A Odalisca escrita por Titina Swan Cullen


Capítulo 26
Capitulo 26


Notas iniciais do capítulo

Opsssss.... desviando das pedras.... Peço desculpas pelo atraso ENOOOOOOORMEEEEE. Um grande bjo em Gleice Kelly por recomendar a fic. Muito obrigada! Sei que muitos não lêem as notas iniciais, então por isso colocarei lá embaixo também. Não sei se falei aqui ou no outro site. Fiz uma cirurgia delicada e até melhorar, demorou um pouquinho. Fora o trabalho, casa, familia, bloqueio para findar o capitulo....ufa... "vambora" ao capitulo de hoje...



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Victoria estendeu o braço e, com a mão trêmula, tirou o cabelo dela da testa. Estavam deitadas na cama depois da noite de amor que tiveram.

 Ao menos para ela, era amor.

Rosalie abriu os olhos despertando.

Ao encará-la, Victoria não conseguia falar. Não conseguia encontrar palavras para tudo o que estava sentindo pela princesa. Continuou a encarando, mas como sempre via apenas amargura e ressentimento em seu rosto.

Seu coração estava aberto, dolorido e confuso. Queria muito que aqueles dias durassem para sempre, mas por algum motivo sentia em seu intimo que aquilo estava fadado ao fracasso. Sabia que a princesa a usava e não conseguia dizer não para ela. Pelo menos não mais. Seu corpo e espírito pertenciam a Rosalie Al Badim.

— Eu amo você, Rose. – sussurrou não se importando em como aquelas palavras chegariam ao ouvido da amante. – Chego a sentir dor de tanto que a amo.

Dessa vez um sorriso formou-se no rosto de Rosalie. Sentou na cama ajeitando os travesseiros nas costas. Os seios expostos atraíram de imediato os olhos de Victoria.

Um pensamento começou a se formar.

“Como essa inútil conseguia ser ainda mais idiota? Achar que algum dia, eu, princesa do Libano e futura rainha de Omã, iria amar alguém como uma criada e pior ainda, ex odalisca do meu marido. Todos ali no Oriente eram assim. Fracos e ao mesmo tempo fortes, resilientes durante as crises provindas das guerras e fome por quais passavam por todos esses séculos e que testavam sua fé ameaçando as pessoas e coisas que amavam.”

 Imaginava que o que Victoria sentisse fosse adoração, assim como todo o povo sentia. Por isso também eram tão fáceis de manipulá-las. Victória ainda lhe seria muito útil algum dia. Ali no palácio, ela era seus olhos e seus ouvidos e por este motivo, ainda a tinha bem próxima. Além de claro, em algumas noites, ela proporciona-lhe o prazer que tanto queria.

— Onde está meu desjejum? – a expressão divertida passou a demonstrar aborrecimento. Victória não se importou por não receber uma resposta condizente com a declaração que havia feito. Achava normal que sua princesa não demonstrasse nenhum de seus sentimentos, principalmente em sua posição.

Foi até a mesa e preparou a bandeja para levar para sua senhora e amante. Antes que pudesse servi-la batidas fortes e altas foram ouvidas.  Victória olhou assustada. Quem poderia bater na porta da princesa aquela hora e daquela forma?

 Imediatamente Rosalie vestiu a camisola comprida de mangas longas.

— Vá ver quem é imbecil! – ordenou puxando o lençol para cobrir ainda mais seu corpo. – Seja quem for, pagará com a própria vida por tamanha afronta.

 Mal Victória tocou na maçaneta e a porta foi escancarada. Por pouco não foi derrubada.

O rei do Líbano adentrou o aposento. Seu olhar de fúria primeiro foi direcionado a criada.

— Saia! – ordenou. Victória olhou de esguelha para Rosalie. Notou que ela abaixara o rosto. Parecia tão acuada e surpresa como jamais a havia visto. Queria ficar ao lado da princesa, mas era melhor agir com cautela. Apressada, a amante saiu do quarto fechando a porta.

