Somos um só escrita por Sadie


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

boa leitura ^~^



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Jack se perdera várias vezes dentro daquele labirinto enorme e escuro. Os guardiões haviam começado a ficar impacientes e, eventualmente, discutiram uns com os outros.

As mãos do garoto tremiam, e sua respiração era pesada devido ao cansaço (após correr aleatoriamente em vários corredores escuros) e ao nervosismo. Ele ouvia sussurros, ouvia conversas e ouvia o som de passos. Ele não sabia se os outros guardiões também ouviam aquilo tudo, e preferiu não perguntar.

Concentrou-se no poder do cajado e iluminou sua ponta com gelo. Perguntou-se mentalmente por que diabos não o havia feito antes. Seguiram em frente e chegaram a um grande salão escuro – apenas iluminado pelo cajado – que dava para três tuneis.

– Ah, ótimo. E agora? Para onde vamos? – o coelho disse. – Não podemos voltar, já que parece que esse labirinto é infinito e os caminhos mudam de acordo o que andamos.

– Você pode ficar aqui, se quiser – Jack disse. – Na verdade, fiquem todos aqui, e eu continuo.

Os guardiões protestaram, mas ele não os deu ouvidos. Escolheu o túnel do meio. A iluminação de seu cajado ficara tão precária que ele temeu que tivesse escolhido o caminho errado. Provavelmente iria morrer – do jeito que os guardiões morrem, já que são imortais.

Estava quase dando meia-volta quando ouviu um grito longo e doloroso.

Correu tanto que suas pernas latejavam de dor pedindo um descanso e aquele túnel parecia ser infinito e Jack pensou que não conseguiria. E ele viu.

Ele viu a cela de Elsa iluminada por uma tocha. Ele mal pode vê-la sem a ajuda do cajado.

Ele preferia não ter visto.

O cabelo de Elsa, antes loiro quase branco limpo e brilhante, agora estava sujo de sangue e poeira. Os braços, com cortes grandes e sujos. O rosto, agora magro e com arranhões. Ela tinha as duas mãos acorrentadas acima de sua cabeça, fazendo com que os pulsos tivessem ferimentos e sangrassem.

O coração de Jack doeu tanto ao vê-la daquele jeito, era como se ele tivesse recebido uma facada. Seus olhos se encheram de lágrimas, e entrou na cela rapidamente. Ajoelhou-se ao seu lado e apoiou o cajado contra a parede de pedra. Os olhos dela estavam fechados, e ele se desesperou, começando a perguntar-se se aquele grito que ele ouvira fora o ultimo grito de Elsa.

Congelou as algemas e as quebrou, e fragmentos da corrente quebrada caíram no chão. As mãos de Elsa caíram ao lado de seu corpo, e seus olhos continuaram fechados. Ele aproximou-se dela e colocou a orelha em seu peito, ouvindo seus batimentos cardíacos fracos e demorados. Ela estava viva!

Pelo menos, ainda.

Ele não sabia como ela sobrevivera tanto tempo sem comida, água, ferida e sangrando daquele jeito.

Ela não estava desmaiada, Jack tinha certeza. Ela estava dormindo.

– Elsa? – ele pegou na mão magra e pequena da rainha. – Elsa, acorde. Estou aqui. Vamos, acorde.

Nenhuma resposta.

– Elsa, não me deixe, sim? – ele pegou a sua mão e a pressionou contra o seu rosto. – Por favor, você é a única coisa que eu tenho. Você é parte de mim, Elsa. Acorde!

As lágrimas escorreram pelo seu rosto, e a tristeza tomou conta de seu corpo. Uma voz dentro de sua cabeça dizia que ela estava morta, que o que ele ouvira – sentira – era coisa de sua cabeça, querendo lhe pregar uma peça de que ela ainda estava viva. Talvez fosse.

Em um ato de desespero, ele beijou Elsa. Um beijo simples, não rápido nem longo. Sentiu-se estúpido. É claro que não iria funcionar. As histórias que ele ouvia nas casas de crianças pequenas eram apenas histórias.

Ela estava morta. E agora ele tinha de viver com aquilo – para a eternidade. Deveria viver com a culpa, com o sentimento de que, se tivesse chegado mais cedo, ela estaria acordada, viva, sorrindo.

E ele chorou. Chorou até o ar sair de seus pulmões e começar a soluçar, até lembrar-se de que eles deveriam sair dali, que ali era território de breu e que, muito provavelmente, eles seriam mortos também.

Passou a ponta dos dedos levemente no rosto de Elsa e, sem perceber, pronunciou as palavras escritas na porta de madeira do mausoléu como em uma oração. Abraçou-a uma ultima vez, envolvendo-a como nos dias antigos em que ela chorava por causa de seus poderes.

– Céus, tire as mãos de mim – a voz de Elsa, abafada pelo corpo de Jack, tinha um tom irritado.

– Elsa! – ele exclamou, assustado por ela estar viva.

– Qual é o plano agora? Vai se fingir de Jack e me torturar novamente? – Ela encolheu-se contra a parede.

– Elsa, sou eu.

– Você é uma ilusão.

– Eu vim te salvar, Elsa! Do que você está falando? – Jack estava confuso, e um pouco ofendido. A garota ia responder, mas percebeu que estava livre das algemas.

– Eu... eu estou livre? – Ela sussurrou. Levantou-se com muita dificuldade, apoiando-se na parede. Jack correu para ajudá-la, mas ela se desviou. – Isso não é um sonho? Estou acordada?

– Elsa, você se lembra de mim? – ele perguntou cautelosamente.

– Uma vítima nunca se esquece de seu agressor – ela olhou nos olhos do garoto. Ele abriu a boca, confuso. Em seus olhos, havia mágoa. E nos dela, havia ódio.

E ela correu para fora da cela.

– Elsa, espere! – ele correu atrás dela, seguindo seus passos e confiando na fraca iluminação do cajado. Eles estavam novamente na mesma sala com os três túneis, e Elsa estava parada no meio. Os guardiões olhavam para ela, boquiabertos e assustados. Jack estava impressionado com a força de Elsa – como ela conseguia se manter em pé?

E então, como em um passe de mágica, as tochas na parede da sala – escondidas pela escuridão – se iluminaram, uma a uma, e foi possível ver todos os detalhes do salão.

Em cada canto, havia um homem coberto por um capuz preto, como quando Jack fora agredido. Os guardiões se juntaram, e Elsa olhou ao seu redor assustada.

Um homem alto, magro e esguio apareceu na frente da rainha. Ele era pálido – muito pálido -, e seu cabelo preto era destacado pela cor da pele. Ele sorriu.

– Olá, amor.


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