Cinzas escrita por Ludi


Capítulo 44
Paz


Notas iniciais do capítulo

Já dizia o sábio que o fim faz parte da vida. Ele é o destino inexorável de todas as coisas e relações.

Chegar ao fim necessário não significa, no entanto, que escrever esse monstrinho de quase 350 mil palavras por três looongos anos não tenha sido um jornada e tanto. E como foi! Cinzas literalmente mudou minha vida e eu adoro e respeito cada pessoa que compartilhou dela comigo. Foi um período incrível onde conheci pessoas mais incríveis ainda!

É com o sentimento de dever cumprido que chego ao fim desse grande capítulo da minha própria história. Daqui para frente, sigo sozinha – e um pouco mais vazia- , mas contente e aquecida com a lembrança de cada comentário, cada pessoa, de cada personagem.

Mais uma vez, obrigada por todas que me acompanharam (mais comentários no fim do capítulo, haha)

Booom, para encerrar de maneira feliz, se bastante gente comentar para dizer o que achou do capítulo final - e da história também, porque não? – prometo que posto um epílogo DELICIOSO, haha.

Vejo vocês por aí (provavelmente em Incarcerous, haha) ;)



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"Se ao menos tudo fosse tão simples! Se ao menos houvesse pessoas más em algum outro lugar cometendo maldades de maneira traiçoeira e fosse necessário apenas separá-los do resto de nós e destruí-los. Mas a linha que divide o bem e o mal transpassa o coração de cada ser humano. E quem está disposto a destruir um pedaço de seu próprio coração?"

Alexander Solzhenitsyn

44 – Paz

Novembro, 2007

Deitado no único objeto luxuoso disponível nas suas acomodações - um velho catre horroroso-, Draco olhava o teto da sua cela imerso nos próprios pensamentos.

Em alguns dias bons, como aquele, era muito quieto ali, absolutamente silencioso, com exceção do distante borbulhar das ondas arrebentando nas pedras sobre as quais Azkaban tinha sido construída. Draco nunca havia se incomodado com o silêncio de forma alguma, então, apesar do enclausuramento, ele até considerava aqueles momentos suportáveis, mesmo que o tédio as vezes o levasse quase à loucura.

Perdera a noção do tempo.

Contava apenas com as esparsas cartas que Ginevra conseguira enviar para ajudá-lo com o pequeno problema de localização temporal. Mesmo sabendo que sua pena tinha sido extremamente curta – coisa pela qual ele estava extremamente grato – ele tinha a impressão de que estava naquela maldita prisão há anos.

Ele se sentou bruscamente ao ouvir o barulho de passos se aproximando. Olhou ao redor para garantir que ainda estava realmente sozinho; ele havia chegado no estágio perigoso da solidão onde sua saúde mental tinha começado a ser questionada. Mirando o ambiente, Draco suspirou resignado.

As celas de Azkaban se constituíam basicamente de grandes buracos encrustados na pedra, com apenas uma portinhola para o corredor e uma pequenina janela cuja luz fornecida mais deprimia do que iluminava.

Depressão é a uma palavra que combina bem com esse lugar, afinal, Draco deu um sorriso torto enquanto tentava chamar sua sanidade de volta.

Azkaban era grande, úmida, sombria e fria. Mesmo que os dementadores tivessem partido – sabia Merlin para onde - como uma das novas resoluções do Ministro da Magia, isso não implicava em um lugar mais receptivo e caloroso para os seus habitantes. Um sentimento de desesperança pairava sobre a fortaleza, atingindo os prisioneiros no seu mais profundo ser. Nem mesmo os aurores, Draco pôde perceber, permaneciam mais de uma semana seguida no lugar, se revezando no acompanhamento dos prisioneiros.

Por isso mesmo, nos dias maus havia um murmúrio de vozes, o som pesado de correntes batendo, o barulho agourento de pratos sendo batidos contra as portas de ferro das celas. Por vezes, Draco se pegava pensando na história daquele lugar – coisa que nunca havia estado entre suas preocupações mais imediatas antes – e em quantas vidas haviam sido perdidas para Azkaban. Se indagava sobre a razão para o Ministério ainda manter um lugar como aquele, com parede impregnadas de magia das trevas, morte e sofrimento.

Um arrepio percorreu sua espinha e, para colaborar ainda mais com seu estado de espírito arredio, a porta da sua cela se abriu bruscamente. De forma involuntária e para sua eterna vergonha, Draco se encolheu institivamente sobre o catre, abraçando os joelhos e olhando desconfiado para a porta, que se abriu para revelar um homem jovem e baixo.

Não deveria deixar os pensamentos sobre Azkaban me afetarem tanto assim, Draco pensou enquanto tentava recuperar sua dignidade.

"Sr. Malfoy?" O homem – presumivelmente um auror - perguntou cautelosamente, também afetado pelo gesto de Draco. Ou talvez por Azkaban, Malfoy não saberia dizer ao certo.

