A Herdeira dos Black escrita por Akanny Reedus


Capítulo 27
Hogsmeade




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/503418/chapter/27

Na manhã quente de sábado me levantei bem-disposta para o passeio em Hogsmeade. Claro que acordar dispostas não significa que fui a primeira como de costume fui a última. Assim que Parvati saiu do banheiro, entrei correndo para tomar meu banho e me vestir. Separei uma roupa fresca, que fora um short e uma regata preta. Calcei uma sapatilha, no rosto fiz minha maquiagem de sempre, contornei-os com delineador preto junto com uma sombra preta. Para finalizar coloquei a pulseira que meu padrinho me deu de Natal, não que fosse a primeira vez já que a usava todos os dias — diferente do colar que pertencia a minha mãe. Cabelo ficou solto mesmo, guardei minha varinha na minha bolsa tira-colo.

            Hermione terminou de se arrumar comigo, então acabamos descendo juntas. Uma coisa era certa, ela não tirou os olhos de mim, me encarava de um jeito como se tentasse ler minha mente. Deveria mesmo é estar tentando encontrar alguma brecha se Harry iria mesmo para Hogsmeade.

            Os garotos já estavam no Salão Principal tomando o café e fui de encontro até eles.

            — Bom dia — disse aos dois, sentado ao lado de Rony.

            — Bom dia, Susana — disseram os dois ao mesmo tempo.

            Enquanto me servia de torradas com geleia, dei umas breves olhadas em Hermione sentada ao lado de Gina Weasley e outras garotas. Ela não para de olhar desconfiada para gente, principalmente para o coitado do Harry. Durante o café todo não olhamos para ela, nem mesmo eu voltei a olhá-la para não criar suspeitas.

            Ontem mesmo antes de me retirar para dormir comentei com Harry que provavelmente a Hermione iria ficar de olho nele, ela estava bem atenta para ver se ele iria dar algum sinal. Por tanto recomendei de fingir que não iria para lugar nenhum com a gente, a ponto de deixar a sabe-tudo vê-lo subindo as escadas.

            Já no saguão de entrada esperando Filch consultar meu nome e depois o de Rony na lista. Harry gritou:

— Tchau! Vejo vocês quando voltarem.

Rony e eu acenamos um “tchau” para o Harry e saímos do castelo.

Chegando a Hogsmeade, fomos direto para a Dedosdemel esperar Harry. Entramos para dar uma olhada, queria muito comprar doces e Rony também.

— Estranho o Harry ainda não ter aparecido — sussurrei no ouvido de Rony enquanto escolhemos os sabores das Penas de Açúcar. — Não acha?

Rony deu uma breve olhada para a porta que tinha no fundo da loja.

— Também estou achando — disse ele, voltando a me olhar. — Será que aconteceu alguma coisa?

O olhei pensativa, sentindo uma súbita preocupação. Será que aconteceu algo com ele?

— Acho que é melhor a gente esperar mais um pouco, qualquer coisa, voltamos para o castelo — aconselhei e Rony concordou.

— Vamos ficar enrolando aqui? — perguntou Rony. — Porque já peguei o que queria.

— Eu também já peguei — disse. — Vamos esperar lá fora, pagamos e esperamos ele do lado de fora. Aqui já está ficando muito apertado.

Rony concordou e fomos pagar os nossos doces.

Saindo da Dedosdemel, optei em nos sentarmos em um banco de madeira que tinha ao lado da loja. Ficamos lá por alguns minutos, conversando sobre assuntos, mas sempre olhando para porta da loja mesmo que fosse inútil vê-lo. Nesse meio tempo fiquei trocando feijõezinhos todos os sabores com Rony.

Até que de repente ouvimos uma voz entre nós dois.

— Sou eu — murmurou Harry.

— Que foi que o atrasou? — sibilou Rony.

— Snape estava rondando o corredor…

Então ele contou que teve que voltar para o Salão Comunal com Neville por causa do Snape, depois deu uma desculpa ao Neville e assim conseguiu se encontrar com a gente.

— Vamos andar? — sugeri e os dois concordaram.

Saímos andando pela rua principal.

— Onde é que você está? — Rony perguntava toda hora pelo canto da boca. — Ainda está aí? Que coisa mais estranha…

— Toca a gente para sempre avisar que está por perto — dizia também pelo canto da boca.

Sempre vinha uma dúvida do local de Harry, ele me tocava na mão ou cutucava a mim ou Rony no ombro. Além de que mencionei para o ruivo disfarçar, fingir que estava conversando comigo.

