Cinzas escrita por Ludi


Capítulo 3
Visita Prolongada à Tia Muriel.


Notas iniciais do capítulo

N/A: Olá! Realmente não sei se há alguém lendo essa história (se tiver, se manifeste, haha), mas vou continuar postando o que eu tenho aqui, para ver no que dá =P

De qualquer forma, um adendo cronológico pode ser útil nesse caso: esse capítulo se passa no período das férias de páscoa, onde Gina obteve permissão para sair da escola e teve que se esconder até o início da Batalha de Hogwarts, no primeiro dia de maio, cobrindo, portanto, quase dois meses de história. Assim, o capítulo segue esse período através dos olhos da Gina.

Seguindo as Relíquias da Morte, nesse período o trio é capturado pelos caçadores e levado até a Mansão Malfoy, onde lutam contra Bellatrix e libertam Luna, Grampo e o Senhor Olivaras. Eles conseguem fugir e na seqüência vão para a casa de Gui e Fleur, onde Harry enterra o corpo de Dobby - morto na Mansão Malfoy- e planeja o assalto ao Gringotes junto com Hermione, Rony e Grampo.

Todos voltam para Hogwarts no mesmo dia em que o trio realiza o assalto.



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3 – Visita Prolongada à Tia Muriel.

Abril – 1998

A casa da tia Muriel era, para dizer o mínimo, estranha. Sim, ela era rica, é verdade. Mas no fim das contas, isso gerava uma combinação um tanto excêntrica. Colocar dinheiro nas mãos de alguém com gosto duvidoso era como colocar uma varinha na mão de um macaco: não ia dar certo. A casa era grande, tinha vários quartos, todos decorados mais ou menos do mesmo padrão; estampas, cores berrantes e móveis que pareciam centenários. Exalando cheiro de móveis centenários. E foi ali que Gina ficara desde que não pudera voltar para Hogwarts, na páscoa.

Gina esperara ansiosamente a ida para casa no feriado da Páscoa, em busca de notícias que eram tão escassas em Hogwarts, mas acabou entrando no meio de um turbilhão de acontecimentos que culminaram na ida da sua família para a casa da Tia Muriel. Mal tinha posto os pés para fora do Expresso de Hogwarts em King's Cross, se acomodando novamente n'A Toca e Gui viera ao encontro deles. Ele havia entrado pela porta aberta da cozinha, rápido como um furacão. Arthur e Gina estavam sentados na mesa, esperando que Molly terminasse o jantar. Era freqüente que membros da Ordem aparecessem sem maiores avisos, mas dessa vez alguma espécie de instinto fez com que Molly largasse os utensílios de cozinha assim que Gui entrou. Arthur parou de ler o jornal e Gina, que mexia entediada em pequenas migalhas sobre a mesa, sentiu seu coração apertar diante da tensão instantânea da sua mãe.

"Qual deles foi, Gui?" Molly perguntou, virando para o filho e buscando apoio contra a pia da cozinha.

"Rony." Ele disse. Diante da tonalidade que o rosto de Molly assumira, Gui completou o mais rápido que pôde. "Ele está vivo, mamãe. Não sabemos em quais condições, mas ele está vivo. Os Comensais da Morte confirmaram o que eles já desconfiavam desde o começo: que Rony e Hermione estão acompanhando Harry, embora eles não saibam o que os três estão planejando." Ele fez uma careta, muito provavelmente porque se deu conta de que a própria Ordem da Fênix não sabia o que os três estavam planejando ou fazendo. "Eles foram capturados pelo bando de Fenrir Greyback e levados para a Mansão Malfoy e de lá, não se sabe ao certo, nem em que condições, conseguiram fugir." Ao falar no lobisomem, Gui levou as mãos instintivamente às cicatrizes no rosto, provavelmente se lembrando do último encontro que teve com o comensal.

Por um momento, pareceu aos ouvidos de Gina que seu irmão sabia mais do que estava contando, mas sua mente já estava trabalhando a todo vapor. Sua primeira reação foi o aperto no coração, devido a incerteza com relação Rony, Hermione e Harry. A segunda foi um tanto mais imprevisível: ao ouvir o nome Malfoy, a mente de Gina fez todas as conexões que ela tinha tentado evitar, desde o maldito baile há quase dois meses. Ela não pôde deixar de pensar se Draco Malfoy ainda tinha aquele olhar que emanava desespero, num pedido mudo de ajuda. Sacudiu a cabeça para afastar aquela idéia, se lembrando das palavras cruéis do próprio Malfoy. E então agora só restava a ele se desligar dessas lembranças inoportunas e desejar que ele não tivesse feito nada de mal a Harry, Rony e Hermione.

