O Preço De Sua Companhia escrita por Taynara Barbieri


Capítulo 24
Capitulo 23




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Observo o calendário grudado na parede atentamente, hoje faz um ano e meio que estou presa. Um ano e meio que Pandora morreu e deu lugar a uma garota fria e dissumulada. Bem,esse foi o diagnostico do psicologo.

Kaleb tinha razão, Nicollas foi profissional em me incriminar.Fui acusada de seduzir Adriel para tentar ficar com a empresa, como não obtive sucesso,eu o matei. É uma ótima historia,ele á arquitetou muito bem,e não esqueceu os detalhes como a parte de fazer minhas digitais ficarem na arma e foi um ótimo ator em depor contra mim,Pierre não apareceu no julgamento assim como Ryan e minha avó também não.Eu pedi ao juiz que não recebesse visitas, não gostaria que a minha avó ou Ryan me visse desse jeito, e como beneficio também não veria Pierre. Minha avó porem não aguentou o desgosto, saber que eu era inocente a deixou ainda mais desgostosa,ela faleceu á seis meses atras. Isso fez com que a minha dor se tornasse maior,e tudo que já estava uma droga, ficasse pior ainda.Porem a raiva que guardo dentro do meu peito não deixa que eu caia em depressão e cortar meus pulsos nunca foi convidativo, porque eu não quero cortar os meus pulsos,e sim de quem me colocou aqui dentro. O único que eu ainda tenho,o único que ainda signifique algo para mim e que me inspira é Ryan,eu e ele nunca tivemos a oportunidade de conversar depois de sua revelação,eu acho que não teria como responder sem magoa-lo.,porem acho que devemos conversar sobre tudo que aconteceu entre nos e o que poderia ou poderá acontecer.E ele aceitou quando descobriu que eu não queria visitas, de acordo com Kaleb entendeu depois de muitos chiliques. Kaleb era o único que eu autorizava visitas e ela eram constantes.

A minha sela se abre como todo dia as três horas, eu sigo ate o corredor da sala de visitas e vejo Kaleb me esperando sorridente. Ele foi muito atencioso comigo e nos tornamos amigos desde então, ele é o único contato com o lado de fora.Me sento na sua cadeira a sua frente, ele me estende a xicara de café, dou um gole antes de começar a conversa:

―Meu Deus, se continuar assim você vai sumir.

Kaleb diz isso toda vez que me vê, a prisão não é o lugar mais agradável para se estar (obvio). Junto com minha esperança de uma ótima profissão,de casar com o homem dos meus sonhos,dos brilhos dos meus cabelos,da hidratação da minha pele, também perdi vários quilos durante esse tempo.Eu mal me reconheço no espelho,e sinceramente prefiro não fazer.Não me sinto eu mesma, é como o psicologo disse, eu morri quando entrei aqui,e no lugar nasceu uma garota magoada pela vida e que parece incapaz de sorrir ou chorar. Acho que gastei a minha cota por anos na primeira semana que entrei aqui:

―Como esta Ryan?

―Ryan esta muito bem, o emprego na empresa da minha mulher o faz muito bem.Ele não te esquece nem por um minuto, mas pelo menos consegue viver muito bem.Ele mandou dizer que finalmente esta com uma moto e um carro.

―Obrigada pelo apoio que esta dando á ele Kaleb-Eu abaixo o olhar para a xícara de café e fico rodando ela a mesa.

―Não é somente a ele que eu apoio,trago boas noticias.

―Nada me surpreende-Bebo mais um gole do café.

―É impossível te surpreender com tudo que te aconteceu Dora.

Eu reviro os olhos pelo o apelido que me deu,Dora me aparenta um apelido de pessoa de idade,e ele sorri com essa reação:

―A Tabatta conseguiu uma coisa para você.

―E o que?Roupas do meu tamanho?

―Alem daquelas da Raphaella você quer mais?Eu sei que ela não se veste tão bem quanto você,porem é melhor do que usar roupas que não te servem mais-Ele diz em um tom serio e eu apenas concordo com a cabeça e dou de ombros-Enfim, você amanha esta liberada por bom comportamento,e cumprira a sua pena com serviço comunitário.

Eu levanto o olhar para ele, e como ele conseguiria uma coisa dessa? É quase impossível algo desse gênero, ainda mais que foi acusada de assassinato qualificado:

―Kaleb, é um péssimo dia para fazer piadas e você não é bom com elas.

―Não é piada-Ele cruza os braços e encosta na cadeira,me encarando de forma intimidadora-Dizer que foi fácil,seria mentira.Eu tive que escorregar uma grana preta na mão do juiz.