"Hn." Draco grunhiu em resposta. Nunca tinha sido um grande fã da eloquência e aquele período encarcerado tinha colaborado muito para que ele se aperfeiçoasse na arte do silêncio: se tinha falado meia dúzia de frases completas naquele período, tinha sido muito.

"Meu nome é Finn Wood." O auror estava comedido como se esperasse que Draco avançasse sobre ele a qualquer momento. Em outras situações, Malfoy teria obtido algum prazer daquela atitude. "Estive cuidando da guarda da sua cela nos últimos meses. "

Silêncio.

"Er, meu irmão mais velho estudou com você em Hogwarts."

Mais silêncio.

Draco o encarou impassivelmente, a cabeça levemente inclinada como único sinal de que ele estava ouvindo.

"Hm hm." Finn limpou a garganta diante da profundidade com a qual Malfoy o encarava, possivelmente desistindo de qualquer possibilidade de um bate papo casual com um dos moradores mais famosos de Azkaban. "É chegada a hora, senhor." Ele se aproximou do catre de Draco e pela primeira vez Malfoy notou que o auror carregava um pacote em uma das mãos. "Trouxe suas roupas. Quer alguns minutos a sós para se vestir?"

Draco não respondeu e se limitou a observar suas roupas dentro do pacote com olhos cinzas arregalados. O auror amedrontado e sem jeito foi totalmente esquecido.

"Acho que vou entender isso como um 'sim'." Finn disse com voz baixa. "Volto em alguns minutos." E saiu para dar a Draco a privacidade necessária ou simplesmente para sair de perto do seu prisioneiro.

A bem da verdade, Draco já tinha perdido totalmente o pequeno interesse no outro homem. Ele olhava suas antigas roupas com um ar maravilhado de alguém que sempre fora cego e passa a ver a luz do dia pela primeira vez na vida. Ousou até a passar as pontas dos dedos pálidos sobre o tecido numa lembrança do que sua vida havia sido.

Ele se levantou depois de um instante de contemplação e lentamente começou a tirar o uniforme da prisão, deixando-o escorrer pelo seu corpo até o chão. Instantaneamente, Draco começou a se sentir melhor mesmo estando praticamente nu num lugar tão frio. Ele alcançou suas roupas sobre a cama e, com mais agilidade dessa vez, colocou sua calça, então sua camisa. Calçou suas meias e sapatos e, por fim, jogou a capa sobre si, cobrindo os cabelos longos com o capuz da capa.

Cada peça despida do horroroso uniforme de Azkaban era um pedaço daquele lugar que estava ficando para trás.

Cada peça vestida da sua própria roupa, era uma camada sua que Draco recuperava como se, pouco a pouco, estivesse reagrupando todos os fragmentos de si mesmo que haviam sido implacavelmente separados quando ele havia sido jogado naquela cena, tantos meses antes.

Ao fim do processo, sua mente estava totalmente desanuviada, como se o verdadeiro Draco Malfoy tivesse assumido o lugar daquela criatura quebrada e arredia que estivera no catre dez minutos antes.

Quando o auror retornou alguns minutos depois, Draco o recebeu com o sorriso torto.

"Pronto, Sr. Malfoy? " Ele perguntou timidamente, não exatamente esperando uma resposta.

"Há um ano. " Draco arrastou as palavras experimentando-as como se fossem novidade.

O auror pareceu surpreso pela resposta e um pouco aliviado, não querendo estar mais naquele lugar do que o próprio Draco. Malfoy pensou que deveria mesmo ter certo alívio em ver alguém saindo daquele lugar estranho e carregado de dor.

Alheio aos pensamentos de Draco, Finn remexeu na capa à procura insistente de alguma coisa e depois de exclamar um abafado "Aham!", ele endireitou sua postura. Malfoy então foi capaz de ver o que ele tinha na mão.

Minha varinha!, Draco pensou de olhos arregalados.

"Creio que isso pertença ao senhor." O auror ofereceu a varinha para Draco.

Malfoy teve que se controlar para não arrancar a varinha da mão do auror com um puxão desesperado e se forçou a manter sua postura. Quando recebeu a varinha em suas mãos como um pai que encontra um filho há muito tempo desaparecido, apertou o objeto tão forte que os nós dos seus dedos ficaram mais brancos.

Como ele havia sentido falta daquela sensação!

Quando envolveu a varinha entre seus dedos, a última peça do grande quebra-cabeças que era Draco Malfoy estava totalmente completo.

Era... Libertador.

"Obrigado." Draco disse com sinceridade e olhou sua varinha com adoração.

Finn levou um pequeno susto diante do agradecimento e sorriu quando percebeu que tinha conseguido fazer com que Draco falasse de livre e espontânea vontade, ainda mais um 'obrigado'! Seus companheiros de oficio que acompanharam toda sua trajetória com Draco Malfoy não iriam acreditar quando ele contasse. "Por nada, senhor."