— Meu pai...- Rosalie disse recebendo um olhar ameaçador do pai.

Automaticamente uma de suas mãos tocaram a barriga firme coberta pelo lençol. Com o gesto descoberto a pouco tempo, sabia que quebraria a fúria do pai, sabe-se lá para quem estava direcionada. Ele via agora no falso neto, o futuro no poder que tanto procurou. 

Na mesma hora o rei Aro comprimiu os lábios. Tomou uma respiração profunda e voltou-se para a filha um pouco mais comedido, com ao braços cruzados diante da túnica azul escura bordada com flocos de ouro e pequenas contas de safira.

— Espero que pense bem pra que lado está destilando seu veneno! –  o sorriso dela diminuiu.

— Do que o senhor está falando? – a princesa franziu a testa sem realmente entender. – aproveitou para se afastar, escorregando pelo outro lado da cama.

— Fui chamado agora a pouco perante o Conselho do Egito. – o rei Aro deu contornou a cama, ficando frente a frente com a filha - Devo apresentá-la sob acusação de traição a seu marido.

— O quê? – ela arregalou os olhos.

— Como me explica isso?- Aro tinha os punhos cerrados e cogitava se deveria ou não dar uma surra em sua filha em seu atual estado. - Ouça aqui sua estúpida! Edward pode ser o babaca que for, mas ele jamais chamaria o Conselho trazendo algo irrefutável. Principalmente você esperando o filho da profecia! – ele disse com o olhar firme e fixo.

Seus olhos voaram do rosto da filha para a barriga.

— Esse filho é dele, não é mesmo?!- berrou puxando o braço de Rosalie e apertando com força.  Estava furioso e não faria mal que a causadora sofresse também um pouco. – Não é?

A filha o encarava abismada. Seu coração batia tão forte que ela mal conseguia pensar.  Ele não poderia ter descoberto. Logo agora que tinha todos a seus pés com o fictício herdeiro a caminho.

— É claro, pai.

Aro a olhou intensamente durante um bom tempo, procurando algum sinal da mentira. Conhecia bem a filha e bastou um leve tremor em seu lábio para ter certeza.

— Sua ordinária! – esbofeteou seu rosto. – o que você estava pensando? Como pode ser tão burra? – Rosalie tentava se esquivar dos tapas do pai.

— Pai...- implorava – Me deixe explicar...- um filete de sangue escorreu pelo canto de sua boca.

Os olhos do pai flamejavam sedentos por fazer aquela vadia estúpida que tinha como filha pagar por toda aquela humilhação em que o envolvera. Agora seu próprio nome estaria na lama. Pensou com ira em seus planos que consolidariam tão logo aquela criança nascesse. Não precisaria mais de nenhum acordo assinado de Edward. Metade das terras de Omã e Egito passariam automaticamente para o Líbano. Voltou a olhar para a filha que assumia uma coloração arroxeada com o ar lhe faltando.

Soltou-a de qualquer jeito, não se importando com seus arquejos tentando recuperar o ar. Precisava pensar rápido ou do contrário perderia todos os direitos conquistados com o acordo do casamento. Eles também teriam muito a perder. O Líbano era um país também rico em armamento bélico e ao contrario do emir Carlisle, Aro não se importaria em matar milhares de pessoas inocentes numa nova guerra contra o Egito e os demais países aliados. Com certeza, o Conselho pensaria muito bem antes de tomar qualquer atitude definitiva naquela situação.

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POV BELLA

—E então? – perguntei novamente diante da relutância delas me falarem.

— Não sabemos senhora. – seus rostos continuavam voltados para o chão.

— Só vimos vários homens indo para o pátio e que chamaram a princesa Rosalie. – respondeu a outra com a voz trêmula.

—E daí? Isso não quer dizer nada. – finalmente me olharam pelo canto do olho, como se eu não soubesse o que dizia.

