Faith - Tomione escrita por Teddie


Capítulo 6
Sinceridade


Notas iniciais do capítulo

Gente, esse capítulo é bem importante, e eu gostei de escrevê-lo, embora não saiba se vocês vão gostar.
Aproveitem, e depois me digam se gostaram.



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Tome cuidado.

Fora isso que Dumbledore lhe dissera no dia anterior, depois do jantar. É claro que fora apenas formalidades, Hermione sabia que Tom deveria estar prestes a aprontar alguma, e então quando o moreno a chamara para conversar, ela sentiu que ele estava armando alguma.

Não pela sua postura elegante, ou pelas doces palavras que ele falara para ela, mas pelos olhos. Seus olhos negros e profundos estavam com um lampejo de vermelho, e aquilo não era do jovem Tom Riddle, aquilo era Voldemort.

De qualquer jeito, ela precisava estar ali com ele, entrando no Cabeça de Javali e vendo algumas poucas pessoas sujas tomando alguma bebida igualmente duvidosa. Ela reconheceu Aberforth com os cabelos castanhos, muito parecido com os dela, e os olhos azuis cintilantes, que eram iguais aos de seu professor.

Aberforth deu uma olhada de esguelha para os jovens que entraram, e cuspiu no copo que limpava, esfregando-o com um pano igualmente imundo. Hermione ignorou a náusea e desconforto que aquilo lhe causava e continuou caminhando com Tom ao seu lado, até ficarem de frente para o balcão. Aberforth suspirou e voltou-se para os adolescentes:

– Não vendemos bebidas para menores. Se querem um encontro vão no Pudfoot, que tem essas frescuras.

– Não estamos em um encontro - disse Tom, ao mesmo tempo em que Hermione disse:

– Oh, na verdade queremos algumas informações, senhor Dumbledore - ele pareceu se retrair na cadeira, como se tivessem descoberto seu maior segredo.

– Tudo bem, me dêem um minuto - ele expulsou alguns que estavam bebendo, e depois se sentou em uma das mesas junto com os dois adolescentes. - O que querem?

Hermione suspirou e olhou para Tom, pedindo algum tipo de auxílio. Ele assentiu e começou:

– Estamos fazendo um trabalho para a escola, e se trata de uma arvore genealógica de grandes famílias bruxas. E gostaríamos de fazer a da família Dumbledore. Queríamos começar pelo senhor, senhor Dumbledore. - ele foi polido e educado, com um toque de persuasão. Era o mesmo que fazia com os professores.

– O velho Alvo vai odiar isso - refletiu um pouco, e Hermione desconfiou que ele fosse recusar, mas então ele abriu um sorriso maldoso por cima da barba castanha - O que querem saber sobre minha família?

Hermione foi fazendo perguntas simples, até porque não queria entrar em terreno delicado logo no começo da entrevista; então perguntou sobre sua mãe Kendra, e seu pai Percival, e quem veio antes deles. Ela notou, pelo canto do olho, que Riddle não parecia tão impressionado com a conversa, mas olhava para um quadro reluzia no meio de toda sujeira, não muito distante deles.

Ela sabia quem era, e sabia que uma hora teriam que perguntar sobre a moça, e sobre toda confusão que fora sua morte. Mas no momento, sabia que Aberforth provavelmente surtaria. Só que Tom tinha a compostura de não perguntar, embora Hermione sentisse que ele queria saber quem era a jovem loura no quadro.

Ariana Dumbledore.

De fato, Tom não prestava a mínima atenção na conversa entre Hermione e o irmão de Dumbledore, ele estava impressionado com outra coisa.

Ele sempre pode se gabar de sua visão perfeita, era uma vantagem que poucos tinham. Ele conseguia ver coisas que ninguém via de primeira. No bar de Aberforth ele reparou em três coisas, além da sujeira.

A calça rasgada das vestes de Aberforth revelava uma pequena cicatriz no joelho esquerdo. O quadro da menina, que estava sentada em uma cadeira com um sorriso terno e que piscava suavemente, tinha uma cicatriz pintada do mesmo jeito e mesmo formato.

– Vamos, Tom? - a voz suave de Hermione atrapalhou seu raciocínio. Eles se despediram de Aberforth e quando Hermione se levantou, ele reparou na terceira coisa.

Hermione tinha a mesma cicatriz em seu joelho esquerdo.

