Lola correu em disparada pelos corredores assim que abandonou Steve e Natasha juntos. A Stark pegou o elevador e lá mesmo começou suas reflexões inevitáveis à medida que seu organismo desacelerava da corrida.

"O que tinha sido aquilo? O que significava?" – Lola estava recostada na parede metálica do elevador - "Steve ia me beijar? Sim, ele ia!"– um sorriso imenso surgira em seu rosto enquanto tais pensamentos chegavam a sua mente. "Steve gosta de mim do jeito que um menino gosta de uma menina? Sim, só pode ser isso!"– Lola desceu do elevador e começou a andar procurando a direção do refeitório.

"E eu? Gosto dele dessa maneira?... Oh, sim! Eu acho que gosto!" – Ela lamentava bastante o fato de Romanoff tê-los atrapalhado, queria muito ter dado o seu primeiro beijo naquele instante. Ter descoberto como era um beijo. Ter descoberto como era o beijo de Steve.

Não era uma coisa que ela tivesse devaneado antes. Lola nunca tinha se imaginado beijando Steve antes, principalmente porque achava uma coisa sem pé nem cabeça, ele era amigo dela, não teria sentido Ele querer algo mais; Lola sempre se considerou desinteressante e nada atraente ao sexo oposto, mas isso não a impedia de querer ser beijada por ele em outras vezes quando ficavam próximos demais.

Lola reprimia o que quer que estivesse sentindo por hábito, acostumada a nunca ser correspondida, e o fato dele ser o Capitão América só a estimulou a reprimir mais ainda. Era uma repulsa como ele mesmo nomeou assim. Mas agora ela não existia mais? Claro que existia ainda! Ela não podia escutar a expressão "soldados americanos" que todo o seu interior se contorceria trazendo de volta às memórias daquela noite sanguinária e, consequentemente, a raiva também.

Entretanto, o que Steve falou era verdade. Lola havia se acostumado a vê-lo no uniforme tanto quanto sem, ao ponto de que quando ela olhava para o Capitão América, era Steve Rogers quem ela enxergava, e não mais um "palhaço com as cores amaldiçoados" como ela costumava dizer a Howard.

E quando era a predominância de Steve Rogers que ela via, Lola só conseguia sentir afeto, nada de aversão. Quando ela o olhava tinha certeza de que via um homem, um homem de verdade.

Doce, protetor, digno da liderança que adquiriu, atencioso, gentil, disciplinado. O que mais uma garota poderia querer?! Tudo bem que ele tinha todos aqueles músculos que ela nunca valorizou, mas ninguém é perfeito. E para ser sincera, Lola até que achava que toda aquela carne em excesso combinava com ele.

Ah! E aqueles olhos. "Perigosamente azuis" como diria Samuel, o melhor amigo falecido dela. Como ela queria que ele estivesse ali com ela para lhe secretar aqueles pensamentos sobre Steve, mesmo que ele devesse estar com quase setenta anos se ainda vivesse.

Lola até podia imaginar o que ele diria, "Lolita, se você não agarrar esse bofe da próxima vez que o ver, eu mesmo agarrarei!", e ela ia acabar respondendo algo como "Samantha, conforme-se! Não foi você quem ele teria beijado se não fosse pela prima russa do Peter Parker".

Lola se abraçou contente caminhando na direção do refeitório. Ela não deixou que a saudade de Sammy diminuísse a felicidade repentina que a invadiu depois das agressões verbais de Loki, mesmo nada tendo realmente acontecido, e a seus lábios continuando virgens.

Chegando ao ambiente, ela parou no meio do caminho olhando Bruce e Clint comendo. Em breve, Steve também chegaria para almoçar. OH MEU DEUS! Com que cara ela olharia para ele logo, logo?!

Lola sentiu inveja da atitude do fantasma de Samuel em sua cabeça. Ela tinha vivido "na prática" vinte e dois anos, e foram 22 anos sem nunca ter beijado ninguém, o que demonstra a existência de certa timidez quando se trata do campo amoroso dela.

A Stark varreu a imensa copa com os olhos e mudou sua rota quando encontrou a Agente Crane sentada conversando com duas outras agentes.

– Posso me sentar com vocês? - A voz de Lola saiu um pouco nervosa. Era uma mesa de quatro cadeiras.

– Claro que pode. - Emily sorriu.

– Okay, vou montar meu prato e já volto. - Ela anunciou e foi até a bancada.

A Stark nem prestava atenção no resto da sala ou no quê estava colocando no seu prato, ela apenas conversava consigo mesma mentalmente como se fosse um mantra: "... haja normalmente, nada aconteceu, haja normalmente... Oh, droga! Natasha viu!... haja normalmente, nada aconteceu... Oh, Deus! Ela vai contar pro Tony!... haja normalmente... seja você mesma... nada aconteceu... Aconteceu sim! Ele ia me beijar!... Dolores Francisca Stark! Não ouse agir feito criança e estragar a chance dele tentar te beijar outra vez!"

