A Odalisca escrita por Titina Swan Cullen


Capítulo 34
Capitulo 34


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, boa noite, bom dia!!!!!!!!!Como estão flores do meu jardim???
Muito obrigada pelos comentários!!!!!
Sei que muitos não gostaram da morte rápida da primeira esposa, mas vamos a algumas explicações.
Os Al Badins lutam pelos direitos das mulheres e crianças que sofrem pelo tratamento machista e pela cultura de séculos no Oriente. O emir é embaixador pela Onu contra a exploração feminina e infantil. E confesso que por mais que ache que Rosalie merecesse uns bons tabefes em praça publica, descrever a cena das chibatadas que ela teve como castigo por mentir, foi embora realistico, cruel demais. Achei que uma morte rápida, porém necessária fosse a melhor opção para a relação doentia de amor entre Rose e Victória e de ódio contra I.sabella. Enfim...desculpem para quem não ficou muito feliz.
Agradecimento super especial a Barbara Cullen, por ter recomendado a fic. Muito obrigada minha flor pelas lindas palavras.
Queria ter finalizado o capitulo já fechando muitas partes, só que iria ficar maior ainda. Como sempre iria demorar além, então resolvi postar logo para que não esperassem mais.
Gostaria de uma ajudinha de vocês, em respeito ao final da fic. No inicio sempre tive um pensamento para o final, porém com o tempo e com nossas conversas pelas mensagens, acho que vocês querem outro desfecho. Nesse caso, queria que me ajudassem decidindo com uma palavrinha. Uma espécie de votação. Não vou contar o significado, mas acho que alguns já saberão:
Amirah ou Isabella.
Escrevam o nome nos comentários. O campeão decidirá o final da fic. Um grande beijo em todas e muito obrigada pelo carinho, amo vocês!!! ;)
( Se tiver algum erro, me sinalizem por favor flores)



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Apertei Isabella contra meu peito. Ela murmurava algo, fracamente. Eu não estava raciocinando direito pra toda aquela merda que havia acontecido ali e nem queria me preocupar naquele momento com as conseqüências que a morte de Rosalie causaria.

Queria deixar Isabella e nosso filho bem e em segurança.

Por mais que corresse com ela em meus braços parecia que meus pés estavam grudados no chão. Ela estava sangrando, e mesmo inconsciente sua mão tocava sua barriga e gemia de dor.

Nossas instalações de enfermaria estavam destruídas e muitos atendiam soldados e civis feridos pelo ataque. Quando encontramos o primeiro enfermeiro, Jacob o arrastou para examinar Isabella. Após alguns instantes,  ele disse o que eu já sabia.

— Precisa levar a senhora Amirah para um hospital, urgente. Não temos recurso no momento alteza. – abaixou os olhos para a roupa suja de sangue. - Parece que ela está abortando senhor. Sinto muito.

Eu já sabia disso. Só que por algum motivo, ouvir aquilo causou uma reação em meu corpo que me congelou por completo. Não conseguia me mover. Olhava para Isabella ainda inerte em meus braços sem acreditar nos meus próprios olhos.

Nosso filho. Ela estava perdendo nosso filho. O que eu fiz quando os trouxe para cá para o Egito? Eu era culpado da morte de nosso filho.

Senti meu ombro sendo sacudido.

— Senhor...- a voz longe de Jacob me trouxe de volta – Senhor, temos que levá-la para um hospital. – ele disse aflito, olhando para mim e para Isabella.

— Prepare um carro. – ordenei para Jacob. Minha voz saiu quase baixa demais para ser ouvida. Mas ele ouviu. Assentiu e  no momento seguinte corríamos em direção ao pátio. O veículo já estava a nossa espera quando chegamos aos portões. Não poderíamos ir de helicóptero porque não sabíamos quais as condições do hospital para um pouso após o ataque.

