Faith - Tomione escrita por Teddie


Capítulo 10
Lembrada


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo vai para Miss_Halle, que inventou um desafio estranho (e que eu não sabia). Ela disse que o desafio era que quando uma postasse, a outra postaria também. Ela já postou o dela. Mesmo não sabendo disso, aqui está o meu, desafio aceito hahahah



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Em seu sonho, Tom se viu vestido com uma roupa simples de linho branco e pés descalços. Estava sem a varinha, mas não se sentia desprotegido e vulnerável. Estava curioso. O lugar era terrivelmente branco e claro e aparentemente não levava a lugar nenhum.

Cansado de ficar parado, ele começou a vagar pelo infinito branco, sem realmente saber para onde estava indo. Até que ele avistou de longe um objeto grande e, quando se aproximou, viu que era um espelho.

Ele se posicionou em frente, pronto para ver seu reflexo normal. Os olhos negros como os cabelos, sedosos e lustrosos, com a franja em topete. Era o que esperava. Quando viu o que estava refletido, soltou um grito de terror.

Era uma criatura branca como giz, careca e com todos os traços ofídicos. O pior eram os olhos vermelhos. Tom ofegava de pavor, o que raios era aquilo?

Ele olhou para trás e não viu ninguém, voltou seus olhos para a criatura sorrindo friamente para ele. Tom esticou os braços e a criatura também esticou, repetiu os movimentos e a criatura o imitou novamente.

— Isso... O que é isso?

— Que bom que perguntou, Tom — Tom virou de supetão ao se ver ali. Eram dois Tom? Que sonho maluco era aquele que estava tendo?

— O que é isso? Que tipo de alucinação é essa? — perguntou para o outro Tom.

— Isso é a sua cabeça, Tom. Sua consciência.

— Isso não existe — bufou em gozação — É só um sonho sem sentido, logo vou acordar.

Seu outro eu balançou a cabeça, frustrado com a ignorância de Tom.

— Isso no reflexo é você, Tom. Voldemort. Poderoso e imbatível, tudo o que você quer, não?

Tom voltou a olhar para o reflexo, dando as costas para o outro Tom. Ele viu Voldemort ali e agora conseguia admirar e ver beleza na criatura ofídica. Ele conseguia ver a imponência e o temor que aquela imagem causava. Seus olhos brilharam quando imaginou a quantidade de poder que aquela imagem emanava.

— E como eu faço para conseguir ser assim? — perguntou para o outro Tom.

— Isso é fácil, continue seu caminho, continue com as horcruxes. Mas afaste-se da sangue-ruim.

Piscou aturdido. De algum jeito, não conseguia mais se ver sem a grifinória.

— Chegará uma hora, Tom — o outro garoto continuou — Que você terá que fazer uma escolha séria. Terá que escolher entre o certo e o desejado. Espero que escolha sabiamente.

De repente, como chegou, partiu e, junto com ele, o espelho. Então Tom se viu sozinho novamente. E mais confuso do que nunca.

Quando acordou, Tom viu que era o único que ainda não tinha levantado. Resmungou um palavrão pelo atraso e tratou de se vestir logo. Não podia se atrasar para o encontro com Hermione.

Então se lembrou do seu sonho e do outro Tom dizendo para se afastar se quisesse continuar trilhando seu caminho ao domínio do mundo bruxo.

Ele não podia ter os dois?

No fundo, ele sabia que Hermione nunca o aceitaria se ele continuasse com seus planos. Ela era boa, doce, pura e, acima de tudo isso, correta. E seus comensais não aceitariam uma lady que tivesse o sangue impuro, era contra tudo que pregavam.

O que ele escolheria?

Tom decidiu que não queria se importar com aquilo, não naquele dia. Ele queria apenas sair com Hermione, e fazâ-la esquecer o tal do Ronald.

Subiu até o grande salão e logo pode ver Hermione parada na entrada do castelo, com o laço azul no cabelo e um vestido da mesma cor. Ele sempre ia se espantar com a beleza da castanha.

— Está atrasado — foi a primeira coisa que ela disse quando o viu.

