Embriagado de Chá escrita por Gabriela Cristina


Capítulo 9
Capítulo 9 - Luzes e luzes


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pro todos os comentários motivadores. A inspiração não é constante, mas é buscada sempre.
Obrigada novamente.



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Alice corou. Suas bochechas queimavam e seu coração acelerou. Ela apertou a mão do Chapeleiro e lançou lhe um olhar que era indecifrável até para ela mesma.

Mirana olhava tudo panoramicamente do lado da escada, apoiando suas mãos no corrimão da escada enorme.

– Bom queridos, é melhor irem logo. Não que eu queira expulsá-los - ela sorria - Mas logo escurecerá e a casa de Bayard não é tão perto, você bem sabe Chapeleiro. Não sie porque ele não quis morar aqui no castelo, mesmo assim passa as tardes no quintal e vai embora com sua esposa ao entardecer. Ainda não chegamos exatamente no entardecer, mas eles correm rápido, logo chegarão antes dos senhores! Principalmente porque a saudade os faz caminhar mais lentamente pelo que presumo...

– Tudo bem Rainha, nós já estamos indo. Vamos Alice? - O Chapeleiro corou fortemente e o contraste com seu cabelo era no mínimo, meigo.

Alice assentiu e acenou para a Rainha enquanto saía do castelo de braços dados com o Chapeleiro. Eles seguiram pelo jardim branco como neve, enfeitado de folhas prateadas ao chão.

Saíram pelos portões e seguiram por uma estrada. O sol estava mais para oeste e já não brilhava muito em meio às nuvens que estavam cada vez mais escuras. Provavelmente, sinal de tempestade.

– Chapeleiro, eu...eu senti muita falta sua - perdendo a vergonha, Alice ganhou ansiedade e parou de andar. Puxou as mãos do Chapeleiro e continuou - Todos os dias, todas as horas. Todo o tempo que fiquei longe desse lugar, de você. Eu precisava fazer tantas coisas, e consegui, finalmente consegui! Ah Chapeleiro, eu sonhava com meu retorno ás Maravilhas todas as noites, por muito tempo. E agora estou aqui, com você...

Eles haviam parado no meio da estrada. O caminho era cheio de árvores grandes e algumas estavam sem folhas. Eram das mais diversas cores, mas já havia escurecido e não se via mais do que a luz da lua permitia.

Mesmo assim o rosto de Alice estava iluminado e para o Chapeleiro nunca esteve tão claro.

– Alice, eu... - ele abraçou-a

Era um abraço forte e Alice se sentia segura. Por um momento, ela derrapou os pés na terra e o Chapeleiro assustou-se:

– Você está bem?

– Sim, é que não como nada desde que cheguei. Mas está tudo bem Chapeleiro, vamos continuar?

Meio á contragosto, ele assentiu. Achava-a um pouco fraca, talvez não aguentasse muito tempo.

Além da luz da lua que iluminava o lugar muito pouco, nada mais acabava com aquela escuridão. Mas em um momento, como mágica, uma luz verde surgiu. Não era como uma lâmpada ou lanterna, era uma luz acompanhada de fumaça e que invadia todos os lugares. Em meio á essa luz, haviam pequenos pontos brilhantes de um verde mais claro.

Alice precipitou-se a toca-las. Soltou o braço do Chapeleiro e sem conseguir controlar-se, foi seguindo as luzinhas que fugiam de seu toque.

Aos poucos ela ia andando e andando. Não olhava para trás em busca do Chapeleiro, não parecia se importar. Seus olhos pareciam ligados ás pequenas luzes e sentia uma necessidade enorme de possuí-las.

O Chapeleiro observava-a, perplexo. Não sabia o que fazer, ou talvez não conseguisse fazer nada. Apenas a seguia, percebendo que a garota virava para estradas erradas que não os levariam ao seu destino e vendo sua obsessão pelas luzes. Ela ia andando, as árvores sumindo, uma área aberta surgindo, o caminho perdendo suas linhas, pegadas se formando a terra fofa e o céu estrelado surgindo cada vez mais plano.