— Eles não permitiram mais que nenhuma mulher, nem as criadas passassem por ali.

— Quando isso acontece significa que alguma mulher será julgada pelo Conselho. – a outra sussurrou.

— Julgada... – lembrava bem o que poderia significar para uma mulher ser julgada aqui no Oriente.

Edward tinha razão. Eu não concordava com aquilo.

“Ele havia mandado eu ficar no quarto.”

Me levantei e corri para o banheiro. Não conseguiria ficar com a consciência tranquila ao saber que algo assim estava acontecendo tão próximo de mim e não fazer nada.

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Rosalie tocou levemente as marcas dos dedos em seu pescoço. Começavam a ficar mais escuras, já com a tonalidade do roxo. Já estava vestida e pronta para ser acompanhada até o Conselho.

Não conseguia entender como Edward pudera se lembrar de tudo de uma hora para outra. Durante todo esse tempo, ele poderia estar fingindo?

Não...com certeza não. Só poderia ser culpa daquela mulher que ele tomou como segunda esposa.

— Minha senhora. – Rosalie se assustou com a voz de Victoria. Ela a viu ao seu lado, encolhida e com os olhos arregalados, mirando em seus hematomas.

— Está surpresa? – Rosalie perguntou achando falsa graça.

— Foi o seu pai que fez isso?- Victoria queria poder tocá-la, porém algo nos olhos da amante a obrigara a permanecer onde estava.

— Foi tudo culpa daquela mulher. – acusou Rosalie entredentes e era possível perceber o ódio e raiva que sentia naquele momento. – Tenho certeza que foi ela quem fez a cabeça do meu idiota marido.

— De quem está falando? – Victoria perguntou atrás dela com todo cuidado embora já soubesse a resposta.

— Da tal Amirah, inutil!  - puxou o lenço com força, acabando por ferir ainda mais a pele do pescoço já machucado. Fez uma careta de dor. – Ela vai me pagar. Toda a humilhação que eu sofro hoje... ela irá me pagar.

— Precisa primeiro cuidar desses ferimentos... –

— Não tenha tempo para isso. – Rosalie levantou uma mão impedindo sua serva de falar. – Ainda tem aquele frasco que lhe dei?

— Sim. Usei apenas algumas gotas no chá dela ontem.

— Use todo o conteúdo hoje.

— Isso é demais minha senhora!- Victória exclamou, assustada. – Iria matá-la em minutos.

—  O que me importa? Se ela pensa que ficará com meu reino, está muito enganada.  – ela abriu um grande sorriso, mas seu olhar estava frio.

— Uma quantidade assim...Eles irão saber que ela foi envenenada.

— Sua grande idiota. – Rosalie rosnou – Pouco ou muito, já lhe disse. Essa substância é imperceptível. Jamais saberão o que a matou. – voltou a se arrumar – É o que merece quem ousa se intrometer no meu caminho.

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—   Quando Aro adentrou a sala, de cabeça erguida, sentiu o olhar de reprovação de todos direcionados a ele.  Vários homens estavam reunidos, entre eles os membros do Conselho, reis e lideres de estados que haviam vindo para a cerimônia na noite anterior. Os mais ricos comerciantes locais e alguns staffs estavam em pé, mais afastados, observando.

Em meio ao grupo de conselheiros e o emir, estava Edward. Era visível que ele estava muito irritado e tentava se controlar. Só naqueles poucos segundos socou a mesa duas vezes. Carlisle estava imerso em uma conversa sussurrada com o genro Jasper, rei da Turquia. Ele tinha um mapa aberto nas mãos.

O rei Aro se aproximou do emir, posicionando a mão no peito e fazendo uma breve reverência.

Ao ver o sogro, Edward apertou os olhos escuros diante da presença indesejada. Não via a hora de acabar com aquilo e mandá-los embora de uma vez para o Líbano, encerrando todos os acordos entre aqueles dois países. E que fizessem o que bem entendesse com a tal profecia.

