No mesmo dia que Thor Odinson trouxe seu irmão adotivo para a base Nova Yorkina da SHIELD teve que partir, a situação das batalhas em seu planeta realmente exigiam sua presença comandando e guerreando. Foi um pouco decepcionante para Lola, ela esperava poder estudar o alienígena através de traços comportamentais, e fazer a ele uma série de perguntas sobre o seu mundo em outro canto remoto do universo.

De uma coisa ela sabia, não iria poder fazer as mesmas perguntas ao outro; o irmão maligno e criminoso estava ironicamente sendo mantido nas profundezas do prédio, além de estar sempre na presença de um vingador, o caminho para Loki era guardado por quase um exército de agentes bem armados e dezenas de portas com códigos que ela não tinha acesso.

Então ir conhecer o arqui-inimigo mais antigo dos vingadores estava fora de questão, mesmo sendo uma ideia terrivelmente interessante para a Stark.

As semanas que se seguiram foram gozadas aos olhos dela, a dinâmica das pessoas pelo prédio havia mudado bastante, os agentes comuns andavam com um ar de medo mesclado com orgulho, eles não ficavam confortáveis com o fato de trabalharem sobre o que agora havia se tornado um calabouço para o ser que não há muitos anos atrás quase causou a destruição completa daquela mesma cidade.

Até os próprios Avengers estavam agindo meio tensos, não que eles estivessem com medo também, mas pela última experiência, não confiavam em ter Loki como prisioneiro. Lola ao mesmo tempo que não compreendia, compreendia. Ela não sentia esse temor ou receio em estar há poucos andares acima do deus da Trapaça.

Ela própria tentava se entender e conseguia, diferente dos outros, Lola nunca vira nada sobre as maldades de Loki, apenas ouvira falar sobre os outros, nunca vira as perversidades que ele era capaz de fazer, não teve um agente parceiro ou amigo morto pelo asgardiano, ou pelos chitauris.

Primariamente, Loki só era um cara estranho com roupas esquisitas de origem alienígena que despertava sua curiosidade científica típica. Ele era como um ratinho de laboratório, e Lola queria muito dissecá-lo e estudar seus órgãos viscerais. Mas ela sabia que o próprio Anthony não ficaria muito satisfeito se ela tivesse contato direto com a criatura. Ele estava muito protetor ultimamente.

...

– Na... tasha! Me leva, por... favor! - Lola estava no chão recebendo uma chave de braço da ruiva.

– Sem chance! - Romanoff soltou o pescoço de Lola, a Stark estava batendo a mão no forro do tatame desistindo da luta.

– Pensei que você estava gostando de mim e que estávamos nos tornando amigas. - Lola aceitou o braço que Natasha ofereceu para ajudá-la.

– Nós estamos, mas Loki é uma missão e tanto, responsabilidade demais... Não quero me comprometer com a sua segurança lá embaixo.

...

– Clint!... Me leva com você? - Lola girava habilmente pelo chão, enquanto atirava nos alvos em movimento numa sala de simulações.

– Nem morto! ... - Ele respondeu de dentro de sua câmara superior avaliando o desempenho de XX-23.

– Ah!... Mas por quê? - Ela insistiu.

– Primeiro, porque você não está treinada o suficiente para conseguir se defender caso algo dê errado... e, segundo, porque Loki possui capacidade manipuladora além de nossa compreensão... - Barton orgulhava-se de seu pupilo que acertava os alvos em cheio mesmo dando saltos e corridas.

– Mas ele está sem o cetro "mágico" dele!

– Prefiro não arriscar... - Clint encerrou o.assunto.

...

– NÃO! - Bruce disse sem nem pestanejar.

– Mas Bruce!...

– Nem vem com esses olhinhos brilhando pra.cima de mim!... Eu pedi liberação da missão para não chegar perto de Loki, e não vai ser porque você quer brincar de antropóloga espacial que eu vou descer até lá! - Banner cruzou os braços.

– Ah! Por favor! - Lola fazia uma carinha mais doce.

– De jeito nenhum!... Hulk gosta de brincar com ele... Não quero dar a chance dele aparecer... - Banner retrucou.

– Aff! Vocês Vingadores são muito medrosos! - Lola bufou.

– Somos cautelosos, isso sim! - Banner rebateu.

– Também não quero explodir mais nada agora! - Lola se emburrou como uma criança mimada e parou de mexer nas substâncias em cima da bancada do laboratório.

Isso nem chegou a fazer cócegas em Bruce, ele estava irredutível.

...

Lola estava com um horário vago, sentada no sofá de uma área de lazer com televisão, ela via os programas, mas nada dissipava sua birra, e seu bico do tamanho do mundo.

– Oi, Lola... Não está encontrando algo que a agrade? - Steve Rogers se aproximou, ele também estava com um tempo livre e não queria ficar em seu quarto sozinho.

Acabou encontrando-a mudando descontroladamente os canais da TV.

– Vocês, Vingadores são um bando de frouxos! - Ela explodiu em Rogers, que por sua vez caiu em uma gargalhada ao invés de se ofender, o jeitinho da Lola birrenta por um motivo até então desconhecido por ele, o divertia.

– O que houve? - Ele tentou parar de rir, ela o olhou rindo dela com olhos transparecendo tédio.

– Ninguém quer me levar para ver o E.T., e o primeiro a se negar e a fazer a cabeça dos outros foi o desnaturado do meu irmão. - O bico de Lola só fazia aumentar de tamanho.

– Ah! É isso?! - Steve riu de novo. Lola o lançou outro olhar de tédio.

– Bem... Você não pediu a mim... - Steve parou de rir e sorriu para ela.

– E faria diferença?!... Se os outros desvirtuados não me levariam, o honrado e benfeitor Capitão ...América... levaria? - Lola ainda tinha dificuldade em falar a palavra.

– O Capitão, não... Mas o Steve Rogers, talvez... - Ele sorriu torto como se estivesse secretando algo.

– Sério?! - Lola mudou sua feição para uma contente.

– Sim... Mas você teria que seguir algumas regras...

– Tava bom demais pra ser verdade... - Lola revirou os olhos. -... Quais regras?

– Basicamente... Não se aproximar muito dele, e não tentar soltá-lo nem se ele for o mais convincente possível. - Rogers explanou.

– Ah, é só isso? Pode deixar! - Ela disse aliviada.

– Promete?

– Prometo!

– Então se você quiser pode me encontrar no corredor 57 daqui a três horas, é quando meu turno de "carcereiro" começará...

– Ah, Steve! - Lola pulou na direção de Rogers e enlaçou o pescoço dele em um abraço agradecido involuntário.

– Obrigada!... - Quando ela percebeu o que estava fazendo o soltou sem graça. - Err... Eu... Queria muito isso...

– Eu também. - Steve confessou com uma coragem que surgiu não sei da onde falando sobre o abraço.

– Eu tava falando em conhecer um alienígena... - Ela encarou o chão tímida.

– Err... - Steve tentou se retratar, mas não deu certo. - E eu... também...