A Odalisca escrita por Titina Swan Cullen


Capítulo 4
Capitulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oieeee, voltei. Curtam e apreciem, bjinhos



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Egito, Cairo

– Isso é loucura meu filho! - Esme seguia apressada os passos largos de Edward.- Deixe que seu pai quando voltar e nossos guardas cuidem disso.

– Não mãe, já disse. - saiu pelos portões do palácio.

Lá, cerca de cem homens já o aguardavam, prontos em seus cavalos.

– O que o nosso povo vai pensar? Você está deixando sua esposa no leito de nupcias.

– E é lá que ela deve ficar até que eu volte! - ordenou.

Havia se casado há dois dias e como a tradição, teria que permanecer até a sexta noite ao lado da esposa, mas um informante lhe trouxera uma noticia muito ruim. Não poderia esperar que seu pai voltasse da viajem do reino vizinho para resolver. Seu povo clamava por justiça e era isso que ele faria. Poria fim a toda iniquidade daquela cobra do deserto.

Beijou a testa de Esme.

– Sua benção. - se inclinou.

– Vá com Deus. E cuide-se.

Ele andou até seu amigo.

– Tem certeza, senhor? - perguntou seu conselheiro Emmet lhe trazendo a guia do cavalo - Com certeza ele ficará no Deserto por um bom tempo. Podemos esperar seu pai voltar e...

– Basta! Primeiro minha mãe e agora você?- montou seu corcel branco - Já disse que eu mesmo vou resolver isso. Há tempos quero acertar as contas com ele. E é chegada a hora. Háááá!- gritou sendo seguido por seus guardas.

Cavalgaram por horas a fio no deserto escaldante. Mas sua determinação era unica. Seu coração estava angustiado e ferido. Seus pensamentos eram levados a mulher que estava longe. A mulher que um dia o negou. Que negou sua presença, seus carinhos, seu amor. Ergueu o queixo ainda mais, com seu orgulho ferido. Mulher nenhuma jamais havia feito isso com ele. Mas ele não era homem de deixar isso barato. Não, ele não. Voltara para seu país. Cumprira com sua obrigação. E logo chegaria a hora de voltar para onde estava seu coração. Se tinha algum direito nessa vida, era esse. Ela era sua e não seria de mais ninguém.

Inglaterra - Glastonbury

No Dia Anterior

Isabella passava os dedos pelo extenso cabelo desfazendo os nós pelos cachos. Estava sentada na varanda do apartamento de sua mãe olhando os vizinhos em sua corrida pelo condomínio. Há duas semanas que tinha voltado para a casa dos pais.

E desde o dia em que se separaram, não havia um só dia sem que seus pensamentos a levassem em direção ao Deserto. Ao reino de Al Badim, que a esta altura já devia estar casado com sua princesa prometida.

Estaria ele feliz o lado da esposa? Será que sentia falta dela. Dos beijos e de todos os momentos íntimos que tiveram durante todo esse tempo em que estavam juntos?

Droga, não! Não pense nele. Porque é tão difícil pra você parar de pensar nele?

–Suas amigas ainda moram aqui. Porque não para de suspirar e vai sair um pouco? - perguntou Renné pela bilionésima vez desde que Bella voltara para o lar.

Porque não tenho ânimo. Não estou a fim. Na verdade porque nada que faço é suficiente para me fazer ficar bem.

Pensou em responder.

– Outro dia mãe.- desconversou.

– Toda vez você diz isso. Você não é a primeira nem ultima pessoa a passar por isso Bella. - Renné acariciou os cabelos da filha. Mesmo semanas longe dos cabeleireiros requintados e super caros, o brilho continuava nas mechas exuberantes do cabelo dela.

Bella sentiu um buraco abrir em seu peito. Porque mesmo que implorasse para a mãe não tocar no assunto ela sempre achava um jeito de cutucar a ferida?

– Mãe, podemos falar de outra coisa?- Isabella fez bico. Podia não ser a primeira nem a ultima, mas no momento aquilo doía muito para ela e não estava pronta para falar sobre ele.

– Claro, me desculpa. Eu prometi que vou lhe respeitar e é isso que vou fazer. - olhou para o ponto mais afastado da praça, perto das árvores. - Aliás, eu vou agora mesmo falar com o administrador. Acredita que é a terceira vez que vejo um funcionário novo só esta semana? - Bella revirou os olhos.

Isso sua mãe sabia fazer como ninguém. Tomar conta da vida dos outros.

– Eu não vi ninguém novo aqui. - disse Bella se debruçando no parapeito aproveitando os últimos raios de sol.

