Embriagado de Chá escrita por Gabriela Cristina


Capítulo 10
Capítulo 10 - Mas o quê?


Notas iniciais do capítulo

... apenas obrigada! >.



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– Bayard! Bayard!

O Chapeleiro gritava enlouquecidamente e corria balançando Alice em seu colo, o portão do pequeno chalé estava próximo e saía fumaça pela pequena chaminé vermelha.

– Woof! O que está acontecendo? - Bayard saiu correndo pela porta de madeira velha - Chapeleiro! Alice! O que aconteceu meu amigo? Marydith, venha aqui, rápido!

A mulher de Bayard, Marydith, saiu do chalézinho aos tropeços. Tinha bobes rosas nos pelos das orelhas e na ponta do rabo.

– O que aconteceu querido? Oh meu Deus! É a senhorita Alice!

– É ela mesma Marydith! Mande um de nossos filhos tocar o alarme de urgência, logo a cavalaria do reino irá chegar. Entre Chapeleiro, precisam se esquentar.

O Chapeleiro, com uma expressão desesperada e sentindo Alice desmaiada em seus braços sentia medo. Talvez ela não estivesse apenas desmaiada. Já fazia algum tempo e ela não acordara ou dera qualquer sinal de vida.

Ele não poderia explicar nem se quisesse o que estava sentindo.

Teve de se abaixar para passar pela porta baixa, o chalé estava aquecido pela lareira de tijolinhos. Passando pela porta ele chegou a sala, á esquerda da sala havia um pequeno cômodo com 2 beliches e do lado um outro cômodo com uma cama de casal de mogno.

Na sala, além da lareira, havia um sofá de tamanho médio coberto com um pano verde onde o Chapeleiro depositou Alice. Ao lado do sofá tinha uma poltrona de pano desenhado, e ele se sentou. Na parede da lareira, haviam vários livros e brinquedos enfeitando prateleiras de tábuas.

Pegou a mão de Alice e de cabeça baixa começou a pensar em todos os momentos que passaram desde a primeira vez que ela chegou no País das Maravilhas. Chegou então ás memórias de pouco tempo atrás, do estrondo e da mulher-fumaça e de sua espada de esmeraldas. Ele não sabia quem era, mas ela tinha feito mal á Alice. Ele não podia deixa-la sumir sem pagar um preço.

– Chapeleiro!

– Hã? O que foi Bayard? – ele se assustou

– Você estava falando coisas sem sentido...

– Ah, desculpe-me. Eu estou muito ansioso Bayard, você acha que ela está bem? Faz certo tempo que ela desmaiou, será um simples desmaio Bayard?

– Calma Chapeleiro! Marydith disse que deve ser fome. Ela foi fazer um chá enquanto Acer foi buscar ajuda. Aceita algumas bolachas Chapeleiro? – antes mesmo de ele responder – Traga algumas bolachas Marydith! Wouf!!

Sua cabeça latejava e a mão suada fazia a de Alice escorregar. Com a outra mão ele fazia círculos em sua calça verde musgo.

– Bayard, não posso perdê-la...

– Você não vai, ouviu? Está tudo bem. Agora me diga, como isso aconteceu?

Ele explicou tudo ao cachorro que escutava atentamente. Seus olhos pretos aumentavam cada vez a mulher-fumaça era citada. Quando o chapeleiro terminou, Bayard já não estava sentado no chão á sua frente, e sim procurando um livro nas prateleiras. O cão murmurava consigo mesmo algo como “Não pode ser” ou “Ela não pode ter voltado”.

– Está tudo bem Ard? – a esse ponto o Chapeleiro já chamava o cão por seu apelido

Sem responder, Bayard continuou sua procura e derrubou um livro de capa dura e preta no chão. Empurrando com o focinho, levou até os pés do Chapeleiro.

– Há bastante tempo atrás, meu avô me contou uma história sobre uma mulher de longos cabelos negros e de aura verde. Ele me disse que quando era mais jovem, quando não existia nenhuma das duas rainhas Branca e Vermelha ou seus antepassados, havia três governantes aqui. Mane, a mulher pura de cabelos cinza e pele transparente; Lorem, o rapaz de pele azulada e espírito audacioso e Tenebrae, uma mulher má amante da magia negra. É claro que os três mantinham o equilíbrio de tudo isso e um não deixava o outro ultrapassar os poderes necessários.

Até netão todos eram felizes por aqui, mas o pode subiu demais á cabeça de Tenebrae e ela destruiu seus dois companheiros usando a mais forte das magias. O País das Maravilhas virou então um dos piores lugares para se viver. Ninguém negociava conosco e estava tudo se acabando.

Foi então que chegou uma garota. Ela tinha cabelos loiros e cacheados e adorava azul. Ela não suportava ver todos infelizes em um lugar que já fora tão alegre e bonito, e diferente de todos os outros, ela decidiu lutar com Tenebrae. Sua nobreza e coragem eram tantas que ela começou a ser chamada de Alice Animus. E ela lutou bravamente contra Tenebrae, do jeito que lhe era esperado, mas ela não á matou ou destruiu. A vilã se desintegrou e sumiu.

Por muitos anos o povo do País das Maravilhas ficou receoso com sua volta, mas Alice os animou e aos poucos trouxe de volta á alegria deste lugar.

Olhe Chapeleiro – Bayard arfava por conta da velocidade como contara tudo àquilo – Não sei se isso faz sentido, mas eu penso que Tenebrae retornou. E ela acha que essa Alice é Alice Animus, sua inimiga.

O Chapeleiro, depois de ouvir tudo, estava boquiaberto.

Ouviu alguns barulhos e virando-se para o sofá de Alice, viu a garota tirando uma mecha de cabelo do rosto e fechando os olhos para dormir.

Seu coração aliviou-se e seu corpo relaxou. Ela estava bem. A este momento Marydith já havia colocado um bule no chão e duas xícaras, enquanto buscava um prato de biscoitos.

– Mas Ard, como isso é possível? Quer dizer, Alice está bem agora, mas aquela mulher lhe causou isso. Faz sentido e ao mesmo tempo não faz, é como minha lógica da vida. Eu não consigo processar entende?

– É estranho, eu sei...

– Papai! – um filhote já bem crescido e de pelos marrom escuro, entrou gritando junto de seus irmãos que o esperavam no quintal durante todo o tempo – A cavalaria, a Rainha está junto da ajuda!

– Oh meu Deus! Deixe-me tirar esses bobes pelo menos, a Rainha na minha casa á essa hora! – Marydith se desesperou para ficar apresentável á realeza

– Pare com isso Marydith, temos outras prioridades, a menina Alice, por exemplo!

Ela fechou a cara, envergonhada e emburrada ao mesmo tempo.

Ouviram-se passos no quintal, e Mirana surgiu na porta:

– Alice! – correu para a garota, com a face desesperada, enquanto duas copeiras e um rapaz desconhecido entravam no chalé. Já estavam todos apertados com os cãezinhos pulando no rapaz e com Mirana sentada no chão ao lado do sofá. As pernas longas do Chapeleiro tornavam o espaço ainda menor.

Ouviram-se gemidos baixos de dor. Alice abriu os olhos, sentou se apoiada no sofá e vendo todos aqueles olhos ansiosos, disse:

– Alguém pode me servir algo pra comer?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Beijos!