Depois de um instante em que deixou Malfoy contemplar sua varinha, Finn fez um gesto para que Draco o seguisse para fora da cela; ambos seguiram em silêncio por corredores intermináveis e escuros, até que chegaram em uma grande porta numa espécie de saguão sombrio e malcheiroso que servia de recepção para aqueles que tinham o infortúnio de pôr os pés em Azkaban. Um ferrolho deslizou magicamente para lhes dar passagem por uma porta na extremidade oposta do aposento. Depois de um aceno de incentivo do Finn, a porta abriu devagar com um rangido pavoroso. Então um raio de luz varou a penumbra como se o próprio sol estivesse esperando por Draco.

Cautelosamente, Malfoy passou pela soleira da porta.

De imediato, sentiu sua visão sendo ofuscada pelo sol, momentaneamente cego quando pisou fora da sombra da fortaleza de Azkaban. Ele olhou para trás mais uma vez para o auror, que permanecia parado no seu lugar num indicativo que aquele era um caminho que pertencia somente a Draco para seguir.

"Daqui para frente está por sua conta, senhor." Ele sorriu amigavelmente, mas Malfoy nunca soube se era para incentivá-lo ou porque tinha saído de dentro de dentro das paredes odiosas de Azkaban mesmo que por alguns minutos.

Draco levou cinco segundos para entender as verdadeiras implicações disso.

Estou livre, a realização o abateu por um momento quase sufocante que o fez fechar os olhos e respirar fundo, tentando manter o equilíbrio. Então, erguendo sua cabeça como sempre era exigido de si, Draco começou a descer o caminho irregular que dava acesso à baía, sentindo água salpicar seu rosto e o gosto desconfortável do sal do mar na língua.

Um passo.

Outro passo.

Ele teve que frear uma vontade arrasadora de descer o percurso saltitando e batendo um calcanhar no outro. Aquela não seria uma atitude muito Malfoy afinal.

Mais outro passo.

Draco limpou sua mente das expectativas de tudo que viria dali em diante, das saudades insuportável de Aries e sua mãe, de todo o amor que sentia pela megera - se recusava a pensar nela como um ser animado na expectativa de que o sentimento opressor tivesse ido embora depois dos meses onde ele tinha andado perigosamente sobre a linha que separa a sanidade da loucura.

Não tinha ido.

Então Draco apenas se focou em terminar seu percurso, sem esperar um pote de ouro no fim do arco íris.

Dando mais um passo.

Até que ele não pôde dar mais nenhum passo porque achou que suas pernas iriam fraquejar a qualquer momento.

Não ter se referido a ela durante todo aquele ano não tinha adiantado nada, porque a primeira palavra que saiu da sua boca depois de 365 dias, 8.760 horas, 525.600 minutos na merda de Azkaban foi:

"Ginevra...?"

E ele quase levou a mão à boca para frear o nome, mas já era tarde demais.

Lá estava ela sorrindo, parada ao lado do pequeno cais onde aportavam as embarcações que traziam e levavam os bruxos de Azkaban, segurando Aries – como ele havia crescido absurdamente, estava tão alerta, tão disposto, tão... Malfoy!

E se ele achava que não poderia suportar a imensidão do amor por Ginevra, ver Aries novamente chegou a empalidecer seus sentimentos pela sua esposa. Foi como se todo o ar tivesse sido tirado não só dos seus pulmões, mas de toda a Inglaterra. Ele era a coisa mais linda e perfeita que Draco Malfoy já tinha visto em toda a sua vida e a razão pela qual ele continuava acordando todos os dias, se agarrando a qualquer resquício de sanidade que pudesse manter.

Para sua vergonha, ele fungou para evitar as lágrimas por ter a oportunidade de ver seu filho mais uma vez. Alheio a todo resto – Draco registrou que aquela menina aborto que costumava cuidar de Aries estava com eles, segurando o Cicatriz Júnior – visivelmente maior e com sua própria cicatriz no rosto para ostentar – mas Draco não tinha olhos para outra coisa que não seu bebê de cabelos dourados e expressão séria.

Ele se aproximou do pequeno grupo sem nem precisar ordenar as suas pernas que elas se mexessem e, no instante seguinte, estava frente a frente com Gina.

A única coisa que Draco fez foi erguer seus braços em direção ao bebê, que por sua vez olhou para Gina como se buscasse a resposta de como agir diante daquele homem, tão familiar e tão estranho ao mesmo tempo. Draco não poderia condená-lo: a passagem de um ano para um bebê de dois anos de idade era o equivalente a metade da sua vida até então.

Diante da pequena hesitação dos dois loiros da sua vida, Gina deu um sorriso para incentivar o bebê e um beijo carinhoso na sua testa, para então passá-lo para os braços de Draco.

"É hora de reencontrar seu pai, Aries. " Ela sussurrou no ouvido do menino.