Entrei com ela no banco traseiro, Jacob na frente com o motorista. Outros carros vinham em nossa frente e retaguarda. Levavam o rei de Omã e herdeiro direto ao trono do Egito.

Então porque eu me sentia naquele momento como um misero homem, incapaz sequer de raciocinar?

A única coisa que conseguia pensar era que nada podia acontecer a Isabella e ao nosso filho.

Num dos raros momentos de lucidez, Isabella abriu os olhos e me encarou. Seu rosto contorcia de dor.

— Aguente um pouco mais meu amor.- falei perto do seu ouvido – Logo chegaremos ao hospital.  – ela piscou minimamente e voltou a fechar os olhos.

Eu olhei pela janela. O carro passava pela cidade como um borrão. Em pouco tempo chegaríamos ao hospital.

 Dito e feito. Passado algum tempo, o carro freou bruscamente.

Jacob saltou para fora e abriu minha porta. Muitos feridos estavam sendo atendidos ali mesmo na entrada. Algumas equipes de TV local e internacional transmitiam o caos que a cidade se tornara com o conflito. Assim que me viram, eles correram em nossa direção. As luzes dos flashs das câmeras me cegavam. Vários microfones e celulares apareceram a minha frente.

Tive vontade de gritar! Estava ali, tentando socorrer minha esposa e meu filho. Os seguranças os afastavam. Fizeram uma espécie de cordão, que não adiantou muito. Jacob me conduziu pela entrada ao lateral. Ele já devia ter se comunicado com o hospital. Uma equipe medica já nos aguardava com uma maca. Deitei Isabella e todo o pesadelo ficou ainda pior.

Começaram a empurrar a maca e correr em direção as portas duplas. Jacob e eu íamos juntos correndo atrás deles, enquanto vários soldados se posicionavam pelo hospital para evitar a possível entrada da imprensa que estava espalhada e curiosos.

Rapidamente colocaram aparelhos em seu pulso e peito.

— Majestade, o que aconteceu?- um deles me perguntou.

— Ela...- enrijeci os dentes ao lembrar do que ela sofreu com aquela lunática -  foi espancada. Nosso filho...ela está perdendo nosso filho. – falei não acreditando que aquilo estava acontecendo. Tanto tempo que esperei para ter um filho e com a mulher que eu amava e agora os dois corriam perigo de vida.

—  Sala 4! – gritou um dos médicos.

— Pressão 8 por 6 – outro informou.

— Vossa alteza precisa aguardar aqui.- um enfermeiro ficou em nossa frente enquanto a maca com Isabella e a equipe entravam em outras portas duplas – Ela corre risco de infecção senhor. – ele continuou quando viu que nada me pararia de estar ao lado dela agora. – A sala é imunizada e ela correrá risco de infecções caso algum corpo estranho entre no local. Ela poderá até vir a ... – ele parou o que dizia e me olhou pra mim de cima abaixo meio que implorando que eu o ouvisse. Segui seu olhar e vi que estava todo sujo de sangue. Suado, imundo.

Não iria colocar a vida dela ainda mais em perigo do que já estava.

Eu suspirei e assenti contrariado. Não sei dizer quanto tempo fiquei ali estático, encarando as portas duplas, até que Jacob parou ao meu lado.

— Ela está em boas mãos senhor. – disse – Esse é o melhor hospital de Cairo.

Passei as mãos no rosto buscando o mínimo de controle para que eu continuasse ali de pé. Respirei fundo uma, duas quinze vezes. As paredes daquele hospital pareciam se fechar. Estava muito quente e angustiante ali. Meu coração batia de modo estranho. Me lembrei de quando a conheci. Naquela lanchonete, na beira da estrada, de como que por uma semana inteira não consegui esquecê-la. De tudo que passamos e de tudo que fui capaz de fazer para tê-la comigo.

Eu era mesmo um imbecil. Um homem das cavernas pelo que fiz com ela. E agora ela estava ali, ela e nosso filho, em perigo. Tudo porque como homem, não fui suficientemente capaz de mantê-los em segurança.