– Mas eu já vi três e depois isso vai ser acrescentado no valor do condomínio...

Isabella não sabia especificar em que momento, mas de repente a voz de sua mãe foi ficando ao longe até que sumiu por completo e sua memoria a levou há algum tempo atrás. Há exatos 19 meses.

" Bella aproveitava a vida e saboreava sua liberdade. Havia encontrado um emprego em uma lanchonete na cidade vizinha e alugado um pequeno apartamento. Suficiente para que pudesse pagar com seu ordenado.

O relacionamento com os pais nunca foi dos melhores. Eles ainda a consideravam como uma criança, mesmo com seus 20 anos de idade. A mãe sempre foi controladora e com o tempo parecia que aquilo só aumentava. O pai, a quem todos diziam que Bella era sua copia idêntica, aos poucos foi perdendo sua personalidade e se transformando numa marionete nas mãos de Renné.

Além do que vestir e comer, tudo era controlado por sua mãe. E era isso que ela temia para sua vida. Temia que acabasse como um fantoche nas mãos da mãe ou ainda pior, que pudesse ficar igual a ela.

A liberdade era inebriante. Fazia Bella se sentir como uma ovelha recém nascida que saia aos tropeços da escuridão ao prado verdejante. Não precisava mais fingir que as coisas estavam bem quando era evidente que não estavam.

Ela não tinha um talento em particular e não havia sido treinada para nenhum trabalho especifico. Mas era uma menina brilhante e de fácil adaptação, e sua vontade de trabalhar era tamanha que o resto da equipe da lanchonete gostava dela. Seu habito de decorar livros deu-lhe conhecimento de mundo que não correspondia a sua escolaridade o que significava que ela poderia conversar com facilidade com qualquer pessoa e por isso os turistas gostavam muito dela.

Bella cobria a falta de uma das funcionarias naquela tarde de domingo quando Edward Al Badim entrou na lanchonete. O silencio se abateu sobre local. Bella encarou aquele par de olhos quase negros a encarando de volta. Demorou um instante ou dois para que ela percebesse que aquele olhar fulminante vinha em sua direção. Ele sentou-se numa mesa próxima a ela.

Enquanto caminhava em sua direção para atendê-lo, podia sentir seus seios ficando pesados e suas mãos começando a transpirar. Ela sentia medo mas também excitação e aquilo fez com que suas palavras saíssem ofegantes e entrecortadas.

– Em que posso ajudá-lo senhor? - o sultão com os olhos em fenda, avaliou-a dos pés a cabeça.

– Pode me ajudar de formas com as quais nem sonha. - respondeu com um sotaque que Bella não reconheceu.

– Desculpe-me?

Ele balançou a cabeça como se percebesse que havia verbalizado um pensamento.

– Traga uma xicara de café. - sorriu.

–Por favor ainda se usa. - murmurou Bella.

Edward sorriu ainda mais com a ousadia da menina. Ela não imaginava com quem estava lidando. Ele não era apenas um sultão, mas um homem de muitas vontades. Vontades que ele faria questão que ela as atendesse.

Quando ela voltou, ele tinha um brilho intenso e divertido nos olhos.

–Aqui está o café. - anunciou Bella depositando a xicara na mesa - Tem açúcar e adoçante aqui. - apontou os itens. - Mas alguma coisa?

Edward sorveu um gole do café quente e amargo antes de perguntar.

– Qual o seu nome?

Bella sorriu. De todas as perguntas que ele podia fazer essa era a ultima que ela arriscaria. Até mesmo porque estava bordado na blusa do uniforme.

– Isabella. - respondeu e embora costumasse conversar com os clientes, seu sexto sentido a avisava para se afastar de Al Badim.

Mas ela não deu ouvidos para sua intuição. Conversaram durante todo o fim da tarde e ao final tudo que ela sabia era que Edward falava como ninguém que já tivesse ouvido. Seu sotaque a fazia lembrar de pedra e veludo pois era forte e macio.

Ele exalava um ar de auto controle que Bella achou irresistível. Flertava de um jeito que considerou perigoso, mas isso não a impediu de corresponder.

–Acredito que deva ouvir muitas vezes as pessoas dizerem o quanto seus olhos são bonitos. -disse ele fazendo seu coração disparar. - Eles são da cor de um cacto.

–Um cacto! -Bella olhou perplexa para ele e fez uma careta. -Um cacto horrível e cheio de espinhos? -Ele sorriu.