Antes que pudesse pensar sobre isso, o vestido tampou sua cicatriz e eles saíram da loja. O vento fresco do outono bateu em sua pele e aquilo refrescou Tom de seus planos originais.

– Tom - ela disse, e ele novamente se puniu por gostar de como seu nome fluía nos lábios dela - Preciso comprar um vestido de festa, e já terminamos o que faríamos juntos aqui, então pode ir encontrar seus comen... seus amigos– carregou de ironia a palavra.

Ele olhou em sua volta, estavam em um beco afastado, onde ninguém costumava passar; ele gostava de ficar ali porque era o único lugar calmo de Hogsmeade.

Hermione estava ali, com seus olhos castanhos grandes e curiosos, sendo educada com ele, e com sua cicatriz escondida pela luva que usava. Seus cabelos estavam presos com uma fitinha azul que combinava com o vestido, e ela parecia indefesa, talvez estivesse até sem a varinha.

Ele queria mesmo atacá-la? Queria mesmo acabar com a garota que estava tão inocente ali?

Sim, ele queria. A parte mais cruel dele queria acabar com Hermione e fazê-la em pedacinhos, simplesmente porque ela sabia de muita coisa e porque tinha o sangue sujo.

Mas Tom em si prezava por mentes brilhantes, não podia negar que Hermione era uma, e que seria desperdício de talento. Além do mais, ela era muito bonita. E por mais que Tom odiasse admitir, era uma companhia agradável.

Então o que fazer?

Ele suspirou, retirando a varinha do bolso do blazer que usava. Hermione olhou desconfiada, e arregalando os olhos, se preparou para pegar a sua, ou gritar por alguém.

Silencio – ele apontou, e a garota ficou gritando no vazio. Ela começou a correr para longe, catando algo pelas vestes, mas Tom era mais rápido - Petrificus Totalus – ela caiu no chão, sem movimentos. Aquilo deveria ter doido, e então - Crucio – a morena tremia dura no chão, gritando sem que ninguém escutasse. Deveria estar pior, pois ela não conseguia extravasar em movimentos a dor que sentia.

As vontades de Voldemort sempre superariam qualquer pena da parte de Tom. Fora assim no principio, e assim terminaria.

Ele aumentou a pressão na varinha, vendo a menina se debater sem movimentos. Os olhos se revirando, e o sangue começando a sair em um filete pelo nariz. Ele queria continuar.

Não, Voldemort queria.

De algum jeito, a magia parou. Ele resmungou o feitiço mais algumas vezes, mas não adiantou. Então se lembrou de Avery falando, ensinando-o a usar o feitiço imperdoável, anos atrás.

Só funciona se você realmente quiser usar, mestre”.

Tom não queria mesmo fazer aquilo, ele correu e se abaixou para perto da menina, que estava descabelada e seus olhos demonstravam um desespero gigantesco só pela aproximação de Tom.

Aquilo causou um imenso buraco em seu estômago. Ele não queria que Hermione sentisse aversão a ele, que sentisse medo.

– Eu vou fazer isso parar, minha bela, a dor vai parar - ele se surpreendeu pela voz desesperada, e pela expressão usada. - Finite Encantatem– a menina se mexeu pronta para gritar, mas Tom foi mais rápido. -Dormiens – então ela caiu em seus braços, dormindo.

Tom ia dar um jeito de levá-la de volta ao castelo sem que ninguém percebesse, e a colocaria em seu dormitório. Ela acordaria e eles iriam juntos à festa de Slughorn, mas primeiro:

Obliviate – as últimas lembranças abandonando o corpo inerte da menina.

Ela não podia se lembrar do ataque quando acordasse.

(...)

Hermione estava com dor, todo seu corpo doía como nunca, e sua cabeça estava explodindo quando acordou.

Olhou pela janela e pode ver o dia já indo embora e a noite tomando seu lugar. Que horas deveriam ser? Onde ela estava?

A segunda coisa foi fácil de descobrir. Estava em seu dormitório, sozinha, ainda com o vestido que usara para sair com Riddle.

Por que não conseguia se lembrar direito do encontro com Tom? E porque raios estava com dor por todo o corpo?

Ela se levantou e foi até a cima de Minerva, onde um vestido verde esmeralda se encontrava e junto, um bilhete com uma caligrafia impecável.

Hermione,

Sinto muito pelo que aconteceu, creio que da próxima vez você não deva beber tanto uísque de fogo. Acontece, mas não me obrigue a carregá-la de novo, você é bem pesada quando desmaia. E por favor, não beba mais nada que Aberforth Dumbledore lhe oferecer. Desde já, agradeço.

