Somos um só escrita por Sadie


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Ola mishamigos!
Eu sei, eu sei que estou postando muitos capítulos e rápidos demais, mas sério, eu amo escrever isso aqui, amo escrever um capítulo pra vocês e IDEIAS ELAS ME VÊM DO NADA e aí eu tenho que escrever pra não esquecer e enfim...
boa leitura.
a propósito, feliz dia das mães adiantado!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/502398/chapter/4

As esperanças de que Jack frost visitaria Elsa no inverno daquele ano estavam quase extintas após dois meses. Ela ficou brava no início, mas se ocupara tanto que só lembrava-se de Jack à noite. Passou a se dedicar mais nos afazeres do castelo, a saber mais sobre o reino e suas futuras tarefas como rainha e a necessidade de seu povo. Passou a se dedicar mais também aos seus poderes; a cada dia em que praticava, sentia-se mais poderosa e, com isso, o medo de ser rainha ia sumindo.

Elsa passara a gostar de seus poderes, sentia como se tivesse o céu e o vento em suas mãos, como se não houvesse uma única coisa em que não seria capaz de fazer. Continuou treinando no mesmo jardim em que ela e Jack sempre treinaram, mas ao invés de deixar formas grotescas para trás, Elsa deixava formas variadas de gelo. Às vezes, quando não conseguia suportar a pressão, ou quando a raiva, o medo e a solidão se acumulavam, Elsa apenas liberava suas emoções através do gelo, criando estacas por todo o jardim. Ela não fazia aquilo de propósito, odiava deixar as estacas para trás. Se soubesse exatamente como descongelar o gelo criado através do medo, Elsa teria feito.

Sentia falta de Jack no fim do dia, mas após um ano e dois meses sem vê-lo, era mais fácil de acostumar. Passava os dias livres no jardim, balançando no balanço de madeira em que ela e sua irmã criaram quando crianças. Um dia, quando seus pés estavam no ar e olhava para o céu nublado enquanto o balanço girava, Elsa viu um vulto. Um vulto sem forma definida; não conseguira identificar se era um homem ou uma mulher, parecia ser feito de fumaça. Ao perceber que fora descoberto, o vulto saiu do jardim rapidamente.

Elsa saltou do balanço antes de ele parar de balançar. Saiu correndo atrás do vulto, indo até um pequeno beco que havia atrás do castelo. Elsa nunca havia estado ali. O muro era de pedra e o chão estava coberto de neve. No final do beco, havia uma grande porta de madeira. Antes de entrar no beco, Elsa viu o vulto entrando ali, mas quando ela entrou, o vulto havia sumido. Talvez ele tenha saído pela porta. Andou até a porta e viu que estava trancada com correntes. Tentou congelá-las e assim quebrá-las, mas Elsa ainda não estava forte o suficiente para isso. Estava prestes a criar um bloco de gelo para assim saltar o muro e perseguir o vulto quando chegou à conclusão de que teria sido impossível o vulto ter saído dali. Como ele passara pelas correntes? E, se pulou o muro, como?

É coisa da minha cabeça. Obrigada, estresse. Ainda desconfiada deu meia-volta e voltou para o jardim.

Elsa se arrumou rapidamente para o jantar; O rei e a rainha tinham um importante anuncio para dar.

No caminho do corredor, enquanto Elsa ia para o salão, as duas irmãs se encontraram. Cumprimentaram-se como se fossem duas estranhas sendo educadas, e Elsa vira mágoa nos olhos de Anna, que moveu a boca para falar algo, mas logo desistiu. A irmã mais velha voltou a andar, deixando a irmã para trás. Elsa sabia o que a irmã iria falar – iria perguntar por que parou de falar com ela. A princesa não estava pronta para voltar a falar daquilo – suas emoções voltariam como um turbilhão, o medo voltaria, e o descontrole também. Sabia que não estava sendo justa com Anna, afinal, ela tinha todo o direito de saber o motivo do afastamento.

Entrou no salão e Anna entrou logo atrás. Sentaram em seus lugares, e o rei e a rainha já estavam esperando as filhas, cada um sentado em uma ponta da mesa. Os empregados serviram o jantar; sopa, peru assado, vinho, água, salada e entre outros. As paredes vinho do salão e o piso de madeira eram iluminados por um grande lustre de vidro e algumas lâmpadas amarelas na parede.

A família começou a comer, e logo o rei disse:

– Eu e sua mãe vamos viajar a alto-mar a negócios.

– Por quanto tempo? – Elsa perguntou.

– Não será muito tempo. Apenas uma semana. – a rainha responde, olhando para a filha mais velha como apoio. A rainha sabia que Elsa ficaria sozinha.

– Vocês têm mesmo que ir? – ela pergunta novamente.

– Sim, querida. – o rei responde sorrindo com um sentimento paterno. – Não se preocupe.

Elsa não deixou o sentimento de angustia transparecer; afinal, seria uma semana sem noticias do mundo externo.

Percorreu os olhos pelo grande salão e viu o mesmo vulto que havia visto mais cedo.

~ ~ ~

Dois dias após o rei e a rainha terem viajado, Elsa havia se cansado de ficar andando pelo castelo, visitar os mesmo cômodos e ver sua irmã sem poder falar com ela. Resolveu então ir até a biblioteca – devido ao seu isolamento, o rei e a rainha montaram uma grande biblioteca com vários livros de diferentes países para a filha.