–Essa pode ser a visão geral da planta, sim. -concordou ele. -Apesar de ser uma das plantas mais fortes do mundo. Armazena água e sobrevive as mais árduas condições. -sorriu novamente -Além disso, as flores do cacto são de uma beleza ímpar.

Bella assentiu absorta. As palavras dele soaram como poesia.

–Por que você está corando? -Perguntou Edward.

Bella ergueu os olhos encarando-o. Imaginou como seria beijá-lo.

–Na verdade, nunca vi uma flor de cacto.- disse ela.

–Nunca viu? -Edward sorriu e houve um silencio entre eles que só foi quebrado quando um dos seguranças se aproximou entregando um celular para Al Badim.

Bella tratou de se afastar enquanto Edward saia do local exasperado.

No dia seguinte, chegou uma entrega para ela.

Ao abrir a encomenda, embrulhada em celofane e um laço bonito, Bella se deparou com um cacto. Uma única flor em sua lateral deixava a planta ainda mais perfeita. Tinha pétalas em tons vermelho cereja e rosa.

Nunca recebera flores antes e com certeza nada como aquilo. O gesto de Al Badim fez seu coração encher de alegria.

Anexo ao embrulho, um cartão com os dizeres:

Isabella, minha linda flor de cacto. Me faria o homem mais feliz do mundo se aceitasse minha companhia no jantar desta noite.

Adivinhou que era inevitável jantar com ele. O que não esperava era o desfecho da noite.

As mãos dela percorreram o corpo nu de Edward, enquanto ele a beijava e ela mordeu os lábios segurando o gemido de prazer quando ele a penetrou. Edward também gemeu ao tomá-la inteira para si. E de novo. E na terceira vez ambos já estavam exaustos. Ela estava deitada sobre o peito nu do sultão e ele acariciava seu cabelo. Bella murmurou um tanto perplexa.

– Isso foi... incrível.- Ela era bastante ingênua nos assuntos íntimos, já que teve apenas uma única vez com seu antigo namorado ainda no colegial.

–Eu sei. - comentou ele. - Você é uma mistura curiosa de inocência e malícia.

– E isso é uma coisa boa ou ruim?- Bella perguntou e por algum motivo seus olhos estavam pesados.

– Não consigo decidir. Tudo que sei é que encontrar você foi uma surpresa, como um poço de petróleo nas florestas brasileiras e por enquanto, não pretendo deixá-la sair da minha vida.

Bella se aconchegou a ele.

– Então não deixe.- murmurou desconexo - Apenas continue me segurando assim.

Era óbvio que os dois falavam de coisas diferentes.

Bella aprendera a não criar perspectiva, pensava no presente. Já Edward especulava sobre o futuro, coisa que ele jamais fazia; porque seu destino já estava traçado.

Ela lhe disse adeus na manhã seguinte esperando nunca mais vê-lo, mas para seu espanto, ele voltou na outra semana.

– Vê? - disse ele tranquilo puxando-a para seus braços. - Apenas não consigo ficar longe de você.

E passaram o fim de semana no mesmo hotel em que estiveram. No final dos dois dias, foi quando ele surgiu com uma proposta extraordinária. Bella não precisou pensar duas vezes.

– Venha comigo. - disse ele enquanto vestia o paletó de seu elegante terno.

Bella piscou.

– Pra onde?

– Pra Londres. Tenho um apartamento lá onde você poderia viver.

– Com você?

Edward sorriu travesso.

– Bem, de vez em quando.

Ah, se não tivesse sido tão ingênua!

Nada sabia sobre compromissos e disse a si mesma para não ser sentimental. Pensou em recusar.

Mas talvez ir para a cidade grande, seja uma oportunidade para conseguir um emprego melhor, ir para a faculdade. Pensou.

A quem estava enganando? Havia sido muito difícil não pensar nele nessa semana que ficaram afastados e o que mais queria era ficar perto dele.

E finalmente quando chegou a Londres, Edward contou-lhe tudo sobre seu mundo e quem realmente era, que jamais poderiam ter um relacionamento convencional.

Bella, por sua vez, não pensou sobre quanto tempo aquilo duraria. Não pensava em nada além de cada dia glorioso que vivia.

Ele não ligou para o protestos de Bella por não poder usar seu próprio cartão de credito, alegando que ele tinha dinheiro suficiente para os dois.

Queria encontrar Bella disponível no apartamento a qualquer momento em que pousasse na Inglaterra, o que tornou impossível que ela assumisse qualquer tipo de trabalho, e dessa forma deixou que ele a cobrisse de sedas e cetins e que fosse tratada como uma princesa em centros de tratamento e beleza do corpo.