— Bom dia, Hermione. Eu estou bem, obrigado por perguntar. Como vai? — ela revirou os olhos, mas sorriu.

— Tem cinco minutos para comer e voltar, Riddle.

Ele obedeceu a castanha, tomando um copo de suco de abóbora e comendo uma torrada. Ele viu Abraxas o fitando e entendeu o olhar – “acabe logo com ela”. Suspirou; ele não queria nada de matanças naquele dia.

Voltou para Hermione, que conversava com Charlus Potter. Ele viu que ela olhava para ele com um brilho nostálgico no olhar e se perguntou se eles já se conheciam.

Ele perguntou se conhecia mesmo a castanha. Ele não sabia nada sobre a misteriosa Hermione, mas sentia que ele a conhecia, que tinha conseguido captar o que ela era.

Tom e Hermione foram conversando o caminho inteiro, observando as folhas caindo com o outono. Ele adorava chutar as folhas caídas e ele e Hermione se pegaram brincando disso quando ninguém estava olhando.

E riram. Riram muito. Era tão natural os dois estarem juntos. Como se estivessem no local certo, na hora certa. Hermione gostava das mesmas coisas que ele, fazia as mesmas coisas com ele.

Era muito bom desfrutar da companhia da castanha.

Em uma hora, enquanto caminhavam pelas esquinas de Hogsmeade, estavam discutindo sobre Quadribol.

— Tenho medo de voar — Hermione dissera.

— Hermione, você é uma bruxa. O símbolo das bruxas são as vassouras voadoras. Você não pode ter medo de voar.

E Hermione começou a explicar sobre física, dizendo que aquilo era muito mais racional do que magia e que ela não confiava em algo tão leve para sustentar seu peso. Tom achava engraçado ela sempre procurar razões lógicas e trouxas na magia, parecia que ela não se convencia totalmente de que magia era possível, mesmo depois de anos e sendo uma excelente bruxa.

Devia ser por causa da criação trouxa.

— E você, Tom?

— Eu não pratico, mas sei voar. Acho perda de tempo — era verdade. Para que perder tempo com esportes idiotas quando se podia gastá-lo em sua causa? O tempo era valioso demais para ser gasto com coisas inúteis.

— Dizem que os esportes tiram as pessoas do mau caminho.

— O que está insinuando com isso? — franziu o cenho, mas a garota não respondeu. Estava focada em um velho bruxo com uma maquina fotográfica antiga nas mãos.

Tom a puxou, fazendo-a ofegar de surpresa. Ele deu uns nuques para o bruxo, e se posicionou na frente da câmera, abraçando Hermione por trás.

— Eu estou horrível, Tom. Pare com isso. — reclamou, mas o menino só riu.

— Você está linda, Hermione. Sempre está.

O velho bruxo tirou a foto dos dois e logo entregou. Os dois apareciam sorrindo para quem olhasse, mas rapidamente se olhavam, e seus olhares ficavam fixos um no outro. Quase apaixonados.

— Vocês formam um belo casal — o velho bruxo disse.

Tom pensou em responder “quem te perguntou?”, mas Hermione tratou de agradecer e puxar o menino dali.

— Venha Tom, ainda quero comprar uma pena nova para mim.

Eles passaram em mais algumas lojas, até se cansarem e decidirem parar para comer algo.

— Podemos ir ao Pudfoot.

— Não, não, não — Hermione negou veemente — Aquele lugar é horrível. Vamos tomar uma cerveja amanteigada no Três Vassouras.

Ele não disse, mas gostou ainda mais dela. Hermione era simples, não gostava de luxos exagerados, ele gostara disso porque ele não tinha o suficiente pra esbanjar.

— Vamos então.

(...)

Dumbledore tomava calmamente sua cidra no Três Vassouras. O dia estava agradável e o bar não estava cheio, pois muitos alunos ficaram na escola e a visita ainda não estava autorizada para os mais jovens.

Ele viu quando os dois jovens entraram rindo e conversando, se sentando numa mesa mais afastada. Eles ainda não tinham percebido o que estava acontecendo, mas ele já. Ele reconhecia a expressão de apaixonado quando via.

Por muito tempo ele vira a mesma expressão em si.