 E como rei...

Mesmo sendo quem eu era, não era capaz de nada nesse momento.

Eu não era ninguém. Ninguem capaz para fazer com que Isabella e nosso filho ficassem bem.

Procurei uma cadeira e me sentei. Sabia que Jacob continuava de pé ali, em algum lugar. Com as mãos no rosto, numa prece muda e com um choro contido na garganta, que a fazia inflar e doer, orei.

“Alá, eu lhe imploro. Não permita que nada aconteça com Isabella e nosso filho.  Sei que não sou merecedor de tudo que eu tenho, mas ela e meu filho que é um anjinho ainda, são tudo de melhor que eu poderia ter. São meu tesouro mais valioso. Não sei o que posso fazer para que me conceda essa benção, mas prometo que farei o que o senhor quiser. Só por favor não os tire de mim.”

O medo que sentia era esmagador. Mais que o medo, eu me senti em pânico de que algo pudesse acontecer à eles.

“Por favor...que eles fiquem bem.”

Aquele cheiro de remédios e anestésicos de hospitais espalhadas no ambiente com o ar condicionado me enjoavam. Aquela tonalidade cor verde clara quase branca também. Até os passos apressados e o baque mudo das portas que abriam e fechavam quando alguém passava por elas estava me enojando, mas pior que isso era o peso que se formava em cima dos meus ombros, por todas minhas costas me impedindo de continuar respirando livremente.

“Alá, por favor... que eles fiquem bem.”

Senti alguém se sentando ao meu lado. Não precisei abrir os olhos para saber quem era. Emmet, meu conselheiro e amigo sempre estava comigo em momentos assim. Imaginei que quisesse me passar noticias sobre meu pai e Jasper, mas que tudo deveria ter dado certo. Ele nada disse. Só continuou calado, como sempre fazia. Me fez companhia durante todo tempo de espera e me senti um pouco melhor com isso, ainda angustiado e com medo.

Eu tinha uma vaga noção de médicos, enfermeiros passando de um lado para o outro. Emmet falava com Jacob dando algumas instruções e no celular que não parava de vibrar. Os conselheiros deviam estar querendo explicações do que havia acontecido. Não me importava com nada daquilo naquele momento e esperava que nenhum deles aparecesse ali, ou não responderia por mim.

Os minutos se transformaram em horas e logo depois em eternidade.

Quando finalmente vi um dos homens de branco que nos atendeu quando chegamos vindo com uma prancheta na mão em minha direção me levantei de imediato.

— Alteza – ele disse ao se aproximar e por incrível que pareça achei que minhas pernas cederiam a qualquer momento. Emmet ficou de pé ao meu lado, talvez por perceber que eu não conseguiria me manter daquele modo por muito mais tempo, me dá seu apoio.

Parecendo que eu estava num filme de suspense, o maldito médico antes de dizer qualquer coisa, encarou a mim e Emmet com aquela cara neutra, impossível de decifrar.

— A minha mulher e meu filho...- iniciei incapaz de completar. Ele me encarou nos olhos.

— Sim. – finalmente falou –  Foi dificil, mas eles estão bem.

Ouvir aquela palavras foi como se mil toneladas tivesses sumido das minhas costas. Esfreguei as mãos no rosto com força. Conseguindo respirar novamente.

“Obrigado Alá! Muito obrigado!”

Coloquei uma mão no ombro do médico.

— Muito obrigado doutor. – disse e o alivio que senti era tão grande que logo em seguida abracei o médico. – Muito obrigado!

— Imagina alteza.- ele respondeu meio sem jeito, pego pelo meu abraço. – É meu dever.

— Em que quarto ela está? – Jacob surgiu a nosso lado.  Soltei o médico já sabendo o que Jacob queria.

— Ainda estamos terminando alguns exames. – o médico disse de maneira simples.

