Somos um só escrita por Sadie


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Cometi um erro gritante no capítulo 11: coloquei um dentista no meio de um reino medieval (?????????????????) obrigada ao TioApolo por ter comentado o erro!
Boa leitura!



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Ele sabia que era loucura procurar o que tinha o tinha atacado às cegas, mas se ele procurasse pelo medo, seria muito mais fácil. Era o que ele tinha sentido quando fora atacado – impotência, medo, desespero. Talvez, com muita sorte, eu consiga achar isso a partir desse evento, ele pensou.

Mentira para Elsa ao dizer que levaria o inverno – e se martirizava o tempo todo por isso. Queria ir para um lugar bem longe, vazio e quieto, mas o máximo que conseguira fora uma campina. Em meio à paisagem, ele era avulso; seus cabelos brancos e seu traje, como a neve, em meio à vegetação verde e o tempo ensolarado dava um aspecto de que ele não pertencia àquele lugar, mas ele realmente não ligava.

Sentou-se na grama verde, em frente ao lago que ali havia; aproveitara a sombra que a árvore fazia e deitou. Tentou relaxar, inspirando e expirando calmamente. Fechou os olhos e imaginou vários botões em sua cabeça que mantinham o estresse e a tensão ligados. Desligou cada um, e a pressão que ele fazia para fechar seus olhos se esvaiu. Sentiu como se sua alma pesasse não mais do que uma pena de um pássaro e parecia que ela era tão leve que a qualquer momento ela poderia ser carregada pelo vento para longe dali, abandonando seu dono para sempre.

Pontos brilhantes dançavam sob suas pálpebras fechadas, e aquilo o incomodara no início, relaxando depois.

Ele não percebera, mas havia estresse acumulado em seu coração. O estresse de estar longe de Elsa e estar com Elsa, sabendo que não poderia estar sequer perto dela. O estresse de ter sido espancado por um agressor que ele nem mesmo sabia se ainda estava à solta e, muito menos, quem era o seu agressor. O estresse de ter que levar o inverno – mesmo gostando de ver as crianças – e as mesmas brincadeiras repetitivas todos os anos, a mesma solidão quando passeava pelas ruas, a mesma tristeza ao lembrar de que não era acreditado. O estresse de estar com os guardiões e ser lembrado diariamente de que eles eram importantes e milhares de pessoas acreditavam neles, sendo que quem divertia as crianças era ele. O estresse de invejar os guardiões o matava por dentro.

É claro que quando ele estava com Elsa ele não se sentia estressado, muito pelo contrário; sentia-se feliz, como se todos os problemas do mundo fossem esquecidos por alguns instantes. Mas, quando esses instantes passavam, era a pior parte: era como se eles voltassem com maior força, bravos por terem sido esquecidos.

Ele não havia contado isso para Elsa, óbvio; ela já tinha problemas o suficiente para cuidar, e ele não queria incomodá-la com os seus que, em sua visão, eram problemas bobos.

Anna provavelmente já está casada. Droga, eu deveria ter ficado com Elsa. Você é um idiota, Jack. Um idiota egoísta. E babaca. E egocêntrico. Talvez eu realmente mereça isso, não ser acreditado. Que tipo de criança acreditaria em um ser tão mau assim?

~ ~ ~

– Não há motivo para pânico, pessoal – norte disse para os guardiões, que o bombardeavam de perguntas.

– Eu não estou em pânico. Na verdade, não ligo – o tom de implicância na voz de coelhão era predominante.

– Breu pode ter pegado ele, e você não se preocupa? – fada argumentou. Parecia ofendida.

– Ahn... não? - ele respondeu com um tom de “isso não é obvio?” na voz.

– Relaxem. Eu posso vigiar ele através desse globo de natal... – Ele saiu da sala de estar, passando pela mesa de centro cheia de entulho e esbarrando nas poltronas de veludo vermelho. Voltou com uma esfera de cristal com neve dentro. A neve mudava de azul celeste para marrom, caramelo e vermelho. – Mostre-me o guardião das neves.

O ar era carregado de expectativa e curiosidade, até mesmo coelhão estava querendo saber como o globo funcionava, afinal, não era todo dia em que se podia ver como as bugigangas de papai Noel funcionavam.

As cores do globo se misturaram, e começaram a girar. Algumas cores tomaram formas, mas eram todas embaçadas e logo a visão se perdeu.

– Isso era para acontecer? – Fada perguntou inocentemente.

– Não...

– Então Jack frost está morto! – Coelhão disse, e pontos de exclamação surgiram sobre a cabeça de Sandy.

– Cale a boca – Norte o cortou.

– Eu não falei sério. – Ele respondeu constrangido.

– Mostre-me o guardião das neves... – Norte sussurrou novamente para o globo, mas novamente, nada. Norte estava ficando preocupado. Onde você se meteu, Frost?

~~~

Era o dia do casamento de Anna. Elsa estava eufórica – tinha arrumado o vestido de Anna com algumas decorações de gelo, mas nada gritante. Tinha arrumado o salão, o jardim para a comemoração e, principalmente, a carruagem e os cavalos que levariam os recém-casados para longe de Arendelle (nesse fato, o coração de Elsa se apertava). Apesar disso, ela estava animada para, finalmente, sua irmã se casar, ter um dia só dela.

Ela sentia ciúmes em parte, afinal, agora Anna seria esposa, teria outra casa e moraria longe de Elsa – que ficaria apenas com Olaf. Ela tinha oferecido um lar para Anna no castelo, mas ela recusara – queria iniciar a vida nova com Kristoff sem depender de Elsa, mas ela prometera que iria visitá-la sempre que pudesse.

Estava prendendo os últimos fios de cabelo em seu penteado quando ouvira batidas na porta.

– Entre – ela permitiu, mas a porta nem mesmo se abriu. Ela franziu a testa – talvez a pessoa não tenha me ouvido, pensou. Abriu as portas – o trinco havia descongelado semanas depois de Jack ter voltado para o castelo -, e não havia ninguém ali. Certo, isso foi estranho.

Voltou para o banquinho de sua penteadeira. Colocou seus brincos com obsidianas e se olhou no espelho. Céus, estou envelhecendo muito rápido.

Viu então na penteadeira o soldadinho de gelo que Jack construira para ela anos atrás e, ao seu lado, uma pequena bailarina com os dois braços para cima e uma perna levantada, trabalhada na delicadeza.

Tocou suavemente na bailarina, e lembrou-se de Jack. Ela tinha um estranho pressentimento, mas resolveu ignorar, afinal, ele era Jack frost. Está tudo bem, Elsa. Ele é Jack frost. Ele é um soldado de gelo. Ele é um guardião. Ele é imortal. Ela pensou para se tranquilizar. Imortal.

Olhou-se no espelho e nele, o seu quarto estava espelhado. Ela podia ver a cama atrás dela, a janela fechada e as cortinas. O que é aquilo? Ela pegou um paninho na gaveta de sua penteadeira e esfregou no espelho a sombra atrás da cortina, pensando ser uma mancha de sujeira. Esfregou mais forte, e aquilo continuou ali. Encarou novamente a mancha, arregalou os olhos e soltou o paninho em espanto. Oh, céus...

Havia um homem encapuzado atrás dela e, pelo espelho, ela pôde ver que ele não tinha rosto.


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Notas finais do capítulo

espero que esse cara não tenha parecido muito com o slender heuhauea



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