A atmosfera no aposento era diferente. As paredes eram escondidas devido às várias prateleiras altas transbordando livros de diferentes cores organizados em ordem alfabética. Alguns livros também eram organizados por épocas – apenas os mais antigos. Elsa sentia compaixão pelos que tinham que manter a biblioteca sem poeira.

Foi até a seção dos mitos antigos de povos que já não existiam mais e de crenças que não eram mais cultuadas e pegou um livro aleatório. Sentou-se na poltrona marrom que ali havia e, iluminada pela luminária de chão, Elsa começou a sua leitura.

Numa época em que os humanos faziam da terra sua riqueza e sofriam no inverno e em que a lua e o sol eram vistos como deuses, nascera um garoto comum em uma família comum.

Ele era conhecido pelas pessoas em sua vila por ser inteligente, bondoso, brincalhão com todos e principalmente por ser irresponsável e às vezes trapaceiro.

O garoto tinha uma irmã mais nova, que era tão curiosa quanto o mais velho. Um dia, durante o inverno, enquanto ele a irmã visitavam o lago - como de costume -, a garota tentara deslizar sobre o lago congelado, mas ela não sabia que o gelo estava muito fino. Ao tocar seus pés no gelo, as rachaduras apareceram e os estalos começaram. O garoto, para salvar sua querida irmã a ponto de cair na água gelada, se sacrificara.

Ninguém soube dizer por quanto tempo o garoto ficou debaixo d’água, mas o sol e a lua se apiedaram do menino vendo seu sacrifício. Juntaram toda a neve e o gelo que atormentavam os homens e deram ao menino, dando a ele poderes para que controlasse o inverno e levasse alegria aos homens.

Renascera assim como Jack Frost.”

Elsa sorriu. Iria tentar de lembrar-se mais tarde de perguntar isso a ele... Se se vissem novamente.

O sorriso de Elsa foi interrompido com a chegada de um mensageiro real. Ela teve uma ideia de o que ele ia falar ao ver suas lágrimas nos olhos. Não, não, não...

“Eles pegaram uma tempestade”, ele dissera. “O navio afundou. Um navio que ali passava no dia seguinte viu o outro afundando e reconheceram. Nenhum sobrevivente. O enterro será hoje à tarde. Sinto muito, princesa.” Ele dissera.

Elsa por um momento nada ouviu. Depois, apenas um zumbido. Andou roboticamente até o seu quarto, sem abaixar a cabeça. Não iria a enterro nenhum. Do quarto ao lado se podia ouvir o choro de Anna, e aquilo partira o coração de Elsa. Deveria estar ali, oferecendo seu ombro, consolando-a, mas ao invés disso estava mergulhada em seu próprio desespero e solidão. Egoísta.

Só percebera o estado do quarto depois de algumas horas, quando a escuridão estava chegando e o sol se pondo. A temperatura deveria ser negativa. Havia flocos de neve por todo lugar, mas não estava nevando. Era como se o tempo estivesse congelado.

Ouvira três batidas na porta e uma voz rouca de choro:

– Elsa? Perguntaram por você... Saia daí, por favor. Deveríamos enfrentar isso juntas. – Anna chamou. Elsa recuara. Ela não podia entrar em seu quarto e ver que estava tudo congelado. Era como se todo o controle que Elsa conseguira todos esses anos tivesse sido perdido em um único dia.

Elsa nada respondera. Apenas esperava o tempo passar, e logo percebeu que estava chorando. A voz de Jack ressoou em sua mente quando ela chorava: “Por favor, não abaixe a cabeça em tristeza, não chore. Eu sei como você se sente por dentro; já passei por isso, Elsa. Não chore, há um paraíso acima de você, criança. Você tem que superar isso sozinha, mas você estará bem ao amanhecer, princesa. Jamais chore, Elsa.”

Elsa estava sozinha. Pela primeira vez na vida, ela estava realmente sozinha. Sem Jack, sem seus pais. Sua irmã provavelmente a detestava. Ela não a culpava – detestava a si mesma também. Sentia-se vulnerável, assustada como um bicho sendo caçado.

Fungando, levantou e foi até a sua cama. Deitou-se e abraçou o travesseiro em posição fetal. Ficou encarando a luz de seu abajur do lado de sua cama, tentando se concentrar para não chorar mais ainda, mas algo chamara a sua atenção.

Por baixo da porta subia uma fumaça preta. A fumaça rastejava lentamente e cuidadosamente. Elsa se perguntou mentalmente se aquilo não era o sonho ou se simplesmente era só o estresse mexendo com a sua cabeça novamente. Ou se ela estava enlouquecendo.

Levantou da cama e foi em direção até a porta. Os instintos de Elsa disparavam loucamente gritando saia daí! Perigo! Volte para a sua cama, faça alguma coisa!, mas Elsa resolvera ignorar.

A fumaça foi envolvendo seus pés, suas pernas, subindo pelo tronco e seus braços, e finalmente chegando até a cabeça. Estava hipnotizada – não conseguia se mexer. Elsa nunca sentira tanto medo em sua vida. A fumaça então entrou suavemente e lentamente pela boca de Elsa, e deixou sua visão preta, fazendo-a cair no chão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

reconheceram a música? heuaheu



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Somos um só" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.