— Exames? – minha voz saiu um pouco mais alta e perturbada.

— Ela perdeu muito sangue por causa do deslocamento da placenta. Isso fez com que quase abortasse. Conseguimos reverter o quadro com uma transfusão de sangue. Mas precisará ficar em repouso absoluto e acompanhamento médico.

— Mas você disse...

— Não se preocupe alteza. São exames de rotina para que tenhamos certeza de que ela já possa ser removida para o quarto.- olhou a prancheta que trazia. – Ela ficará no quarto 12001.

 – Colocarei seguranças agora mesmo lá. – Jacob respondeu já falando no comunicador.

— Eu já posso vê-la? – falei de repente.

— Senhor ela está sedada. – o médico respondeu.

— Tudo bem. Eu só preciso vê-la. – encarei-o de maneira séria e talvez com os olhos de um lunático. – Só preciso vê-la. Por favor...

O médico suspirou.

— Está bem senhor. – ele finalizou derrotado – Só que o senhor precisa se limpar. Ela está num ambiente esterilizado...

— Faço o que for preciso. – respondi mecanicamente.

— Tudo bem. Espere alguns instantes e mandarei uma enfermeira até aqui para que o senhor coloque uma roupa especial para a UTI. Mas lembre-se. Ela precisa descansar, evitar qualquer tipo de estresse.

Assenti. Eu só queria vê-la. Precisava vê-la desesperadamente. Iria fazer o impossível para que nada, absolutamente nada a incomodasse.

Esperei pacientemente cerca de vinte minutos, até que uma senhora veio até a mim e trouxe uma roupa de hospital.

— O senhor pode tomar um banho e usar o sabonete desse frasco. – ela disse quando entramos em um dos quartos do hospital. O frasco era pequeno e continha um liquido esverdeado, como tudo naquele hospital.

— Tudo bem. – respondi automaticamente.

— Volto daqui a alguns minutos senhor. – ela disse e saiu me deixando sozinho ali.

Após o banho tomado e devidamente esterilizado a enfermeira voltou. Me entregou uma máscara e segui com ela por um corredor. Vários soldados estavam espalhados.

Quando cruzamos a entrada que trazia a sigla de UTI acima da porta já não haviam guardas ali. Era um corredor com várias janelas de vidro que deixavam visíveis o interior dos quartos. Uma espécie de ilha ao centro onde haviam uns oito enfermeiros e médicos anotavam algo e outros espalhados pelos quartos Quando notaram a minha presença, os enfermeiros se levantaram e fizeram uma reverência. Os olhei brevemente inclinando minha cabeça, agradecendo pelo trabalho, mas rapidamente meus olhos focalizaram a figura deitada no terceiro quarto.

Como o médico havia dito ela estava dormindo.

A enfermeira abriu a porta também de vidro e me conduziu para o interior.

Uma bolsa de sangue e uma de soro quase no final estavam penduradas em cima da cama. Tubos finos estavam presos em seus braços. Ela tinha alguns hematomas roxos no rosto e nos braços, provavelmente devido ao que sofreu quando estava em poder de Rosalie e Victoria. E aquilo me fez sentir um ódio crescente e borbulhante dentro de mim. Se ela não estivesse morta, eu era capaz e matá-la de novo.

Me aproximei com cuidado da cama me esforçando para não tocá-la. Mas era impossível. Sem minha permissão, minha mão tocou a grade de proteção da cama, o lençol que a cobria e espalmei levemente minha mão em nosso filho descansando, protegido em seu ventre. Em seguida segurei sua mão. Toquei com o máximo de cuidado para não acordá-la ou causar algum incomodo. Só queria senti-la com minhas próprias mãos. Ter certeza de que ela estava bem.  Também sem minha autorização, meus olhos nublaram e logo lágrimas caíram molhando seu braço e lençol.  Eu estava chorando e não me envergonhava de todos que naquele local deviam estar servindo de testemunhas do lamurio de um rei triste e angustiado.   

