Faith - Tomione escrita por Teddie


Capítulo 2
Palavras




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/502083/chapter/2

— Você — a fúria era sentida na exclamação de Hermione — É tudo sua culpa, seu maldito!

Hermione pressionava a varinha contra o pescoço de Tom, e o mesmo, sem saber o que fazer, apelou para Dumbledore. Com uma simples olhada, o velho soube que Tom realmente não sabia o que estava acontecendo.

— Srta. Granger, por favor, solte o Sr. Riddle. Creio que ele não seja o que procura.

— Eu sei exatamente o que ele é — falou seca, mas soltou Tom, voltando a guardar a varinha em suas roupas estranhas.

Tom agora estava furioso. Quem aquela esquisita pensava que era?! Ninguém nunca se atreveu a atacar Tom Riddle, e aquela sujeitinha não seria a primeira.

O moreno já tinha feito vários planos contra Hermione quando percebeu que ainda estavam na sala de Dumbledore, e que o mesmo sempre sabia o que Tom planejava.

— Se me dão licença, vou para meu dormitório. Boa noite professor, srta. Granger. — foi educado, mas a menina não respondeu. Só cruzou os braços e bufou. Tom percebeu a olhada que Dumbledore deu em Hermione antes de voltar para ele.

— Oh Sr. Riddle, claro! Já está tarde afinal. Boa noite, Tom.

Tom saiu da sala, a fechando em seguida. Mas antes de ir embora, fixou os ouvidos na porta, na tentativa de descobrir algo.

— Ele é... eu devia ter feito algo!

— Acalme-se, Hermione. Esse é só Tom Riddle.

Tom não quis ouvir mais, até porque não se interessava pelo que Dumbledore tinha a dizer. Ele tinha mais em sua mente.

No seu dormitório, enquanto ouvia Abraxas Malfoy resmungar durante o sono, Tom listava uma serie de perguntas, todas elas relacionadas à Hermione Granger.

Primeiro: Quem era ela, e de onde vinha?

Segundo: Por que ela parecia que tinha saído de uma guerra?

E terceiro: Por que ela atacara Tom?

Tom não sabia a resposta para nenhuma dessas perguntas, e aquilo o irritava profundamente, já que Tom sempre sabia a resposta para tudo. Mas o moreno nunca ficava sem o que queria.

Tom conseguiria suas respostas, independente do que fosse necessário.

(...)

Tom acordou antes de seus colegas de dormitório, ele sempre fazia isso, porque assim podia aproveitar seu silêncio matinal, coisa que ele sempre apreciou, mas nem no orfanato nem em Hogwarts conseguia ter.

Tom quase se esqueceu da vinda de Hermione. Quase. Tom sonhara com ela durante a noite, foi um sonho muito estranho.

Nele havia uma mansão, e dentro dessa mansão havia uma Hermione com cabelos maiores embaixo de uma bruxa de cabelos negros e pálpebras caídas que tinha uma aparência doentia. Ela se debruçava sobre a menina e a cada vez que fazia isso, Hermione soltava gritos desoladores.

Tom nunca ficara tão feliz em acordar.

Tom mal teve tempo de se arrumar quando Avery, Lestrange, Nott e Malfoy começaram a tagarelar sobre as meninas e sobre as férias, como se não tivessem passado a noite falando sobre isso. Tom odiava aqueles palermas e tinha vergonha de andar com pessoas que por mais que tivessem mais dinheiro eram terrivelmente inferiores a ele.

Os quatro juntos não tinham a metade da inteligência de Tom Riddle.

De qualquer maneira, Tom precisava de seguidores, e eles eram perfeitos. Os cinco sonserinos se reuniram no grande salão na hora do café, e Tom se pegou olhando em todos os cantos para ver se via Hermione em alguma das mesas.

— Procurando por alguém, Tom? — Abraxas perguntou.

Como se previsse o futuro, Hermione entrou pelo salão com o uniforme de Hogwarts, ainda sem o brasão de sua casa. Ela parecia linda com a saia que batia nos joelhos e de cintura alta, e a blusa branca, mas achou realmente estranho que ela usasse o blazer por cima, já que nenhuma das meninas usava e estava calor demais para isso. Nem ele e os colegas estavam.

Hermione se aproximou da mesa principal, e Tom notou que ela olhava para o teto encantado e depois sorriu para si mesma, como se compartilhasse uma piada ou uma boa história.

O diretor Dippet se levantou e Dumbledore também, partindo por uma porta e voltando com um banquinho e o bom e velho chapéu seletor. Todos olharam confusos para a situação, o que fez o diretor baixinho e gordinho rir.

