A Odalisca escrita por Titina Swan Cullen


Capítulo 14
Capitulo 14


Notas iniciais do capítulo

Desculpem, não consegui postar ontem. Preparem-se para muita "sofrência" do nosso casal. Palavras em negrito estão em árabe. ;)



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Ficar sozinha naquele harém era quase que impossível e, no entanto estava tornando-se tão comum como se estivesse em seu próprio quarto. Sete dias trancafiada naquele lugar.

O castigo! Imagine só se ainda tinha idade para isso?!

Castigo por não ter sido submissa. Não ter sido boazinha com o sheik.

“Ficará no quarto até eu mandar que saia de lá!”

Tinham sido as ordens dele. Isabella soltou um bufo de raiva.

“Que ódio!”

Se praga pegasse, com certeza sheik Edward Al Badim estaria de cama, agonizando nesse momento. - pensou.

Tinha sumido todos esses dias e pior, havia deixado um cão de guarda sarnento ao seu encalço. Todos os dias durante suas refeições ele vinha falar com ela. Só que simplesmente ela cruzava os braços e não falava uma só palavra deixando ele ali parado.

Problema dele! Que se exploda!!!

Passou as mãos nervosamente nos cachos puxando-os com um pouco mais de força. Voltou a olhar para o interior do harém.

As cortinas de tecido luxuosos cobriam as paredes de mármore do palácio. Os fios dourados com que eram tecidas, reluziam com o brilho do fim de tarde que entrava pelas janelas altas.

Ainda que ficasse num dos andares inferiores, de lá era possível observar a magnitude do lugar. Se por um lado era visível apenas a imensidão de areia, do outro a luz alaranjada, parecia intensificar a tranquilidade do inicio da noite.

Os guardas do palácio que passeavam pelos jardins pareciam todos iguais. Após todo esse tempo observando o pátio através das grades da janela, Isabella havia aprendido quase toda a rotina deles.

Eles deveriam estar todos paradinhos e posições eretas posicionados só que uma estranha movimentação estava acontecendo. Andavam, ou melhor, praticamente estavam correndo de um lado para o outro. Era rara toda essa movimentação, mas Isabella procurou não se importar.

Eles, que passavam embaixo da janela do harém, sequer ousavam erguer os olhos.

Será que algum deles não era dali? Poderia ser um inglês. Um agente disfarçado tentando resgatá-la?

Sentou-se no chão. Ao lado de um vaso ornamentado com uma pequena palmeira colhida de algum Oasis. Provavelmente era uma das muitas peças raras existentes ali. As pernas dobradas contra o peito e a cabeça abaixada apoiada. Sua mãe sempre dizia que quando se sentisse angustiada era o melhor a se fazer, e quando isso não desse jeito, era só sair e gastar o cartão de credito.

Riu sem humor.

O buraco grande e negro se abria cada vez mais embaixo de seus pés. Estava caindo há muito tempo e nunca chegava ao fundo. Sua cabeça estava pesada e seus pensamentos sempre a levavam de volta a...a... como chamar aquilo que ocorrera há vários dias atrás? Como nomear aquele momento ao qual se arrependia amargamente mais que também a deixava ansiando por mais?

– Uhhhhh - soltou um gemido ao se lembrar.

Havia sido o melhor e o pior momento desde que chegara ali.

Levantou a cabeça vasculhando o aposento agora tão provido de silêncio. Estava já quase anoitecendo e as outras haviam sido chamadas mais cedo pelos eunucos. Como o sultão havia ordenado, ela não poderia sair do harém até segunda ordem.

“ Cafajeste! Ordinário!”

A lista de xingamento só aumentava. Estava agora sob os cuidados de Zafrina, que graças a Deus, pode retornar ao seu lado depois de três dias, após se recuperar da prisão imposta pelo sultão.

Afastou-se da janela e olhou em volta do quarto. Talvez se não estivesse nessa situação poderia estar até feliz.

Bem...feliz talvez fosse um exagero, poderia estar melhor do jeito em que estava na Inglaterra. Com visitas esporádicas do sultão. Todavia quando se encontravam era como o fogo e álcool. Um desejo louco e ardente.

Sentiu seu peito se apertar. Era incrível como ainda podia gostar dele. Podia ainda amá-lo.

Algum tempo depois ouviu a porta se abrir.