O problema era que os velhos malditos do Conselho, não queriam aceitar a anulação do casamento. Diziam que isso poderia incitar uma nova guerra.

Um sorriso dividiu os lábios secos de Aro, mas antes que pudesse falar alguma coisa, sua filha, a princesa Rosalie, surgiu.  Embora estivesse vestida com a burca, estava tão elegante quanto qualquer membro da nobreza ali presente. Era conduzida por dois guardas reais que a acompanhavam a uma distancia de três passos. Sua roupa rosa fúcsia, cobria todo seu corpo, inclusive o véu protegia bem o pescoço, deixando apenas uma pequena parte de seu rosto de fora.

Assim que sua presença foi notada, isso obrigou a quase todos se posicionarem em seus assentos. Permaneceram de pé Edward, o emir e o chefe dos conselheiros.  

— Ajoelhe-se perante seu marido. – ordenou o Chefe assim que ela se aproximou.

Rosalie oscilou, não por medo, embora não soubesse o que esperar dali, mas de uma intensa raiva que parecia transbordar por seus poros.

Como o imbecil do meu marido me obrigava a passar por isso? Ter que me ajoelhar perante aqueles que deveriam adorá-la.

 Ainda de olhos baixos fitou de esguelha, alguns dos rostos presentes ali na sala. Um a um até que encontrou de Al Badim, seu marido.  Fez questão de guardar bem aquela fisionomia. Ainda não sabia como, mas ele iria pagá-la bem caro.

Rosalie tinha enfrentado inimigos muito maiores do que aqueles que estavam ali.

Ajoelhada na frente de todos aqueles homens, mal ouvia as palavras que diziam para ela. Continuou de cabeça baixa, fingindo estar muito assustada.

 Era a princesa. Filha e esposa de dois dos homens mais influentes do Oriente. Se era isso o que Edward queria a levando aquela situação, humilhá-la. Ele jamais conseguiria isso.

 Muito em breve, ele estaria chorando lágrimas de sangue.

— Seu marido, sheik príncipe Edward Al Badim, a acusa de adultério e que além disso afirma que o filho que a senhora espera não é dele! – era a terceira vez que aquele homem lia aquele papel.

Rosalie mordia os lábios e olhava do homem idoso, chefe do Conselho, para o marido.  

Edward em nada parecia aquele homem sem vida de algumas semanas atrás.  Como podia se lembrar de tudo? Ele sim tinha mentido por todos aqueles meses. Agora ela tinha certeza. Enganando a todos. Como se atrevia a tanto! A expondo daquela forma?! Ficou parada tentando se recuperar. Precisava pensar com clareza. O que ele estava pensando? Tudo só podia ser influência daquela mulher com que casou. Ela tinha mesmo algum poder sobre ele, afinal mal se conheceram e ele já tinha se casado com ela! Ela seria a primeira a pagar muito caro. Como um inseto nojento, ela seria esmagada por seus pés.

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Pov Bella

Em menos de 15 minutos já estava pronta.

As empregadas não estavam mais lá. E agradeci mentalmente por Edward ainda não ter me arranjado uma acompanhante no palácio. O que por um lado era bom, já que eu sairia sem ter que dar explicações e por outro, elas deviam estar com medo por ter dito algo que eu não devesse ter ouvido.  Puxei o véu para cobrir meu cabelo e parte do meu rosto.

Abri a porta e quase a fechei de novo. Claro que Edward não me deixaria sem vigilância!

— Senhora? – Jacob me cumprimentou – Posso ajudá-la em algo?

Notei que ele me encarava em duvida quando não dei nenhuma resposta.

— Vou até onde o sheik está. – disse já andando pelo corredor.

— Receio que seria melhor permanecer em seu aposento, - Jacob bloqueou minha passagem - até que o sheik retorne.

