Somos um só escrita por Sadie


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Amiguinhos, esse é o penúltimo capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/502398/chapter/23

O silêncio nas ruas de Arendelle era mortal e doloroso após a batalha contra os soldados. Apesar de não ter participado - Jack não permitira em hipótese alguma -, ela não se sentia com energia, como se depois de toda a adrenalina ter sumido de seu corpo, ela percebera a exaustão mental e emocional. A maioria das casas e pequenas lojas foram destruídas, e alguns postes falhavam na iluminação. As janelas estavam quebradas, as portas, arrombadas. Alguns donos corajosos voltaram para suas casas para ver o que tinha sobrado. Com lágrimas nos olhos, eles recolhiam os objetos quebrados.

Mas nenhuma dor se comparava à que Elsa e Kristoff sentiam naquele momento. Ela havia perdido uma irmã, uma amiga, sangue do seu sangue. Ele, um amor para a vida toda.

Encostados na parede de um armazém, eles se consolaram. Ela chorou como nunca - chorou pela sua solidão antiga, pelos seus pais, por Jack, pela sua tortura, pelo seu reino e, principalmente, pela sua irmã - sua querida irmã.

Quieto e observador, Olaf estava sentado em uma caixa de madeira que fora retirada do armazém na hora do ataque. Ele não podia sentir a dor que eles sentiam, mas ele entendia.

Os passos de pessoas se aproximando chamaram a atenção de Elsa. Eram comerciantes e moradores, alguns revoltados, alguns sem saber o que havia acontecido. Ela sabia o que eles iriam perguntar: "O quê? O que aconteceu? Fomos atacados, e o exército do reino não fez nada?". Ela nem sabia o que iria responder - nem mesmo ela sabia.

Ela respirou fundo, e sentiu a mão de Kristoff sobre a sua. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, mas transmitiam compaixão.

~~~

As rosas negras na tenda continuavam intactas. Ao contrário daquele dia em que Jack visitou a tenda, ela estava vazia agora.

– Certo, como iremos fazer isso? - Fada perguntou, batendo as asas rapidamente e ficando alguns centímetros acima do chão, flutuando em volta das rosas e as observando cuidadosamente.

– Elas se dissolvem quando esmagadas... - Jack sussurrou. - Iremos esmagá-las?

Jack se aproximou de um vaso de barro simples com várias rosas negras e encostou a ponta de seu cajado nele. O gelo foi tomando conta do barro, estalando conforme progredia. Quando chegou nas rosas, ele parou, como se algo o impedisse. O garoto franziu o cenho e encostou a ponta do cajado em uma rosa - sem efeito.

– Vamos ser mais diretos, então - o Coelho disse, e pegou a rosa que Jack tentara congelar. Jogou ela no chão e pisou em suas folhas, e imediatamente a rosa se dissolveu, a areia negra sendo sugada pelos tapetes e sumindo. E então ele gritou, largando os boomerangs no chão e segurando a cabeça, tapando as orelhas com dor. Ajoelhou-se no chão e começou a sussurrar palavras aleatórias, lamentos e pedidos. Fada voou rapidamente até ele e o tocou suavemente, como em consolo e com desespero nos olhos.

– Coelho? - ela chamou, a voz assustada. De supetão, ele levantou a cabeça e olhou para Fada. Suas pupilas estavam dilatadas, e ele segurou firmemente os braços dela. Tinha um olhar assustado, de loucura. - Coelho! - ela tentou se soltar, mas sem sucesso. Sandy rapidamente foi até ele, e sua mão brilhava com um pó dourado. Ele tocou a cabeça do Coelho e, alguns segundos depois, o aperto nos braços da Fada relaxou.

– Eu vi - ele sussurrou - eu vi dor...

– Está tudo bem - Fada o abraçou. - Estamos aqui.

Sandy se afastou, e várias coisas começaram a flutuar sobre sua cabeça. Norte o encarou, e disse:

– Parece que a rosa tinha memórias de outras pessoas...

– Nós somos idiotas - Jack disse, irritado. - Breu disse que as rosas possuem o poder dele, e qual é a fonte de poder de Breu? Lamentos, dor e tortura.

– Droga... - Norte disse, acenando com a cabeça. Ele balançou os ombros como se livrasse da tensão e pegou uma rosa. - Sandy, faça aquilo novamente, certo? - e esmagou a rosa. Os olhos de Norte ficaram vermelhos e cheios d'água - começara a chorar e implorando para que a dor parasse. Ver o velho daquele jeito chocara Jack - nunca vira ele chorando desde que o conhecia. Sandy apressadamente iluminou a mão e encostou na cabeça de Norte, o aliviando.

Duas já foram, só faltam mais vinte. Ou mais, Jack pensou. Apesar de hesitar, ele sabia que tinha de fazer aquilo - não só por Elsa e Anna, mas também pelo fato de que seria o inferno na Terra se Breu assumisse o comando.

Esmagou uma rosa.

~~~

Após ter acalmado as pessoas - com ajuda de Kristoff - e explicado o que tinha sido o ataque, as perguntas sobre o que tinha acontecido com a rainha surgiram. Algumas pessoas ficaram duvidando da sanidade da rainha, dizendo que, como fora torturada psicologicamente, ela não estaria mais apta para governar um reino.