Fomos ao correio; como também não conhecia o correio, fiquei com Rony observando as corujas e até enrolei um pouco para o Harry poder ver tudo. As corujas estavam pousadas e piavam baixinho, no mínimo umas trezentas; desde as cinzentas de grande porte até as muito pequenas (“Somente para entregas locais”), que eram tão mínimas que caberiam na palma da minha mão.

— Você nunca teve vontade de ter uma coruja, além de um gato? — perguntou Rony enquanto via uma pequena corujinha marrom que não parava de pensar para mim. — Coruja é melhor.

— Eu sempre gostei de gatos, sempre tive vontade de ter um, mas gatos são caros e meu padrinho não tem tanto dinheiro. Então por causa disso já estava começando a desistir de ter um e iria mudar para uma coruja, mas em uma certa manhã, meu padrinho apareceu com Taran. Desde então nunca senti falta de uma coruja.

— Que mau gosto — resmungou Rony me fazendo rir.

Coloquei o braço no ombro dele e ao sentir o Harry dizendo um “pronto” no meu ouvido, disse:

— Já vi tudo Rony, vamos, estou doida para conhecer a Zonko's…

Essa era a segunda loja dos sonhos de Hogsmeade, depois das Dedosdemel. A loja estava lotada de alunos, às vezes até senti Harry se segurando no meu ombro por causa da aglomeração. Ele deveria estar fazendo o máximo para não pisar em ninguém. Havia logros e brincadeiras para satisfazer até os meus sonhos mais absurdos. Peguei várias coisas, tudo para poder me divertir em Hogwarts e para pagar o que devo aos gêmeos, já que peguei tanta coisa emprestada deles.

Harry ia passando instruções para mim e ao Rony; passando um pouco de ouro para pagar.

Sai da Zonko’s com o meu bolsinho de dinheiro mais leve e com minha bolsa lotada de bombas de bosta e de tinta, soluços doces, sabão de ovas de sapo e muito mais…

Como o tempo estava bom, com uma brisa suave, decidimos passar reto pelo Três Vassouras e subimos uma ladeira para visitar a Casa dos Gritos, o lugar mais mal-assombrado da Grã-Bretanha. Ficava um pouco mais alta do que o resto do povoado, janelas fechadas com tábuas e um jardim úmido e malcuidado.

— Já disse que é a casa mais mal-assombrada da Grã-Bretanha?

— Você já disse isso umas quinhentas vezes — disse ao Rony que não parava de comentar sobre a casa.

— Ah, desculpe — ele se desculpou com as orelhas vermelhas.

Me aproximei mais da cerca para olhar melhor a casa.

— Até os fantasmas de Hogwarts evitam a casa — disse Rony quando se debruçava na cerca para apreciá-la. — Perguntei a Nick Quase sem Cabeça... Ele diz que soube que mora aí uma turma da pesada.

— Que tal a gente se aproximar? — sugeri com um sorriso maroto. — Dar uma olhada na casa?

— Não! — exclamou Rony quando ia puxar ele pelo braço.

— Por quê?

— Ninguém consegue entrar.

— Jura? — falei com um sorriso sarcástico.

— Sim.

— Hm... E como sabe disso?

— Fred e Jorge tentaram, é claro, mas todas as entradas estão tampadas…

— Mesmo assim, Rony, vamos de qualquer jeito e não iremos sozinhos, certo?

— Certo — respondeu Harry.

Peguei Rony pela mão e o comecei a puxá-lo para passar pela cerca, mas o garoto insistia em recusar.

— Para de ficar enrolando, Rony — dizia enquanto o puxava.

— Susana, não, eu estou bem aqui…

Era impossível tirar Rony de lá, até porque ele era mais pesado e maior que eu, não tinha a mínima chance. E antes de abrir a boca para dizer mais alguma coisa, ouvi vozes se aproximando. Havia gente subindo em direção à casa pelo outro lado da elevação; momentos depois, o idiota do Malfoy apareceu, seguido de perto por Crabbe e Goyle. Malfoy vinha falando.

—... Devo receber uma coruja do meu pai a qualquer hora. Ele teve que ir à audiência para depor sobre o meu braço... Que ficou inutilizado durante três meses…

Crabbe e Goyle riram.

— Eu bem que gostaria de ouvir aquele paspalhão grisalho se defendendo... “Ele não tem uma natureza má”, honestamente, aquele hipogrifo pode se considerar morto…

Parece que agora ele reparou que já tinha gente por aqui porque ele parou e ao ver nos ver, percebi que ele fechou a cara e olhou um pouco contente para Rony. Só que do nada o seu rosto pálido se abriu num sorriso maldoso.