Nessa hora uma das uma das criadas retornou. Trazia uma bandeja. 

— Fiz um pouco de chá para a senhora.

—Não estou com sede. – disse querendo logo que ela fosse embora e levasse Jacob junto.

— É bom para hidratá-la. E também abrirá o apetite para o almoço.  – ela parecia ter feito aquele chá com tanta dedicação que resolvi deixá-la entrar. Abri passagem para que ela colocasse a bandeja sobre a mesa de refeições.

Jack continuava ali parado. Sólido como uma rocha.

— A senhora gostaria que eu a servisse? – perguntou.

— Não. Obrigada. Daqui a pouco eu mesmo me sirvo. Pode ir. – dispensei-a.

Assim que ela se distanciou, voltei meu olhar para meu guarda pessoal.

— Onde mesmo havíamos parado? – perguntei tentando ganhar tempo.

— A senhora iria tomar um chá.

O olhei achando graça de sua tentativa de fracassada de piada.

— Sabe que o estimo muito Jacob, só que dessa vez discordo. – continuei tentando ultrapassá-lo... em vão.

— O sheik Al Badim deixou bem claro que meu único dever seria mantê-la em total segurança no aposento, princesa. – continuou parado a minha frente. Os braços cruzados nas costas. – Até mesmo me deu autorização de trancá-la se fosse necessário. – tirou do bolso uma chave.

Pisquei chocada, tentando disfarçar minha surpresa.

“Edward com certeza era bem capaz disso!”      

Antes que pudesse responder a altura à meu amigo carcereiro, uma figura que vinha pelo corredor chamou minha atenção. Demorou poucos instantes, para que os olhos de Jacob se virassem na mesma direção.

— O que faz aqui? – questionou a rainha Esme com os olhos avaliativos em Jacob e depois parando em mim.  – Não fica bem ficar de conversas com um serviçal no meio dos corredores do palácio.

Jack imediatamente fez uma reverência cheia de floreios e o segui me inclinando suavemente.

— Minha senhora. – disse voltando a sua posição inicial. – Seu filho, o príncipe, me encarregou da segurança de sua esposa, Senhora Amirah...

— Segurança? Aqui no Palácio? – fez um gesto com as mãos – Bobagem. Amirah estará perfeitamente segura aqui. Não é necessário que você a fique controlando.

— Entendo senhora, porém...

— Com certeza Amirah irá apenas dar um passeio pelo Palácio. E eu em encarregarei de ir com ela. Não tivemos chance de conversar em particular desde que chegou aqui. – tocou meu ombro e só então percebi que eu a encarava boquiaberta. Desde quando ela havia se tornado esse poço de doçura?— Antes preciso trocar uma palavrinha com você. – fitou meu amigo segurando seu braço com as mãos delicadas. – Logo eu a alcanço. – e com um simples gesto me dispensou.

Não entendi o que acabou de acontecer ali, e também não queria entender. Depois me preocuparia com isso. No momento precisava encontrar o quanto antes o local onde Rosalie e Edward estavam.

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Pov Esme

Esperei até que ela tivesse virado no corredor para soltar o braço daquele guarda. Aquela tonta havia deixado a porta do aposento aberta. Ia fechar a porta, e me passou uma ideia pela cabeça.

Como melhor conhecer uma pessoa do que ver seus itens pessoais. Entrei no aposento passando os olhos discretamente pelo local. Um pigarro vindo atrás de mim, me lembrou que não estava sozinha.

— Vossa graça, preciso voltar a meus  serviços. Se a senhora não precisar mais de minha humilde pessoa...

— Ainda não falei com você. – passei o dedo na mesa verificando uma poeira inexistente. O quarto em si até que estava muito bem arrumado. Apenas uma coisa chamou minha atenção. Cheirava a sexo. Sexo libertino e devasso. Mundano. – E depois é um jeito de comprovarmos que Amirah servirá como segunda esposa para nosso reino.