Obediente, o bebê passou para os braços trêmulos de Draco, olhando-o com curiosidade estampada em seus grandes olhos cinzas. Draco evitou apertá-lo contra si e simplesmente retribuiu o olhar com expressão incrivelmente igual a de Aries. O bebê se remexeu no colo para ficar mais confortável e então com duas mãos pálidas e pequeninas começou a tocar a face de Draco como fazia sempre que tinha a oportunidade desde que nascera, passando pela testa até o queixo.

"Papai?" Hesitando, o bebê balbuciou baixinho e então pareceu convencido, respondendo sua própria pergunta com uma série desordenada de "papapapapapapapa—"

Todos eles ficaram em choque por exatos dez segundos, até que o caos irrompeu sobre eles.

"Eu não estou acreditando nisso! " Gina exclamou ultrajada e com as pontas das orelha já num tom mais vermelho.

"Whoa!" James disse ao mesmo tempo, num volume muito parecido com Gina. "Que barato! "

Draco e Aries se sobressaltaram com tamanho entusiasmo, mas sem irritação daquela vez. Os dois nunca seriam adeptos do barulho, definitivamente, mas o clima entre os quatro não admitia incômodos com coisas tão pequenas.

Então Draco se deu conta que estava sorrindo como um idiota. Para disfarçar seu deslize, ele perguntou fingindo indiferença para ninguém em particular.

"O que foi?"

"É a primeira vez que ele falou! " James estava visivelmente entusiasmado se balançando nas plantas dos pés, sem tirar os olhos do seu irmão mais novo.

Gina cruzou os braços sobre o peito. "Pequeno traidor, não posso acreditar que ainda amamento um ser tão traiçoeiro. " Ela exclamou entre irritada e deslumbrada com a primeira palavra do seu filho. "E ele nunca disse sequer uma sílaba para mim. E eu toooda preocupada, pensando que ele poderia ter algum problema. "

Draco se empertigou. "É admirável o fato de você suspeitar que meu filho -um Malfoy - seria algo menos do que perfeito. "

Gina – e também James, Draco notou com alguma surpresa – rolaram os olhos para ele.

James se recuperou primeiro dos efeitos do egocentrismo de Draco e suspirou um tantinho desapontado. "Eu até estava empolgado para aprender a língua dos sinais para usar com ele. Ia ser divertido. "

"Seu irmão não é mudo, James, muito menos surdo. " Gina o lembrou gentilmente.

Como se para comprovar o ponto da sua mãe, Aries resolveu que aquele era mais um bom momento para proclamar eloquentemente mais uma série de 'papapapapa' e Draco sorriu arrogante.

"Um ano sem me ver e ele ainda me reconhece sem hesitar." Draco apontou preguiçosamente.

"Não é de admirar, já que você apareceu nos jornais quase todo dia." Gina retrucou emburrada antes de completar com veneno. "Famoso criminoso e tudo mais."

"Muito legal, Sr. Malfoy, vários meninos queriam confirmar mesmo se eu te conhecia e se você era tão mau quanto parece." James completou entusiasmado.

"isso não é legal, James." Gina repreendeu suavemente antes de voltar seu olhar para Draco quase que timidamente. "Eu fiz questão de mostrar para Aries qualquer imagem sua. Mesmo naquelas condições."

Draco a encarou fixamente, desejando reunir todas as palavras de agradecimento por aquele gesto tão gentil. James, contudo, o salvou da batalha com as palavras. Aquele parecia ser um dia que ele passaria agradecendo coisas e pessoas.

"Oooh, esse lugar é mesmo grande." Ele disse olhando para a estrutura de Azkaban curiosamente e girando 360 graus antes de dar voz à sua curiosidade. "As pessoas podem treinar quadribol aqui?"

Draco se virou para encarar James. "Não exatamente." Ele respondeu sem se comprometer, não querendo dar mais detalhes sobre Azkaban do que o estritamente necessário para um garoto de oito anos.

"Que pena!" O menino exclamou com verdadeiro pesar. "Deve ter sido bem ruim ficar aí, longe de tudo que gosta." Ele chutou uma pedrinha solta no chão coberto de cascalho e completou baixinho. "Longe da gente..."

A expressão de Draco se suavizou instantaneamente. Era inevitável quando se tratava daqueles dois meninos. "Ruim é uma palavra adequada para descrever Azkaban." Draco pigarreou para esconder a emoção e mudou estrategicamente de assunto. Com a mão livre, ele acenou em direção ao rosto de James. "Você tem uma cicatriz e tanto aí."

"É, acho que sim." Por instinto, James levou a mão até o rosto passando por toda a extensão da marca, desde a testa até a bochecha. "Os amigos da mamãe e do papai fizeram de tudo para remover isso. Até a Sra. Malfoy tentou, mas não deu muito certo." Ele murmurou olhando para o chão como se tivesse vergonha de mostrar o rosto para o mundo. "Acho que vão rir de mim quando for para escola."

Sem pensar, Draco beijou o topo da cabeça dourada de Aries e passou o bebê para os braços de Gina que voltou para os braços da mãe com alguma relutância silenciosa.