"Mas nós temos que procurá-los e..." Molly tentava dizer, contendo os soluços que estavam prestes a irromper

A cada palavra de Gui, Arthur Weasley tinha chegado mais perto de rivalizar com a palidez da sua mulher. Ele se levantou e colocou as mãos em volta dos ombros roliços da mulher.

"Gui veio aqui para nos dizer que nós devemos nos esconder. Não é isso, filho?" Arthur disse olhando para seu filho mais velho, parado perto da porta, que assentiu afirmativamente em resposta. "O máximo que nós podemos fazer por eles é proteger a nós mesmos, querida."

Não era como se já não houvesse um plano de fuga caso isso acontecesse. Era uma coisa esperada, em certo sentido. Rony, Fred, Jorge e o Sr. Weasley tinham disfarçado o horrendo vampiro de Rony, para que a criatura ficasse no seu quarto, fingindo estar com sarapintose, enquanto Rony ficava livre para acompanhar Harry, sem levantar grandes suspeitas dos comensais. Mas havia um sentimento generalizado de que a farsa não duraria muito tempo e quando isso acontecesse, a família Weasley iria ser o primeiro alvo dos comensais na busca de informações sobre Harry Potter.

Molly insistiu "Antes preciso ver Jorge e Fred, tentar falar com Carlinhos, dizer que estamos bem e..."

Ela foi interrompida de novo, dessa vez por Gui "Arranjarei um jeito de me comunicar com Carlinhos. Enquanto estou aqui, Tonks já está falando com os gêmeos e os escoltando até seu lugar de destino. Teremos que lançar um Feitiço Fidelius, papai será o Fiel do segredo"

"Na casa da Tia Muriel" Gina disse meio a contra gosto. Gui pareceu notar sua presença pela primeira vez e sorriu.

"Sim. A casa da tia Muriel é o lugar mais seguro que pudemos encontrar, por enquanto. E alguma coisa me diz que vocês não vão ter que ficar lá por muito tempo." Ele disse soando enigmático.

Gina aproveitou a chance para fazer o pedido que ela vinha guardando para si. "Gui, eu não vou pedir para que você me conte o que você sabe ou pode vir a saber sobre Harry." A expressão dela de 'eu sei que tem mais coisa aí' não deixava dúvidas sobre o que ela pensava sobre a disposição de Gui em dar todos os detalhes que sabia. "Só não deixe que nada aconteça com ele, por favor."

Ele assentiu, esboçando um leve sorriso. Gui e Gina sempre tiveram uma relação próxima, apesar da diferença de idade. Era o irmão que ela mais admirava e dificilmente conseguia esconder as coisas dela por muito tempo. Então ele indicou a porta, ainda sorrindo, num gesto claro de 'apressem-se!'.

E foi assim que ela tinha ido parar ali, há quase dois meses. Não havia muitas informações sobre o resto do mundo, de qualquer forma. Tia Muriel, no auge dos cem anos, era um tanto intransigente com o fluxo de pessoas que visitavam a sua casa, então, com o passar das primeiras semanas, eles recebiam cada vez menos visitas. De certa forma, Molly Weasley tinha ficado grata por isso, mas Gina não fazia outra coisa se não ficar mais apreensiva.

Tentava ocupar a cabeça treinando os feitiços que havia aprendido na época em que Harry os treinara na Armada de Dumbledore, e também de depois disso, quando ela mesma passou a ensinar e ajudar os novos e antigos recrutas que permaneceram em Hogwarts. O problema era praticar feitiços sozinha; seus pais estavam sempre ocupados confabulando sobre coisas da Ordem e Fred e Jorge passavam a maior parte do tempo numa salinha nos fundos da casa da Tia Muriel, continuando a trabalhar a distância através do serviço de encomenda-coruja que eles criaram. Na opinião de Gina, era um jeito bastante inteligente de continuar tocando as Gemialidades Weasley enquanto estivessem confinados ali. A velha tia, entretanto, não gostava nada da idéia, ainda mais depois de provar acidentalmente um caramelo incha-línguas, acidentalmente deixado por Jorge do lado do copo com água que ela colocava a dentadura antes de dormir. Gina pensou que depois daquele acidente, Fred e Jorge definitivamente seriam cortados do testamento da Tia Muriel.

