voz. — Você não sabe de tudo, posso explicar, Sirius não está aqui para matar Harry…

— Mais dois para Azkaban esta noite — disse Snape, os olhos brilhando de fanatismo. — Vou ficar curioso para saber como Dumbledore vai encarar isso... Ele estava convencido de que você era inofensivo, sabe, Lupin... Um lobisomem manso…

— Seu tolo — disse meu padrinho com brandura. — Será que um ressentimento de criança é suficiente para mandar um homem inocente de volta para Azkaban?

BANQUE!

Cordas finais que lembravam cobras jorraram da ponta da varinha de Snape e se enrolaram em torno da boca do meu padrinho, dos seus punhos e tornozelos; ele perdeu o equilíbrio e caiu no chão, incapaz de se mexer.

— Padrinho! — exclamei tentando avançar até ele e vi Black avançando no Seboso, mas este apontou a varinha entre os olhos de Black.

— É só me dar um motivo — sussurrou o professor. — É só me dar um motivo, e juro que faço.

Black se imobilizou.

— E quanto a senhorita é melhor ficar onde está — disse Seboso com rispidez para mim.

— Solta o meu padrinho! — falei alto e claro com a cabeça erguida.

— Não me venha com sarcasmos, senhorita Black, você está muito encrencada — bufou Seboso. — Acha mesmo que esqueci o que disse minutos atrás?

— Acredito que não, já que não passa de um cara rancoroso com assuntos passados, pois mesmo depois de adulto continua guardando remorso por uma simples brincadeira — rebati estupidamente.

— Ora sua…

— Não levante a voz para ela — rugiu Black entre os dentes.

— Oras, agora vai querer fazer o papel de papai, Black? — disse Seboso com sarcasmo e aproximando mais a varinha para Black. — Ela está muito longe de ser um bom exemplo, mas é aquilo o que se esperar de uma garota que tem mesmo sangue de um criminoso e ainda por cima foi educada por um lobisomem.

Apertei com força meu punho, conforme sentia meu sangue fervendo — eu não admitia que falassem uma coisa dessa do meu padrinho. Esse idiota tem mesmo muita sorte de ser meu professor, se não juro que já estaria acabando com ele. Se bem que é melhor tomar cuidado, pois posso acabar esquecendo disso.

Irritada, sem desviar os olhos daquela varinha apontada para Black, Hermione decidiu falar. Ela me parecia muito assustada, mesmo assim disse, respirando com dificuldade:

— Professor... Não faria mal ouvirmos o que eles têm a dizer, f... faria?

— Senhorita Granger, repetindo o que disse a sua amiga, a senhorita está bem encrenca e já vai enfrentar uma suspensão — bufou Snape. — A senhorita, Potter, Weasley e a senhorita Black estão fora dos limites da escola em companhia de um criminoso sentenciado e de um lobisomem, pelo menos uma vez na sua vida, cale a boca.

— Mas se... Se houve um engano…

— Fique quieta, sua burrinha! — berrou Snape, parecendo de repente muito perturbado. — Não fale do que não entende! — Saíram algumas fagulhas da ponta de sua varinha, que continuava apontada para o rosto de Black. Hermione se calou, mas minha vontade de xingá-lo estava quase estourando. Como ele pode chamar a Hermione de burrinha? É um idiota! — A vingança é muito doce — sussurrou o Seboso para Black. — Como desejei ter o privilégio de apanhá-lo.

— Você é que vai fazer papel de tolo outra vez, Severus — rosnou Black. — Se esse garoto levar o rato dele até o castelo — e indicou Rony com a cabeça... — Eu vou sem criar caso…

— Até o castelo? — retrucou Snape, com voz insinuante. — Acho que não precisamos ir tão longe. Basta eu chamar os dementadores quando sairmos do salgueiro. Eles vão ficar muito satisfeitos em vê-lo, Black... Satisfeitos o suficiente para lhe dar um beijinho, eu me arriscaria a dizer…

Engoli seco, senti um frio horrível na barriga e meu coração bater forte ao ouvir: dementadores e beijinhos. Sabia o que isso significava, porém, senti um repentino medo e preocupação com tudo aquilo. Minha cabeça martelava sem parar um “não”, além de dizendo para se colocar no meio daqueles dois e arrancar a varinha de Snape. Talvez naquele momento tudo o que mais queria era ouvir a verdade e saber se ele era mesmo inocente como dizia.