Com dois passos, Malfoy ficou frente a frente com James. Ele levantou o rosto do menino com dois dedos. "Nunca abaixe sua cabeça para ninguém, James. Seja por vergonha ou medo, jamais se diminua. "

James encarou Draco com olhos verdes marejados de lágrimas. "E se mesmo assim continuarem rindo?"

Draco ficou um segundo em silêncio, pesando suas palavras. "Diga a eles que não se ri impunemente do filho do precioso Potter, muito menos de um protegido dos Malfoy." Draco reteve uma leve careta ao dizer a primeira frase, mas continuou bravamente. "E, se a pessoa for estúpida o suficiente para insistir no erro, diga que sua mãe é a pessoa mais terrível e assustadora para se contrariar. Um encontro com ela seria mortal. "

James limpou as lágrimas com a mão e sorriu abertamente para Draco, totalmente consolado pelas palavras. "É bom ter você de volta, Sr. Malfoy."

"É bom estar de volta, James." Draco respondeu com sinceridade.

"Ahem," Gina pigarreou e limpou as próprias lágrimas com a mão livre em um gesto idêntico ao de James e Draco cogitou seriamente dar uma aula de hábitos de higiene para ao dois, mas se conteve a tempo. Ela fez um gesto para que a garota que estava à uma distância respeitosa se aproximasse deles. "Anne, pode embarcar com os meninos, por favor? Gostaria de falar com Draco um minuto."

Se não fosse parecer absolutamente infantil e humilhante, Draco teria implorado para que o aborto não saísse de perto deles, nem levasse os meninos para longe. Definitivamente, não estava pronto para ficar à sós com Ginevra, muito menos longe do seu filho.

"Claro, Sra. Malfoy." Anne respondeu gentilmente, mas não escapou a Draco o fato de que ela estava absolutamente receosa de se aproximar dele.

Ela pegou Aries do colo de Gina e deu uma mão livre a James, que seguiu sem fazer mais perguntas, para surpresa de todos.

"Até daqui a pouco!" Ele acenou animado para os dois adultos que ficavam para trás.

Gina sorriu amorosa para seus dois filhos, um bebê de expressão solene e um menino cheio de vida. Depois de um segundo, ela se virou para Draco, que simplesmente havia erguido uma sobrancelha para o fato de que aquela mulher estivera cuidando dos meninos durante esse tempo.

"Anne está ajudando com James por enquanto. Ele está evitando se aproximar de qualquer elfo o máximo que pode. Estamos tendo problemas em fazer ele interagir inclusive com Edril." Ela franziu a testa preocupada.

"O garoto tem suas razões." Draco deu de ombros, ignorando a tensão que voltava a se formar entre os dois com a ausência dos meninos e resolvendo ignorar o ponto da garota aborto. "Minha mãe...?"

"Mandou dizer que em nome da sua saúde mental se recusa a por os pés em Azkaban. Algo a ver com traumas causados pela prisão do seu pai." Gina mesmo estava ficando mais nervosa naquele local, gesticulando mais do que o normal enquanto falava. "Está esperando pela gente na Mansão Malfoy."

"Conseguiram recuperá-la?" Draco levantou uma sobrancelha curiosa para ela. Definitivamente não tinha esperado pela indulgência do Ministério com relação à sua família. Aparentemente, ele tinha subestimado a influência de Ginevra.

"Custou caro e você agora é consideravelmente menos rico depois de toda a ajuda ao Ministério." Gina não reteve um sorriso presunçoso. "Mas eu gastaria até o último centavo disponível para ver você livre o mais rápido possível."

Caíram num silêncio incômodo carregado de todas as palavras não ditas, de todos os sentimentos reprimidos por ele, de todo os sentimentos que transbordavam de dentro dela.

Eram opostos. Sempre seriam.

Draco resolveu que olharia para todos os lugares menos para ela, mas sua resolução fracassou depois de um momento. Ele não resistiu e a encarou fixamente quando Gina deu um passo decidido em direção a ele.

"Draco-" Ela começou a dizer, forçando os braços ao lado do corpo para que eles não se enlaçassem em volta do pescoço dele.

"Você veio. " Ele a interrompeu com voz neutra.

Gina estacou surpresa. "É claro que eu vim." Ela disse e ergueu as sobrancelhas diante da obviedade da afirmação dele. Draco raramente falava de livre e espontânea vontade, mas nunca o fazia para declarar o que já era evidente. "Eu sou sua esposa. "

Draco suspirou cansado e com ar de tédio simulado. "Achei que Blaise havia te passado meu recado: você poderia dispor do dinheiro dos Malfoy, arranjar um bom lugar para viver, longe da Inglaterra, deixar tudo isso para trás."

Me deixar para trás.

A frase ficou implícita no ar e Gina cruzou os braços sobre o peito mais uma vez. Mais de um ano sem vê-lo e Draco conseguia irritá-la nos primeiros quinze minutos de conversa. "E por que eu faria isso?"