Ergueu a cabeça na direção a tempo de ver Zafrina atravessando o portal.

– Senhorita Isabella! – a senhorinha trazia uma bandeja com uma jarra de limonada e um prato com biscoitos de nata.- Tenho uma ótima notícia. – sussurrou entusiasmada.

Isabella riu da quase euforia da serva.

– Nada que me disser poderá ser bom Zaf. – disse chamando-a com o apelido carinhoso que lhe dera. Levantou- se indo em direção a mesa com a bandeja.

– O emir quer vê-la. - sorriu. A serva sabia o quanto Isabella queria sair dali e talvez o emir pudesse ajudá-la.

– O emir? – pegou um biscoito e mordiscou. Já tinha ouvido falar dele, só que não conseguia se lembrar.

– Ele é o nosso senhor. – respondeu Zafrina enchendo o copo com a bebida gelada - Pai do sheik Edward.

Isabella sentiu um frio subindo-lhe por toda a barriga e irradiando pelo corpo. Com certeza devia se tratar de um homem terrível assim como todos daquele lugar.

Poucas vezes Edward havia lhe falado sobre a família e ela não queria parecer intrometida perguntando o que não era da sua conta.

Mesmo assim não deixou demonstrar medo.

– E o que importa? Já que o todo poderoso Al Badim me deixou trancafiada aqui? – indagou com sarcasmo.

Zafrina levantou os olhos sorrindo.

– Só que não é bem assim. É uma ordem do emir e ninguém pode desrespeitá-lo. Ele é o senhor de todo o Oriente.

– Nem mesmo Edward?

– Principalmente o sheik. Ele deve honrar acima de tudo a vontade do pai. E foi ele quem me mandou prepará-la. – sorriu quando viu o espanto no rosto de Isabella - Nós árabes criamos nossos filhos com as leis do alcorão, não é como do lugar de onde a menina veio que os filho desobedecem aos pais quando são maiores ou até quando ainda são bem pequenos. O sheik Al Badim podia ser um senhor da minha idade que mesmo assim teria que obedecer ao pai.

– Mais eu pensei que Edward também era o senhor daqui.

– Sim, só que ele é o príncipe e ficará responsável pelo reino de Omã, assim como sua irmã Alice e o marido são responsáveis pela Turquia. Até mesmo o pai da senhora Rosalie que comanda o Líbano deve respeitar as ordens do emir. Apenas com a morte dele é que o sheik Edward assumirá o controle dos reinos se tornando o emir de todo Oriente.

– Com a irmã e esposa?

– Não, não é assim como no ocidente, que os bens são partilhados entre os herdeiros. Apenas o filho homem primogênito assume, a filha mulher não tem direito. – Zafrina continuou explicando - Como o sheik Jasper é o herdeiro da Turquia ao se casar com a menina Alice uniu o reino ao Egito. Só que, se por algum motivo ele devolvê-la...

– Devolvê-la? – Isabella arregalou os olhos.

– Devolvê-la. – a senhorinha afirmou rindo da incredulidade da menina - Não se preocupe, isso é difícil de acontecer entre as famílias reais. Mas, se por vontade de Alá acontecer, - disse com pesar - os filhos ficam com o pai e a mulher, se o pai aceitar, volta para casa sem nenhum direito. Apenas a vergonha de ter sido devolvida.

Isabella abriu a boca chocada demais com tudo aquilo. Era um absurdo que as mulheres dali aceitassem aquele tipo de tratamento.

– Mas caso o rei morra, o sheik Edward assumiria o governo dos reinos e caso a rainha morra a segunda esposa terá que assumir alguns comandos da casa e até mesmo do reino ou no caso, a esposa do filho, já que o emir tem apenas a senhora Esme.

Isabella ficou pensativa por um tempo. Aquele lugar parecia preso a séculos atrás. Preso no tempo. E que raios aquele homem poderia querer com ela? O falatório das outras mulheres irrompeu no aposento. Estavam voltando do passeio.

Isabella voltou sua atenção para os biscoitos.

– E o que acha que o emir quer comigo? – perguntou. Como não obteve resposta olhou para Zafrina. Ela estava seria e com os olhos cravados no grupo de mulheres. – Zafrina – Bella a chamou sacudindo a mão em sua frente – Algum problema?