– Alface? Não é saudável demais para você?! - A voz de alguém ao lado dela também montando seu prato avaliou a combinação alimentícia de Lola.

A garota ergueu a cabeça sendo despertada de seu mantra.

"Oh, Droga! Perigosamente azuis, agora não!"

– Err... Oi, Steve. - Lola quase derrubou sua bandeja.

– Oi. - Ele disse meio acanhado pelo contato visual.

– Err... Tchau. - Lola partiu sem mesmo terminar seu prato.

"DROGA! DROGA! DROGA! Eu te disse o quê Dolores?!... NORMALMENTE! E não fugir como uma capivara assustada!"– Lola se recriminava já sentada na mesa das meninas.

– O que houve? - Emily perguntou observando-a atentamente.

– Nada!... Por quê? - Lola olhou para os lados.

– Você parece tensa. - Crane disse.

– Impressão sua! - Lola tentou desviar. -Mas vamos... Me atualize sobre você e o Banner. - Ela olhou Emily com malícia.

Conversa vai, conversa vem. Lola criou um pouco de coragem, que veio não sei de onde, para procurar Rogers com os olhos por cima do ombro. E lá estava ele. Lindo e fofo comendo ao lado de Clint.

Lola inspirou fundo, ainda não conseguia acreditar que aquele pedaço de perfeição queria beijá-la. Oh! E ela queria tanto que ele tivesse feito. A Stark não conseguia entender a profundidade do que sentia, mas não restava dúvida algum de que era um sentimento muito maior do que amizade.

O pior seria ter que admitir isso ao Anthony, com certeza ele ficaria insuportável por ter sua teoria de radar para casais mal resolvidos confirmada.

Foi então que Steve ergueu sua cabeça procurando-a, ele estava fazendo muito aquilo durante seu almoço e tinha ganhado até um comentário maldoso de Barton por causa disso.

Lola encontrou "perigosamente azuis" outra vez, e se segurou para não desviar o olhar e não fazê-lo pensar acidentalmente que ela não queria aquele beijo não dado. Ela não queria desencorajá-lo, pelo contrário, a Stark queria motivá-lo sem entregar demais seus esforços para isso.

Então manteve o olhar fixo. Steve abriu um sorriso para ela. Lola sorriu de volta, sem conseguir evitar mostrar suas covinhas ruborizadas.

"Oh, sim! Ele definitivamente vai tentar me beijar de novo mais tarde"– Lola cortou as trocas de olhares feliz e envergonhada, voltando a mirar seu prato quase intocado.

Steve continuou sorrindo sozinho, na verdade seu sorriso se abriu ainda mais. Ela gostava dele também, só podia gostar! Ela estava com vergonha com certeza, mas Lola não estava chateada pelo quase beijo. Caso contrário, não sorriria para ele daquela maneira.

Ele deveria ir conversar com ela depois. Ele deveria chamá-la para sair mais uma vez! Steve sabia que ela não era como as outras garotas do século XXI, era óbvio que com ela as coisas seriam devagar e sérias como ele mesmo gostava que fossem. Será que ela...? Será que ela aceitaria ser sua namorada?

Infelizmente, essa perguntinha teria que esperar, pois os acontecimentos do resto do dia não seriam nada felizes para o Team Stola, garantindo pouca proximidade física entre eles nos dias que se seguirem.

Enquanto isso em Asgard...

– THOR! THOR! THOR! - Sif corria em desespero tentando chamar a atenção do loiro que comemorava bebendo uma espécie de vinho com outros guerreiros.

– Junte-se a nós, Sif! Brindemos ao fim da rebelião! - Thor ria tomando uma golada e oferecendo uma taça à Lady guerreira.

– Não, Thor, não acabou! - Ela disse ofegando pela corrida.

– Como assim? - Ele perguntou atento tendo sua felicidade borrada.

– Minhas tropas fizeram um grupo de rebeldes prisioneiros, e um deles pediu anistia em troca de trair o movimento nos dando informações... - Sif disse o máximo que pôde com uma puxada de ar.

– Continue. - Thor pediu inquieto.

–... Ele revelou que o próximo passo deles era parar de lutar aqui por uma mudança burocrática e partir para Midgard para assassinar Loki usando um dos próprios portais secretos dele por ironia. Thor, eles já partiram! Já estão lá! - Sif finalizou a rajada sucinta de informações.

– O QUÊ?! - Thor berrou incrédulo.

Não podia ser! Ele finalmente pensou que tudo tinha acabado. Mas ele deveria ter desconfiado! Estava tudo fácil demais para ser verdade.

– Sif, contate o Heimdall, precisaremos atravessar muitas tropas para a Terra sem demora! – Thor tentou agir rápido.

– Como quiser. – Sif fez uma reverência.

– Estamos mudando drasticamente nosso campo de batalha. – Thor disse com pesar, Nova York teria que enfrentar novamente uma guerra alienígena sobre ela.