"Ginevra," Draco passou uma mão pelo cabelo longo, desejando cortá-lo para retirar qualquer resquício de Azkaban grudado nele. Com certeza o feitiço de estreia da sua varinha seria um para aparar pontas. "Não importa."

"O que exatamente não importa?" Ela perguntou no seu tom menos amigável, já pressentindo o que se passava na cabeça oca de Draco.

"Não importa se você está aqui hoje, ou se estará manhã, semana que vem, no próximo ano. Não importa se estava aqui enquanto eu estava preso ou depois de sair de Azkaban..." Ele explicou sem exatamente encarar os olhos escuros que povoaram sua mente nos últimos meses. "Agora que as coisas se tornaram favoráveis para sua família, você vai me deixar eventualmente. "

"É claro que não!" Gina protestou ofendida com a falta de fé que ele tinha nos sentimentos dela.

Draco rolou os olhos. Ela podia ser bem teimosa quando queria. "Para pessoas como nós, geralmente há duas opções:", ele ergueu um dois dedos da mão esquerda para ilustrar seu ponto como se Gina tivesse alguma deficiência cognitiva. "Uma vida invejável onde todos vivem felizes ou um tormento baseado nas diferenças, impossível de suportar. Acho que nós dois sabemos o que nos espera, não é?"

"Você é um idiota!" Gina não conseguia acreditar nos seus ouvidos.

"Não sou!" Draco retrucou instintivamente para só depois perceber como eles pareciam crianças. Ele lutou contra a urgência de bufar diante da constatação e resolveu que racionalizar a situação era a melhor alternativa. "Ginevra-"

"A vida não é um conto de fadas." Dessa vez foi a vez dela de interromper.

Draco a olhou com o mais perto de confusão que podia sem perder a dignidade. Era difícil admitir algo que ele não sabia. "Deveria entender o que é isso? "

Gina teve a decência de ficar um pouquinho vermelha. Nem todo mundo tinha a chance e a dádiva de ter um pai como Arthur Weasley, aficionado por trouxas. "São histórias que os trouxas contam para seus filhos e que geralmente tem um final feliz."

"Trouxas? Sério mesmo, Ginevra? Eu-" Draco falou pausadamente, absolutamente frustrado.

"Não, espere! Me deixa terminar." Gina pediu antes que Draco começasse a discursar sobre as diferentes maneiras pelas quais ele não conhecia nada dos trouxas e nem pretendia conhecer. "Eu só quis dizer que a vida é bem mais complexa. Talvez ela seja uma história de amadurecimento, onde a gente começa jovem e inocente, sedentos por conhecimento e felicidade. Aí nós cometemos erros, nos decepcionamos, lidamos com a morte, aprendemos com o mundo e um pouco com a gente mesmo."

Draco ergueu uma sobrancelha para ela tentando compreender as palavras ditas tão depressa e de forma tão não linear que por um segundo ele achou que seu cérebro fosse derreter. "Portanto...?"

"Portanto, no fim, você não tem todas as respostas para suas questões nem todas as soluções para suas perguntas como você achou que iria ter lá no começo, enquanto era jovem – e muitas vezes, idiota. Então você fica com um sentimento que você não só ganhou, mas que também perdeu muitas coisas pelo caminho."

"Merlin-" Draco murmurou e passou uma mão pelos cabelos loiros.

"Cabe a nós decidir o que tem o peso maior." Gina terminou com ar exultante. "O que ganhamos ou que perdemos."

"Onde exatamente você quer chegar, Ginevra?" Draco perguntou se cansando de sentidos ocultos cujo significado ele falhava em perceber. "Nunca fui uma pessoa dada a metáforas. "

Gina mordeu a língua antes de dizer que ele não era uma pessoa dada às palavras e conversas, ponto final. Sabiamente, manteve o pensamento para si.

Ela deu mais um passo em direção a ele, invadindo seu espaço pessoal. Quando ele não esboçou nenhum movimento para se afastar, Gina considerou aquilo como uma pequena vitória pessoal. Com Draco Malfoy era sempre assim, conquistas graduais e muito pequenas, mas com grandes e deliciosas recompensas.

Estimulada por essa pequena batalha vencida, Gina continuou falando. "A vida real não nenhuma dessas duas opções que você citou, Draco, você já deveria saber disso. Ela não tem um roteiro a ser seguido, não é simples. Sempre esperar o pior é tão não realista quanto esperar um cotidiano cheio de raios de sol e arco íris. "

"Eu não espero sempre o pior." Draco interpôs friamente. "Só sou prudente e me preparo para quando ele vier. Depois de tudo que eu passei, não há como ser diferente. Me causa admiração o fato de que você é diferente, depois de tudo que passou também."

Talvez o fato de ela ser diferente é a razão pela qual ela significa tanto para mim, ele pensou, mas mordeu a língua antes de falar qualquer coisa que pudesse complicá-lo ainda mais.