A senhora parecia compenetrada na conversa que se seguia. Isabella entendia já algumas palavras. Isso quando elas falavam devagar. Se concentrou em ouvi-las. Elas falavam muito rápido e gesticulavam então não conseguiu entender nada.

– Vamos para a sala de costura. – disse Zafrina a olhando de esguelha- Vou lhe mostrar um tecido muito fino que encontrei.

Isabella uniu as sobrancelhas em incompreensão. Até então não poderia sair dali sem as ordens de Edward.

– Sala de costura?

– Sim, venha. – segurou a mão de Isabella e quando ia caminhar o grupo as cercou.

Por que você não foi chamada?– Krishna foi a primeira a perguntar.

Isabella apertou a mão da senhorinha pedindo por auxilio.

– Elas querem saber por que não foi na reunião agora a pouco.- traduziu Zafrina.

– Por que não fui chamada. – respondeu como se fosse obvio – Sabem que não posso sair daqui. Não entendo porque estão assim.

Enquanto Zafrina traduzia as vozes se tornavam mais altas.

Todas sabemos que ela é a preferida do sultão, certo? – Aisha indagou – Não tem porque ficarmos discutindo isso.

O que não adianta discutir? Quer também dar preferência à ela?

Isabella olhava de uma para outra. Seus rostos estavam aborrecidos e por falar uma em cima da outra, Zafrina não traduzia mais, apenas falava junto com elas.

Olhou para Samira e Galeba. Ambas tinham um ar preocupado e também expressões de pesar.

Victoria riu.

Evidente que não. É porque ela é a queridinha do sultão! – Victoria se aproximou de Isabella e em seus olhos ela via fúria. - Te odeio! – Victória gritou apontando o dedo enquanto caminhava em sua direção.

– Não estou entendendo Zafrina... – Isabella sussurrou com um leve sorriso. Voltou a tocar a mão da senhora.

O sultão não vai gostar nada disso quando souber. – Zafrina disse num tom de aviso. – Sabem que ele não permite brigas aqui.

E quem vai contar? Você? – empurraram a senhorinha que se desequilibrou e caiu no chão – Não passa de uma serva. Se afaste!

– Vocês estão loucas? - Isabella tentou ajudá-la, mas foi impedida por Victoria.

Por algum motivo pareciam que todas estavam furiosas com ela. E pior que ela não sabia o por quê.

Sabia que... – Victoria falava pausadamente para que Isabella pudesse compreender - o nosso senhor, irá arrumar protetores para nós?

Pela visão periférica, Isabella viu Zafrina correr em direção as portas.

“Menos mal.”

Entender ... não...consigo... – Isabella estava muito nervosa e não conseguia se concentrar para decifrar o que diziam.

– Eu não aguento mais ouvir a voz dela! – gritou enojada Farah.

– Parem com isso já!– gritou um dos eunucos parados na porta acompanhado por Zafrina – Ou chamarei agora mesmo o sheik!

A voz do eunuco foi abafada pelas vozes das mulheres. Mal conseguiam se ouvir com todas falando ao mesmo tempo.

Talvez... só talvez – Victoria falava muito rápido gesticulando - se a empurrássemos das escadas e ela quebrasse uma costela eu me sentiria um pouquinho melhor.

Talvez a paciência delas com ela tivesse se esgotando. Sempre que falavam poucas vezes Isabella respondia. Alem de tentar entender o que diziam não aceitava o mundo inconcebível que para elas era tão normal.

Tão delas.

Vivendo unicamente para o bel prazer de um único homem que mal as viam.

– A culpa não é dela. – Sankar falou um pouco mais alto chamando a atenção de todas. Com a voz cadenciada Isabella pode entender um pouco o que dizia – Cedo ou tarde todas nós sabíamos que teríamos que sair daqui. Que o sheik iria nos arrumar novos senhores. Não estamos aqui para esquentar os lençóis dele!

“Teríamos que sair.”

Então era isso. Edward iria tirá-las daqui. E para devia ser uma das piores coisas já que eram totalmente dependentes dele. Para onde iriam agora? Por isso deviam estar preocupadas. Será que achavam que a culpa de tudo isso era dela?

– E porque somente ela não vai? – gritou Victoria – É muito conveniente para ela. Vimos como ela o trata. Não sabe cuidar do sheik, o despreza, é cheia de vontades...

– Mas é dela que ele gosta. – Sankar voltou a falar mas desta vez sua voz era mais baixa por causa dos olhares irados direcionados também a ela agora.