E quando te trouxe de volta, tomei a liberdade de comprar esse vestido para usar hoje, as não me culpe pela cor. Verde é minha favorita, e acho que combinará com você. Encontre-me na frente do grande salão às 20 horas sem atrasos. Odeio falta de pontualidade.

Atenciosamente,

T.M. Riddle.

Bebedeira? Hermione tinha tido uma bebedeira? Nunca colocara nada na boca além da Cerveja Amanteigada. Como raios poderia ter tido uma bebedeira?

Mas não pode deixar de sorrir com a cordialidade de Tom. E também não pode deixar de ficar preocupada. Ela sabia que ele estava pronto para aprontar.

E depois do pesadelo horrível que teve com ele, qualquer medida preventiva seria boa.

Em seu pesadelo, via Tom com seus olhos vermelhos e uma dor aguda em seus corpo, sem conseguir fazer nada. Era aterrorizante, e ela não queria pensar nisso. Fora apenas um sonho ruim de uma bêbada afinal.

Então corou, o que ela poderia ter dito ao Tom enquanto não estava sóbria?

Hermione odiava perder o controle das coisas.

Olhou no relógio pendurado na parede, e constatou que tinha um pouco mais de uma hora para encontrar Riddle. Ela realmente apagara.

Depois que fizera sua higiene, Hermione colocou o vestido verde esmeralda, que lembrava muito Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo. O mesmo formato, só que ficava levemente rodado depois da cintura. E Tom estava certo, o verde ficava muito bem nela.

Olhou para sua maldita cicatriz, e já ia a cobrindo com o esparadrapo quando notou um par de luvas onde o vestido se encontrava, eram igualmente verdes, Hermione as calçou e ajeitou seu cabelo, deixando sem a fitinha que aprendera a usar desde que cortara os cabelos.

Por fim, calçou um par de sapatos pretos de salto que Dumbledore lhe dera junto com umas roupas de segunda mão. Não era exatamente novo, mas era o que ela tinha. Não passou muita maquiagem, até porque não tinha, mas deu um jeito nas olheiras que se formavam embaixo de seus olhos.

Suspirou, era hora de aguentar mais um pouco de Tom Riddle, e de quebra Slughorn.

Eram pontualmente oito horas da noite quando Tom a viu, descendo as escadas que levavam a torre da Grifinória. Ela estava deslumbrante com o vestido verde que ele escolhera depois do que fizera.

Esqueça isso, Tom. Nunca aconteceu.

– Está muito bela, Hermione - galanteou, e viu a morena corar. Notou que ela estava com um roxo na perna, mas ela mesma não parecia ter notado. A maquiagem deixava seu rosto mais aristocrático, e Tom pensou que quando ele governasse o mundo bruxo, gostaria que sua lady fosse alguém com as feições de Hermione.

Você não precisa de uma lady, apenas o poder já basta,sua consciência falou.

– Você também está muito bonito, Tom. E eu queria me desculpar pelo meu descontrole mais cedo. Não consigo me lembrar do que aconteceu e isso é tão vergonhoso - Tom riu, e ela colocou as mãos no rosto, como um sinal de vergonha - O estranho é que não me lembro ao menos de ter bebido no Cabeça de Javali... - ficou pensativa, e Tom tratou logo de mudar de assunto.

– Vamos - mordeu o interior da bochecha porque soou ansioso demais, mas Hermione não percebera - Os melhores alunos de Hogwarts não podem se atrasar.

Hermione segurou no braço estendido que Tom oferecera e os dois foram juntos para a sala onde a pequena reunião.

Tom constatou que ali estavam as mesmas pessoas de sempre, os sangue puros e os mais excelentes. Alguns alunos que queriam participar da festa estavam como garçons, e Slughorn bebia alguma coisa enquanto ria para um aluno da Lufa-Lufa extremamente entediado.

Tom não culpava o menino, ele mesmo já se encontrara na mesma situação várias vezes. A diferença é que ele sabia enganar muito bem.

Para o desespero dos dois jovens, Leôncio os viu, e deixou o menino lufano de lado para ir falar com eles.