— Que é que vocês andam fazendo?

Malfoy ergueu os olhos para a casa dos gritos, às costas de Rony e eu.

— Acho que você gostaria de morar aqui, não, Weasley? Sonhando com um quarto só para você? Ouvi falar que a sua família toda dorme em um quarto só. É verdade?

— Cala a boca, Malfoy!

— O que foi que disse?

— Ele mandou você calar a boca e eu estou mandando você se ferrar — falei com um sorriso cínico.

Malfoy me olhou de cara fechada.

— Vejam só, a famosa Susana Black tendo um encontro amoroso com o Weasley — senti um pouco de sarcasmo nas palavras dele.

— Pois é — concordei ironicamente — aqui estou com o Rony, que é um ótimo acompanhante. Problemas? Estávamos se divertindo muito até você e seus amiguinhos que parecem mais trasgos, aparecerem.

Soltei a mão de Rony e passei o braço em volta dele o abraçando de lado. Reparei que ele ficou um pouco sem jeito, vermelho, me fazendo rir um pouco. Mas não demorou para ele retribuir o abraço e colocar o braço no meu ombro. Assim ficando de frente para Madame que parecia estar espumando.

— E eu pensando que tinha bom gosto, só que pelo jeito me enganei — dizia Malfoy. — É mesmo uma traidora de sangue, uma vergonha para toda família, Black.

— Cala a boca, Malfoy! Não fale assim dela — Rony se soltou de mim e antes de tentar pular em cima da Madame, eu entrei na frente dele.

Mais uma vez a Madame abriu um sorriso maldoso e disse:

— Acho que está na hora de dar uma liçãozinha no Weasley; ensiná-lo a respeitar os seus superiores.

— Superiores? Com certeza não está se referindo a você — retruquei sarcasticamente.

— Ora sua…

SPLASH!

A cabeça de Malfoy foi empurrada para frente quando a lama o atingiu; de repente, seus cabelos loiro-platinado começaram a escorrer lama.

— Quem...?

Rony e eu tivemos que nos segurar na cerca para não cairmos de tanto rir.

Malfoy, Crabbe e Goyle se viraram no mesmo lugar, olhando para todos os lados, agitados, enquanto Malfoy tentava limpar os cabelos.

— Que foi isso? Quem fez isso?

— É verdade então sobre o que dizem do lugar, não é, Susana? — falou Rony, com ar de quem está comentando o tempo.

— Parece que não é só a casa que é mal-assombrada, aqui do lado de fora também é.

Crabbe e Goyle ficaram assustados. Parece que os músculos avantajados dos dois eram inúteis contra fantasmas. Já Malfoy examinava, furioso, a paisagem deserta.

Harry rodeou Crabbe, apanhou um pedaço de pau e arremessou-o contra as costas dele. Eu não conseguia aguentar de tanto rir ao ver que o idiota fez uma pirueta no ar, tentando ver quem o atacara. Como Rony e eu fomos as únicas pessoas que ele viu, foi para gente que Crabbe avançou, mas antes de chegar ele tropeçou e acabou que o resultado não foi muito bom... O que fez parar de rir na hora. Por causa do pé do Crabbe a capa acabou escorregando do rosto de Harry.

Por uma fração de segundo, Malfoy arregalou os olhos e o fitou.

— POTTER! — berrou ele, apontando para a cabeça de Harry.

Então, deu as costas e fugiu a toda, morro abaixo, com Crabbe e Goyle atrás.

— Harry! — chamei, indo correndo até onde ele desapareceu. — Corre! Você precisa voltar logo para o castelo, antes que Malfoy conte para alguém e você não está lá. DEPRESSA!

— Vejo vocês mais tarde — disse ele, que deve ter saído correndo.

Droga! Está tudo muito bom para acabar assim.

Harry iria precisar da gente, não dá para deixá-lo sozinho nisso.

— Aonde você está indo? — exclamou Rony quando me viu se afastando como doida.

— Vem logo, Rony! Precisamos voltar para o castelo e ajudar o Harry!

Ele apenas concordou e fomos correndo o mais rápido que podíamos para o castelo. Aquilo acabou gerando vários olhares dos alunos que estavam em Hogsmeade, inclusive sem querer, acabamos esbarrando em alguns grupinhos.

Parecia que o castelo nunca chegava e quanto mais Rony e eu corríamos, parecia que aquela porcaria ficava mais longe — até que finalmente chegamos. Ao entrar no saguão de entrada, parei e tirei as minhas sandálias.

