A Odalisca escrita por Titina Swan Cullen


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Perdoem o atraso amores...
Capítulo tenso no final....resistam minhas florzinhas



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Era como se todos os holofotes estivessem apontados para si. Sentada perto de Al Badim, que discutia assuntos importantes com os sheiks e chefes de estados, Isabella usava um vestido marfim simples.  Durante essa última semana de viajem, pode estar mais perto dos súditos, do povo de Omã. Onde chegava, ela era vista com certa desconfiança pelas pessoas que ainda não haviam aceitado esse segundo casamento relâmpago com Al Badim.

Quando chegasse a hora sabia bem a quem culpar.

Emmet.

A culpa era toda dele que informou que antes de anunciar a gravidez para a mídia, na capital de Omã, Mascate, sede do palácio real. Ele praticamente convencera Edward que seria de extrema importância de que ele fosse primeiro nas capitais mais significativas do país e apresentá-la como a mulher que traria o herdeiro real.

“ Claro, funções de Estado. Isso estava na lista de regras, não estava?” – o conselheiro havia lhe dito em tom brincalhão.

“Mas para quê isso?” – perguntara para Al Badim.

“ É apenas um costume do Oriente. É um modo de demonstrar que mesmo eu sendo o rei, respeito os anciãos do meu país.” – respondera seu marido beijando-lhe a ponta do nariz. “E depois você é a mulher da minha vida e eu não canso de mostrar para todos que você é minha.” Por este comentário machista Al Badim levou um soco no braço e um bico emburrado dela.

E agora ela se perguntava como ele a havia convencido de está ali.

Não se arrependia de ter vindo, mas sim de não ter aprendido um pouco mais sobre aqueles costumes. Não gostava de ser paparicada como estava sendo agora.

 Uma vez que a esposa do rei Al Badim, iria agraciá-los com sua presença. Os chefes e ministros de Estado tinham se empenhado para conceder-lhes a melhor recepção. Havia sido assim em todas as ultimas seis capitais que havia passado. Cada uma mais incrível que a outra.

Ainda se reerguendo dos destroços que a guerra havia deixado. Edward, após a nomeação, e em poucos meses,conseguiu fazer com que Omã desse os primeiros sinais de melhora na situação econômica do país.

Era óbvio que o povo estava cada vez mais satisfeito com seu rei e líder.  Por isso, quando anunciavam que iriam visitá-los, eles preparavam as melhores recepções. Não só porque era um rei, mas porque o amavam. E Isabella podia sentir isso também.

Algumas destas capitais,  como esta Sohar, seguiram a risca as antigas tradições, construindo tendas luxuosíssimas bem no meio do deserto. Em acampamentos ao redor de oásis.

Al Badim ao seu lado, se virava para ela a cada 5 minutos perguntando se estava se sentindo bem. Ele parecia extremamente feliz. E ela, por baixo do véu, sorriu orgulhosa sabendo que ao menos um pouquinho daquela felicidade se devia a ela. Ao fato de estar esperando um filho dele.  Por isso não se importou tanto em ser exibida como ele mesmo havia dito. Um troféu.

Ele sim era o troféu. Para ela.

 Afinal , ele poderia não saber, mas o único prêmio de valor inestimável, era ele.

Edward Al Badim era seu troféu.

Deixou que a criada a vestisse da maneira tradicional. Cabelo preso e enfeitado com um diadema de ouro cravejado de diamantes. Preferia abrir mão daquela peça, mas era presente dos anfitriões.  Mãos e pés pintados com henna, como no dia do casamento.

Sohar era uma das poucas cidades em Omã que ainda exigia o véu para cobrir a cabeça e rosto das mulheres. Já havia passado por quase todos os outros estados e cada um com seu costume, só que bem parecidos e nenhum pediu isso. Alem de que depois do casamento, todos já haviam visto seu rosto. Mas enfim...

Naquele instante, ela estava cercada por cerca de 20 homens e mulheres sentadas em pequenos divãs, que a observavam disfarçadamente. Do lado de fora, dezenas de seguranças acompanhava o encontro dos lideres do país e seu chefe maior, rei Al Badim.  Um caprichado banquete fora servido na mesa baixa e o cheiro apetitoso se espalhou pelo ar.  Antes de começarem a refeição, uma das mulheres, que parecia ser a mais velha, se levantou e começou a recitar uma canção, acompanhada por uma bela melodia.