Mas começou a gostar de Edward mais e mais. E foi então que começou a tentar fazer tudo ficar perfeito.

Aprendeu que tecidos caros vestiam melhor sobre a pele que tecidos baratos. Aprendeu a desfrutar de spas ao se preparar para as visitas do sultão, a ter seu corpo massageado e hidratado com cremes. Preenchia as muitas ausências do sultão, com cursos disponíveis para mulheres ricas com muito tempo disponível.

Fez curso sobre apreciação musical e arranjo de flores. Tirou um certificado de cordon bleu e aprendeu sobre historia da arte. De repente estava conseguindo se educar.

Bella aprimorava a si mesma a cada dia tornando-se a companheira perfeita de um homem poderoso. Tornara-se uma dama na mesa e uma exuberante amante na cama para Al Badim. Ele a ensinara como se portar realizando todos os seus desejos. E com o tempo ele não precisava sequer pedir, Bella só em olhá-lo sabia tudo o que ele queria e precisava.

– Acho que você me conhece mais que eu, minha querida. - ele disse numa das vezes em que voltara com os nervos em frangalhos das pressões de seu país.- Apenas em seus braços eu encontro a calma que tanto preciso.

Uma prostituta de luxo ideal! - pensou. Como nunca percebera isso?"

– Isabella Swan!- sua mãe berrou em seu ouvido trazendo Bella para o presente. - Não acredito que não ouviu uma única palavra do que eu disse.

Bella tentou recapitular toda a conversa, mas sua mente era um branco total.

– Ok mãe. Eu desisto.- colocou as duas mãos na cabeça - Do que está falando?

– Como assim de quê? - Renné perguntou indignada - Estou falando do administrador. Acabei de ligar pra ele e acredita que teve a cara de pau de dizer que não contratou ninguém nos últimos seis meses?

– Mãe, porque não esquece isso? Talvez a senhora tenha se enganado...

– Me enganado? - Ops, palavra errada.

De uma coisa Bella tinha certeza. A mãe jamais se enganava.

– Não. Não....- pegou o casaco rosa goiaba em cima do sofá.- Vou agora mesmo tirar isso a limpo.

Bella revirou os olhos vencida. Com a mãe não tinha como dialogar. Sabia que Renné era capaz de provocar uma briga lá embaixo.

Oh God, porque meu pai tinha que viajar justo agora?

Nunca esquecera da vez em que a mãe fizera um repolho voar no meio do supermercado para provar que o preço estava errado na gôndola.

– Tudo bem mãe, eu vou com a senhora. - disse.

Pegaram o elevador e a mãe não parara de reclamar uma só vez.

– Vamos ver se tem ou não um funcionário novo aqui!- disse Renné num tom de ameaça ao administrador que estava ao lado do sindico.

Bella lançou -lhes um olhar com um pedido mudo de desculpas. Assim que pisou fora do prédio, um vento cortante passou por ela fazendo com que se abraçasse.

– Devia ter trago o meu casaco. - disse Bella com os braços cruzados.

– Não se preocupe comigo meu bem. Volte para o apartamento que eu logo estou subindo.

–Eu vou. Afinal não á senhora que vive reclamando que eu não saio de casa. - sorriu - Vamos logo ver o funcionário novo.

As duas caminharam em direção a praça com Renné vezes ou outras falando o que faria com o administrador assim que trouxesse o tal homem.

A praça era cercada por arbustos intercaladas por vasos de flores. Entre eles um gato malhado dormia sossegado não se importando com as pessoas que passavam por ali.

Haviam algumas crianças correndo e ainda algumas outras pessoas se exercitando ou simplesmente conversando por ali. Renné cumprimentava todas rapidamente, mas sua determinação era em direção as árvores frondosas e bem cuidadas que ficavam na parte de trás da praça.

Alguns ciprestes e cerejeiras se estendiam pela área aberta além de ervas e flores nos caules mais inferiores das árvores. Ali já não haviam muitas pessoas e era um pouco menos iluminado devido as extensas copas das árvores.

–Estranho...- comentou Renné olhando ao redor. - Era bem aqui que aquele homem estava.

– Mãe, talvez ele já tenha ido embora. Porque não...- o gato malhado passou nessa hora no meio das pernas de Bella - Ah, que lindinho. - Se abaixou para pegar o bichano.

– Com certeza o administrador ligou para ele avisando que a gente estava a caminho. - nesse momento Renné viu uma sombra se aproximando.

– Ahhhhhh!!! - seu grito foi sufocado quando um outro homem surgiu por trás cobrindo-lhe a boca.