Desesperada olhei para Black e a pouca cor que havia no rosto dele desapareceu.

— Você... Você tem que ouvir o que tenho a dizer — disse ele, rouco. — O rato... Olhe aquele rato…

Dei uma rápida olhada em Perebas e depois para os dois; Snape nem deveria estar ouvindo nada.

— Vamos, todos — Snape estalou os dedos e as pontas das cordas que amarravam meu padrinho voaram para suas mãos. — Eu puxo o lobisomem. Talvez os dementadores tenham um beijo para ele também…

Meu padrinho, não! Ele não… ele não… isso não… Só de me imaginar sozinha me fazia entrar numa crise de choro, minha respiração pesou e senti meus olhos lacrimejarem. Meus lábios tremiam, assim como minha mão, eu não sabia o que fazer… Ia avançar com tudo para cima de Snape, impedindo sua saída, mas Harry foi quem passou por mim e bloqueou a porta.

— Saia da frente, Potter, você já está suficientemente encrencado — rosnou Snape. — Se eu não estivesse aqui para salvar sua pele…

— O Prof. Lupin poderia ter me matado cem vezes este ano — disse Harry, ele me olhou de uma forma para me confortar. — Estive sozinho com ele monte de vezes, tomando aulas de defesa contra dementadores. Se ele estava ajudando Black, por que não me liquidou logo?

— Não me peça para imaginar como funciona a cabeça de um lobisomem — sibilou Snape. — Saia da frente, Potter.

— O senhor é patético! — berrou Harry. — Só porque eles fizeram o senhor de bobo na escola, o senhor não quer nem escutar…

— Silêncio! Não admito que falem assim comigo! — gritou Snape, parecendo mais louco que nunca. — Tal pai, tal filho, Potter! Acabei de salvar seu pescoço; você devia me agradecer de joelhos! Teria sido bem-feito se Black o tivesse matado! Você teria morrido como seu pai, arrogante demais para acreditar que poderia ter se enganado com um amigo... Agora saia da frente, ou eu vou fazer você sair. Saia da frente... Mas o que a senhorita pensa que está fazendo?

Bem no automático me juntei ao Harry para tapar a porta.

— O senhor não vai sair daqui — digo tentando me conter com a voz trêmula — irá ficar e ouvir o que ele tem a dizer — apontei para Black.

— Quem você pensa que é, garota? — gritou Snape, furioso. — Que duplinha mais nostálgica, não? Potter e Black, parece que certas coisas não mudam. Agora vocês dois saiam da minha frente!!

Basta!! Eu não aguento mais, foda-se tudo, não me importo com o que vai acontecer depois e sem me importar, saquei minha varinha com violência e apontei para Snape, exclamando:

Expelliarmus!

Só que mais vozes me acompanharam.

Houve uma explosão que fez a porta sacudir nas dobradiças: Snape foi levantado e atirado contra a parede, depois escorregou por ela até o chão, um filete de sangue escorrendo por baixo dos cabelos. Parece que ele foi nocauteado.

Depressa olhei para o lado e vi Harry com a varinha erguida, depois olhamos para os lados. Rony e Hermione também tinham tentado desarmar Snape exatamente no mesmo instante. A varinha dele voou no ar descrevendo um arco e caiu em cima da cama, ao lado de Bichento.

Tudo bem que disse não me importar com o resto, mas é vendo aquilo que percebo o quanto estou ferrada! Será que ele pelo menos está vivo? Assim estarei menos ferrada...


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?