Voltou-se para sua bebida, mas notou que já não estava mais sozinho. Uma bruxa velha de cabelos esvoaçados se sentava de frente para ele. Ele sorriu para Cassandra Trelawney.

— Que bons ventos te trazem aqui, velha amiga? — perguntou. A bruxa sorriu, mostrando o buraco de alguns dentes que caíram.

—Ora, Alvo, faz tempo que não te vejo, são o que? Trinta anos?

— Quarenta e sete — respondeu seco. Ele nunca se esqueceria da ultima vez que vira Cassandra Trelawney. Fora um dos piores dias de sua vida.

— Ouvi dizer que Grindewald está pelas bandas do País de Gales — ela começou. O bruxo de cabelos acaju fechou a cara na hora — O que pretende fazer quanto a isso, Alvo? Vamos, não faça essa cara! Todos sabem que Gellert só se renderia a você. Bem, os mais íntimos sabem.

— Cassandra, os problemas do mundo bruxo cabem apenas as autoridades, eu sou só um simples professor.

Mas ele sabia que as palavras da adivinha eram verdadeiras. Ele sabia que Gellert estava querendo que ele tentasse o impedir. Na cabeça de Gellert, derrotar Alvo o faria invencível, mostraria para o professor que o caminho que ele seguia era o certo.

— Só é professor porque quer, tem muito potencial para Ministro — alfinetou.

Ele tinha mesmo, podia admitir isso. Mas sua sede de poder tinha que ser controlada, era algo que passaria dos limites se ele se tornasse ministro. Alvo sabia de suas limitações e se aproveitava delas para se tornar um bruxo melhor.

Devia isso a Ariana.

Eles ficaram em silêncio por uns minutos, até que Cassandra exclamou algo incompreensível. Dumbledore acompanhou o olhar da bruxa até parar em Hermione, que comia alguma coisa com Tom Riddle nos fundos do restaurante.

— Puxa, tirando o cabelo e os olhos, ela é bem parecida com...

— Eu sei — Dumbledore interrompeu, friamente — Agradeceria se você não falasse em Ariana.

— Mas, Dumbledore, você não pode negar.

E não negava. Hermione tinha muitos dos traços de Ariana, o nariz fino e arrebitado na ponta, os olhos grandes e suaves, a boca fina que se curvava em sorriso pequenos; na verdade, não só fisicamente, mas no seu interior. Era boa e doce, assim como sua irmã mais nova fora.

— Faz muito tempo que não falava dela, Alvo. Desde a última profecia que lancei.

Um bruxo que possuía o poder de adivinhação de verdade conseguia se lembrar de todas as profecias. Dumbledore às vezes desejava que ela se esquecesse da profecia que ele ouvira há quarenta e sete anos.

— Como era? Detida do poder temporal... aquela que pode impedir o mundo bruxo do caos...

— Cassandra — chamou a atenção da bruxa, que devaneava com os olhos vidrados — Acho que nossa conversa acaba aqui. Até mais.

Antes de sair do bar, Alvo voltou seu olhar para Hermione, que ria distraidamente. Ele tinha pena do que o futuro reservava para a garota.

(...)

Hermione viu com o canto do olho Dumbledore sair do bar; na mesa ficara uma bruxa velha que parecia com sua antiga professora de adivinhação. Mas logo ignorou e voltou a comer e conversar com Tom.

Aquele dia estava sendo mágico! Ela e Tom riram, conversaram e ele não parecia nada com Voldemort. Ela não reparou que enquanto estava com ele não lembrara em nenhum momento de Rony.

— Então você está me dizendo — Tom deu um gole em sua cerveja amanteigada. — Que você fez uma poção polissuco, mas que na hora você trocou o cabelo por pelos de gato? — Hermione concordou e Tom soltou uma gargalhada alta.

Era rouca e deliciosa de ouvir. Hermione queria fazer Tom rir sempre.

— Você ri porque não foi você que ficou dias na ala hospitalar.

Ela lembrou-se da dor que era ficar cuspindo bolas de pelo e do alivio que sentiu ao ser liberada. Infelizmente, pouco tempo depois ela fora petrificada pelo basilisco de Tom, e tivera que voltar para lá.