Antes que Bella se virasse, um pano umedecido com clorofórmio foi pressionado contra seu rosto e em segundos perdeu os sentidos.

Os dois homens encapuzados e vestidos de preto, abandonaram Renné desacordada no mesmo local e carregaram Bella até um furgão branco com o logotipo Hot Pizza, estacionado alguns metros dali.

O carro passou tranquilamente pela guarita minutos depois, deixando para o vigia uma caixa de pizza na qual alegaram estar com o endereço errado.

Bella estava grogue quando acordou. A primeira coisa que sentiu foi muita dor de cabeça. Tentou se lembrar de onde estava e o que acontecia ao seu redor.

Apesar de escuro, e do balanço constante, percebeu que estava num veiculo. Ela conseguiu distinguir a sombra de dois homens. Falavam muito baixo e ela não conseguiu distinguir o que falavam.

Por que iriam me sequestrar?

Ela não tinha dinheiro, nem sua família. Por algum motivo seus pensamentos a levaram a Edward, mas não. Ninguém ali sabia que eles tinham algum relacionamento. E já não estavam mais juntos. E ele jamais faria uma coisa dessas. Respeitou sua vontade quando ela foi embora e desde então nunca mais soube dele.

Não, não era isso. - afirmou pra si mesmo.

Bella segurou numa barra presa na lateral do veiculo e se arrastou até a porta traseira. Estava trancada por fora. Ela teria que esperar o veiculo parar em algum sinal para tentar abri-la.

Assim que o veiculo parou, Bella se quer pensou; se apoiou nas barras laterais e com as duas pernas chutou a porta.

– Socorro...alguém me ajude! - gritava Bella, mas para sua falta de sorte, o veiculo estava numa estrada deserta e escura.

Ela correu o tão rápido que suas pernas permitiram, mas logo os dois homens a alcançaram.

– Pare ou será pior! - um dos homens atras dela bradou e na mesma hora ela reconheceu aquele sotaque. Era o mesmo que tantas vezes ela ouviu com Edward.

O que estava acontecendo?

Antes que fosse pega por eles, lembrou das técnicas de defesa pessoal que seu pai havia lhe ensinado anos atrás. Bella virou-se para eles com o punho cerrado e desferiu um golpe certeiro no rosto de um dos bandidos que urrou de dor. O outro aproveitando, pegou-a por trás prendendo-a com seu corpo, não permitindo mais nenhuma chance de escapar. Assim que foi colocada no veiculo, amarraram suas mãos e boca, já que ela não parava de gritar.

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Dirigiram por cerca de duas horas até chegarem na cidade próxima onde havia um porto. O carro adentrou um do galpões, onde cerca de dez homens retiravam caixas de madeira carregadas com armas e entorpecentes. Do lado de fora, outros, vestidos com roupas militares e armados, guardavam o local.

Um homem louro, também vestido com uniforme e com uma metralhadora pendurada no corpo, fumava um cigarro jogando a fumaça pelo ar. Observava o trabalho dos demais.

De dentro do veiculo puxaram Bella que tinha já as mãos amarradas para trás do corpo, com cordas grossas e apertadas além de uma fita adesiva cinza na boca.

– Mas o que significa isso? - perguntou o homem furioso em sua língua nativa, ao ver Bella.

– Ela me deu um soco!- protestou o bandido com o lábio inchado.

– Eu disse mercadoria valiosa e olhem como vocês incompetentes a trouxeram? - Bella ouvia aquela voz e chocada encarou o sequestrador.

Tinha os olhos arregalados quando ele se aproximou puxando a fita de sua boca.

– James...James...- Bella chamou aturdida -Eu não estou mais com ele. Se você pensa que ele vai pagar algum resgate...

–Escute aqui princesa.- falou em sua lingua. Acariciou com as costas da mão o rosto dela. - Teremos que fazer uma longa viagem e não quero que me crie problemas.

– Você não está entendendo... Eu não...

–Shhh. - James sinalizou para que um dos capangas a levassem.

– James! Não! Eu não estou mais com ele! - Bella gritava tentando se soltar.

O capanga segurou firme o cotovelo de Bella empurrando-a em meio aos homens com as caixas que pareciam sequer notar que uma mulher estava sendo levada contra sua vontade.

Oh God, isso aqui é a Inglaterra. Onde está a policia quando a gente precisa?

– Cale-se. - as mãos do homem a sacudiam com tanta força que deixariam algumas marcas roxas em seu braço. Ela quase poderia sentir dor se o medo e a constatação de que estava seguindo para uma caminho sem volta não estivesse eminente a sua frente.