Em um dia, em particular, depois de ter feito Fred prometer que treinaria com ela, Gina se encaminhou até o corujal. Pensando melhor no assunto, ter feito Fred prometer alguma coisa era assinar um atestado de 'não vou ter o que eu quero'; seus irmãos gêmeos tinham certo prazer mórbido em fazer exatamente aquilo que não era esperado que eles fizessem. Gina se lembrou da vez em que numa noite de natal, quando sua mãe havia revestido toda a Toca com feitiços protetores contra as possíveis artimanhas dos gêmeos, eles se comportaram docemente, à imagem de Percy. Gina pensou que havia alguma coisa de engraçado e satírico no modo que eles imitavam certos comportamentos do irmão mais velho, mas sua mãe tinha ficado feliz demais com a mudança para perceber essas nuances. Uma pena para ela que essa mudança só tivesse durado tempo o suficiente para que eles quebrassem as expectativas da família mais uma vez, voltando a ser o que eram. Gina agradecia a Merlin por isso. Um Percy já era difícil o bastante de se aturar.

Mas a questão era que Gina não tinha em quem mandar seus famosos feitiços para espantar bicho-papão ou outro qualquer. Aliás, no geral, ela não tinha nada para fazer. Alisou Pichitinho na cabeça e ficou no corujal, esperando notícias que nunca vinham. Quando suspirou pela décima - terceira vez em menos de dez minutos, uma voz falou atrás dela.

"Já ouviu dizer que a mente vazia é a oficina do diabo?" Seu pai havia entrado no corujal, olhado ao redor uns instantes e escolhido um banco velho para sentar, não sem antes se certificar que não havia cocô de coruja nele. "É um velho provérbio trouxa. Talvez nós devêssemos adaptá-lo para 'a mente distante do corpo é a arma de Você-Sabe-Quem.'"

Ela fez um último carinho em Pichitinho e foi se sentar ao lado do seu pai. "Não que eu tenha muitas opções para manter meu corpo e mente unidos." Ela não precisou completar dizendo que sua mente, ou melhor, seu coração, estava bem longe dali; ele era seu pai e não precisava de maiores detalhes sobre sua vida amorosa.

"Seus irmãos não estão tendo muito problema com isso. Eles tem se mantido bem ocupados." Seu pai disse, com a voz tentando soar otimista.

"Eu me surpreenderia se eles não tivessem. Acho que se eles não puserem um pouco da energia que tem para fora, é provável que eles fiquem iguais a explosivins irritados." ela falou brincando e seu pai deu um leve sorriso de concordância.

"Embora eu ache que minha criança mais arredia não seja nenhum deles." Ele disse pondo o dedo indicador na ponta do nariz arrebitado dela, fingindo não estar cometendo uma indiscrição. Ela riu. "Gina, eu sei o quanto isso é complicado para você, mas é um por um bem..."

"Papai, eu já decorei esse discurso de bem maior. Harry parece ter bastante simpatia por ele." Ela interpôs. "Eu entendo e tudo mais. Eu só detesto me sentir assim, querendo tão desesperadamente que tudo fosse mais simples, porque isso me faz constatar que eu estou sendo egoísta. Mas as vezes, não dá para evitar..."

"Todo mundo se sente um pouco assim, em alguns momentos. Ou você acha que eu me sinto o símbolo do altruísmo quando vejo sua mãe jogando meus artefatos trouxas no lixo?" Ele pareceu pensativo e Gina se surpreendeu. Na sua visão, a relação dos pais sempre fora exemplo de perfeição. "A grande questão é: o que você faz com esses sentimentos ruins? Se você deixa que eles tomem o melhor de você e se rende, aí teremos um problema bem grande. Talvez até um caminho sem volta. Mas se você escolhe aceitar que sentimentos ruins existem e que de alguma forma, são parte de você, com o tempo você pode até virar isso ao seu favor. O conhecimento dos seus defeitos pode te levar a ser uma pessoa melhor." Ele sorriu daquele jeito que ela amava. Gina olhou para ele, com o cabelo vermelho rareando no topo da cabeça, o sorriso gentil no rosto, as mãos entrelaçadas sobre o colo, naquele gesto pensativo que ela conhecia tão bem. A onda de amor que a invadiu foi tranqüilizante. Ela colocou a cabeça no ombro do pai.

Os dois ficaram ali, em silêncio, até que a mãe dela gritou do topo da escada que dava acesso ao corujal "Gina, querida, preciso de ajuda com a cozinha. E temos algumas poções para estocar!"

