A Odalisca escrita por Titina Swan Cullen


Capítulo 27
Capitulo 27


Notas iniciais do capítulo

Oieeeeee
Obrigada a todos pelos lindos comentários!!!
Perdão por não responder a todos, estou me esforçando ao máximo...um grande beijo e vamos lá.



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Pov Bella

Puxei o véu que insistia em escorregar, deixando minha cabeça quase descoberta. Na pressa em sair logo do aposento, me esqueci da presilha para prender isso. Pareciam que todos ali já me reconheciam como esposa de Edward, já que sempre que encontrava algum guarda ou criado, os mesmos faziam uma breve reverência.

Uma coisa eu tinha quase certeza.

Devia estar no lugar certo. Não via nenhuma mulher pelo caminho, já que esse julgamento não seria permitido que mulheres estivessem presentes. Ou isso ou eu estaria no lugar completamente errado.

“Afinal por quê deixariam você passar?” – indagou minha consciência.

Não me importei e continuei seguindo o labirinto de paredes. Havia momentos que sentia que fosse ser engolida, sufocada pela proximidade das janelas fechadas e tampadas por cortinas pesadas.

Queria correr para chegar ao local onde Rosalie estaria sendo julgada, mas não conhecia nada ali. Tinha medo de perguntar algo para um dos guardas e que ele imediatamente me levasse de volta para Jacob ou pior ainda. À Edward.

 Enquanto me dirigia a um novo corredor, dois guardas abriram enormes portas duplas para que eu passasse. E quando entrei, percebi o quão perdida estava.

—Ótimo. – murmurei sozinha. Ali devia ser alguma biblioteca do palácio, pelo numero de livros que tinha.

Voltei no mesmo pé até que uma voz feminina me chamou a atenção.

— Para onde está indo tão apressada princesa?

As palavras me fizeram parar bem na porta. Olhei para trás e vi Alice segurando um livro e vindo em minha direção.

— Alice. – encurtei a distancia e a abracei. – Que bom vê-la. - sorri - Só que não tenho tempo. Preciso falar com Edward.

— O meu irmão fez aprontou alguma coisa com você? – ela ainda segurava minhas mãos não permitindo que eu me afastasse. 

— Não. - respondi sem graça. Imaginei se ela soubesse que eu é que estava planejando algo. Pensei se deveria ou não dizer pra ela sobre minhas intenções. Talvez ela entendesse e me ajudasse a encontrar o lugar. - Vou ver o que está acontecendo com Rosalie.

— O quê? – soltou uma de minhas mãos apenas para tocar meu rosto – Você está em seu juízo perfeito? – ela parecia horrorizada.

Endireitei meus ombros.

— Não consigo ver algo assim acontecendo e não fazer nada.

— É mesmo? – sua voz me soou sarcástica e aquilo me incomodou. – E acha que vai chegar naquela sala, cheia de homens poderosos e quando digo poderosos, não é apenas por serem mais fortes que você em posição política, riqueza e armamento, e acha que eles irão ouvir seus protestos de mulherzinha mimada querendo se impor?

Suas palavras pareciam socos em meu estômago. Embora tenha soado extremamente grosseira, parecia que tinha surtido o efeito desejado. Realmente não tinha muito o que eu pudesse fazer.

—Alice...

— Acorda minha flor. – voltou a tocar meu rosto – Você agora é a esposa do meu irmão. Príncipe e futuro rei de Omã e do Egito. Tem que entender que tudo o que você faça, vai cair nas costas dele. – ela me puxou para sentarmos no grande sofá almofadado – Ou acha que quando interferisse num julgamento desse porte, eles não iriam exigir que fosse também julgada. E que meu irmão ficaria parado vendo aqueles velhos a punirem?- era uma pergunta retrograda.

— Não. Não acho. – cruzei os braços derrotada.

— Ele iria desafiar a todos que ousassem lhe tocar. E  naquela sala há homens mais poderosos até mesmo que meu pai. E aí Edward poderia não só perder o trono. Poderia pagar com a própria vida, caso os desafiasse.