– Tom, meu filho - o sonserino notou que o professor já devia estar bebendo há bastante tempo - E Hermione, querida. Pensei que nunca viriam. Aproveitem a festa, e um ótimo ano letivo para vocês. Eu estava falando sobre os McLaggen com o jovem Dean ali, acreditam que o pai dele está no ministério? - e se aproximando, sussurrando, completou - E acho que não dura muito, a família é muito instável. E você Tom, em breve será você que veremos lá dentro, não?

Tom sentiu suas orelhas esquentarem, mas ignorou isso. Ele gostava da atenção que recebia, mesmo sabendo que Leôncio não era muito verdadeiro nas coisas que falava. E Tom não pretendia só parar lá no ministério. Ele iria dominar o ministério bruxo, assim como o mundo.

Ele trabalhava duro para que isso acontecesse.

– E você Hermione? - a menina que estava quieta arregalou os olhos - O que seus pais faziam?

Tom olhou curioso para a menina, que corria os olhos nervosamente, provavelmente criando alguma mentira.

– Meus pais... hmm... morreram. Ataque de Grindewald - forçou uma careta de tristeza, que Slughorn achou bem convincente. Tom achou tão forçado que quis rir.

– Sinto muito, Hermione, esses são tempos realmente difíceis. E o que pretende fazer quando sair de Hogwarts? É uma excelente aluna para ter o talento desperdiçado.

Puxa saco, Tom pensou, revirando os olhos internamente.

– Na verdade, não andei pensando nisso - foi a primeira coisa sincera que Tom viu Hermione falar para o professor - Mas quem sabe eu não faço companhia ao Tom no ministério?

Ambos riram um pouco e Slughorn se afastou quando o sobrinho do ministro entrou na sala. Hermione respirou aliviada, e Tom sentiu que precisava fazer algo a respeito ao desconforto da grifinória.

– Hermione, vou te levar a um lugar - ele a viu arregalar os olhos e se sentiu nervoso. Será que o feitiço não tinha saído corretamente, e ela se lembrara?

Logo ela desfez o rosto de espanto e o seguiu, segurando forte em sua mão. Tom gostara daquilo mais do que devia.

Eles subiam os degraus da torre de astronomia devagar, para que ninguém os visse.

Tom nunca contara para ninguém, mas sempre amara ir a torre de noite. Ele podia ver todo o terreno de Hogwarts, e ali ele se sentia em casa como em nenhum outro lugar. Era ali que ele era Tom Riddle, o garoto solitário, e não Voldemort, o bruxo que seria temido por todos.

Ele se apoiou na amurada, o que fez Hermione fazer o mesmo. Eles ficaram um bom tempo em silêncio, até que ele viu Hermione se pronunciar:

– Meus pais eram dentistas trouxas. Não morreram, mas eu apaguei a memória deles e os mandei para outro país, onde vo... a ameaça não ia encontrá-los.

Era impressão de Tom ou ela ia falar você? De qualquer maneira, ele viu que ela estava sendo sincera com ele, expondo sua vida. Ele entendeu o recado, ela queria dizer que era para ele fazer o mesmo. Mostrar que ele poderia ser humano também.

Tom não sabia se conseguia ser sincero. Era algo novo para ele.

Também viu que ela fizera o mesmo com os pais, mas para salvá-los de quem quer que fosse, ele apagara a memória dela por puro egoísmo. Ele se sentiu errado por aquilo.

– Minha mãe era bruxa - ele se viu falando, ela o observava atentamente - Morreu no meu parto. Eu acho isso realmente estúpido, por que, bem, se ela era uma bruxa, por que se deixou morrer? Por que... por que não ficou comigo? - queria chorar, primeiro por estar sendo um fraco que demonstrava sentimentos.

Depois por estar se expondo para uma sangue-ruim metida como a Granger.

Hermione colocou uma das mãos suavemente em seu rosto, os olhares de compreensão e compaixão sendo trocados.

– Não é só porque ela morreu que te abandonou, Tom. Ela te deu a oportunidade de ser alguém. Deveria ser grato.

E olhando para os grandes olhos castanhos de Hermione, ele sentiu algo que nunca sentira antes. Era uma espécie de comichão que começava no fundo de seu estômago e percorria todo o corpo. E pela primeira vez foi impulsivo, mesmo sabendo que se arrependeria depois.

Ele encostou seus lábios nos dela, dando inicio a um beijo.


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Notas finais do capítulo

E ai? Notaram que Tom está se humanizando (ou não)?
E o que acharam do beijo? Me falem tudo o que acharam, suas criticas me ajudam a melhorar Faith