Abaixei meu rosto em sua cabeça e em meio ao choro, aspirei seu cheiro.

Tudo bem. Ela estava bem agora. Eles estavam bem e tudo iria ficar bem.

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Emir Carisle Al Badim

Jasper se preparava para voltar a Turquia com Alice. Ele havia sido de grande ajuda, um enorme aliado para que juntos puséssemos um fim ao império tirano de Aro.

A TV BBC News cobria com exclusividade a notícia.

“O mundo hoje novamente parou com a bombástica notícia da morte do até então rei do Líbano. Mas o mais surpreendente foi a confirmação através do pronunciamento de sua embaixada como líder da rede terrorista, responsável pelos ataques terroristas a diversos países tanto do Oriente como europeus, além de ataques confessos a países norte americanos.”

“De acordo com o emir, rei do Egito, Carlisle Al Badim, a morte foi consequência de uma ação de inteligência do Exército egípcio e torquês em parceria com outros governos dos países do Oriente Médio, que localizou o terrorista, após reunir inúmeras provas do seu envolvimento com os ataques. Funcionários do governo disseram que Aro morreu com dois tiros na cabeça, porém não havia informação oficial sobre isso.”

“Em um dos últimos ataques, vitimou o embaixador Collins da embaixada americana, criando um conflito entre os países do Egito e EUA.”

“Durante a entrevista, o diretor da agência de espionagem do Egito afirmou:”

“A imagem do diretor aparece na TV.”

“A intenção da missão nunca foi a morte de Aro, só que ele ofereceu resistência colocando a vida de muitos civis em perigo.”

 "Apesar de Aro estar morto, a rede terrorista não está. É quase certo que voltaremos a ser alvo de ataques, para vingar sua morte, porém devo lembrar que estaremos preparados."

 “A operação, sigilosa, foi executada na noite de terça, por um comando especializado na área.”

“A operação foi feita exclusivamente pelas forças egípcias e turquesas, segundo a chancelaria do Oriente Médio. Um funcionário do exercito argumentou que isso ocorreu para preservar o sigilo necessário à operação.  Houve intensa troca de tiros durante a ação, além de bombas e granadas, mas, segundo  o diretor de inteligência nenhum militar ficou ferido gravemente na operação. Cuidados também foram tomados para que nenhum civil fosse ferido.”

“Paralelo a ação, a cidade de Cairo, era atacada por terroristas pela tomada do poder. O levante foi logo dominado, porém deixaram o rei de Omã Edward Al Badim e a princesa Amirah feridos.”

“E as noticias ficam ainda piores! – continuou a repórter - A princesa Rosalie, filha do rei Aro, perdeu sua vida durante o ataque. Segundo informações, ela junto a comparsas arquitetaram esse levante na tomada da cidade de Cairo.”

“Ainda não temos informações sobre o estado de saúde do rei Edward e da princesa Amirah.”

“Sem nenhum herdeiro homem para sucessão, o trono do Líbano fica sob a guarda direta dos governantes e militares do país, até seja decidido o próximo governante durante a reunião de Cupula com todos os chefes de Estado e Chefes de Conselho do Líbano.”

 - Finalmente a justiça foi feita. – peguei o controle da TV e apertei o botão para desligá-la.  Nossa maior preocupação agora seria ajudar o Líbano a se reerguer como nação. O país estava guerra, fome e os ataques que sofria com o terrorismo. Com a morte dos membros de sua realeza, muitos inescrupulosos iriam surgir e tentar manter a exploração que o povo vinha sofrendo por todos esses anos com Aro. Respirei fundo me preparando para mais uma batalha. Dessa vez sem sangue.

Meus olhos caíram na moldura que tinha sobre a mesa. Ela. Minha Esme.