Pisquei rápido tentando absorver tudo aquilo que Alice falava. Senti meus olhos marejados.

— Aqui as leis são para todos Bella.

— Ah Alice...- deitei minha cabeça em seu colo e comecei a chorar. – É que... é tão injusto... – chorei como uma criança mimada e birrenta que não podia fazer aquilo que queria, mesmo sabendo que era o certo.

— Sua tola. – Alice afagou meus cabelos, já descobertos pelo lenço. – Já vi que esse ano que você passou estudando nossos costumes, não serviram de nada.

— É porque é mais difícil na prática. – ri sem humor ainda chorando. Não sei por quê estava me importando tanto com aquilo. Já sabia que cedo ou tarde iria acabar sabendo de casos como estes aqui.- Só que tudo fica ainda mais difícil quando é tão perto de você e com alguém que você conhece.

— Eu sei, meu bem. – ela continuou acarinhando meus cabelos – Só quero que pense agora que você é o porto seguro de Edward, ao mesmo tempo a única fraqueza do meu irmão. Já conversamos sobre isso. Nesse nosso mundo, temos muitos amigos. Mas também inimigos que não poupariam esforços para atingi-lo. – me sentei novamente a encarando e enxugando as lágrimas.

—Obrigada Alice. – funguei.

— Minha linda. – voltou a me abraçar – Quero que me prometa uma coisa. – assenti com a cabeça, mesmo sem saber o que era. – Tenha cuidado. Não acho que seja lá o que aconteça com Rosalie, ela aceitará tudo tranquilamente.

— Entendo o que quer dizer Alice, só que ainda assim, só consigo sentir pena dela. – sequei minhas lágrimas, irritada por demonstrar tanta fraqueza.

— Não sinta. – Ela se levantou e o colocou o livro de volta na estante.  – Rosalie mereceu.

Assenti mesmo que não concordando plenamente. Estava grata por contar com o apoio de Alice pelo menos.

 - Vamos voltar. – Garanto que daqui há alguns minutos dezenas de guardas virão atrás da gente. –  mordi os lábios imaginando Jasper desesperado a procura da esposa grávida. Ou de Edward enlouquecido por eu tê-lo desobedecido e saído do quarto. 

Depois me entenderia com ele. Por hora não queria vê-lo. Ainda estava meio abalada com aquela situação de ter uma mulher espancada por seu marido que também era seu marido. Respirei fundo.

— Ainda não Alice. – pedi. Não queria que ela soubesse que estava com medo. Não medo pela reação do meu sheik, mas medo da minha reação de talvez não conseguir encará-lo, sabendo o que possa ter acontecido com Rosalie. – Eu poderia ficar um pouco mais aqui?

— Claro.

— Eu ficarei bem. Pode ir descansar.

— Nem pensar. – parou a minha frente - Acha que meu irmão me perdoaria se te deixasse sozinha aqui?

— É muito provável que sim. – sorri e meus olhos voaram para sua barriga -  Podemos falar sobre sua gravidez.

— Depois. Já falo demais sobre isso. – puxou minha mão -  Tenho uma coisa muito melhor para lhe mostrar. – dizendo isso, caminhamos até a estante. Soltou minha mão e tocou um livro no alto, muito grosso e de capa roxa. Parecia bem pesado e achei que fosse cair em cima dela. Mas ela apenas o tocou. E nessa hora, uma das colunas da enorme estante se moveu revelando uma abertura escura.

— Uma passagem secreta? – murmurei perplexa.

— Como nos filmes hummm – Alice tinha um sorriso sapeca. – Edward e eu costumávamos nos esconder quando crianças. - ela voltou a segurar minha mão me puxando para a parte obscura e misteriosa do palácio.

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Enquanto era carregada numa maca pelo corredor oeste, nenhum comentário era ouvido ou olhar destinado à ela. Todos sabiam quem era, porém permaneciam em silêncio enquanto sua princesa era levada para a ala mais distante do palácio.

 Ali ficava uma pequena ala hospitalar, com recursos maiores que alguns dos hospitais do Egito.