Ela rolou os olhos numa clara demonstração de 'estamos no meio de uma guerra e ela consegue pensar em trabalho doméstico'. "Já vou, mamãe!" ela gritou em resposta.

"Está aí uma coisa para ocupar sua cabeça." Seu pai disse, observando sua reação.

"Trabalhos domésticos?" ela perguntou aborrecida.

"Também, se isso garantir que você não vai ficar amuada pelos cantos da casa. É a válvula de escape da sua mãe, pelo menos. Mas eu me referia às poções. Você vem demonstrando ser muito boa em voar e lanças feitiços, mas deixa a desejar com poções." Ela enrubesceu um pouco. Não era comum apontarem as coisas nas quais ela não era boa. "O que precisa é de um desafio, algo que possa se dedicar. Ajude sua mãe no preparo das poções; os feitiços e azarações são as armas mais corajosas que os bruxos têm a disposição, mas isso não significa que as poções sejam menos importantes. Elas só são mais... Discretas."

Gina começou a fazer uma careta para a idéia de se dedicar a fazer poções, mas se lembrou de que estava falando com uma das pessoas mais gentis e que ela mais amava no mundo. Então deu um suspirou e assentiu.

E foi assim que ela entrou no mundo das poções.

As semanas que seguiram na casa da Tia Muriel foram muito tranqüilas para Gina, como se o mundo estivesse segurando a respiração, num daqueles momentos que antecedem o clímax de alguma situação. Isso, de fato, não parecia ser um presságio muito bom. O único momento da quebra de rotina aconteceu quando o Sr. Olivaras chegou com Gui em busca do refúgio com a Tia Muriel. Foi como sentir uma brisa fresca quando se está no meio do deserto; ele havia trazido notícias de Harry, Rony e Hermione.

Eles estavam no Chalé das Conchas, junto com Luna e Dean. Gina pulou da cadeira para abraçar o irmão mais velho enquanto os gêmeos davam gritos de 'vivas'. Ela tentou convencer Gui a levá-la até eles, mas foi tão infrutífero quanto cantar uma canção de ninar para o Salgueiro Lutador. Seus pais - e até mesmo Gui - estavam irredutíveis.

"Vocês estão seguros aqui, Gina. Qualquer movimentação estranha iria despertar atenções que nós não precisamos nesse momento. Mas fique tranqüila, estou ajudando os três da melhor maneira que eu posso." Ele sorriu e Tia Muriel entrou na sala nesse momento.

"Guilherme! Ainda não cortou esse cabelo? Oh, o que isso que você tem na mão? Minha tiara? Achei que sua mulher francesa iria ficar com ela para sempre!"

E assim eles tinham passado o resto da tarde e um pouco mais da noite, entre comentários maldosos da Tia Muriel e troca de informações entre os parentes de Gina, que tinham sido forçados pela guerra a ficar afastados. Sua mãe parecia tão disposta a não deixar Gui ir embora que seu pai teve que interceder para que ela largasse o filho mais velho. E quando ele se foi, Gina voltou a ficar triste, mas pelo menos agora tinha algo concreto em que apoiar suas esperanças: Os três estavam vivos e bem! Ela dormiu acalentada por esse pensamento por várias noites.

Enquanto isso, por mais incrível que parecesse, lidar com poções tinha se tornado um passatempo e tanto. Gina considerou que isso se devia ao fato de que a ausência de Snape tinha uma parte relevante nisso; fazer poções sem o morcego traidor atrás de si pairando como uma sombra permanente era muito mais divertido. A casa da Tia Muriel tinha se tornado um prodígio nesse sentido. Conseguira achar os ingredientes mais improváveis pela casa da velha bruxa, desde veneno de acromântula, cauda de rato e até escamas de dragão. Passava a maior parte do seu tempo fazendo experimentos, seguindo receitas velhas, receitas novas, e até se dando ao luxo de experimentar novas combinações, ainda que o resultado não fosse positivo em nove a cada dez tentativas. Ainda estava longe de se gabar por ser uma excelente preparadora de poções, era verdade, mas pelo menos estava tendo um bom intensivo.

Ela havia descoberto a verdade nas palavras do pai; se dedicar a uma atividade como o preparo de poções exigia extrema concentração e desligamento do mundo. Era necessária extrema precisão na escolha e no trato dos ingredientes, cuidado e rigor no preparo, atenção absoluta no que dizia respeito ao acompanhamento da poção.