―Você esta falando serio?Se não for serio,eu vou jogar esse cafe na sua cara.

―Sempre tão delicada-Ele revira os olhos e como prevenção ele pega a xicara de perto de mim e da um gole no meu cafe-Sim, bem, a Raphaella sabe da sua historia, e como a ela é totalmente uma confusão.

Raphaella é a esposa de Kaleb, e com toda a intimidade que construímos desde então eu sei toda a sua historia.Mesmo sem me conhecer, ela parecia ter respeito e algum tipo de admiração por mim.Kaleb sempre aparenta matar e morrer por ela, para mim parece um amor lindo,aquele que eu acreditava antes de tudo:

―Ela tirou uma grana da sua grande herança para ajuda-la.

―Eu não preciso de pena-Eu me sinto ofendida, é como se eu tivesse mendigando que eles fizessem isso por mim,se foi a dez anos que eu fui condenada,eu estava disposta a pagar cada um deles.

―Para de ser tão orgulhosa Dora, eu e minha esposa estamos muito bem com tudo isso.Se você soubesse o tanto de grana que ela tem,saberia que foi uma quantia bem baixa e que não fará diferença.Mas para meros mortais, a grana que foi descolada para o juiz foi alta.

―Kaleb,obrigada, mas eu jamais terei como pagar.

―Não precisa pagar-Ele diz dando de ombros-Eu e a Raphaella não queremos um centavo de volta.Eu mesmo vi o quanto você sofreu aqui dentro e quantas vezes tentaram te matar por ter tratamento especial do policial aqui.Porem,eu quero saber a merda que a família Le Blac esta envolvida,e eu quero que eles paguem á você tudo que passou.

―Acredite, eu farei.

―Caramba, eu tenho saudades da menina chorona que entrou aqui.Agora você parece uma pedra...bem amanha eu venho buscar você.Estará solta e poderá finalmente conversar com Ryan.

―Eu quero prestar meu respeito a minha avó, não pude ver seu enterro.

―Eu sinto muito por isso, eu e Tabatta estávamos tentando desde o começo.Porem o juiz que estava antes com seu caso não aceita suborno.

―Isso é...

―Sim,claro que é fora da lei.Mas por acaso alguma coisa nesse pais anda direito?

―Claro que não.

―Se funcionasse você não estaria aqui,correto?

―Kaleb,eu não sei o que dizer.Obrigada mesmo, por tudo.

―Você merece pela guerreira que é.

Kaleb sorri com a ironia da sua frase, e coloca um dedo em meu pulso onde agora esta fixado uma tatuagem.Eu a fiz á quatro meses atras, a palavra “Warrior” que é guerreira em inglês esta escrita cursivamente na cor preta. Por ser uma tatuagem de cadeia eu não esperava essa qualidade, pelo menos uma vez na vida eu tive sorte.

Dou um sorriso ao Kaleb e ele arregala os olhos:

―Isso foi um sorriso?-Ele pergunta,agora ele sorri-Você realmente sorriu?

―Aproveite e tire uma foto, não é sempre que ele aparece.

―Você tem razão-Ele tira o celular do bolso e eu ergo uma sobrancelha.

―Eu estava sendo sarcástica-Ele guarda o celular no bolso e solta uma gargalhada.

―E quando é que não esta?Bem estou indo,agora vou mesmo.Minha esposa me espera,amanha eu venho te buscar.

―Sim, obrigada Kaleb-Nos levantamos e nos abraçamos,dessa vez eu dou um abraço forte.

Se eu sobrevivi a isso tudo, alem dos meus próprios motivos, Kaleb deu todo o suporte que ele poderia oferecer.Eu tenho privilégios que presas com penas mais leves jamais sonhariam em ter, como por exemplo uma cela exclusiva.

Aceno para o Kaleb e ando de volta o corredor, ainda não acreditando que a essa hora amanha estarei livre.

____

Não tive ninguém para me despedir, era poucas as presas que não me odiavam pelos benefícios e pela segurança constante que eu tinha.Então peguei a minha bolsa,com as roupas que o Kaleb sempre me dava,as vezes vinha com etiqueta e as vezes não.Ele sempre insistia que era roupas que a Raphaella não usava mais,eu ainda não acredito.

Sigo o mesmo corredor de ontem,me despeço dos policias apenas com um aceno de cabeça e eles retribuem com um sorriso grande no rosto.