Isabella tentou não demonstrar, mas ficou encantada com a música. Tanto que quase uma lágrima escorreu de seus olhos.  Mesmo não estando olhando para ele, sabia que Edward a encarava. Al Badim segurou sua mão e ambos ficaram de pé. Ele era tão alto, forte e grande. Tinha um rosto tão bonito, com ângulos bem definidos, uma boca que sabia ser macia ou exigente, dependendo da ocasião.

Ouviu então com surpresa quando ele começou a cantar junto com a mulher como num incrível dueto. Já tinha ouvido Edward assoviar algumas canções, mas cantar?! Isso era no mínimo maravilhoso!

Se virou para ele. Ela estava chocada demais! Surpresa, maravilhada com aquilo. E pelo visto não só ela. Todos os convidados olhavam admirados para seu rei em sua declaração de amor a sua esposa.  Edward segurou a mão de Isabella e com a outra acariciava seu rosto por baixo do véu. Sua voz era calma e serena. Não poderia dizer ao certo, mas a canção parecia dizer que ele havia encontrado o maior tesouro de sua vida, que a amava mais que tudo, principalmente agora que ela lhe concedia seu maior desejo. Seu filho.

Isabella tentou se controlar, segurando as lágrimas, enquanto Edward segurava a ponta do véu e o levantava. Lágrimas teimosas corriam agora pela face dela livremente e ele com a ponta do dedo as secou. Se aproximou ainda mais, segurou-a pelo rosto olhou em seus olhos.

— Eu amo você Isabella. – sussurrou dando eco a canção. A abraçou de lado se voltando para o pequeno publico – Senhoras e senhores, sei que já conhecem minha esposa Amirah Al Badim, mas agora venho lhes apresentar como a mãe do meu primogênito. – espalmou a mão na barriga de Isabella. Um gesto que se tornara tão comum nas ultimas semanas. – Que está bem aqui. – disse sorrindo e sua voz parecia acariciar a pele de Isabella que se arrepiou.

Ela sentiu o sangue se espalhar por seu rosto e pescoço enquanto ruborizava e ouvia os gritos de viva dos outros.

Enquanto isso, todos expressavam sua alegria e lhes desejavam felicidades.

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Como mandava a tradição, Al Badim deveria ser o primeiro a ser servido, porém ele pegou o prato de Isabella e serviu uma generosa porção do purê com carne de carneiro e molho, pouco se importando com os olhares de todos em sua direção. Nunca amou alguém do jeito que amava Isabella. Com todo seu ser. Sem reservas.

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O jato privativo do sheik não era uma aeronave comum, a começar pelo tamanho e o símbolo de Omã adornando a traseira do avião. Isabella respirou fundo tentando ainda se acostumar com o colete a prova de balas por baixo da roupa que ela e Al Badim usavam. Antes, quando estavam no Egito não havia sido necessário o tipo de proteção, mas agora, com tantos rumores e ataques reais que o país vinha sofrendo, foi necessário.  Já devia ter acostumado com isso, mas a verdade era que não. O Egito se tornara um país turbulento e repleto de armadilhas. E Edward e seu pai eram lideres dispostos a defender seu povo. Eram homens que carregavam nos ombros o peso de um país. Não era a toa que precisavam ser rigorosos e firmes. A guerra nunca parecera tão real como naquele momento para ela. Sem contar que sentia temor de que alguém pudesse descobrir sua verdadeira identidade e usar isso contra Al Badim.

Ela não queria reconhecer, mas só podia ser isso. Afinal por qual motivo então aquela angústia não saía de seu peito durante todo o vôo? Tudo bem que sua pele não estava tão morena quanto antes e seu cabelo estava bem ondulado e ainda assim seus olhos verdes estavam escondidos. Ninguém iria reconhecê-la.

Ou iria?

 Antes que pudesse pensar, as palavras pularam de sua boca.

— Eu estou com medo. – Isabella afirmou. Estavam já na porta do avião esperando o sinal dos seguranças para desembarcarem. Al Badim se virou para ficar de frente para ela.