Mesmo tendo sido culpada pelo Conselho, Rosalie continuava sendo princesa do Egito, casada com Al Badim e por esse motivo tinha acesso e direito aos privilégios ali. Em questão de segundos, seu corpo foi deitado de barriga para baixo e sua burca, já dilacerada pelas chibatadas, terminou de ser rasgada pelas enfermeiras.  O médico, um senhor de idade avançada se aproximou e começou a distribuir ordens enquanto os demais guardas saiam da sala. Os gemidos de Rosálie, mesmo que quase inconsciente pela dor, se tornavam ainda mais altos conforme seu corpo era mexido e sua carne mutilada exposta recebia os primeiros cuidados. Enfermeiros com mãos experientes limpavam os ferimentos, verificando quais partes dilaceradas poderiam ser salvas. Uma veia foi puncionada e por ela um forte anestésico aplicado. Imediatamente sua mente ficou entorpecida.

Talvez mais distante, mas ainda presente, Rosalie desejava com toda a força, que Edward Al Badim sentisse três vezes mais, tudo o que ela sentia nesse momento. E ela já imaginava bem em como poderia atingi-lo.

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Edward sabia que nunca imploraria por nada na vida. Nem por misericórdia ou por perdão. No entanto o que mais queria era que o Conselho autorizasse a anulação daquele maldito casamento com a princesa do Líbano.

No salão, o Chefe dos Conselheiros levantava a voz para se dirigir aos demais que haviam presenciado ao julgamento. Al Badim passou os olhos pelo ambiente e viu pelo balançar das cabeças que todos ali pareciam concordar com as suas palavras.

O sheik levantou os olhos em descontentamento quando cruzou com a fisionomia do sogro.

“Maldito Aro. Continuava com aquele sorrisinho triunfante, mesmo com a filha naquele estado.”

Foi passada a palavra então para o emir.

— Senhores – a voz do rei retumbou no salão – É com meu coração sangrando que acima das minhas forças, isso hoje tenha acontecido aqui...

Os burburinhos cercaram Edward. Para seu pai mais do que ninguém ali, com exceção de Rosalie, ter que engolir aquele tipo de punição era uma das piores violações aos direitos humanos. Seu pai, que vinha durante anos tentando acabar com o tipo de tratamento destinado as crianças e mulheres, ter que presenciar, algo assim em seu palácio, era como uma das piores ofensas pelas quais passara.

Por outro lado ele, nada podia fazer. Mesmo sendo o emir, ele era de certa forma, compelido pelo Conselho a acatar suas ordens. Al Badim fora contra essa punição desde o inicio. O que tentara a todo custo, era de convencer o Conselho a aceitar a anulação do matrimônio e acordo dos países.

Enquanto seu pai falava, pela visão periférica, o rosto de Edward começou a se contrair, ao notar a aproximação indesejada. Uma mão forte apertou seu ombro e sentiu de imediato uma repulsa desejando lançar para longe aquele que causava tal sentimento.

Mas não podia. O sheik sabia que poderia ser punido se o desrespeitasse abertamente.  Ele além de mais velho e um dos reis ali presente, também era seu sogro. Al Badim se virou para o rosto envelhecido do homem que lhe causava tanta ira. Os olhos pequenos brilhavam de alegria, afinal tinha conseguido manter o acordo. E contrastavam com o sorriso falso e cínico que trazia no rosto.

— Meu genro. – seu tom de voz era baixo para não chamar a atenção para ele.  – Tenho profunda vergonha pela atitude de minha filha. É verdade que ela estava pressionada, só que isso não lhe dava o direito de agir como agiu. – Edward apertou os lábios quando Aro passou o outro braço ao seu redor o envolvendo em um abraço. – Contudo, não posso deixar de dizer que percebo como tem tentado, a todo custo, durante esse tempo que casou, que o Líbano desista do pacto.

— A única verdade que percebo é que durante todo esse tempo, como o senhor, o rei do Líbano, tem de todas as formas dificultado qualquer acordo que temos aqui ou com qualquer outra fronteira. Incitando guerras, traficando armas para países inimigos, além de escravizar pessoas, tirando o pouco que lhes resta para sua sobrevivência. E tudo isso para manter toda a ostentação de um reinado medíocre e insalubre.