— Afinal, o que você queria fazendo uma poção polissuco? É uma muito avançada para uma aluna do segundo ano.

Ela congelou. Não podia falar que era para obter informações sobre o herdeiro de Slytherin, que era... bem, que era Tom.

Fez uma piadinha interna de que se soubesse que seria tão fácil descobrir quem era, teria viajado no tempo muito antes.

— Tom, será que posso falar com você? — a voz irritante de Malfoy nunca foi tão bem vinda para Hermione. Ela soltou o ar que não notara que prendeu e forçou um sorriso para Abraxas e Tom.

— Eu vou ao Cabeça de Javali terminar minha conversa com Aberforth. Até mais, Tom. Malfoy — os meninos acenaram com a cabeça e Hermione saiu do Três Vassouras, pensando o que Malfoy podia querer atrapalhando o encontro dos dois.

— Te encontro lá quando sair, Hermione — Tom falou e ela assentiu brevemente.

As ruas de Hogsmeade não estavam cheias e os poucos alunos que tinham vindo estavam ou no Pudfoot ou na Dedos de Mel, então era ótimo caminhar por ali, vendo as casas e lojas.

Rapidamente chegou ao bar sujo e se lembrou da bebedeira que tivera. Iria se desculpar assim que possível com Aberforth pelo vexame.

— Olá garota, veio saber de mais alguma coisa? — o Dumbledore do meio perguntou assim que ela entrou.

— Sim, mas antes eu queria me desculpar pelo transtorno que causei na ultima vez em que estive aqui.

— Que transtorno? — franziu o cenho em confusão. — Você só me fez as perguntas e saiu com seu namorado.

Ignorou a parte do namorado e focou no que interessava. Como assim só saíra?

— Mas eu não tomei algumas bebidas a mais? — Aberforth sorriu com escárnio.

— Garota, nem se você quisesse ia beber alguma coisa daqui. Sabe há quantos anos esses copos não vêem sabão de verdade?

Mas ela não ouviu, estava respirando com dificuldade, tanto que se apoiou no balcão. Tom mentira para ela? Como ela não bebera? Por que não se lembrava de nada?

— Garota, você está bem? — Hermione não respondeu.

Hermione sacou sua varinha e apontou para sua própria cabeça. Era um feitiço que ela tinha treinado muitas vezes desde que apagara a memória dos pais, mas nunca de fato testara. Era um feitiço para repor as memórias. Murmurou as palavras com cuidado, as memórias foram invadindo sua mente e quase largara a varinha com pavor.

Ela se lembrava de ter visto o olhar de Tom mudar para vermelho e dela correndo em desespero tentando sacar a varinha das vestes. Lembrava de ter caído no chão com o feitiço paralisante e da dor que sentira. E o pior, lembrava-se da tortura.

Os olhos vermelhos de Voldemort e o sorriso frio que exibia enquanto ela tentava a todo custo se mexer e gritar para extravasar a dor que sentia.

Tom fizera aquilo com ela e depois tivera a audácia de apagar sua memória? Hermione estava furiosa.

— Eu volto outra hora, Sr. Dumbledore. — e saiu do bar, ainda atordoada.

Então ela o viu. Ele estava lindo sorrindo para ela, um sorriso sincero. Ou ela pensava assim, não podia confiar mais em Tom. Aquele garoto não existia. Era Voldemort.

Aquele que destruía o mundo em que ela vivia, que matou milhares de pessoas inocentes, incluindo os pais de seu melhor amigo. Ele não era digno de confiança.

Quando Tom viu a expressão furiosa de Hermione seu sorriso diminuiu e sua face ficou confusa.

Era bom mesmo ficar confuso, Hermione pensou. Seria o elemento surpresa.

Agradeceu por já estar com a varinha em mãos. Ia acabar com a missão de vez.

Ela ia matar Tom Riddle.


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Notas finais do capítulo

TAN TAN TAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAN

O que será que vai acontecer? Hermie vai realmente matar Tom? Essas perguntas e outras serão respondidas no próximo capítulo.

Comentem com a opinião de vocês (: