Somos um só escrita por Sadie


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Então, 3 anos se passaram. Não acontece muita coisa nesse capítulo e tal mas ele é importante sim para a história. Boa leitura.
Ah, to meio chateada. 30 visualizações e só dois comentaram? (não que eu esteja reclamando de quem comentou! muito pelo contrário, agradeço de coração)



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Três anos havia se passado desde que Elsa conhecera Jack Frost – três anos em que seus poderes haviam parado de consumi-la.

Apesar de todos os seus esforços para controlar suas emoções e seus poderes, seus pais ainda a mantinha longe de Anna – achavam que ela ainda não estava pronta para ver os poderes da irmã, mesmo que propositalmente.

Controlando melhor, Elsa passara a ser preparada para ser a futura rainha – mesmo com quinze anos e que isso ainda fosse demorar. Os corações de seus pais transbordavam de alegria e orgulho ao ver a filha tendo controle sobre seus poderes, podendo, assim, abraçá-la. E o de Elsa também – sentia orgulho de si mesma e um pouco de esperança de que, um dia, ela poderia abraçar sua irmã Anna novamente sem machucá-la.

Porém, Elsa não teria conquistado tudo isso sem Jack para guiá-la – ele fora como uma bússola para ela. Encontrar ele, saber de sua existência e receber sua ajuda era algo que Elsa nunca poderia recompensá-lo – mesmo que tentasse a todo custo.

Ela também não poderia contar para seus pais que ela havia conseguido o controle por causa da ajuda de Jack – um ser lendário - se não quisesse que eles achassem que sua filha estava louca. Simplesmente os deixava achar que era tudo ela, mesmo que uma parte fosse.

Além da ajuda do controle, Jack a ajudara a descobrir o que ela podia fazer – ao invés criar coisas sem formas e grotescas ou estacas apenas para machucar, Elsa aprendera a criar os mais delicados cristais, castelos e até mesmo animais, dando-os a vida, mesmo que por alguns segundos. Era um truque muito impressionante; Anna enlouqueceria se visse um.

Estava esperando Jack no mesmo lugar de sempre – no jardim leste, o jardim do castelo em que mais havia espaço e menos movimento por ser apenas para eventos. Era noite, mas o jardim era iluminado pelo brilho da lua cheia. O lago estava congelado, porém o gelo ainda era fino demais para patinar. Os arbustos e os brotos de rosas estavam cobertos de neve, as árvores, secas. Mesmo assim, Elsa via beleza no jardim. Achava o inverno a época mais bonita do ano, onde tudo ganhava diversão. Sentia-se completa no inverno.

As plantas estavam dormentes, assim como o castelo. Era tão tarde e tão frio que as pessoas, assim como os brotos de rosa, não se atreviam a botar a cara para fora. Mas Elsa nunca teve esse problema – o frio nunca a incomodara. Para ela, era apenas uma brisa leve.

Andou até um dos bancos de pedra que estavam postos estrategicamente no jardim, tirara a neve do assento e se sentou. Estava tão ansiosa para rever Jack após um ano que mal podia esperar para vê-lo. Ele era permitido rodar o mundo apenas durante o inverno – sua função era essa: levar o inverno aos lugares. Queria mostrar os progressos que havia feito, as esculturas que criara e o mais importante: queria apenas abraçá-lo. Jack era a pessoa em que Elsa mais confiava no mundo – mesmo que, para ela, ele fosse pequeno.

A princesa olhou para cima, para o céu, para as estrelas e para a lua. O céu estava limpo – sem chances de nevar a noite. Olhou então para si mesma, para os seus sapatos e finalmente para o chão. Mexera então a mão, distraída, criando inconscientemente uma base redonda para uma estátua. Depois, os pés descalços. E então duas pernas e as barras da calça. Continuo as pernas esguias, subiu até os quadris e então o tronco. O casaco, as mãos – uma segurava um cajado -, os braços cobertos pelas mangas do casaco, o capuz, o pescoço e, finalmente o rosto. Os lábios, o nariz, os olhos e a testa. E, por fim, sua parte favorita: o cabelo. Ela era fascinada pelo cabelo.

Quando terminou a escultura e se dera conta do que tinha feito, Elsa pulara do banco. Examinou a estatua e não podia acreditar no que tinha feito – Jack Frost. Observara os olhos da estátua que, ao contrário dos do dono, estavam sem vida e sem a cor cinza-azulada habitual.

A estátua parecia se apoiar no cajado. Um sorriso travesso moldava os lábios. É claro que não era uma réplica perfeita dele, mas era bem parecida.