Não saber ... acontecer... – Bella tentou se concentrar nas poucas que Zafrina lhe ensinara – Vocês... – gesticulou para o grupo – falar com ele...tem direitos... – tentou dizer as melhores palavras que encontrou.

– A cupa é toda sua! – disse uma.

Com certeza foi ela quem disse para o sheik nos dispensar. - respondeu a outra.

– Vocês estão sendo insanas! Ela mal fala a nossa língua. O que teria contra nós? – Sankar disse, mas no final sua voz não passou de um sussurro.

– Ela quer o sultão só para ela.

– É !

–É isso mesmo!

– Todas vocês viram. Não é segredo para ninguém que ela não queria estar aqui desde o inicio. - disse Galeba.

– Prefere estar ao lado dela? Abandonar suas irmãs para ficar com ela?

– Não é nada disso! – Sankar exclamou ofendida junto a Galeba. Elas se afastavam aos poucos de Isabella enquanto as outras ficavam em sua frente.– Pensem bem no que querem fazer. O sheik não nos perdoará.- sua voz foi sumindo assim como seus olhos que agora denotavam extremo pesar.

Isabella se viu encurralada. Conseguiu dar uns passos para trás mas logo suas costas encontraram a parede. Seja o que for que fosse fazer era melhor começar logo. Conseguiria se defender se fossem apenas uma ou duas mulheres ali, mais todas elas de uma vez...

– E tudo por essa... por essa charmuta.- Victoria pulou na direção de Isabella que fechou os olhos com os braços erguidos de forma protetora sobre o corpo.

O silencio que se seguiu foi tamanho que até zuniu no aposento. Bella então abriu os olhos esperando pela pancada que não veio.

A mão de Victoria estava suspensa no ar bem segura. Todas as outras estavam se ajoelhando como num efeito dominó.

– Meu sheik...

– Nos perdoe...

– Nós não queríamos...

Apenas Edward, Victoria que tinha os olhos apenas para o chão, e Isabella permaneciam de pé.

– Está ferida? – Edward perguntou a

Isabella com o semblante preocupado.

Ferida? Magoada? Insultada, humilhada, ultrajada, era pouco para ela.

Olhar aquela cena com todas elas ajoelhadas aos seus pés e aquela pergunta idiota.

“ Se ela estava ferida?”

Foi como a ultima gota que faltava para entornar o copo. Isabella estava furiosa! Não culpava as odaliscas por quererem agredi-la. A culpa era toda dele. Do sultão Edward Al Badim.

Avançou em sua direção e no meio do mar de vozes assombradas queria apenas socar com toda força seu rosto.

– Ahhh... me solta!!! - gritou quando teve suas mãos presas pelo sultão.

– Pare com isso Isabella! – urrou – Já disse que não se atrevesse a levantar a mão pra mim! – soltou o braço de Victoria que os olhava estupefata, para envolver Isabella num abraço.

Ela estava ofegante e sabia que em pouco tempo começaria a chorar.

Levem todas para o aposento imperial!- ordenou aos eunucos com ela ainda nos braços – Preparem-nas para a cerimônia! – seus olhos ferozes encontraram os de Victoria – Mais tarde me entendo com você. - ameaçou

– Eu...eu...- Victoria tentou falar porém foi calada pelo olhar raivoso do sheik.

– Cale a boca e suma da minha frente antes que esqueça minha benevolência para com você!

– Eu te odeio. –Isabella conseguiu dizer a beira do choro. Os olhos dela arderam um pouco antes de serem inundados pelas lágrimas. – Te odeio com todas as minhas forças. – soltou um soluço com o choro esganiçado.

– E eu te amo. – acariciou os cabelos dela permitindo que sua burca fosse molhada por suas lágrimas. – Te amo mais que tudo.

Ele ficou ali abraçado a ela até que seu choro fosse apaziguado.

“Que bom seria se esse momento durasse por muito tempo, por toda sua vida.” – pensou.

Não se importou quando ela tentava se afastar dele. Queria apenas ficar ali abraçado a ela.

No choro que ainda teimava em vir de seu peito, Isabella não sentia mais raiva dele, sentia raiva dela.

Odiar ele? Não. Isso jamais seria possível. Odiava ela mesma por ainda permitir, com tudo que ele obrigara-a passar, permitir ainda que seu cheiro penetrasse tão forte e intenso dentro de seu cérebro, comandando cada movimento, cada pensamento focado somente nele.