O barbudo olhou para James que retribui o olhar autorizando amordaçá-la novamente.

Ele conduziu Bella até um lado mais distante e aberto onde um único e pequeno avião os aguardava.

Começaram a subir à estreita e alta escada que os levaria para o interior do jatinho.

Vendo que a cada passo estava mais próxima de um pesadelo se concretizar, Bella viu como sua única chance de escapar, se jogar dali e dessa forma fugir.

Impulsionou os pés nos degraus fazendo com que ela e o truculento bandido perdessem o equilibro e quase caíssem da escada, mas o homem era muito mais forte e ágil.

– Vadia! - berrou jogando-a nos degraus. Puxou a outra arma que tinha na cintura e apontou para a cabeça de Bella que se encolheu esperando pelo disparo.

Quando puxou o gatilho, seu braço foi erguido e o tiro disparado para o alto.

– Estupido! O que ia fazer?- perguntou James que vinha logo atrás deles. - Já disse que o comprador não a quer ferida.- olhou para Bella ainda encolhida no chão. - Segure-a! - ordenou.

Com ela presa, James se abaixou e tirou uma seringa do bolso. Injetou o entorpecente que rapidamente se misturou na corrente sanguínea dela.

–Eu não queria fazer isso. - disse James vendo os olhos de Bella ficarem sonolentos. - Mas você ia acabar me causando muitos problemas.

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A viagem foi feita até Cairo e de lá teriam que ir num automóvel até o local. Bella durante toda a viagem já não sabia diferenciar o que era real ou imaginário. Pesadelos ou sonhos onde luzes dançavam misturadas a peixes e leões em sua frente. Olhos castanhos, quase negros e febris lhe fitavam intensamente e em seu intimo se sentia acolhida, quase protegida por eles.

E no sonho dançava como uma delas. Como uma odalisca deveria dançar para seu habib. Balançava o quadril de modo sedutor, acatando as ordens de seu sultão.

– Ande, acorda...- Bella era sacudida por James. - Temos que ir para outro lugar, mas antes...- jogou um tecido azul em seu colo. - vista isso.

Bella acordou meio perdida e se possível sua dor de cabeça era ainda maior. Olhou pela janela e percebeu que o local era diferente do que estavam antes e já estava de dia; na verdade, parecia ser quase a hora do chá das cinco.

– Eu não vou vestir nada disso! - Bella gritou se levantando da poltrona. Mas James a pegou de tal forma que ela calou-se.

– Ouça aqui americana estúpida! Já matei mais de cinco mil mulheres por muito menos e se eu fosse você calava essa boca antes que eu esqueça o quanto vale e eu mesmo acerte uma bala na tua cabeça!

Bella lembrou de uma das conversas com Edward sobre o fato dele ser um homem muito visado e de algumas cartas anônimas que já havia recebido. Ele havia dito que se realmente quisessem matá-lo já o teriam feito e não apenas ficar ameaçando.

– Você me sequestrou, drogou e assim que eu sair daqui vou até a primeira delegacia que encontrar! - esbravejou.

–Ótimo, pode prestar queixa agora mesmo. - abriu os braços deixando a mostra uma arma na cintura - Aqui está o delegado. Eu é que sou a lei aqui belezinha, e você está bem longe de casa agora.

Bella o olhava com incredulidade. Voltou a olhar pela pequena janela e depois para ele. Não podia ser. Que lugar era aquele? Tentou fazer o calculo de cabeça. Estaria agora no país próximo ao de Edward? Teria que descobrir; por enquanto teria que fazer o que ele mandasse, afinal ele estava armado.

– Preciso de um banheiro.- disse entredentes com as roupas na mão.

Ele acenou com a cabeça e Jane aproximou-se. Ao contrario de Bella, ela trazia um ostentoso sorriso no rosto.

Levou Isabella até o banheiro.

– Me tire daqui. - sussurrou Bella. - Me ajude a fugir.- Jane abaixou a cabeça e virou as costas ignorando-a.

Maldita! Pensou Bella, mas logo se arrependeu. Não sabia o que mulheres como Jane passavam desde o nascimento, ou melhor, sabia através das matérias televisivas sobre como as mulheres do Oriente Médio eram tratadas. E jamais pensou que poderia se tornar uma delas.

Mas é claro! Tudo agora faz sentido!

É claro que James não a estava sequestrando. Ele queria fazer dela sua amante. Sua odalisca, assim como Victoria e Jane eram.