— Medo? – ele caminhou até ela e a abraçou gentilmente. - Não se preocupe, minha Isabella. Eu tomarei conta de você e do nosso filho. Jamais sairei do lado de vocês. – segurou seu rosto com uma das mãos e a outra alisou seu ventre. Seus olhos pretos prendiam os castanhos dela, camuflados com as lentes.

Isabella não sabia ao certo se era tolice de sua parte temer essa volta ao Egito.

Agora mais que tudo, temia não só por sua vida, mas a de seu filho e de Edward. Em Omã, a tragédia ocorrida com a rainha e a taça de veneno parecia algo tão distante que ela jamais sequer se importunou com a quase inexistente ameaça. Agora ali, no Egito, parecia algo muito próximo e real.

E não era só porque as ruas estavam tomadas de rebeldes aliados de outros países e terroristas em cada esquina. Também ainda tinha que se preocupar com os anciãos que com certeza iriam sabatinar Al Badim com inúmeras perguntas e acusações por ter engravidado a segunda esposa tão rápido e não a primeira. E claro...ainda tinha o povo egípcio que amava sua princesa prometida, Rosalie.  Temia que ali com o povo dividido com esta gravidez, atentasse contra a vida de Edward. 

Jacob havia lhe dito que as relações com Aro, pai de Rosalie, estavam tão estremecidas que a qualquer momento poderia estourar uma guerra civil entre as nações.

— Promete? – ela perguntou com a voz trêmula. Não tinha pensado o bastante nas conseqüências dessa viagem. – Promete que sempre estará ao meu lado?

— O que foi? – Edward recuou com as mãos nos ombros dela. Seus olhos estavam sombrios de preocupação. Para ele, aquela situação era no mínimo corriqueira, já que desde sua infância, aprendeu a lhe dá com esse tipo de condição. Isabella ainda não passara por isso, mas com certeza devia estar sentindo algo mais. – Você parece aterrorizada. – segurou suas mãos frias interpretando erroneamente os sinais como um mal estar ocasionado pelo vôo.  - O que está sentindo? Vou chamar um médico...

— Não...não precisa. – Isabella se fez um pouco mais firme tentando passar segurança para o marido. Sorriu um pouco torcendo para que ele acreditasse nela. – Só estou um pouco preocupada se o povo irá ficar feliz com a notícia da gravidez.

— É claro que vai! – ele encorajou-a – Nosso povo em Omã já a aceita, independente de ser a primeira ou segunda esposa. Eles sabem que só você, apenas você é a dona do meu coração. E eles ficam felizes porque o sheik deles está feliz por ter encontrado a mulher de sua vida.

“Queria muito acreditar nisso.”

— Tudo bem. – Isabella respirou fundo e soltou o ar de uma só vez. - Eu já estou pronta. – ele esfregou o polegar sobre os lábios trêmulos dela.

—Você é minha esposa. A única mulher que eu amo e nada nem ninguém poderá mudar isso! – afirmou. Não queria fazê-la sofrer, só queria que soubesse caso ouvisse algo indesejado.

Se lembrou de uma noite, na semana passada, quando viu Isabella caminhando pelo jardim. O sorriso dela era iluminado pelo luar e sua graça era única. Ela se apegou a Omã como sua verdadeira casa. Podia ver que ela se sentia em seu lar entre seu povo. Uma mulher confiante, segura de si mesma. Se culpava internamente por fazê-la passar por isso, ainda mais em seu estado. Ainda assim acreditava que era mais seguro tê-la ao seu lado do que em Omã, distante. Não sabia quanto tempo teria que ficar no Egito para resolver os conflitos com o Líbano e junto a seu pai acabar com todos os acordos que os prendiam ao país. Mas sabia que algumas horas que fossem longe de Isabella, já seriam insuportáveis! O que dirá dias, semanas ou meses?

— Não se preocupe. Eu vou dar conta. – ela disse como se respondesse aos seus pensamentos.

— Como você é corajosa, habibit. – deu-lhe um selinho suave. – Já disse hoje o quanto te amo?