— Perdoe-me senhora. Não a estou entendendo.

— Não me tome por uma pessoa ignorante. – pegou a jarra de suco se servindo numa das taças dispostas sobre a bandeja. – Sabemos que essa Amirah na verdade nunca existiu.  – tomou um gole do chá gelado que a criada havia providenciado mais cedo.

Observou quando o guarda engoliu em seco, por um breve instante, logo voltando a sua fisionomia normal.

— Me perdoe, minha senhora. Realmente não sei do que está falando. – Esme sorriu de lado sorvendo mais um generoso gole da bebida.

— Uma pena Jacob, não é esse seu nome? – depositou a taça vazia sobre a mesa – Achei que fosse inteligente o bastante para não me desafiar.

Esme disse e no momento seguinte, sentiu seu coração batendo rápido demais. Alguma coisa estava errada. Seu corpo inteiro começou a tremer de frio e ao mesmo tempo o ar em sua volta tornar-se tão quente que dificultava sua respiração. Demorou poucos segundos até que perdeu os sentidos e seu corpo encontrou o chão.

Jacob correu ao seu encontro dando leves tapinhas na mãos da rainha até que seus instintos de anos como segurança real o alertaram. Pegou a taça recém depositada na mesa e a cheirou. Estava longe, o aroma bem discreto.  E ainda assim, presente.

A rainha havia sido envenenada.

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Os conselheiros continuavam a acusá-la. Mas ele não tinha provas de que ela o traia. Ele não poderia devolvê-la simplesmente por uma mentira. Um engano. O máximo que aconteceria seria ela ser castigada. Olhou para o pai.  Seu olhar era de fúria e com surpresa percebeu que não estava direcionado a ela, mas ao sheik Al Badim.

Finalmente ao longe, porém a tempo, ouviu a palavra ser dada a ela. E teve que se relembrar que isso só foi possível por está na posição em que se encontrava. Princesa do Líbano. Se fosse uma qualquer, nem mesmo isso teria.

— Se algum pecado eu cometi, e Alá sabe, foi por amar demais meu honrado marido.  – Rosalie ficou com os olhos marejados. Havia muito tempo que não chorava, mas era um talento que desenvolvera desde cedo. - Sentia-me pressionada, por ainda não conseguir gerar uma criança...até porque...meu marido se recusa a dividir o mesmo leito que eu...- ouviu burburinhos se espalhando por todo o salão, não se importando que fossem direcionados a ela por expor ainda mais a vida intima deles. -  Estava com meu coração destruído, não entendendo o que estava fazendo de errado para que não me procurasse. – soluçou.

Edward a olhava enojado com tudo o que ouvia. Esperava ver um pouco de medo em seus olhos, mas reconheceu apenas sua pose manipuladora.

 - O que mais queria era poder dar à ele este filho. Dar ao nosso povo o herdeiro capaz de restaurar a paz entre nossas nações. Unicamente por este motivo, reconheço que as palavras saíram sem permissão da minha boca... menti – reconheceu por fim. Com um pouco de esforço, fez as lágrimas descerem livremente por seu rosto– Nunca estive grávida e jamais traí meu marido. – conseguia ouvir com clareza as vozes de todos os homens a julgando. Criticando-a por suas ações inconsequentes. Se odiou pelo o que estava prestes a fazer, só que era necessário. Precisava fingir fraqueza antes seus algozes.  Enterrou o rosto no chão, se curvando ainda mais. - Marido eu o amo. O amo com minha própria vida. – suplicou com falsidade. - Me perdoe...me perdoe...

Todos ali presentes continuavam exclamando palavras comedidas porém ofensivas direcionadas para a princesa. Socos eram dados na mesa por todos aqueles que se sentiam ultrajados por pisarem no mesmo chão que aquela que enganara seu marido.