Sempre soube do sequestro de mulheres que eram levadas para outros países como prostitutas. Porém jamais imaginou que isso pudesse acontecer com ela.

De frente ao espelho, olhou para seu corpo na procura de alguma mancha que mostrasse abusos ou agressões. Mas parecia tudo igual, fora o roxo do braço onde James e o capanga a haviam apertado, além das manchas escuras por baixo dos olhos. Levantou as mãos tocando uma de cada lado e teve vontade de chorar e por algum motivo nenhuma lágrima saiu. Encheu a mão com água da bica e lavou o rosto e percebeu que sentia muita sede. Bebeu também bastante água já que não sabia quanto tempo teria que ficar a mercê daquele monstro.

"Um assassino cruel!" As palavras de Edward ecoaram em sua cabeça.

Jane ajudou-a a vestir a difícil roupa feminina. Uma burca azul com véu, onde na parte dos olhos havia apenas uma fina rede para que pudesse enxergar.

– Ela está pronta? - James perguntou.

Bella observou seu reflexo pelo espelho e se possível, odiou ainda mais aquele homem.

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Estavam no carro em direção ao Deserto de Saara. James estava vestido com uma túnica marrom com faixas transversais em dourado. Sua cabeça também estava coberta com tecido igual. Isabella estava sentada ao seu lado e tinha as mãos amarradas para frente do corpo depositadas em seu colo. Ela dessa vez não questionou ou brigou, simplesmente aceitou, cansada demais. Teria que bolar um plano, mas no momento todo o seu corpo doía e sentia como se faltasse pouco para que todo o torpor e loucura dos acontecimentos a dominassem. Além do estômago que roncava desesperadamente por comida. Mas não pediria nada à ele.

Ao redor do carro, outros veículos os seguiam armados em direção as areias quentes e vermelhas.

– Daqui a gente vai andando. - James anunciou algum tempo depois do veículo mergulhar na imensidão escaldante do Deserto.

– Mas...aqui não tem nada. - disse Bella vedo por todo o redor apenas dunas de areia.- Você não tem esse direito!

Os homens olhavam uns para os outros. Embora poucos entendessem o que ela dizia, se sentiram desonrados por um mulher levantar a voz com eles. Principalmente com seu líder que já deveria ter colocado ela no lugar que merece uma mulher impura. Começaram a rir e outros a murmurar.

– Está vendo? Isso é o que dá quando um homem deixa a mulher dominar seu coração. - gritou um deles.

– Me solte!- gritou Bella assustada com todos aqueles olhares.

– Cala-te! - James levantou o véu deixando o rosto de Bella descoberto. Todos os homens que os acompanhava lançaram olhares desejosos na direção dela.

Nunca haviam visto uma mulher de pele tão clara e olhos tão verdes no deserto. Além de que sua pele parecia incrivelmente macia.

– Esqueça o dinheiro, - disse um deles - vamos nos satisfazer com ela e deixar a carne para os ratos do deserto.

–Sim. - riram - Deve ser perfumada com o sopro dos deuses.

– Não!- James gritou- Ela vale mais que uma simples foda seus abutres.- pegou a fita e voltou a amordaçá-la. - Ela é meu passaporte para o Egito.

Segurou firme o braço de Bella e continuaram caminhando por horas. Algumas vezes ela tropeçou pela fraqueza do calor, fome e sede. Agradeceu pela primeira vez por James a estar segurando, pois ela não se sentia capaz de continuar de pé por muito tempo.

Abaixou a cabeça se sentindo humilhada por ser conduzida daquela forma com tantos outros homens ao seu redor.

O chão de areia vermelha levantava muita poeira que era acumulada no tecido da burca. O calor começava a deixá-la tonta e percebeu o porquê dessa vez James não tê-la dopado. O Deserto faria isso.

Ela já mal conseguia respirar direito quando finalmente avistaram um pequeno acumulo de pessoas. Em meio as dunas, onde havia uma espécie de feira. Camelos, cavalos e poucas barracas se espalhavam pelo local. Homens corpulentos, idosos e outros bem afeiçoados olhavam mulheres na mesma condição de Bella. Amarradas e submissas.

Um comércio de mulheres!

Bella sentiu a respiração falhar. Ela então seria vendida para um daqueles homens imundos. Não que estar com James seria diferente, seria nojento da mesma forma, mas agora, ser leiloada era demais para sua compreensão.