— Não brinque comigo moleque.

— Está me ameçando? – a voz de Al Badim era alta não se preocupando com os olhares curiosos em sua direção agora.

— Não. Jamais.  – o rei Aro levantou as mãos em sinal de rendição - Nunca ameaçaria meu genro. Um membro de minha família. – se afastou minimamente do sheik apenas para encará-lo com o maldito sorriso - Já sua nova aquisição. – sussurrou - Ela não tem sangue real, é prima de terceiro grau do rei Jasper. – inclinou-se para a frente - A prostituta que leva para a cama ... parece ser apetitosa.

O ódio tomou conta do olhar de Al Badim, que já estava gelado. Levantou o punho, os dentes travados em uma expressão feroz.

— Desgraçado! – berrou. Antes que atingisse Aro, o segurança libanês entrou na frente recebendo o golpe. A tempo de mais dois guardas o segurarem. – Eu juro que te mato se voltar a pensar em encostar um dedo nela! – Me larguem! – empurrou os guardas. Só que Aro já estava caminhando para perto do Conselho, para trás do emir, com a máscara de homem insultado.

O emir já havia se calado e caminhava agora para perto do filho. Edward tinha uma expressão arredia e suas mãos fechadas em punho. Pelo o que conhecia do filho, sabia que era melhor o sogro sair do salão.

Todos ali presente também conheciam o temperamento impulsivo do sheik e agora toda a atenção estava voltada para a discussão acalorada que se desenrolava ali. A maioria sentiu-se insultada, assim como o rei do Líbano demonstrava estar.

Carlisle observou Aro, esperando por sua reação tempestuosa, dizendo que estava sendo acusado profanamente, exigindo retratação por parte de Edward imediatamente.

Em vez disso, o rei Aro começou a rir. Era um riso sombrio e fez um arrepio subir pelas suas costas, enquanto ecoava pelo salão. E trazia muito mais significados obscuros do que palavras ditas.

— É melhor pararmos aqui com essas discussões sem sentido. – Carlisle disse para ambos. Segurou com força o braço do filho o afastando para um lugar mais distante. – Em nada vai adiantar agir de cabeça quente. – repreendeu o filho.

Al Badim reuniu todas as suas forças para não deixar a tempestade que ameaçava explodir dentro dele e transparecesse em seus punhos prontos para socar a fuça do sogro.

— Esse maldito! Ele ameaçou Isa...Amirah. – por pouco não falara o nome real da mulher que amava, a expondo ainda mais. Se controlou para usar a mascara da indiferença que havia se esforçado para construir todas as vezes que estivesse com ele.

— Esse filho da pu...

— Silêncio! – o emir sibilou já mais afastado – Não aceite as provocações dele. Aqui não é o momento nem lugar para isso.

— E quando vai ser? – Al Badim puxou o braço se soltando do pai. Estava furioso. - Já não aguento mais isso. Já não suporto mais ter minha vida decidida por outros. E juro! – apontou para o sogro escondido no outro canto, sobre a barreira de seguranças - Vou acabar com esse desgraçado!

— Cale a boca. – o emir sibilou.

— Estou decepcionado com este comportamento. – o chefe do Conselho repreendeu ao seu lado – Não é desse jeito que deve se portar o herdeiro e futuro rei de uma nação.

O emir ficou sério ao olhar para o filho. Não estava decepcionado com ele. Pelo contrário, via como durante todos esses anos, ele abrira mão de muita coisa em nome de seu compromisso com a nação que logo teria em suas mãos. E agora ainda tinha que lhe dar com ameaças veladas a sua esposa.

— Por hoje já basta! – o emir vociferou com a voz grave. Não permitiria que o filho levasse um sermão na frente de todos por culpa da hipocrisia de Aro.- Encerremos por aqui. Agradeço a todos que puderam estar aqui neste momento. E creio não precisar lembrá-los que o que foi visto aqui hoje, não saia desse recinto.

— Não se preocupe senhor. – o rei Jasper tomou a frente. – Iremos honrar nossas palavras com a vida. – reverenciou o emir sendo seguido pelos outros.