— O que você está fazendo? — perguntou Rony perplexo.

— Corro mais rápido sem elas. — Dito e feito consegui sentir mais os pés e correr mais rápido descalça.

Primeiro fomos até a sala comunal arriscando que ele poderia estar lá, Rony gritou a senha para Mulher Gorda e passamos pelo buraco gritando o nome do Harry para uma sala apenas com alunos do primeiro e segundo ano; incluindo Neville que apareceu no fundo da sala.

— Harry ainda não voltou — disse Neville se aproximando. — Ele disse que ia na biblioteca pegar a redação dele, mas ainda não voltou.

— Biblioteca?

— Ah, certo, então vamos para a biblioteca.

— Mas ele não... Ai! — dei um beliscão no braço do Rony antes dele terminar de falar e lancei um olhar de aviso. — V-valeu por avisar, vamos vê-lo na biblioteca.

Viramos novamente para atravessar o quadro, mas antes fiz um pedido ao Neville.

— Neville, será que pode ficar com meu sapato por um minuto? — Não o esperei responder e joguei os pares, mas parou primeiro no chão antes dele pegar. — Depois pego de volta. Obrigada!

Atravessamos o quadro com protesto da Mulher Gorda, reclamando para gente decidir se ia ficar ou sair, mas nem demos bola. Só que no meio do caminho Rony parou e eu fiz o mesmo.

— Aonde vamos? Harry não está na biblioteca, disso posso ter certeza.

— Óbvio que não — disse ao Rony.

— Então...?

— Pensa por um minuto, se Harry não voltou para a Sala Comunal então pode ter acontecido dele ter sido pego por um professor.

— E qual…

— Qual seria o primeiro professor que Malfoy teria o prazer de dizer que viu Harry e o ferraria sem nenhum problema?

— Snape — falou Rony pensativo. — Com certeza o Malfoy contou ao Snape e Harry pode estar com ele.

— Exato.

— Então onde Harry estaria agora?

— Vamos para as masmorras, na sala do Snape, sinto que Harry foi para lá e ele precisa mais do nunca da gente.

Rony concordou. Voltamos a correr até as masmorras, não sentia mais meus pés e nem sabia mais direito o que era respirar. Nos esforçamos ao máximo para descer aquelas escadas de merda até a sala do Seboso. Quando chegamos perto da porta ouvimos a voz de uma outra pessoa, meu padrinho.

— Está vendo, Severus? — disse meu padrinho. — A mim parece um produto da Zonko’s…

Abrimos a porta da sala com tudo e entramos completamente sem fôlego. Parei diante da escrivaninha de Snape, apertando a mão no peito, e com muito esforço tentei falar.

— Eu... Dei... Isso... A... Harry — disse sentindo meu pulmão sufocado e com esforço me aproximei de Harry tocando o ombro dele.

— A senhorita deu esse pergaminho ao Potter? — disse Snape me fazendo sentir um pouco de desdém na voz.

Demorei um pouco para responder e o Seboso insistiu novamente.

— Responda, senhorita Black…

— Será que... Posso tomar fôlego? — perguntei nervosa.

Olhei meu padrinho que estava ao lado de Snape e segurando o mapa.

— Pronto, agora posso falar — falei voltando a olhar o Seboso. — Respondendo a sua pergunta, professor, a resposta é sim. Eu dei esse pedaço de pergaminho ao Harry, comprei na Zonko’s, no primeiro dia que fui à Hogsmeade.

— Eu sou a testemunha — disse Rony ainda apoiado na escrivaninha. — Vi quando ela comprou.

— Bem! — disse meu padrinho batendo palmas e olhando à sua volta animado. — Isso parece esclarecer tudo! Severus, vou devolver isto, posso?

Ele dobrou o mapa e o guardou nas vestes.

— Não acho muito irônico isso, Lupin? — falou Snape fazendo meu padrinho olhá-lo. — Justamente isso está nas mãos da sua afilhada?

— Está querendo me dizer que Susana, não comprou na Zonko’s e sim dos fabricantes?

Agora me senti uma idiota… Como assim que consegui pelos fabricantes?

— Por que não?

— Susana, me responda, por acaso você conhece o Sr. Rabicho? Ou o Sr. Pontas? Ou algum dos nomes no pergaminho?

— Não — respondi ainda sem entender. — Claro que não.

O que era uma grande verdade porque não fazia a mínima ideia quem eram esses caras. Eu vou saber quem são Rabicho, Almofadinhas, Aluado e Pontas? Só imagino que sejam os criadores do mapa, mas não os conheço.