"Eu sei que você tem suas motivações, Draco." Gina sussurrou gentilmente. "A realidade é maravilhosa em alguns dias, mas eu também sei que ela pode ser absolutamente horrível em outros." Ela esperou um momento para que Draco assimilasse todas as implicações do que ela tinha dito. Quando um silêncio arrebatador se instalou entre os dois, Gina buscou os olhos deles com os seus, se perdendo na intensidade dos sentimentos dele, quase transbordando para fora do cinza dos seus olhos. Ela respirou fundo e se preparou para dizer aquilo que havia desejado há um ano. "E eu quero passar por tudo isso com você."

Draco não tinha como negar que aquelas palavras – tão simplistas– tinham significado tanto para ele. Que poder estranho aquela mulher possuía sobre ele? Sem conseguir se controlar, ele encurtou a pequena distância que ela tinha estabelecido entre eles com sua ousadia característica (que ele aprendera a admirar). Parou em frente a ela e ergueu uma mão pálida em direção ao rosto cheio de sardas (que ele aprendera a adorar), pousando seus dedos na nuca dela, sentindo a junção entre o pescoço e os cabelos vermelhos (que ele aprendera a amar).

"Eu sou um sobrevivente, Ginevra, e não cheguei até aqui para continuar num tormento. A última coisa que eu quero é me envolver numa relação autodestrutiva. Eu só quero ficar em paz." Sua voz estava rouca, ele tinha consciência disso, mas o deslize não o impediu de erguer o rosto dela em direção ao dele. Era quase uma necessidade física que ela entendesse seu ponto. "Inevitavelmente eu vou te desapontar e você vai se cansar de sempre se decepcionar. E vai me odiar por tudo que vou te fazer passar, por ser quem eu sou. E eu posso suportar um inferno de coisas, mas não o seu desprezo. "

"Eu não sou idiota, Draco. Já te disse mais de uma vez que sei quem você é." Ela segurou a mão dele como se ela fosse sua âncora para a vida e se aninhou um pouco mais naquele toque que havia ansiado por tanto tempo. "E eu – eu realmente não me importo."

"Vai se importar daqui uns anos, talvez meses." Draco deu um sorriso atravessado, quase triste, mas não soltou o rosto dela.

"Você confia em mim?" Gina perguntou e Draco engoliu em seco. Confiança era um sentimento com o qual ele não tinha a menor intimidade.

Por alguns segundos, eles simplesmente ficaram se encarando sem dizer uma palavra.

"Sim." Draco respondeu com alguma relutância como se tivesse que passar a força a ideia por entre dentes cerrados.

Gina sorriu esplendidamente.

"Então acredite em mim quando digo que jamais vou me arrepender de dar uma chance a nós dois, seja lá o que o futuro nos reserva." Ela retrucou e apertou a mão dele num incentivo carinhoso. "Eu não quero estar com você porque você é perfeito ou porque você vai fazer minha vida ficar maravilhosa, ou até mesmo mais fácil - dificilmente vai, na verdade."

"Fico tocado com sua sinceridade." Draco interrompeu com sarcasmo característico.

Gina continuou como se ele não tivesse dito nada. "Os tais contos de fadas não são para mim, não mais. Eu quero estar com você porque você é inteligente, leal à sua maneira, um pai maravilhoso e, e, e eu amo você. " Ela levantou o queixo o desafiando a dizer que ela estava enganada e se desvencilhou do toque dele, sabendo que depois daquilo Draco precisaria de algum espaço. "Pronto, falei mesmo. Sinto muito, Draco Malfoy, mas eu te amo. "

Foi como se Draco tivesse levado um choque. Ele não era inocente ou hipócrita a ponto de dizer que aquilo era uma surpresa. Não era. Contudo, ouvir as palavras saindo da boca dela fazia a realidade da relação deles muito mais visceral. E aquilo o deixava ainda mais apavorado.

Draco abriu e fechou a boca três vezes antes de conseguir dizer qualquer coisa. Como sempre, Gina foi mais rápida que ele.

"Não tem nada para me dizer?" Gina ergueu as sobrancelhas para ele sugestivamente, com a sutileza de um troll. Draco pensou que se o sorriso dela fosse maior, acabaria engolindo o brinco que ela usava.

Ela está rindo de mim!, Draco se sentiu violado. Ele podia sempre contar com a endiabrada para rir em situações como aquela, onde ele se sentia extremamente deslocado.

Como se quisesse provar seu ponto, ela se ergueu nas pontas dos pés e, com as duas mãos, puxou a cabeça dele para baixo de encontro com a dela, encostando as testas uma na outra.

"Nadinha mesmo?" Ela sussurrou para provocá-lo.

Se Draco tivesse condições, teria rolado os olhos para ela, mas tudo que pôde fazer foi se perder na imensidão escura dos olhos dela e nas dezenas de sardas orbitando seu nariz.

"Eu-" Ele gaguejou por um momento, engolindo em seco. "Eu-"

"Vocêêê?" Gina incentivou de maneira debochada.