Ela ruborizou. Ele já tinha dito que a amava uma dezena de vezes só durante o vôo. E ainda assim ela ruborizava com esta declaração.

Al Badim ajeitou o lenço cobrindo parte do rosto e cabeça da esposa, como era costume no Egito. Estava vestido com uma calça larga e túnica. A cabeça também protegida do sol escaldante.

Emmet apareceu sinalizando que já podiam descer da aeronave.

A postura de Edward sofreu uma pequena mudança. Ele permaneceu caloroso e aberto, mas o manto da autoridade o cobriu como uma capa invisível. Um pouco diferente de quando estavam em Omã e totalmente diferente de quando estavam a sós. O estômago de Isabella revirou no primeiro passo fora do avião, quando percebeu o numero infinito de pessoas que estavam ali para receber seu sultão, mas ela manteve seus olhos fixos no horizonte, determinada a domar aquele medo que sentia.

A paisagem além das cercas do aeroporto do deserto era bela, tranquila e uma aliada inesperada. Seus olhos se prendiam no horizonte evitando os olhares acusadores que pudesse encontrar em algum dos súditos do sultão.

 Flashs eram disparados pela mídia local na direção deles.

Al Badim envolveu seu braço no dela para lhe dá apoio ao descer as escadas. E foi com surpresa que ela ouviu as palavras ditas pelo povo que chegavam até seus ouvidos pelo vento.

—  Amirah ai eha sheik....Amirah ai eha sheik - As mesmas palavras ditas pelo povo de Omã a ela. E isso a motivou-a a olhar para eles. Apertando os olhos, ela observou.

O povo não parecia raivoso ou com olhos questionadores em sua direção. Eles pareciam felizes.

— Eles a estão saudando pelo meu filho que você carrega. – Al Badim sussurrou com um pequeno sorriso que refletia em seus olhos radiantes. – Eles já a aceitam como minha primeira e única esposa.

As palavras ditas por seu marido fizeram com que seu coração na hora se aquecesse.

Quando tocaram o solo, uma barreira de segurança já os envolveu. O povo se aproximou como uma enorme onda querendo sobrepujar sobre eles. Al Badim a mantinha ainda mais apertada ao seu lado.  Microfones, braços e presentes apareciam em sua frente e com a mesma rapidez sumiam, pegos pelos seguranças. Com um pouco de dificuldade chegaram ao carro blindado e foram em direção ao palácio.

— Você está bem? – Al Badim perguntou lhe oferecendo uma garrafinha d’água, antes porém ele a provou.

— Sim. – Isabella respondeu com um enorme sorriso no rosto, que estava coberto pelo lenço. Pegou a garrafa e bebericou um pouco da água.

— O emir, o rei Jasper e a senhora Alice já os esperam no palácio. – anunciou Emmet no veículo. Ele e Al Badim começaram a conversar algo que ela não se importou em ouvir.

Uma das mãos de Edward se apoiou em sua perna e como sempre e sem perceber, começou a subir em direção a sua barriga e ela sabia que ali ficaria até a próxima parada.

Ela ficou olhando pela janela do veículo, reparando na reação do povo ao notar a comitiva real passando. O povo gritava saudações de alegria. Crianças vinham correndo atrás dos veículos, mas algo estava errado. Ainda não haviam entrado na cidade e o deserto seria sempre o deserto. Só que dessa vez com mais areia, mais fumaça e mais destruição pelo caminho . Poderiam ser focos da guerra civil que haviam provocado isso? Um calafrio percorreu seu corpo.

Edward sempre desconversava sobre a profundidade da guerra na qual o Oriente poderia estar envolvido. Dizia para ela não se preocupar com isso e que apenas a chegada de seu filho, de fato, era o que importava.

Al Badim sentiu o estremecimento dela e puxou sua cabeça para que aconchegasse em seu ombro. Por um momento, Isabella fechou os olhos. Não queria pensar nisso por mais real que fosse. Queria só mais um tempo antes de mergulhar naquilo que seu inconsciente gritava em seu intimo. Algo não estava bem, porém não sabia dizer o que era. 

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Pov Rosalie

— Não pense que isso ficará assim! – Rosalie declarou andando pelo quarto.