Pouco a pouco, um a um dos senhores ali começaram a se levantar indo em direção a saída. Antes que chegassem a porta, ela foi escancarada por uma dezena de guardas. Eles estavam com as mãos nas armas e ofegantes, denunciando que correram para chegar até ali. Quatro adentraram o salão ficando frente a frente com o emir. Estavam preparados, prontos para defender seu rei.

Carlisle uniu as sobrancelhas.

— O que está acontecendo? – questionou ao guarda de maior patente.

— Senhor...a rainha. – o guarda olhou do seu rei para o sheik - Ela foi envenenada.

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Pov Bella

O tempo com Alice parecia passar voando, embora tenha certeza que já estávamos ali, imersas naquelas passagens secretas, há algum tempo. Além de me contar as historias sobre a construção daquele lugar, descobri  que existiam várias passagens escondidas ali. Portas que levavam à vários locais do palácio. O lugar era meio aterrorizante como num filme de terror, com teias de aranha, gotas caindo do teto, o que deixava bem úmido, além de escuro e frio.

Não sei dizer ao certo que horas eram, quando um ronco abafado chamou a atenção de nós duas. Sorrimos.

— Desculpa. – Alice pediu. – Pela fome que sinto, às vezes acho que espero gêmeos.

Sorri e olhei para o pequeno volume agora presente em sua barriga. Era discreto, mas já perceptível, mesmo na quase completa escuridão dali. Imaginei por um momento o quão incrível deveria ser carregar um bebê e senti-lo com o tempo, crescendo em sua barriga. Não pude deixar de sorrir ao imaginar como Edward ficaria tão bobo com um filho a caminho. E como eu ficaria radiante em carregar o filho do homem que amo.

— Você acha tolice?- ela perguntou, tirando-me de minhas divagações.

— O quê? – perguntei sem graça por não ter ouvido sua pergunta.

— Que Jasper já está montando o quarto do bebê. Já comprou uns cinco carrinhos, dois berços e nossa... – cobriu o rosto – centenas de roupinhas.

— Não. Não é tolice. – sorri quando ela me encarou séria – Talvez ele esteja um tanto ansioso com a chegada do bebê, mas não é tolice.

—Ansioso é pouco. - sorrimos juntas.

Andamos mais alguns passos e Alice parou em mais uma porta bem estreita. Se ela estivesse com a barriga maior, duvidava que conseguisse passar ali.

— Vamos sair aqui. – empurrou a porta – Se não me engano sairemos no corredor próximo a cozinha. Quando saímos, os ruídos dos passos nos chamaram a atenção. Guardas passaram correndo em nossa frente, e nem perceberam a abertura na parede.

Corriam.

O que era muito estranho ali. Alice tinha as sobrancelhas franzidas como se tivesse tido o mesmo pensamento que eu. Ela segurou minha mão e saímos pela abertura.

Sem que percebêssemos, outro grupo de guardas veio em nossa direção se chocando com a gente. A tempo puxei Alice para a parede, recebendo eu assim o impacto. A trombada não foi tão forte. Confesso que teria caído, se as mãos do guarda não tivessem sido mais ágeis e me segurado.

— Finalmente as encontrei. – Jacob e mais dois guardas pararam. Ele me soltou. – Estão feridas?

Estranhamos a pergunta, mas balançamos a cabeça negando.

— Estamos procurando por vocês a quase três horas. – reclamou. Pegou o radio preso na calça.

Meu rosto esquentou na hora. Tudo aquilo era por minha culpa. Assim que tive a oportunidade, fugi dele. Era claro que Edward já deveria ter voltado e exigido de Jack minha presença. Não queria ter deixado meu amigo em situação complicada.

— Jack, eu sinto muito.- comecei a me desculpar. Um sinal ecoou do rádio. Ele levantou a mão pedindo para esperar. – Avisem que eu as encontrei. – a voz do outro lado disse alguma coisa em código que não consegui entender. Jacob nos olhou de cima a baixo. – Sim, estão bem. Estarei aí em instantes.- mais alguns códigos – Ok. Desligando. Precisamos ir. – ele disse e os dois guardas se posicionaram atrás da gente.