"Eu acho que eu amo você, Ginevra." Draco murmurou rápido parecendo que estava anunciando o vindouro apocalipse. "Não pude evitar. " Ele completou num tom de quem pede desculpas.

Gina sorriu abertamente e Draco achou – ou melhor, desejou- que aquele sorriso nunca mais diminuiria de tamanho. "Isso não foi muito romântico, Draco."

"É a verdade." Draco respondeu em tom de aviso. "E o maior romantismo que eu posso te dar, acredite."

E ela acreditava. E não se importava. Pequenas demonstrações de afeto vindas dele eram equivalentes a grandes arroubos de emoções na escala das outras pessoas.

Sem esperar por ele dessa vez – ela pretendia chegar na Mansão Malfoy antes de James receber a carta de Hogwarts, afinal – Gina enlaçou o pescoço dele e o beijou por todos os dias em que eles ficaram separados, por todas as vezes que disseram que eles nunca poderiam ficar juntos, por todos os anos que eles sofreram em silêncio, pelas duas infâncias perdidas, por todas as dores que eles carregaram.

Ela o beijou por todo o amor que sentia.

O toque dele a incendiou. Estava mais quente do que os raios de Sol que a cercava e ela agradecia a cada momento –por ter recebido a chance de ver o próximo nascer do sol e por poder beijá-lo mais uma vez. As mãos dele se cravaram ferozmente nos quadris dela, puxando-a mais para perto –mais perto ainda quando ele enlaçou sua cintura com um braço. Era como se as pontas dos dedos dele deixassem marcas por todos os lugares que passavam, pelo seu queixo, entre os cabelos vermelhos, na base da sua espinha.

Gina pensou ter ouvido James exclamar um enojado "Ewwww!" do barco, mas estava ocupada demais dilacerando os lábios pálidos de Draco.

Quando as bocas se separaram em busca de ar, Gina não perdeu tempo em continuar sua cruzada para persuadi-lo.

"E então," Ela perguntou com jovialidade, tentando tirar a atenção de Draco dos seus lábios já cheios de tantos beijos. "Vai me dar uma chance, Lorde Malfoy?"

"Eu nunca tive uma escolha com relação a isso, Lady Malfoy." Depois de desviar seu olhar dos lábios dela, Draco respondeu com o máximo de frieza que conseguiu reunir dadas as condições. "Você sempre foi terrivelmente inconveniente. "

"Mais para obstinada."

"Mais para teimosa como um hipogrifo."

"Ah, que bom que reconhece meu valor, querido!" Gina exclamou alegremente, ignorando o fingido mau humor de Draco e jogando os braços ao redor do pescoço dele mais uma vez. "Para casa?"

Draco suspirou derrotado. Aquela era uma batalha que ele havia perdido antes mesmo de começar. "Não posso garantir que vai dar certo, Ginevra."

"Mas eu posso garantir que vou dar o meu melhor para que isso aconteça. " Ela sorriu, se desenlaçou dele e estendeu a mão em direção a ele num convite silencioso e carregado de promessas.

Draco hesitou por um segundo antes de segurar a mão que lhe era oferecida, mas se rendeu com ar resignado, entrelaçando seus longos dedos nos dela. "As vezes acho que o seu melhor é suficiente para mover o mundo." Pela primeira vez desde que Anne tinha levado James e Aries, Draco sorriu de verdade e Gina quase se afogou naquela visão. "Para casa, Ginevra."

Ela se controlou para não dar um gritinho de felicidade quando os dois começaram a caminhar tranquilamente e de mãos dadas até o barco onde estavam seus filhos e que os levaria até a civilização.

Era o fim, Gina pensou com um suspiro aliviado.

Então ela olhou para o homem ao seu lado caminhando tranquilamente sem o peso de anos de angústia em seus ombros, parecendo um tanto acanhado e dez anos mais jovem.

Não, ela se corrigiu quando Draco olhou para ela e sorriu timidamente como se não tivesse se acostumado com a ideia que não era errado demonstrar felicidade. Esse é o nosso começo.

Estavam em paz.


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Notas finais do capítulo

Rose, essa história é PARA você e POR você.
Sua empolgação e dedicação foi meu combustível para seguir adiante, para não me deixar abater, seja por problemas literários, seja por problemas da vida.

Falando em vida, tenho a segurança para dizer que por mais que não nos falemos com muita frequência daqui em diante, saiba que você tem um espaço cativo no meu coração, bem ao ladinho dessa história.
Tenho certeza de que você é uma inspiração para as pessoas que te cercam, porque foi uma grande inspiração para mim, mesmo estando distante fisicamente.

Se a gente se divorcisse hoje, certeza que a gente ia ter guarda compartilhada com Cinzas. Ela é tão sua quanto é minha. Obrigada por tudo, minha doce amiga.

Meus eternos agradecimentos por compartilhar essa jornada comigo.

Com amor,

Luciana



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