– Pelo o que eu saiba, quem decide se estou sã ou não sou eu mesma - Elsa respondeu, amargurada.

– Coloque princesa Anna em seu lugar! - alguém gritou. Elsa parecia ter engolido ácido.

– Anna não... ela faleceu hoje - respondeu baixinho, e as pessoas silenciaram.

– Como? Quando será o funeral? - a mesma voz perguntou. A rainha respirou fundo - não tinha pensado nisso, e era doloroso pensar.

– Ela... Ela me salvou. Hoje. Preparem o barco - decidiu, e deu meia-volta em direção ao castelo.

~~~

Faltavam apenas dez rosas. Os guardiões tremiam, os rostos estavam vermelhos por causa do choro. Sandy era o único estável ali, e os observava cuidadosamente.

Os quatro guardiões pegaram cada um uma rosa, e as esmagaram de uma vez só, querendo acabar com tudo aquilo rapidamente.

~~~

Elsa sabia que não podia ser fraca. Que não podia temer, e nem remoer as mágoas e medos do passado. É passado. Ficar se lembrando de tudo não adiantaria nada; só a faria sofrer mais.

Ela teria de ser forte, corajosa e, principalmente, uma líder e rainha naquele momento.

E ela seria; o medo não tomaria mais conta dela.

~~~

– O que estão pensando? - a voz de Breu era controlada, mas era perceptível o seu temor. - Realmente acham que vão acabar com isso assim?

Ele havia chegado na cabana após a décima quarta rosa ser esmagada. Provavelmente, não esperava tanto dos guardiões.

– Sim, nós vamos - Fada disse, e esmagou outra rosa. Depois, o Coelho. Sandy os aliviou rapidamente, e Breu tremeu.

– Acham que isso vai me parar? Ah, por favor - ele começou, mas estava parado, na mesma posição de quando chegara. Parecia impedido. - Eu sei do medo de vocês. Sei do medo que você sente de não ser mais acreditado, Coelho. Sei da raiva que às vezes você sente por não conseguir falar, Sandy. E sei da saudade que você sente quando come um doce, Fada. Vocês podem ser guardiões, mas têm medos. E eu possuo todos eles.

– Não - Norte o interrompeu. - Nós não temos medo de você, Breu.

E o resto das rosas foram esmagadas, uma por uma. O corpo de Breu tremeu, como se estivesse perdendo estabilidade. Jack andou calmamente até ele, e com a ponta do cajado, tocou em seu braço. Seu corpo todo congelou, o gelo estalando. E, então, o gelo explodiu. Uma fumaça preta saiu daquele monte, e envolveu cada guardião.

E recuou, saindo da tenda.

Jack tentou impedir, mas Norte o cortou.

– Deixe para lá, Jack. O mal sempre vai existir. Céus, vamos embora.

~~~

Era noite, quase madrugada. Apesar disso, as pessoas compareceram ao funeral de Anna, afinal, era a princesa de Arendelle. A doce princesa que ajudava todos e espalhava alegria - ela era a alegria em pessoa. A doce princesa que casaria, teria filhos e assumiria o trono com Kristoff - o homem que tanto desejou e esperou, sem mesmo saber quem era.

Estavam todos no porto do reino. Observavam o céu cheio de estrelas e a noite sem lua. Carregavam lampiões para iluminar o caminho, o silêncio era de luto e respeito.

Os dois guardas que seguravam o barco de madeira com o seu interior forrado de panos macios e brancos o soltou. Lentamente, Elsa viu o corpo da irmã - limpo e com o corte fechado, vestido branco e simples e uma coroa de flores de pequenas rosas dando tonalidade ao cabelo ruivo solto. Parecia estar dormindo em uma paz infinita.

A rainha ouviu o som de algumas pessoas se movimentando e percebeu que os guardiões haviam voltado. Ela encarou Jack - o seu Jack, o verdadeiro - e ele acenou com a cabeça, concedendo à Elsa uma paz momentânea.

Na beirada do porto, Elsa e Kristoff seguravam um arco e flecha. A rainha fez um sinal com a cabeça, indicando para que o guarda com a tocha acesa a usasse em suas flechas.

– E agora? - Jack sussurrou no ouvido de Elsa. Ela olhou para o horizonte.

– E agora, Jack, nós recomeçamos.

Armou a flecha pegando fogo ao arco e, murmurando um adeus à irmã, ela mirou a flecha no lampião do barco de Anna, que agora o mar levava.

O lampião se incendiou e Kristoff soltou a sua flecha, mirando no barco. O barco logo pegou fogo, e as pessoas atrás logo soltaram suas flechas, incendiando pequeninos barcos que carregavam oferenda aos deuses.

A noite fora iluminada pelo fogo no mar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

TA BOM TA BOM esse foi sim o penultimo capítulo (o proximo eh o epílogo) e eu quero falar umas coisinhas:
1- provavelmente vcs devem estar se perguntando "que, o Breu era mais poderoso" e eu respondo: no filme ele é, mas vamos lembrar que no filme ele ficou um tempão tentando descobrir como se infiltrar nos sonhos das crianças, e ele não tinha ressurgido naquele tempo né gente. Então, na fic ele tá ''mais fraco'' porque ele ressurgiu não fazia muito tempo.
2- não tem 2, só queria falar isso mesmo. Espero q gostem do rumo da fanfic................ comentem, seríssimo.