Quando chego a sala de visita,vejo Kaleb sem sua habitual farda e ao seu lado,esta uma mulher a quem supostamente acho que é Raphaella.Seus cabelos ruivos estão presos em uma trança lateral, e o seus olhos azuis intensos dão destaque as sardas em seu rosto,vejo que ela esta com uma calça jeans preta e uma camiseta regata branca, quando olho em seus pés me surpreendo de não ter saltos.Kaleb ao seu lado parece orgulhoso, com calças jeans e uma camiseta branca basica.Ele pega a bolsa da minha mão e me da um abraço rapido:

―Vamos a apresentação, Lady-A ruiva ao seu lado o olha com atenção-Essa é Pandora Fountaine,Dora essa é Raphaella Kavanagh Miller.

―É muito bom finalmente conhecer você-Ela me da um abraço rápido como o de Kaleb e para ao lado dele-Se eu não conhecesse o tipo de Kaleb acharia que ele estava apaixonado por você.

―Obrigada Senhora Miller.

―Senhora não,caramba eu não sou velha-Ela da uma risada e olha para Kaleb-Ou ele disse que eu sou?

―De maneira alguma, eu tenho que agradece-la por tudo.

―Não tem-Ela da de ombros e Kaleb pega em sua mão de maneira delicada,ele á ama mais que tudo em sua vida,e ao lado dela é muito notável-Só quero que me prometa uma coisa.

―O que?

―Que vai mostrar aqueles filha da puta do Le Blac do que uma mulher com raiva é capaz.

Eu solto uma gargalhada e Kaleb concorda com a cabeça,eu teria a amizade com Kaleb para sempre e de consequência,ganharia a amizade de Raphaella.

____

Estar parada na frente da porta de Ryan me traz recordações e um aperto no coração.Foi aqui que a minha vida terminou de cair.Eu não consigo apertar o botão para a campainha, eu não sei qual será a sua reação,ao me ver dessa maneira,eu não sei qual sera a minha reação ao ve-lo.Ele é um pedaço da minha antiga vida, era ele que vivia enfiado na minha casa junto com a minha avó,eu tinha que agradece-lo por cuidar dela enquanto eu não podia.Eu devia muito ao Ryan,eu jamais poderia recompensa-lo por tudo que fez por mim e tudo que continuara fazendo.Ele vai me apoiar no que estou disposta a fazer,e eu sei disso.

Kaleb achou melhor me deixar aqui,sozinha. Logo quando eu mais precisava de apoio,porem ele quase me jogou pela janela do carro quando chegamos ao apartamento.

Respiro fundo e aperto a campainha.Ouço passos dentro do apartamento e a porta se abre.

Uma mulher da pele mulata abre a porta, ela tem olhos tão redondos e verdes que se destacam em seu rosto.Seu cabelo é todo cacheado e chegam ate o ombro.Ela esta vestindo um vestido rosa de verão o que a deixa um pouco fofa de mais.Ela me olha e sorri:

―Sim?

―Ryan Montovani esta?

―Sim,Ry!-Ela o chama-É para você.

―Quem é amor?-Ouço ele gritar da onde eu sei que é a cozinha.

Ouvir Ryan chamando alguém de amor,por incrível que pareça me incomoda um pouco.Meu estomago se revira e me sinto uma idiota. Eu abandonei Ryan,esperar que ele fosse me esperar para conversar era uma idiotice.Ele também sofrera com tudo que aconteceu, quer dizer desde que me envolvi com os Le Blac sofrer era parte constante da vida dele.Ele fez o correto,seguiu em frente, esqueceu sentimentos por mim,e excluído ele da minha vida,de uma certa forma o ajudou.

Antes,eu tinha Ryan como um amigo,um companheiro.Saber que agora eu tinha sido substituida por outra,era no minimo doloroso.Eu não correspondi á ele,exigir que ele fosse apaixonado por mim a vida inteira é burrice e egoismo:

―Como é seu nome querida?-A voz dela me desperta,e eu balanço a cabeça para tirar pensamentos de contos de fadas da cabeça.

―Pandora Fountaine.

Seus olhos se arregalam e ela me olha de cima abaixo,e me arrependo de ter vestido as roupas que Kaleb me deu.Foi um short jeans desfiado,com um tomara que caia branco,e nos pés uma sapatilha que também foi doação.Com a perca do peso,eu tinha perdido qualquer roupa que eu tivesse no armário.Eu vejo por cima dos ombros dela que Ryan esta vindo em direção a porta,eu o encaro e por incrível que pareça ele não me reconhece.Ele puxa levemente a garota pela cintura um pouco para a lateral para que possa me ver.Ele me olha com atenção por um momento e finalmente foca em meus olhos:

―Pan?-Sua voz treme e ele sorri,ver seus olhos marejados me causa uma emoção.

Aquele sorriso maravilhoso de sempre me faz sorrir de volta,como Kaleb mesmo diz,sorrir para mim é raro.


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