 -  O líder terrorista responsável pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças está morto. – falei em voz alta como se ela pudesse ouvir. Peguei o porta retrato dando um leve beijo na fotografia. – E agora você pode descansar em paz querida.

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Isabella

Ouvi ao longe a voz de Edward falando com alguém. Abri os olhos confusa, ainda meio sonolenta, meio acordada. Ele estava de pé, próximo a porta falando com alguém do lado de fora.

— Preciso que tudo esteja pronto em no máximo dois dias. – ele disse para a pessoa do lado de fora. – Os documentos terão que ser transferidos para o endereço que te ....

Edward começou a falar ainda mais baixo e não consegui mais ouvir. Eu estava um pouco zonza e me sentia fraca. Corri meus olhos examinando o local onde eu estava.

 Uma grande poltrona ao meu lado. O quarto verde claro. A janela atrás da poltrona estava coberta por persianas não permitindo que as luzes entrassem e que nem eu notasse se era dia ou noite. Eu estava recostada, meio sentada numa cama com grades nas laterais.  Ergui o braço e vi tubos conectados nele e no outro braço. Uma bolsa de soro e outra de sangue, penduradas no alto da cama.  Também haviam outros fios ligados em meu peito com um bip característico de monitoramento em hospitais.  Estava num quarto de hospital.

Não conseguia lembrar com exatidão o que tinha acontecido, mas o rosto de Rosalie, com os olhos desfocados, perdendo a vida foi o suficiente para que um aperto em meu peito saísse num soluço e um choro profundo começasse.

Na mesma hora Edward virou em minha direção e correu até a cama.

— Meu amor...- ele segurou minha mão e com a outra limpava as lágrimas que escorriam. Em meio as lágrimas pude ver que ele parecia mais magro e com marcas escuras embaixo dos olhos. – Você acordou...a anestesia deve ter passado...está sentindo dor? Me reconhece?

— Reconhecer? Claro... Edward...- disse em meio ao choro - foi horrível...eu...eu...

— Shhh...Eu sei...vai ficar tudo bem agora. Eu prometo.

— O nosso filho...- disse e minhas mãos voaram para minha barriga.  Ainda estava ali.

— Está tudo bem. Com você e com o nosso filho. – Edward afagou minha barriga como costumava fazer - Ele é forte. – disse isso com um sorriso enorme no rosto e me senti um pouco melhor ao vê-lo assim. – Forte, assim como a mãe dele.  Só precisa repousar.

— Eu sinto muito...- comecei. Edward bufou e me fez parar.

— Não tem que sentir nada. Nada do que aconteceu foi culpa sua. Nada. Está me ouvindo? – ele me fitou com uma grande culpa no olhar. – Eu sim que lamento profundamente por ter envolvido vocês em tudo isso.

— Não...não Edward...eu...- por quê eu não conseguia parar de chorar? – Edward buscou algo sobre a cabeceira da cama. Puxou um fio com uma espécie de botão na ponta e o apertou. Quase que instantaneamente duas enfermeiras entraram no quarto.

—Boa noite alteza. – me olharam um pouco alarmadas.

— Que bom que acordou princesa! – disse uma delas.  – Como está se sentindo?

—Acho ... que bem. – respondi tentando controlar a voz com os soluços de choro.

— Está sentindo dor?- perguntou interpretando errado o choro.

— Não.

—  O doutor já vai vir. – a outra sussurrou para Edward que logo voltou seus olhos para mim. Seu rosto estava sereno, tranquilo. Mas seus olhos não condiziam com isso

As enfermeiras, acho eu, começaram a olhar os aparelhos e soro. A outra aferiu minha pressão.

— Tem certeza que não está com dores? – a voz de Edward soou preocupada. Com a ponta dos dedos ele secava minhas lágrimas.

— Sim. – afirmei com a cabeça, e para me contrariar o choro reapareceu. -  Eu não... não queria que você tivesse... que fazer... – não consegui completar. Rosalie havia morrido e Edward havia a matado. Por minha causa. Minha culpa. Agora todo o conselho iria exigir providências contra ele e seu pai.