— O que aconteceu? – Alice perguntou e o olhar de Jacob se tornou sombrio. Parecia relutante, mas por fim disse.

— Um acidente. Assim que chegarmos lá, seu esposo, irá lhe informar.

Aquela resposta me fez crer que meu sumiço não era o único problema.

— Que tipo de acidente, Jacob? – Alice segurou seu braço - Está me assustando.

— Não posso dizer mais do que isso, senhora. – seus olhos me encararam por um instante e voltaram para a Rainha da Turquia. – Garanto que o quanto antes chegarmos no salão real, os senhores rei Jasper e príncipe Edward irão lhes explicar melhor.

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O tempo para chegarmos ao salão pareceu uma eternidade, mas na verdade não deve ter durado nem cinco minutos.

Ao notar nossa presença, dois guardas abriram as portas.

A primeira coisa que notei foi a aura pesada que se acumulava ali. Todos os rostos estavam tristes ou consternados. Vários guardas armados estavam dispersos. Alguns, próximos as janelas com armas a postos, como se esperassem por um ataque eminente. Um grupo de conselheiros estava reunido num dos cantos, e em meio a este grupo Edward e Jasper. Imersos em uma conversa sussurrada até que as atenções se voltaram para os recém chegados.

— Graças a Alá! – Jasper correu em direção de Alice. Segurou seu rosto com as duas mãos depositando vários beijos. – Eu estava muito preocupado.- o ouvi dizer, para logo em seguida ser minha vez de ser tomada por braços fortes.

— Faz ideia de como estava preocupado com você! – Edward brigou comigo e em seguida me abraçou e por pouco achei que teria mesmo minhas costelas esmagadas. Afastou-me minimante para olhar em meu rosto. Seu olhar era intenso. – Está ferida? Onde esteve?... – Edward começou a fazer várias perguntas e não conseguia assimilar o que ele dizia. Mesmo em meio ao falatório, pude ouvir Jasper falar algo sobre envenenamento. Nessa hora ouvi o desespero de Alice. Ela começou a chorar e não muito distante de mim. Seu marido a segurava enquanto alguns guardas traziam uma cadeira para ela.

Olhei ao redor, ainda nos braços de Edward, que alguns tinham os olhos atentos em nós. Dentre eles alguns conselheiros. Não vi Carlisle.

— Que droga, Amirah, responda!

Confusa, percebi a preocupação nos olhos castanhos profundos dele. Se fosse verdade...aquilo devia estar sendo horrível para ele.

— Edward...- disse com a respiração profunda e trêmula. Só agora me dando conta de sua expressão sofrida. – O seu pai...- prendi a respiração temendo que ele confirmasse.

— Não. A minha mãe...- soltou um suspiro e seus olhos ficaram marejados. Uma tristeza profundo tomou seu rosto. – Ela está morta.


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Notas finais do capítulo

Êta lê-lê...que agora o bicho vai pegar!!!! A rainha morreu, contrariando muitos que torciam pela ressurreição da sogrinha. Foi muito difícil de decidir, mas desde o inicio da fic, meus planos era que Esme morreria ou ficaria com parte do corpo paralisada. Contudo por motivo de força maior, e crescimento da nossa personagem, foi necessário. Desculpinha para quem torcia por ela.
Ainda bem que na hora H, super Alice apareceu e deu uma sacodidela na nossa heroína. Sem rainha no palácio, alguém precisará assumir as obrigações reais e quem será essa pessoa heim??? A primeira ou segunda esposa?
Acho que o feitiço virou contra o feiticeiro quando Aro ameaçou Amirah /Isabella justo na frente do sultão. Quero ver como ele vai negar agora que está envolvido no atentado a rainha. Algo me diz que ele comprou uma briga feia com os Al Badins.
Agradeço de coração a todos os comentários. Corri feito louca para postar o quanto antes esse capítulo em homenagem a todas e todos vocês e espero que tenham curtido de montão
Um grande beijo e até o próximo fofys. ;)