— Perdoem a interrupção do delicioso café da manhã, mas temos uma convidada extraordinária em nossa escola. Quero apresentar a vocês Hermione Granger, estudante de intercâmbio, vinda de Beauxbatons. Espero que vocês saibam recepcioná-la e que a tratem muito bem.

Estudante de intercâmbio? Tom olhou para Dumbledore que selou os lábios com indicador, pedindo silêncio. Ele podia até se calar, mas teria um preço.

— Agora — continuou o diretor — Vamos a seleção.

Tom viu Hermione se sentar timidamente no banco, e o chapéu sendo colocado em sua cabeça por Dumbledore. Também não pode deixar de notar que os cabelos da menina pareciam ter sido penteados e isso disfarçava o fato de estarem cortados irregularmente.

O chapéu se remexia na cabeça de Hermione, provavelmente se decidindo, e Hermione empalidecera consideravelmente. O que o chapéu pode estar dizendo? Pensou Tom.

— GRIFINÓRIA — o chapéu anunciou e a mesa ovacionou Hermione, que se sentou e logo começou a conversar com McGonagall e o Potter.

— É uma pena — Abraxas murmurou — Ela até que é bonitinha. Bonitinha demais para ser da casa dos leões.

Tom não respondeu, mas achou que ela era a representação fiel de um aluno da Grifinória: ousado, corajoso. Ele se lembrou dela de madrugada, e como pensou que ela parecia uma leoa.

Tom, pare, ordenou a si mesmo, essa garota vai te trazer problemas.

Tom notou que olhava fixamente para a mesa quando Hermione olhou para sua mesa e seus olhares se cruzaram, o moreno viu novamente todo ódio no olhar da castanha. Por que ela odiava tanto assim o homem?

— Que aula temos agora? — Abraxas indagou.

— História da Magia — respondeu de imediato, até que se lembrou — Com a Grifinória.

Ele teria aula dupla com a Hermione. Era uma boa hora para vê-la em ação.

Como bom observador que era, Tom viu que antes de todos se retirarem, Dumbledore puxou Hermione para um canto, mas quando chegou, só pegou o final da conversa.

— Tentarei, dire... professor Dumbledore.

— Ótimo, agora vá e não se atrase.

Era impressão ou a castanha iria chamar o professor de Transfiguração de diretor? Tom pensou que no dia que Dumbledore virasse diretor, a escola iria para o buraco de vez.

A aula de História da Magia era dada pelo Sr. Binns, um velho bruxo caquético que tinha algum problema nos pulmões e que cada respirada parecia um rugido de motor dos carros que agora corriam pelas ruas trouxas.

Tom chegou à sala primeiro que a grifinória e se sentou, pronto para anotar cada palavra que o professor semimorto dizia, e claro, tentar não dormir.

Hermione entrou logo depois, agora com a fita que as meninas tinham que usar, já que as gravatas eram permitidas somente para meninos. Ela levou um susto ao ver o professor ali, e Tom achou que fosse pelo fato do professor ainda não ter morrido.

Então para surpresa maior de Tom, que estava na primeira fileira, Hermione foi até o professor e falou:

— É um prazer conhecê-lo, professor Binns, ouvi muito sobre o senhor. Espero que viva bastante.

Ele poderia morrer que ninguém ia notar, Tom pensou.

Hermione correu os olhos pela sala e, por fim, suspirou e fez um barulho engraçado de frustração, e o moreno entendeu o porquê quando a menina se sentou na cadeira que fazia par com a sua. Era o único lugar disponível e Hermione com certeza não estava feliz por ter que se sentar com Tom Riddle.

Aparentemente os pensamentos de Tom estavam errados, por Hermione respirou fundo, e não olhou nos olhos negros do moreno quando falou:

— Sinto que preciso me desculpar com você, Sr. Riddle. Fui extremamente rude — ela parecia calcular todas as palavras, para não errar em nada.

Parecia muito com Tom nesse aspecto.

— Você teria me matado se pudesse, Srta. Granger, creio que isso não é algo que se possa esquecer.

Hermione bufou, contrariada. Tom quase gostou de vê-la irritada. O monitor pensou que a menina fosse retrucar, mas ela se voltou para Binns, que parecia melhor depois do elogio da grifinória.

— Vou propor um trabalho... Diferente — um ronco de motor — Como sabem, questões familiares sempre impulsionaram os maiores conflitos — outro ronco — No mundo bruxo. A missão de vocês é, com seus pares, traçar uma arvore genealógica dos maiores casos de conflitos entre bruxos, e depois uma de vocês mesmos.

— O QUE? - para espanto da sala, Tom e Hermione gritaram juntos.

— Algum problema, senhores? — Binns indagou.

— Não tenho família, e não sei nada sobre ela — os dois responderam juntos de novo, e se olharam, ambos vendo a mentira nas palavras do outro.