Edward suspirou e segurou minha mão entre as suas.

—Poderiam nos dar licença só por um instante? – pediu para as enfermeiras.

— Qualquer coisa é só nos chamar. – disseram antes e sair.

Seus olhos tão profundos me encararam e não pude evitar me aprofundar neles. Só um pouquinho.

— Quero que entenda meu amor. Sei que será difícil, mas não quero que pense mais nisso. – seu rosto estava grave. – No que dependesse de mim, você jamais teria presenciado isso, se quer teria passado pelo que passou. Infelizmente – sua voz saiu triste e ele desviou o olhar para cima como se quisesse encontrar as palavras - toda essa sujeira faz parte do lugar onde vivo.  Não tem que se preocupar com os anciãos, Conselho ou seja quem for. Isabella, eu prometo. Prometo que vou dar um jeito nisso tudo. Para que você consiga esquecer tudo pelo que passou. – levantou minha mão com cuidado a trazendo até sua boca, beijando suavemente. – Quem quer que ouse falar, sequer pensar em algo contra você ou nosso filho terão que se ver comigo. E garanto que terão o mesmo destino daquela mulher.

Continuou me fitando por um longo tempo. Imaginava o quanto aquilo tudo devia estar sendo difícil para ele, por isso tentei engolir o máximo de choro que consegui. Ouvimos batidas na porta.

— Boa noite! – alguém disse ao entrar no quarto. Era o Dr. Samir – Alteza – fez uma reverencia se dirigindo a Edward. - Como está nossa paciente? – indagou a Edward,  porém me encarando – Princesa Amirah, sou o Dr Samir.  – inclinou a cabeça para mim – Como está se sentindo?

 - Acho que bem. – disse olhando para o médico e para Edward. Só então me dei conta do por quê ele estava se apresentando se nós já nos conhecíamos.

Você me reconhece?— tinha sido a mesma pergunta feita por Edward quando me viu.

— Nós já nos conhecemos. Esqueceu Dr Samir? – tentei empregar um tom brincalhão, mas por algum motivo Dr. Samir continuava sério e os olhos de Edward estavam preocupados. Por algum  motivo parecia que algo estava me escapando. – Há quanto tempo eu estou aqui?

Ambos ponderaram por alguns instantes.

— Duas semanas. – respondeu Dr. Samir.  

— Duas semanas?! – eu estava surpresa. - Como pude dormir por tanto tempo?

— Você perdeu muito sangue princesa Amirah. –  Dr Samir disse. Ele observava os aparelhos e as anotações que as enfermeiras haviam feito. – Desenvolveu um quadro de estresse pós traumático e todas as vezes que acordava, acabava revivendo aquele momento.

— Você não reconhecia ninguém. Ficava agitada e isso poderia prejudicar seu estado e do nosso bebê. – Edward disse – Por isso o Dr. Samir me pediu autorização. Achamos melhor sedá-la para que se recuperasse mais rápido.

— Nossa...- disse me sentindo agora muito desnorteada. Imaginei se falei algo que pudesse por em risco nosso pequeno segredo. – Eu não o reconhecia? – perguntei a Edward que desviou os olhos. Sacudiu levemente a cabeça. Ele parecia extremamente culpado por isso. Toquei seu rosto para que ele me encarasse. – Tudo bem. Sei que fez o melhor por nós.

Ele sorriu parecendo quase que aliviado, só que seu sorriso não chegava aos olhos.

— E quanto tempo mais terei que ficar aqui?

— Calma aí mocinha. – Dr Samir disse anotando algo nos papéis. – Acabou de acordar. Faremos alguns exames simples e vamos avaliar. Primeiro vou liberar uma refeição bem levinha e depois eu volto para conversarmos mais um pouco. – Ele já estava na porta quando voltou – nada de ficar andando por aí. Precisa ficar em repouso. – dessa vez ele disse olhando para Edward.