"É quase arte..." ela murmurou baixinho para si mesma, enquanto mexia num caldeirão repleto com uma poção contra soluços, que tinha uma tonalidade rósea.

Parecia que as surpresas trazidas pelas poções não teriam fim!

Nesse sentido, o confinamento ajudara bastante. Ela pôde aprender um pouco com cada um dos habitantes da casa. Molly aceitara ajudar de boa vontade; eram momentos em que só importavam as duas num silêncio cúmplice e os caldeirões. Dividira com Gina todas as receitas de família que esperara paciente para passar para um dos filhos que tivesse interesse.

Arthur não fora menos solícito; ver que sua idéia havia dado frutos na cabeça de Gina deu paz ao bruxo, de certa forma. Gina podia dizer que o pai não era um grande amigo das poções, mas sua paciência e curiosidade infinitas faziam dele uma ótima companhia para essa atividade.

O senhor Olivaras a ajudava a tirar o melhor de sua varinha; com 24 centímetros, flexível, de mogno, era a primeira vez que ela se sentia como se sua varinha fosse plenamente uma extensão do seu braço direito. Até mesmo Tia Muriel se mostrara condescendente com Gina; ainda que sempre houvesse constatações como "Ginevra, você está cortando essas lesmas com a habilidade de um trasgo!", ela sempre estava disposta a conseguir mais ingredientes e dar um ou outro palpite construtivo. Gina podia jurar que a velha sabia mais sobre poções do que estava disposta a falar. Esse leve apoio da velha bruxa era muito mais do que Fred e Jorge sonhavam em conseguir em suas atividades.

Aliás, Fred e Jorge eram um caso à parte. Tinham uma habilidade natural para lidar com as coisas novas; eles ajudaram Gina nas mais variadas combinações, explicaram a ela o funcionamento de alguns produtos da Gemialidades Weasley que tinham base em poções (depois dela jurar que não usaria os segredos para 'entrar na concorrência', nas palavras deles) e davam retoques no preparo das poções. Jorge até havia descoberto que triturar os espinhos de baiacu ao invés de cortar dava um gosto mais aceitável para a poção de inchar.

Estavam numa dessas tardes divertidas, quando Fred conjurou um tecido negro, jogou nos ombros e começou a falar, numa clara imitação do Professor Snape. "Hoje nossa aula será sobre os aspectos relevantes de uma das poções mais importantes do mundo bruxo: a poção contra a ressaca."

"Mas..." Gina começou a protestar.

"Dez pontos a menos para Grifinória! Mais alguém tem objeções?"

Gina olhou para Jorge e constatou que ele parecia ter entrado no jogo. Estava sentado de pernas cruzadas e nariz empinado num jeito esnobe. Passara a imitar os alunos da Sonserina e a cada frase estúpida que ele dizia, 'Snape' garantia mais e mais vantagens para Sonserina. Ao passarem pela imitação da voz arrastada de Draco Malfoy, Gina achou que já era tempo de parar.

"Parem vocês dois!" Ela disse, controlando o riso "Para que eu iria querer uma poção para ressaca? Nem sequer vou além da cerveja amanteigada!"

"Ela tem razão Fred." Jorge disse, voltando a ser ele mesmo. "Ensinar a poção só vai fazer com que a Gina tente fazer pequenos testes sobre a funcionalidade dela."

"E para isso ela precisaria de boas doses de uísque de fogo." Completou Fred.

Eles conversavam como se ela não estivesse ali.

"E só Merlin sabe o que aconteceria se ela resolvesse testar quando Harry estivesse por perto." Jorge completou com uma cara assustadoramente maliciosa.

Os dois viraram simultaneamente para ela e disseram em uníssono. "Nada de poção contra ressaca para você!"

Gina, que já estava da cor dos cabelos, abriu a boca para responder com algum desaforo quando sentiu que algo esquentara contra o bolso da sua calça.

Era o falso galeão da Armada de Dumbledore, que Hermione havia encantado para que eles pudessem marcar o dia e horário da próxima sessão de treino da Armada, longe das garras de Dolores Umbridge. Gina havia feito Neville prometer que só usaria sob uma condição.

Harry.

Ela olhou para os gêmeos, que pareceram seguir a sua linha de pensamento, subitamente alertas e sérios em expressões idênticas. Eles ficaram tensos e Gina sentiu um misto de alívio e terror.

Era tempo de voltar para Hogwarts.


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