— Eu já respondi que comprei esse pergaminho na Zonko’s e só.

— Viu só, Severo? Ela também não conhece nenhum deles — disse meu padrinho.

Snape parecia furioso, mas antes de dizer mais alguma coisa meu padrinho inventou uma desculpa para tirar a gente de lá.

— Susana, Harry e Rony, venham comigo, preciso dar uma palavra sobre a redação dos vampiros, você nos dá licença, Severus…

Fomos até um corredor bem afastado das masmorras antes de alguém decidir falar. Não tirei os olhos do meu padrinho que não tinha a melhor cara, parecia furioso, não era a primeira vez que o via daquela forma.

— Padrinho…

— Não quero ouvir explicações — ele disse, aborrecido.

Ele espiou o saguão vazio e baixou a voz.

— Por acaso eu sei que este mapa foi confiscado pelo Sr. Filch há muitos anos. É, eu sei que é um mapa — disse meu padrinho ao nos ver surpresos. — Não quero saber como você o obteve, Harry. Estou abismado, no entanto, que não o tenha entregado a alguém responsável. Especialmente depois do que aconteceu na última vez em que um aluno deixou uma informação sobre o castelo largado por aí. E não posso deixar você ficar com o mapa, Harry.

Abaixei um pouco o olhar para Harry, depois para o chão ou até olhei qualquer outro lugar, mas não conseguia olhar meu padrinho. Me sentia totalmente sem graça perto dele, suas palavras me pegaram de jeito, me sentia péssima mais por Harry estar levando toda aquela bronca sozinha sendo a culpa nem foi dele.

— Por que Snape achou que Susana e eu tínhamos obtido o mapa dos fabricantes?

— Porque... — meu padrinho hesitou — porque a intenção desses fabricantes de mapas era atraí-lo para fora da escola. Teriam achado isso muitíssimo divertido.

— O senhor os conhece? — perguntou Harry impressionado.

— Já nos encontramos — disse meu padrinho com rispidez.

Acho que a última vez que vi meu padrinho daquela forma foi quando Madame Maxime o chamou para dizer que não me aguentava mais na escola dela.

— Não espere que lhe dê cobertura outra vez, Harry. Não posso fazer você levar Sirius Black à sério. Mas eu teria pensado o que você ouve quando os dementadores se aproximam teria produzido algum efeito em você. Os seus pais deram a vida para mantê-lo vivo, Harry. É uma retribuição indigente, trocar o sacrifício deles por uma saca de truques mágicos.

Agora a atenção do meu padrinho foi para mim.

— E quanto a senhorita, coloque um sapato, senão vai acabar ficando doente andando descalças nesse chão gelado. Mesmo estando quente, eu sei a facilidade que você tem para pegar um resfriado…

Eu o encarei, mas desviei rapidamente para os meus pés.

— Ah, e por favor, não se meta em mais problemas como a que quase teve agora pouco.

Não disse nada, apenas assenti e ouvi seus passos se afastar.

Lentamente, Harry, Rony e eu subimos a escadaria de mármore. Quando passamos pela bruxa de um olho foi que me senti por completo a pior pessoa. Me xinguei por ser tão idiota, por sempre fazer os outros se meterem em problemas por minha causa.

— A culpa é minha — disse Rony sem rodeios. — Eu o convenci a ir.

— Não, eu tive mais culpa nisso tudo, quem ficou no pé do Harry para vir fui eu — falei sentindo minha cabeça latejar. — Eu preciso parar com isso, preciso parar de fazer os outros se darem mal por minha culpa. Se não tivesse me comportado feito uma idiota, Harry não teria levado essa bronca do meu padrinho.

— Não diga isso, eu também insisti para ele vim com a gente. Não se culpe sozinha. Lupin tem razão, foi uma estupidez e não devíamos ter feito isso…

Ele parou de falar, pois tínhamos chegado ao corredor onde os trasgos de segurança estavam patrulhando e Hermione vinha ao encontro da gente. Uma olhada no rosto dela me veio na cabeça que ela ouviu tudo, provavelmente iria sair contando para a McGonagall.

— Era só essa que faltava... — murmurei sem ânimo.

— Veio tripudiar? — perguntou Rony ferozmente quando a sabe-tudo parou diante de nós. — Ou acabou de nos denunciar?

— Não — respondeu Hermione. Ela segurava uma carta nas mãos e seus lábios tremiam. — Só achei que vocês deviam saber... Hagrid perdeu o caso. Bicuço vai ser executado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Herdeira dos Black" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.