Carregava uma página do jornal local de dois dias atrás, com a foto de Al Badim e Amirah na sacada do palácio em Omã, no dia do anúncio da gravidez. Já havia quebrado vários objetos desde então e Victoria não sabia mais o que fazer para acalmá-la.

O aposento estava todo destruído.

  – Se ela pensa que ter um bastardinho na barriga será o suficiente para tirar o que é meu....- jogou a garrafa no chão a partindo em dezenas de pedaços – Está muito enganada!

— Daqui a pouco, eles chegarão ao palácio. – Victoria interrompeu – A senhora ainda precisa se arrumar...

—Não seja imbecil! – esbravejou – A última coisa que penso é em olhar para a cara daquela imunda!- esfregou as mãos no rosto desesperada -  Vou descobrir o que ela fez. É impossível que uma imunda, vinda do povo possa ter em tão pouco tempo conquistado ele.

— Ela é a prima do rei Jasper. – Victoria disse como se justificasse a escolha do sheik.

— O que não faz dela ser uma princesa! Com certeza tem algo podre nisso tudo e eu vou descobrir.  A primeira coisa que farei é acabar com a vida da peste que ela carrega...- pegou um caco de vidro no chão. Apertou o objeto sobre a foto do jornal, bem no local da barriga de Bella. A força que usou foi tamanha que perfurou a palma da mão. O sangue brotou rapidamente. Vermelho e quente...

— Senhora!!!.- a amante correu para socorrê-la. Puxou o lençol da cama e envolveu a mão cortada.

— Isso não é nada Victória. – sorriu. - Não é nada perto do que ela já me fez sofrer e de tudo que ela sofrerá!

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Pov Edward

Jasper veio nos receber junto com Alice. Pelo olhar do meu cunhado, pude ver que a situação era mais grave do que parecia. Emmet e Jacob foram com Isabella para o aposento.

Precisava antes de tudo falar com meu pai sobre a situação do país que a meu ver não estava nada bem.   

Quando chegamos no salão de reuniões,  outros conselheiros vieram me cumprimentar. Como já era esperado, nem todos estavam satisfeitos com a minha volta ao Egito e muito menos com a noticia da gravidez.  Pude ver através de seus olhares incomodados. Parecendo também notar os ânimos, meu pai caminhou em nossa direção.

— Finalmente um herdeiro está a caminho! – o conselheiro disse ao me cumprimentar.

— Só podemos agora pedir a Alá que traga um homem varão. – disse o outro. Alternei o olhar entre Jasper e o conselheiro. Meu cunhado revirou os olhos pedindo em silêncio para que eu ignorasse os falatórios dos anciãos. O que não adiantou.

— Com certeza. – continuou o conselheiro - Não queremos voltar a estaca zero se vier uma menina. – zombou.

— Será uma grande lástima para todo povo. – o outro murmurou algo na língua árabe antiga, soando como uma praga.

Agradeci por Isabella não está aqui.  Não queria que ela ouvisse tantas aberrações juntas.

— E nos atuais tempos, tudo pode acontecer. – as palavras ditas pelo conselheiro Mustak chegaram ao meu ouvido como uma ameaça.

Sorri de lado. Me segurava para não atingi-lo com um murro bem no meio da cara.

Não estava nem ai para o que pensasse ou não sobre meu filho ou filha. Porque na verdade, podia vir uma linda garotinha, que já era muito amada por mim e sua mãe.  E como tal, eles querendo ou não, teriam que respeitá-las.

— E qualquer um que ousar sequer a pensar uma dessas asneiras, certamente vai se arrepender, não importa quem seja. – afirmei com olhos assassinos. Não era mais um príncipe. Me tornara um rei. Rei de um país e herdeiro de mais dois reinos. Uma nação estava sobre meu comando. Não devia mais obediência aos velhos abutres do Conselho.

Meu pai e eu sabíamos quem eram os inimigos aqui no palácio. Inimigos por todo o país. Por mais que nossa vontade fosse declarar guerra de uma vez e expulsar aqueles infelizes de nossas terras, no meio político as coisas não funcionavam assim.