O ambiente foi esquentando, o que não era muito normal nessa época do ano. Como acordando de um transe, o Chapeleiro viu Alice se dirigindo á um penhasco.

Seu coração acelerou, a boca secou. Ele a via tentando pegar as luzes e gritava, mas nenhum som saia. Seu desespero aumentava e ela chegava cada vez mais perto de cair. Então ele correu.

Não estava muito longe, mas a corrida, mesmo que pequena, parecia se alongar como se ele carregasse pesos nos pés.

Ela esticava o braço para pegar uma luz, seu pé direito já estava quase fora do solo, então ele agarrou sua cintura por trás e se jogou de costas no chão. Ele soltou-a, levemente ao seu lado.

Alice tremeu. Piscou algumas vezes. Colocou uma mecha loira atrás da orelha. Sentou-se no chão e disse:

– O que aconteceu? Porque estamos num penhasco Chapeleiro? Bayard mora por aqui?

– Você está bem minha querida? - O Chapeleiro ofegante, perguntava. Sua voz havia voltado como num passe de mágica. Seus olhos arregalados de desespero e pressa pela resposta chamaram a atenção de Alice para como a cor verde de sua íris era bela.

– Sim, mas, porque estamos no chão?

Houve um estrondo. Alto como um trovão e logo depois um clarão verde no céu.

Uma mulher, de cabelos negros surgiu flutuando no céu. Ela usava um vestido muito escuro e que assim como seus cabelos, chegava até seus pés.

Em um de seus pulsos, usava uma pulseira de ouro com uma esmeralda muito verde e em uma das mãos, segurava uma espada dourada cheia de desenhos. O punho da espada era coberto de esmeraldas verdes da cor das unhas compridas da mulher.

Seus olhos eram completamente brancos, e sua pele era bronzeada.

– AHAHAHAHAHAHA - sua risada estrondava por todos os cantos - Vejo que não a peguei por pouco Alice. Uma pena que você carregue pra todo lado este... Capacho? AHAHAHAHAHAHA Pois saiba querida Alice, que seu dia chegará. Espere, e verá...

E foi sumindo no ar aos poucos, virando fumaça.

O Chapeleiro, de punhos cerrados e bochechas vermelhas, olhava para o céu, sem entender nada. Sentia raiva da ironia daquela mulher, de tê-lo chamado de capacho de Alice. Ele era seu...seu...seu amigo. Relaxou o corpo e desorientado com tudo, preferiu se calar, levantou-se.

Alice olhava para todo canto, perdida mentalmente de tudo aquilo que havia acontecido. O Chapeleiro olhava-a, e ela entendia seu olhar. Estava com raiva do que a mulher havia falado sobre ele.

Ela não sabia quem era aquela mulher, e o que tudo aquilo significava.

Em um flash, Alice se lembrou das luzes brilhantes, de desviar o caminho, da ponta do penhasco e do Chapeleiro puxando-a antes que caísse naquela imensidão.

Ela levantou, sentiu uma leve tontura, se aproximou do Chapeleiro e levantou-lhe a cabeça.

– Você não é meu capacho ouviu? Não sei quem era essa mulher, não sei o que ela queria. Você é meu herói Chapeleiro, você me salvou!

– Vo-você lembra? Lembra agora de tudo que aconteceu?

– Sim, e...e eu te...

Alice caiu, soltando seu rosto.

Assustado, ele abaixou-se. O Chapeleiro tremia, não entendia nada. Segurou o pulso da garota, ela estava viva.

Precisavam sair dali, aquele lugar não fazia bem á ninguém. Ele pegou-a no colo e voltou para o caminho onde tudo aquilo começou.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Quem será essa mulher? O que Alice ia dizer ao Chapeleiro antes de desmaiar? Será que haverá uma nova guerra no País das Maravilhas?
Beijos! ;3



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