— Eu irei vigiá-la. – ele disse.

Olhei para o quarto de janelas fechadas e foi como se uma nuvem escura, cheia de trovões ficasse sobre mim.

— Não faça isso. – Edward disse. A ponta de seu dedo tocou meu lábio inferior. – Não quero esse rosto triste de novo. Pense no nosso bebê e que daqui a alguns meses ele estará em nossos braços. – segurou um braço junto ao outro como se ninasse nosso filho.

Sorri com a imagem. E uma lágrima escorreu. Ele me olhou e seu sorriso agora era triste.

— Desculpe.

— Não peça desculpas. – ele voltou a secar a lágrima. – Acho que ele terá seus olhos. – disse de repente. Me dei conta de que estava sem as lentes.

— As lentes?!

— Não se preocupe. Vamos dizer que usa lentes de contato. – sorriu travesso.

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Al Badim

Isabella podia não ter a mínima idéia do que seu sorriso provocava em mim. Tê-la ali bem, disposta. Estava sendo o melhor dia da minha vida, depois de tanto tempo. Eu estava feliz demais para fazer qualquer outra coisa.  Fiquei a encarando por tanto tempo que ela ficou vermelha.

Ahhh...como senti falta daquela cor em suas bochechas.

— Senti sua falta. – disse encostando minha testa na dela. – Não imagina como me senti todo esse tempo sem você. Ainda bem que tive uma companhia.

— Companhia?

— Sim. – acariciou minha barriga -  Nosso filho. Ele me fez companhia todo esse tempo. Sabia que já consigo senti-lo mexer? – falou orgulhoso.

— Verdade? – coloquei as duas mãos na barriga e fiquei em silêncio, tão imóvel como uma estátua, esperando que nosso bebê se mexesse também para mim.  Nada. Olhei decepcionada para Edward.

— Vai ver ele está dormindo. E também só senti cinco vezes. – ele disse balançando os ombros como se isso não fosse nada.

— Cinco vezes?!- poxa. Agora eu estava mesmo magoada. Ele sorriu da minha cara.

— Eu já disse hoje  o quanto te amo?

— Já deve ter dito. – sorri - Só que eu estava dormindo.

— Então deixa eu falar de novo. – sua voz era séria - Eu te amo Isabella. Mais que tudo nesse mundo. Amo você e o nosso filho.

Passou um braço em volta da minha cabeça e beijou minha testa.

— Também amo vocês. – respondi bem próximo de seu ouvido. Ele então aproximou nossos lábios e nos beijamos.


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Notas finais do capítulo

O fim da familia real do Líbano chegou. Agora sem governantes legítimos, o povo ficará a mercê da tirania dos anciãos do Conselho.
A profecia na qual a princesa e principe escolhidos trariam o tão sonhado herdeiro para reunir os povos está cada vez mais distante. Depois de tudo que aconteceu e viu, Bella por pouco não surtou. Agora mais que nunca Al Badim fará de tudo para mantê-la distante com seu filho de tudo isso. Acho que até mesmo a separação é uma opção para nosso sheik.
e eis aí a questão.
Com a Como pedi no inicio, volto a pedir aqui.
Gostaria de uma ajudinha de vocês, em respeito ao final da fic. No inicio sempre tive um pensamento para o final, porém com o tempo e com nossas conversas pelas mensagens, acho que vocês querem outro desfecho. Nesse caso, queria que me ajudassem decidindo com uma palavrinha. Uma espécie de votação. Não vou contar o significado, mas acho que alguns já saberão:
Amirah ou Isabella.
Escrevam o nome nos comentários. O campeão decidirá o final da fic. Um grande beijo em todas e muito obrigada pelo carinho, amo vocês!!! ;)
Um grande beijo minhas lindas e lindos. Fiquem com Deus e até o próximo. :)