Voltei minha atenção para meu pai. Preocupação e duvida inundavam os olhos dele. No homem cuja confiança era sempre ofuscante, independente do que estivesse dizendo ou fazendo. E agora, perto de me tornar pai, entendia que seu maior temor era de que algo acontecesse a seus filhos, a sua família. Sabia e entendia bem isso, pois também sentia o mesmo. Medo de ser impotente e não forte o suficiente para defender minha esposa e meu filho. Mais do que nunca vi o quanto meu pai precisava de mim ao seu lado.

Ele me abraçou.

— Que Alá o abençoe meu filho. – disse – Alice e Amirah? – perguntou para Jasper e eu.

— Seguiram para os aposentos.

— Ótimo. Elas precisam descansar.

— Podemos então o quanto antes tratar sobre a invasão em nossas fronteiras...- o chefe de estado se pronunciou.

— Senhores – meu pai chamou – essa não é a hora para isso. Meus filhos retornaram ao lar e no momento só quero comemorar a sua volta. – preciso de um minuto a sós com eles. - Meu pai parou um criado dando alguma ordem.  – Por favor acompanhem-no.  Aproveitem a recepção senhores. – como cordeirinhos se calaram e seguiram o empregado. Com um gesto de cabeça, meu pai indicou para que o seguíssemos.

Apenas nossos seguranças particulares nos acompanharam. Atravessamos as grandes portas duplas que logo foram fechadas.

Seja o que for, podemos sentir o tom urgente na voz de meu pai.

Pov Isabella

Quando nos despedimos senti um aperto no coração. Minha mão se fechou na de Edward. Ele pareceu notar. Se virou para mim, beijando o alto da minha cabeça. Jasper também se despediu de Alice. 

Ele achou melhor que eu entrasse com a irmã pelos fundos do palácio antes que nos encontrassemos com os conselheiros. Fiquei encarando como uma boboca para eles enquanto se distanciavam. Senti os braços de Alice me envolver meio desajeitados com a enorme barriga dela. Era incoerente, eu sei, eles só tinham ido conversar, mas o medo em meu ser parecia ter triplicado de tamanho.

Não chegamos a dar dez passos, quando Rosalie apareceu no final do corredor. Ela era mais alta do que eu me lembrava. Mais alta que Alice e eu e usava um vestido longo de mangas também longas cobrindo-lhe todo o corpo. Sua roupa era num tom escuro, o que alongava mais sua estatura. Gases envolviam sua mão esquerda.  Quando se aproximou da gente pude ver que seu rosto estava pálido lhe dando um ar fantasmagórico. Com certeza, se eu estivesse sozinha ali, já teria corrido e gritado por ajuda aos quatro ventos.

— Peço desculpas por meu atraso em sua recepção. – Rosalie disse encarando a mim e Alice.

Ainda me sentia mal pelo que havia acontecido meses atrás com Rosalie. E não havia me preparado para um encontro tão cedo com ela.

— Não se preocupe Rosalie. Na verdade era apenas mais uma dessas viagens de encontros políticos que sempre nos deixam de fora. -  Alice disse chamando a atenção dela. - Não por muito tempo. Logo em seguida seus olhos se fixaram no pequeno volume da minha barriga.

— Então é verdade. Você está grávida. -  Ela tinha um sorriso angelical que contrastava com seus olhos inchados e vermelhos. Instintivamente depositei minhas mãos sobre minha barriga como se pudesse esconder minha gravidez. Um silêncio pesado caiu sobre a gente. Me esforcei para encontrar minha voz, mas nada saiu. 

— É. Estamos.  – Alice foi mais rápida – Agradeça a Alá por não ter que passar por isso. Dores nas costas, retenção de liquidos, inchaço... -  tirou o braço do meu redor, me soltando e tocando suas costas. Nessa hora com o movimento, meu véu foi puxado revelando um pouco da raiz de meus cabelos. Enrolados.

Rapidamente ajeitei o véu, mas antes pude notar o olhar estranho de Rosalie.

Ao menos ela agora não encarava minha barriga e sim meu rosto.

— A senhora precisa descansar. – Iameff aconselhou Alice.

— A senhora também. – Emmet afirmou – O sheik ficará no mínimo chateado se ainda a encontrar aqui de pé quando sair da união.