A futura rainha sorriu internamente – veria ele ao vivo dentro de pouco tempo, sentiria seu cheiro amadeirado e um pouco de sândalo. Então enrubescera, pensando na cena ridícula que iria ser se ele chegasse no jardim e a visse encarando uma estátua dele. Porém Elsa deixara-se levar pela imaginação; imaginou como seria o reencontro dos dois. Ele chegaria jogando uma bola de neve nela e, em seguida, os dois colocariam os assuntos em dia; Jack a contaria como estava o mundo lá fora e sua vida. Provavelmente a contaria alguma história, lenda ou conto de outro país, eles conversariam sobre assuntos aleatórios e a conversa terminaria em gargalhadas.

Elsa despertara de seu devaneio ao ouvir um galho seco se quebrando. Pensando ser Jack, ela rapidamente desfez a estátua, deixando apenas um monte de neve em seu lugar. Olhou para trás com expectativa, mas não havia ninguém. Provavelmente era coisa de sua cabeça.

Sentou-se novamente no banco de pedra. E esperou. E esperou. A lua agora estava no meio de sua rota de cruzamento, e nada de Jack. Elsa estranhou; ele deve ter se enrolado em alguma tempestade. Uma vez isso acontecera, mas ele não demorou tanto para chegar. Provavelmente já era madrugada.

Elsa bocejou. As estrelas já estavam sumindo. Ficaria em pé se fosse necessário para não dormir, mas a princesa deitou no banco apoiando sua cabeça com as mãos no assento. Fechou os olhos...

~ ~ ~

A princesa acordou com alguém a chamando. Pensara ser Jack – tinha chegado atrasado e iria se desculpar -, mas percebeu que não havia o cheiro dele no ar. Abriu os olhos e viu que era madame Olga, a cozinheira do castelo.

– Princesa? – Olga chamara. – O que está fazendo aqui fora?

– Hm? – Elsa estava acordando. – Eu... eu sou sonâmbula. Acho. – Elsa respondera, e se surpreendeu com o toque da cozinheira; sem medo.

– Vá para o seu quarto. Vou pedir para você um banho quente. Vamos. – Olga a ajudara a levantar e, juntas, foram até o quarto grande da princesa. Uma porta não abria pelo simples fato de sua trinca estar congelada e ninguém ter conseguido remover o gelo, nem mesmo Elsa. A sorte era que o quarto tinha portas duplas.

Elsa sentara na cama e ouvira Olga chamando alguma das mulheres que cuidavam do castelo para preparar o seu banho. Banho quente pronto, a mulher foi dispensada, mas Olga ficara. Ela iria ajudá-la a tirar o vestido, mas Elsa também a dispensara meio sonolenta.

– Obrigada, Olga. – agradecera.

– Com licença. – a cozinheira saiu do quarto fazendo uma reverência. Elsa levantou da cama e se vira no espelho de chão no canto de seu quarto. Seu cabelo loiro-esbranquiçado estava solto e, com um susto, vira olheiras. Lembrara então do que estava fazendo antes de dormir: esperando Jack Frost chegar. Elsa o xingou mentalmente, mas no fundo estava preocupada.

Resolveu então tomar o banho e relaxar um pouco, afinal, era um daqueles dias em que se podia fazer nada. Tirou o vestido e entrou na banheira.

~ ~ ~

Era hora do jantar e nada de Jack Frost. Elsa começara a pensar que, talvez, mas só talvez, ele a tivesse esquecido. O simples pensamento a machucou.

Sentou-se na cadeira, do lado esquerdo da mesa. Do lado direito estava Anna e, nas pontas, seus pais. O rei e a rainha falavam sobre política, Anna comia sua comida animadamente e Elsa recebia chamadas de sua mãe para acertar a postura ou o modo de comer. Nunca era boa o bastante.

Sem sua irmã perceber, Elsa a olhava com pesar. Perdera praticamente toda a infância de Anna, trancafiada no quarto e conhecendo mundos através de livros. Provavelmente não enlouquecera graças à Jack. Mais um ponto para ele, Elsa pensou.

O jantar terminara e todos se dirigiram aos respectivos quartos. Elsa fechou a porta cuidadosamente e se sentou na penteadeira branca no quarto. Soltou seus cabelos e começou a escová-los, se preparando para dormir, e seu olhar percorreu a superfície do móvel. Viu o soldadinho de gelo que Jack construira para ela dois anos atrás. Deixou escapar um sorriso, mas ele logo morreu. E voltamos à pergunta: onde você está?

Provavelmente se enrolou na vinda. É, é isso. Pensou, mas algo a dizia que ela estava apenas enganando a si própria.


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