 - Este Conselho declara a princesa Rosalie Al Badim, culpada por mentir não só para o conselho como também para seu marido criando toda uma comoção com as partes. O conselho também entende que mesmo por estar envolvida em problemas emocionais, a mulher não deve expor ao ridiculo a honra de seu marido. Ainda mais a princesa que conhece os costumes de nosso povo. Por este motivo, a condena a 30 chibatadas em frente ao pátio do Palácio, para que sirva como exemplo para as demais. – o silencio que reinou foi gutural. - Sabendo que não importa a hierarquia, todos estão sujeitos a lei dos homens e de Alá.

Involuntariamente todo o corpo de Rosalie começou a tremer. Sua visão ficou nublada com as lágrimas pela ira. Sentia-se humilhada. Engoliu em seco e respirou fundo. Ergueu os olhos para cada um dos membros ali presente. Deixou por ultimo o emir e o marido. Faria com que todos pagassem, com suas próprias vidas.  Dois guardas seguraram em seus braços a ajudando a se levantar. Caminhou até o Centro do salão, onde de lá todos poderiam testemunhar o que acontecia com as mulheres que julgavam poder enganar seus maridos.

A determinação que sentiu foi a força motriz para que saísse do estopor e levantasse de cabeça erguida.

ignorando todos os murmúrios que a humilhavam ainda mais, dando-a como exemplo que não devia ser seguido. E tudo ainda era pior por se tratar de uma princesa. Ela permaneceu com o olhar firme, tentando ignorar tudo o que falavam dela. Seus pensamentos voavam para um futuro próximo, quando faria com que sheik Al Badim e a charmuta que tinha como segunda esposa pagarem por aquilo que estava fazendo com ela.

E se tudo tivesse ocorrido como queria. Amirah já devia estar viajando de mala e cuia para o mundo dos mortos.

Um outro guarda se aproximou trazendo um objeto preso nas mãos.

Um chicote trançado.

Rosalie ouvia as cadeiras sendo arrastadas por aqueles homens que se levantavam para ver melhor a punição de sua princesa.

Os guardas pressionaram seus braços para baixo para que se ajoelhasse.  Odiou eu corpo que começara a tremer, temendo o que estava por vir.

Não demorou muito até que ouviu a voz do Chefe conselheiro.

— Um... – disse e não tardou para que sentisse as  costas arderem sob a burca. Uma dor dilacerante que por pouco não tombou o corpo.

— Dois... – outra ardência, só que esta parecia ainda mais intensa, como se seu carrasco tivesse atingido o mesmo local propositalmente com o chicote que parecia banhado em fogo ardente.

— Três...- sem mais conseguir se conter, um gemido de dor escapou dos lábios da princesa.

“Malditos! Irão me pagar!” – pensou com amargura e frieza.


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Notas finais do capítulo

Opsssss.... desviando das pedras.... Peço desculpas pelo atraso ENOOOOOOORMEEEEE. Um grande bjo especial a Gleice Kelly por recomendar a fic. Não sei se falei aqui ou no outro site. Fiz uma cirurgia delicada e até melhorar demorou um pouquinho. Fora o bloqueio para findar o capitulo. Sei que todos esperavam o castigo de nossa "amada" princesa Rosalie, kkkkk só que está só começando. E não que mesmo assim a danada ainda conseguiu mais uma vitima para suas maldades. Se bem que nossa sogrinha estava merecendo. Veremos no próximo capitulo se ela partiu pro andar de cima. E o que Isabella/ Amirah fará quando ver o que está acontecendo com Rosalie? Será que conseguirá ficar quietinha. Se ela intervir, acho que o sheik ficará uma fera com ela. Agradeço a todos pelos comentários e MPs. Desculpe por não responder a todos mas com certeza vocês são o motivo para que eu não abandone a fic. E também foi por vocês que fiquei noite adentro para postá-lo ainda hoje. Um grande bjo e até o próximo. Desculpem os erros, se acharem algum, por favor me avisem ;)