Aquelas palavras provocaram reações no rosto de Rosalie que tinha um sorriso falso e uma ruga de duvida na testa, passou a comprimir os lábios numa linha fina. Seus pulsos cerrados ao lado do corpo.

—Sim tem razão. – disse tratando de me afastar logo daquela mulher. – Com licença Rosalie - Gostando ou não ela era a primeira esposa. Comecei a caminhar, mas logo parei quando ela me chamou.

— Amirah. – me virei e o sorriso havia voltado ao seu rosto. – É uma pena que a gente não tenha tido a chance de nos aproximarmos da ultima vez que nos vimos. Acho que agora não faltarão oportunidades. – seu sorriso não chegava aos olhos.

— Claro. – respondi. A resposta fez com que Rosalie caminhasse em minha direção.

— Porque não me deixa acompanhá-la até o seu quarto. – a idéia me fez estremecer. O que ela poderia querer com esta aproximação? Queria uma amizade? Ela nunca foi a favor da minha estadia aqui. E eu concordava que ela tinha motivos.

— Hoje não. – me esquivei – Estou um pouco cansada da viajem.

— Também devo ir. – Alice parecia se divertir com as caretas de Rosalie. – Não vejo a hora desse bebê nascer. Estou comendo como um leão, meus pés parecem duas bolas de boliche e ...- enlaçou seu braço no meu e continuou falando enquanto se afastava. Parei de ouvir na metade do caminho. Seja lá qual a aproximação que Rosalie queria, meu instinto gritava para que eu ficasse bem longe dela.

Pov Narrador

Isabella adormeceu tão profundamente que foi preciso Zafrina sacudi-la para que acordasse.

— Sua alteza, o emir, quer que a senhora o acompanhe no jantar.

— Jantar? Que horas são? - a encarou sonolenta.

— Quase 21h. – Zafrina continuou falando indo em direção ao banheiro – O rei Edward esteve a pouco aqui, para ver como a senhora estava e disse que logo voltaria.

— É. Anda logo sua molenga. – Jacob me zoou. Ele só fazia essas gracinhas quando Edward não estava por perto.- Não adianta colocar a culpa na gravidez para esse sono todo.

— Não sabia que estava aí. – menti. Quando Edward não estava Jacob era quase que minha sombra.

— Seu banho já está pronto. –  Zafrina me avisou.

— Essa é minha deixa. – meu amigo e guarda costas se levantou da cadeira se espreguiçando. Sorri para ele.  Sempre a hora do banho era a sua deixa. Ele aproveitava para ir ao banheiro ou comer algo.

— Até mais Jacob.

— Tem vários seguranças aqui fora. – avisou da porta -  Qualquer coisa é só chamá-los.

Zafrina e eu assentimos.

—Bom,  então deixa eu me arrumar.

Pov Edward

— O senhor tem certeza?

— Sim. Já estmos há vários dias monitorando o acampamento. Aro chegou a 3 dias.

— É mesmo um lunático. – Jasper tirou as palavras da minha boca.

— Ele está tão convicto de sua vitória sobre nossas tropas que se arriscou a vir e dar as caras. - afirmou Emmet.

— Era a chance que esperávamos. Vamos aniquilar de uma vez por todas aquele verme.

— Ainda assim. Tenho certeza de que Aro não faria tamanha estupidez se não tivesse em trunfo nas mãos.  Por isso temos que tentar agir com cautela máxima.

Batidas fortes na porta.

— Senhor...- um guarda chamava do outro lado e entrou esbaforido – Estamos sendo atacados.

— O quê? – meu pai perguntou.

— Como chegaram tão perto sem os alarmes da cidade soarem?

— Não sei...- continuou o guarda - Eles invadiram os muros do palácio...

Ouvimos o barulho estrondoso de uma explosão bem próxima.

 

Pov Narrador

Isabella levantou-se e tomou um banho rápido.

Ouviu um barulho distante. Como uma explosão, só que bem longe. Não poderia dizer ao certo.

 Depois de vestir as roupas procurou por suas lentes. Havia tirado ao dormir para tentar reduzir o incomodo que sentia na vista pelo uso excessivo. Tinha uma dúzia delas na mala e poderia mandar comprar outras a qualquer momento. O problema seria as suspeitas que isso levantaria ou se alguém as encontrasse. Vestiu apenas o robe e voltou para o quarto.