Suas pernas enfraqueceram e se viu de joelhos. James colocou a mão sobre seu ombro não permitindo que se levantasse mais. Ação desnecessária já que Bella não conseguia mais se levantar sozinha. Arrependeu-se amargamente por não ter aceito ficar com Edward, onde ele estaria agora? Pelo menos ela estaria esperando por ele e não sendo obrigada a ser estuprada varias vezes como estava para acontecer.

Ela tinha que sair dali, achar um jeito. Buscou força e levantou os olhos. Pelos buraquinhos da rede olhou de um lado para o outro o que serviu apenas para aumentar a tontura. A roupa quente parecia ter aumentado a temperatura de seu corpo uns cinquenta graus.

E foi então que notou.

Todas as pessoas se ajoelhando, reverenciando. Ela olhava, mas sua pequena estatura só permitiu ver quando já estava bem próximo dela. Vestido de preto com o turbante na cabeça, ele vinha montado num belíssimo corcel branco. Sua postura ereta e rígida sobre o animal fez Bella achar que estivesse sonhando. Sim, era um sonho. Seu príncipe num cavalo branco havia vindo regatá-la.

– O que pensa que está fazendo aqui? - sua voz máscula soava forte e Bella jurava que os vários homens armados tremiam tanto que as areias sacolejavam.

–Peço imensas desculpas, meu rei. - James reverenciou seu sultão. - Acho que me desloquei um pouco mais para o norte e acabei entrando em seus domínios.

Edward, sou eu!

Bella tentou gritar, mas estava fraca e sua garganta seca não emitiu som algum.

Outros homens, servos de Edward, se aproximaram montados a cavalo. Alguns com armas e outros com espadas em punho. Eram com certeza em maior numero dos que estavam ali.

– Não quero e muito menos aceito esse tipo de tráfico em eu reino. - falou secamente.- O castigo é a morte!

Bella quase soltou um suspiro de alivio. Quase... se não acreditasse fielmente que estava sonhando.

– Mas estou nos dias de castidade e não cometerei um só pecado contra meu pai ou meu reino. Por isso leve toda sua sujeira daqui e nunca mais volte. Ou não serei tão misericordioso.

Não. Eu estou aqui Edward. Por favor...aqui.

E foi nessa hora, que finalmente seus olhos se encontraram. Seus olhos incrivelmente escuros fitaram intensamente os seus verdes. Não de uma forma surpresa como se pensasse...

Nossa! O que você faz aqui?

Mas de outra forma, como se esperasse que ela estivesse ali.

–Espere! - ordenou a James e seus homens que começavam a juntar seus pertences. Segurou as rédeas do cavalo obrigando o animal a se aproximar. - Ela fica.

Um homem forte, com barba longa e cabelos cacheados escuros se aproximou.

–Senhor, não acha melhor... - Edward lançou um olhar cortante fazendo o outro se calar.

–Eu disse que ela vai ficar. É o meu presente de casamento. - sorriu debochado. -Do nosso amigo James e eu é claro que agradeço.

E Isabella Swan, com os nevos a flor da pele, tonta, fraca, faminta, nessa hora teve certeza. Seu sultão, Edward Al Badim, a mandara sequestrar...

E, no olhar que eles dividiram naquele momento, ela quase soltou uma gargalhada se não fosse a fita adesiva em sua boca.

Com certeza ele não perdia por esperar!

Se ele ainda não conhecesse o inferno, ela mesma iria apresentá-lo.


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Notas finais do capítulo

Desculpe a demora, na semana passada tive um atropelamento na familia e embora tivesse dito para algumas fofoletes que postaria, não tive cabeça para revisar. Mas graças a Deus tudo está bem agora.

E então quem diria que Edinho surtaria longe de Bella e mandaria sequestrá-la? Confesso que ele confiou na pessoa errada para isso. E a risada maligna de Bellota no final PROMETE....acho que ele vai comer um dobrado com ela, rsrsrsrs

Pesquisei um pouco para saber o que as mulheres que são sequestradas e levadas para outros países como prostitutas  e do Oriente Médio passam. Se ficaram com pena de Bella, saibam que tentei amenizar ao máximo para que não ficasse muito drama.

Vamos ver como Bella vai ficar, quando souber que seu sultão delicia já está casado e quer dividir a cama  num sanduiche;  com ele de recheio. rsrsrsrs

Ao que parece, ela não vai deixar barato.

Obrigada a todos pelo carinho com a fic, acho que respondi a todos os coments.

Leitoras novas bem vindas e até o próximo.

Por favor curtam e comentem, bjinhos flores do meu jardim.

Mas no que estou pensando? É claro que ele não quer resgate. Ele quer me transformar numa de suas amantes. Me transformar em uma de suas odaliscas!