– O que eu vou fazer com você, minha pequena albi? – afastou o cabelo do seu rosto. Com o polegar enxugou as teimosas lagrimas que ainda insistiam em cair.- Não posso deixá-la partir. – sussurrou o sheik mais para si.

“Você é o meu tesouro mais precioso. O diamante bruto inestimável que possuo e não vou permitir que ninguém nos separe.” Pensou.

Isabella o encarou e mesmo sem entender o que ele queria dizer, naquele momento seus olhos pareciam estar sofrendo com algo.

Edward se abaixou minimamente com ela ainda em seus braços. Sua mão pressionada em sua cintura, forçando-a a ficar ali, junto a ele. Ele sentiu ela endurecer o corpo tentando se afastar, mas seus rostos estavam tão próximos. A respiração de um mesclada com a do outro.

Com o coração explodindo Edward comprimiu sua boca junto à dela, beijando-a tão apaixonadamente como ansiava há muito tempo. Os lábios dela estavam tão macios e doces como antes e o preenchiam com amor e esperança. A língua dela procurou a sua e Al Badim obedeceu aos seus desejos enlaçando a língua feminina. Seus corpos se chocaram e sem perceber estava já contra a parede. Friccionando-os denotando toda falta que um sentia do outro.

As mãos exigentes do sultão apertavam as pernas de Isabella que teve um gemido calado pela boca presa, pressionada a sua.

Muito tarde seu cérebro pareceu assumir novamente o comando de seu corpo e Bella reconheceu ser mesmo tardiamente.

Já havia correspondido.”

Os lábios dele formigavam pelo contato com os dela, mas a realidade do que havia acontecido caiu sobre sua cabeça como um balde de água fria. Precisava conversar com ela.

Se deu conta de que Bella tentava afastá-lo. Ela estava com as palmas das mãos espalmadas contra seu peito empurrando-o. Quando finalmente a libertou ela se afastou para o canto mais longe que o aposento permitia. Suas mãos cobriam a boca e seus olhos mergulhados em lágrimas.

– Inferno! Por que faz isso comigo? – perguntou com a voz abafada pela mão trêmula.

O coração pulava no peito de Al Badim, mas logo em seguida ele balançou a cabeça em negação. Como começar a contar a ela? O que dizer agora?

Sua respiração prendeu na garganta.

– Não posso te perder. Agi errado. Muito errado... – aproximou-se dela. – preciso que diga que quer ficar aqui. Que diga que me ama. – implorou segurando seus ombros. Isabella mal podia respirar enquanto o observava, sua pele ficava mais quente onde ele a tocava.

– Pare. Está me machucando. – mentiu se esquivando dele.

O rosto dele estava transtornado.

A ferocidade havia deixado os olhos de Isabella, substituídos apenas pela culpa. Vê-lo assim. Parecia tão...desesperado, que aquilo derrubou todas suas barreiras.

– Você é a única pessoa no mundo por quem sou capaz de tudo. – ele continuou com a voz hesitante - Envergonhei meu pai, trai meu povo. – Seus olhos estavam vermelhos. Seu rosto estava todo vermelho. – Eu devia ter previsto ... imaginado que algo assim podia acontecer...

Amo você Isabella, amo até o mais intimo de minha alma.”

Isabella ficou ali olhando-o aturdida.

Pela primeira vez aquele homem tão onipotente. Tão seguro e que a gora lembrava um menininho pedindo por colo. O que dizer a ele?

– Do que está falando? – perguntou com os olhos claros e ardentes. Teve vontade de acalentá-lo, dizer que se acalmasse, tudo ficaria bem. Não importando o que tivesse acontecido. Porém mordeu os lábios impossibilitando que as palavras brotassem de seu coração e aquecessem ainda mais sua alma doentia e presa nesse labirinto de paixão e desejo.

– O embaixador da Inglaterra está ai – ele disse com uma expressão de dor no rosto – Ele e meu pai querem falar com você.

Isabella o encarou um tanto surpresa. Ela sabia que Edward estava furioso pra dizer o mínimo. Seu rosto muito vermelho, a veia saltada na testa e seu olhar flamejante.

– Precisa dizer a eles que quer ficar aqui, comigo. Ao meu lado!- ordenou lívido.