— Zafrina – chamou a amiga e acompanhante – Você viu uma caixinha branca que deixei sobre....- as palavras se perderam quando viu a velha senhora caída no quarto – Zafrina o que aconteceu? – correu e se ajoelhou próxima ao corpo da senhora. Segurou a cabeça dela tentando erguê-la. Notou um ferimento na testa dela onde saia muito sangue.

— Socorro! – gritou por ajuda – Socorro...

— Não se preocupe. – sentiu um frio na espinha ao ouvir aquela voz. Outra pessoa estava no quarto com elas. – Ela só desmaiou.

Seu corpo parecia paralisado. Aquela voz...era conhecida. Victória. Mas como havia entrado no quarto? Como teria passado pelos guardas? Antes de se virar, voltou a se lembrar que estava sem as lentes.

— O que você quer? – perguntou de cabeça baixa – O que está fazendo aqui?

Como não teve resposta, ergueu os olhos a encarando. Ela segurava um martelo.

Um ranger de algo enferrujado ecoou no quarto. Como se estivesse num filme mal assombrado, Isabella viu uma parte da parede atrás de Victória se mover.

De lá saiu a primeira esposa.

— Olá Amirah... ou devo dizer charmuta – ela sorriu maliciosamente –. Eu sabia que a conhecia de algum lugar, só que não me lembrava. Até que vi seu cabelo hoje cedo. – rodeou a amante caminhando para perto de Bella. – E esses olhos...tsc.tsc.tsc.. Não acreditava que pudesse ser tão atrevida ao ponto de atravessar meu caminho. De novo.

Na abertura da parede saía agora um homem com um emaranhado de cordas na mão.

— O que significa isso! – Isabella engoliu em seco ao vê-la. Suas mãos começaram a tremer -  Como entrou aqui?

— O que significa isso? Como entrou aqui?- Rosalie imitou sua voz de forma sarcástica. – Aqui é o meu lugar.  O lugar que você roubou tão descaradamente, como se fosse alguma princesa de um reino encantado. – gargalhou e havia tanta maldade em sua voz, que um arrepio percorreu todo o corpo de Isabella.

— Jacob! – voltou a gritar por ajuda.

— Cale a boca dessa imunda! – ordenou para a amante.

—  Jamais permitirei que coloque as mãos em meu filho.- correu para a porta, mas Victória se pôs em sua frente. – Saia da minha frente! – ordenou, temendo pela vida de seu bebê. Estava encurralada.  

— Eu não me sacrifiquei todos esses anos para ser a princesa perfeita. – Rosalie disse - A esposa ideal para que você viesse e roubasse o que é meu! – pegou a faca sobre a mesa. - E essa criança que espera...- disse como se adivinhasse seus pensamentos e encarou a barriga de Isabella – será a primeira a pagar! – tentou agarrar o braço de Isabella, mas ela desvencilhou com um empurrão, jogando a primeira esposa no chão. A faca voou para um canto no quarto.

— O que estão esperando? Peguem essa maldita antes que fuja. – Rosalie gritou ainda no chão para o homem e Victoria.

Bella olhou pelo quarto em busca de algo que pudesse usar para se defender. Conseguiria lutar com as duas talvez, mas ali haviam três. Fora em seu estado. Tudo que fizesse colocaria em risco a vida de seu bebê.

 Principalmente ficando ali.


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Notas finais do capítulo

Peço desculpas pelo atraso fofys... tentei ao máximo, mas é sempre uma coisinha aqui e outra ali...e enfim. Queria ter abordado mais o capitulo, só que demoraria mais para postar

Rosalie conseguiu enfim o que queria. Colocar as mãos na segunda esposa. Bella por mais que tenha aprendido golpes de luta defensiva com Jacob, fica encurralada numa luta com três. E agora....quem poderá defendê-la? E porque Jacob não apareceu para ajudá-la?

Conseguirá Al Badim rever seu grande amor ou Rosalie fará mais uma vitima???

Saberemos nos próximos capítulos....Espero que tenham curtido. Um grande bjo meus amores e fiquem com Deus.