Por que ela mente? Tom acrescentou na lista de perguntas sobre Hermione Granger.

— É uma ótima oportunidade para aprenderem, senhores — o motor roncando sem parar — Agora vamos voltar para o dilema dos centauros.

Enquanto o professor falava, Tom reparou que Hermione, mesmo contrariada com a ideia de fazer um trabalho com ele, não demonstrava e se agarrava a tudo que era dito pelo velho bruxo.

Ela é tão dedicada, Tom se admirou.

— É que eu não pude fazer meu último ano — Hermione falou, o moreno arregalou os olhos ao notar que tinha dito em voz alta. — O engraçado é que eu estava estudando para os NIEMs desde que fiz os NOMs. —falou mais para si do que para Tom.

— Em Beauxbatons existem NOMs e NIEMs? — Tom zombou, porque sabia que Hermione nunca estudara lá, pelo menos tinha quase certeza.

— É... algo parecido, achei melhor usar nos seus termos para me explicar melhor — gaguejou.

— Você não tem sotaque francês — Tom ressaltou.

— Por que tantas perguntas, Riddle?

Tom não respondeu, e Hermione voltou a se concentrar na aula, até que a mesma acabou, e Hermione saiu da sala correndo para evitar Riddle. Mas o mesmo seguiu Hermione e quando passaram por um corredor mais vazio, Tom a prendeu contra a parede, imitando o gesto que a menina fizera no dia anterior.

— Por que eu não acredito em nada do que você fala, Granger? — ele viu que ela ficara assustada com a atitude, mas como uma verdadeira grifinória, o encarou nos olhos.

— Você acredita no que você quiser, Riddle. Eu não posso mudar você ou o que você pensa.

— A senhorita é extremamente impertinente, creio que precise de alguns incentivos para falar a verdade.

— Pode me torturar a vontade, não vai ser o primeiro — Tom notou que a garota segurou toda dor na voz, e ficou com...

Tom não sabia como chamar aquilo que sentira, pena talvez?

Era uma sensação muito esquisita.

— Tenho jeitos melhores, Srta. Granger.

Então Tom tentou usar seu legilimens com a castanha, ele conseguiu ver uma menina, a própria Hermione, cercada de dois meninos, um moreno de olhos verdes e uma cicatriz estranha na testa, e um ruivo alto que abraçava a menina protetoramente. Tudo ficou preto, e Tom se perguntou quem seriam.

— Pare de tentar ler minha mente, Riddle. — a garota se soltou dele e tentou ir embora, mas Tom pegou o braço esquerdo dela.

O mesmo que a fizera gritar. E a fizera exclamar de dor de novo, porque Tom havia apertado com força.

— Isso dói, seu cretino! — exclamou.

Tom puxou a manga do blazer, havia um machucado enrolado com curativos e que agora tinha uma pontinha de sangue saindo, provavelmente se abrira com o toque de Tom.

O sonserino fez um aceno com a varinha e o curativo foi desenrolando até cair no chão. O rosto de Hermione estava vermelho de raiva, humilhação e lágrimas. Seus cabelos estavam descabelados como no dia anterior.

Tom ficou assustado, não era um machucado como imaginava. Era uma cicatriz, marcaram a garota com as piores palavras que poderiam proferir para um bruxo.

Palavras que Tom sempre usara, desde que aprendera seu significado.

Palavras que faziam Tom sempre lutar pelo que acreditava, porque, para ele, aquelas palavras demonstravam a vergonha do mundo bruxo. Algo que deveria ser expurgado e que ele estava fazendo de tudo para que acontecesse.

Ele olhou mais uma vez para Hermione, que tentava em vão puxar seu braço. Ela parecia mais abalada do que no dia em que chegou.

Também, marcada desse jeito, pensou Tom.

Aquelas duas palavras poderiam mudar tudo para os dois.

Sangue-Ruim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Algumas coisinhas:

Primeiro, sobre os cabelos de Hermione: vai ser explicado mais pra frente o porque dela ter os cortado, mas eu imagino que agora estejam assim
http://www4.images.coolspotters.com/photos/939571/sam-perks-of-being-a-wallflower-gallery.jpg

Segundo, sobre os uniformes: Eu penso que tem que haver diferenças, até porque são mais de 40 anos de diferença. Penso em algo parecido com isso, mas com a saia cinza e a blusa branca, e com uma fitinha na cor da cada
http://i00.i.aliimg.com/img/pb/901/243/107/107243901_339.jpg

E por último: eu sempre quis ver como seria se o Binns ainda estivesse vivo, e achei legal escrever isso.

Bom, é só, comentem, recomendem, digam o que acharam.

bjss