Mirana convocou alguns criados e pediu para que contatassem todos os moradores do País das Maravilhas, todos teriam que lutar.

Pediu também para que avisassem o exército real para que buscasse por todos os cantos, qualquer pessoa que conseguisse realizar magia.

Chapeleiro e Alice treinavam cada vez mais, o dia inteiro e mal podiam conversar. Eles sabia que naquele tabuleiro eram o rei e a rainha. Não Mirana, nem qualquer outra pessoa ou ser, mas eles.

O País das Maravilhas mal tinha dias, tudo estava sempre escuro. As manhãs não tinham sol forte, o céu era encoberto de nuvens cinzas e as noites eram um breu.

Aos poucos uma fumaça escura ia se espalhando pelo ar e certas áreas do País haviam sido evacuadas, pois tudo parecia trevas.

Sons de sibilos de cobra começavam, repentinamente. Longe, mas mesmo assim aterrorizantes.

Nem todo o povo teve coragem de se unir ao exército da Rainha, só queriam proteção. Crianças e algumas mulheres foram poupadas, aquilo parecia uma guerra do mundo natal de Alice e isso á assustava.

Numa manhã onde tudo estava cheio de neblina, Alice acordou e caminhou até o banheiro. Era cedo, 6:00 em ponto como o relógio da parede avisava. Ela entrou no chuveiro e mesmo com a temperatura mais baixa que o normal, tomou um banho gelado. Enquanto penteava o cabelo, se olhava no espelho.

Olheiras profundas marcavam seus olhos, mal dormia desde o dia que a Rainha falara sobre o novo ser. Sua pele não estava mais corada, apenas pálida e sem vida. A preocupação á tomava e não conseguia fazer mais nada á não ser treinar.

Sua mente era um turbilhão de pensamentos, ela pensava todo dia em estratégias e como vencer o inimigo. Quando não estava treinando, estava lendo sobre magia, luta e estratégias de guerra na grande biblioteca do castelo.

Terminou de se pentear e caminhou até o guarda-roupa, pegou uma roupa qualquer que fosse confortável e se vestiu. Sentou-se na cama e pôs as mãos na cabeça, ela já não aguentava sentir tudo aquilo constantemente: medo, desespero, ansiosidade, um mau pressentimento, cansaço, desesperança.

Em outro quarto, o Chapeleiro procurava algo para vestir. Já vestido, olhou para a mesa do lado de sua cama, lá estava eu chapéu. Fazia tempo que não usava, não conseguia usá-lo treinando e ultimamente só fazia isso.

Sentia falta de Alice, via ela todo dia, mas parecia que ela não estava ali. Ele também estava preocupado com ela já que via as mudanças na garota, ela parecia cada dia mais cansada e preocupada.

Ao mesmo tempo, os dois saíram de seus quartos e desceram as escadas. O castelo estava silencioso depois das ordens de Mirana que mandou muitos criados para diversas buscas. Ainda não haviam encontrado alguém com poderes mágicos que pudessem ajudar.

Na mesa do café os dois se encontraram, fazia tempo que não se viam assim. Sorriram, Alice cansada e Chapeleiro preocupado. Sentaram-se um ao lado do outro e começaram a comer. Trocavam olhares mas não sabiam o que falar. Sua mentes ocupadas com todos aqueles problemas não tinham a capacidade de pensar em assuntos descontraídos.

– Senti falta de algo assim - disse o Chapeleiro e olhou Alice sentada ao seu lado

– Eu também. Não temos conversado direito, eu estou com a mente tão atolada de pensamentos e não estou conseguindo conciliar tudo. Tá muito difícil, me desculpa - Alice não conseguiu conter as lágrimas e deitou a cabeça no ombro do Chapeleiro.

Ele a abraçou e com uma das mãos levantou seu rosto

– Não chora, vai dar tudo certo. Eu sei da tua preocupação, eu também sinto tudo isso.

Beijou-a, um beijo leve e rápido, para acalmá-la.

– Alice, juntos nós vamos conseguir ok? Eu te amo Alice

– Eu também te amo Chapeleiro!

Alice o beija, intensamente, sorri e volta á beijá-lo.