Bella abriu a boca em choque. Então era isso. Finalmente seus pais haviam conseguido ajudá-la. Resgatá-la daquele lugar horrível.

Al Badim ficou ali parado, na frente dela sem se mexer, sem pensar em nada, imaginando o que poderia vir a acontecer.

– Deve dizer a eles que quer ficar aqui. Para sua segurança.

– Minha segurança? – Isabella utilizou uma nota de voz mais alta que a normal - Eu estava segura na casa dos meus pais, até você me seqüestrar.

Ele a olhou. Era melhor falar logo de uma vez, para que ela entendesse que ali ele poderia protegê-la.

– Seus pais estão no hospital. – disse de uma só vez, vendo sua expressão ele logo emendou – Não se preocupe, eles estão bem.

– O que aconteceu? Eu preciso vê-los. – Isabella começou a andar pelo aposento como se tentasse achar a carteira, chave do carro, mais ali não tinha nada disso. Ele então segurou seu braço.

– Acalme-se. Eu garanto que eles estão bem. – segurou seu rosto com as lagrimas começando a fluir - Eu mesmo cuidarei da segurança deles. Já enviei os melhores médicos para que fiquem com eles e também já mandei vários homens...

– Segurança? – ela se desvencilhou de seu aperto – Por que eles precisariam de segurança? – viu-o voltar-se de costas.

Edward virou-se para que ela não percebesse a profunda tristeza em seus olhos assim como a fúria que sentia caso ela recusasse permanecer ali, ao seu lado.

– Eles sofreram um atentado. – rangeu os dentes.

– Um ataque?- seu corpo todo começou a tremer. Sua respiração se acelerou junto com as batidas de seu coração. -Eu preciso vê-los. Correu até a saída e tentou abri-la. – Abra essa porta eu preciso sair daqui! – pediu começando a bater na porta.

– Não. Você não pode.- logo Al Badim a alcançou. Segurou seus ombros e a sacudiu - Estará segura aqui. Já pedi ao Emmet que me traga notícias deles...

– Me leve ao embaixador. – disse com a voz baixa porém firme.

– Você está me ouvindo? – voltou a sacudi-la – Lá eu não poderei ficar a seu lado...só aqui...

– Me largue...me solte! – pediu com a voz embargada. - Me leve ao embaixador!!!- gritou e foi um som tão desesperado que Al Badim ao ouvi-la descongelou da posição em que estava. Soltou-a e suas mãos não tardaram em rumar para seus cabelos, sem de fato se dar conta de que os estava arrancando.

– Lave o rosto – disse em tom baixo - e coloque o véu.- A levarei até eles.

Estava malditamente, fodidamente apaixonado pela estrangeira, como a chamavam. Não. Talvez a paixão fosse mais fácil de lidar. A amava mil vezes mais do que conseguiria explicar. Todo aquele tempo, pode notar que causara feridas demais na alma de ambos. Feridas que talvez nem mesmo o tempo conseguisse curar. Ele havia sido insensível, concluiu finalmente amargo. Se ela não o aceitasse, não seria capaz de conseguir viver. Tinha certeza.

Como pode deixar que com essa idade isso acontecesse com ele? Lembrou-se das palavras do pai.

“ Então terá que aprender a lhe dar com isso...”

Mas como?


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Notas finais do capítulo

Muito bem fofys... Que saudade de vocês!!!! Havia prometido o cap ontem só que um chama daqui outro dali, não consegui revisá-lo. Tentei acabar hoje pela manhã.
Vamos ao cap. Pra quem torcia para que o sultão se ferrasse aí está, e acho que não acaba por ai não. Ainda vão vê-lo chorar lagrimas de sangue, coitadinho. Bellota enfim está um passo da liberdade, será que ela irá conseguir deixar o nosso sheik? E sem falar na segurança dela. Agora com Aro ao seu encalço. Aviso que entraremos numa nova fase logo mais, aguardem...Tentarei postar o cap final dessa fase antes do ano novo. Tomara que consiga, vamos torcer.
Agradeço os lindos reviews e até consegui responder alguns. Continuarei tentando responder todos. Se não nos falarmos mais, desejo a todas as flores do meu jardim Boas Festas! Um Natal iluminado com toda família e um Ano Novo repleto de alegrias e realizações! Fiquem com Deus. Bjokas