Faith - Tomione escrita por Teddie


Capítulo 1
Prólogo - Curiosidade




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/502083/chapter/1

O ano era 1945. A noite já havia caído, e o fim do verão lançava brisas agradáveis pelo castelo gigantesco, ele estava em sua ronda noturna. Era a parte que Tom mais gostava em ser monitor, quando ele perambulava por Hogwarts no silêncio e sozinho, sem aqueles sangues-ruins barulhentos e seus seguidores desmiolados.

Tom amava ver a imensidão do lugar que aprendera a chamar de lar, era o que mais amava na escola de magia, o fato dela se estender em um infinito tão familiar.

Era bem diferente do lugar onde Tom crescera, o orfanato em Londres. Geralmente era um lugar horrível, mas com a guerra trouxa, piorara consideravelmente. Odiava ter que se juntar com aquelas crianças durante ataques aéreos, e ouvi-las chorar. Tom odiava choro. Mas Tom odiava muitas coisas.

A sorte de Tom é que a guerra acabara e ele estava quase completando seus dezoito anos, então nada de voltar para o maldito orfanato.

O ano letivo tinha acabado de começar, e era o último ano do moreno em Hogwarts. Ele não estava preparado para dizer adeus.

Mas Tom Riddle tinha grandes planos. Grandes e cruéis. Afinal, não se torna grande e poderoso apenas com as aulas de poções com Slughorn, Tom nascera para algo grandioso, poderoso. E ele contava com isso.

Claro que ele já começara. Sua família trouxa imunda já fora morta e o anel com um pedaço da sua alma, a horcrux, brilhava em seu dedo.

Era uma magia maravilhosa, e se perguntava com frequência porque eram tão poucos os que se atreviam a reproduzi-las. Riddle sempre chegava à mesma conclusão: eram fracos, sem sede de poder.

Claro que a sede de poder de Tom era algo quase crítico. Eram poucos que notavam, na verdade, apenas o velho pateta do Albus Dumbledore que notava que Tom poderia ser perigoso algum dia. Tom jurava para si mesmo todas as noites que quando conseguisse ser grande, no dia que conseguisse ser Lorde Voldemort, iria acabar com Dumbledore pessoalmente.

E antes disso, dois anos antes, ele matara a sangue-ruim da Corvinal, eternizando mais um pedaço seu, em seu diário dessa vez. A maldita agora ficava chorando no banheiro, na forma de um fantasma, mas ela não sabia que a culpa tinha sido de Tom. O trapalhão Hagrid, da Grifinória, levara a culpa.

Para Tom foi bom, se livrou da culpa e acabou com um pouco da glória grifinória.

De qualquer maneira, aquela tinha tudo para ser uma noite tranquila.

Tom Riddle estava tão enganado.

Ele estava quase voltando para seu dormitório nas masmorras, quando ele ouviu um barulho parecido com o de aparatação e um baque surdo contra o chão. Ele sabia que era impossível aparatar nos terrenos da escola, tinha lido isso várias vezes em Hogwarts, uma história. Então o que seria?

Provavelmente o maldito poltergeist aprontando. Ou algum primeiranista desavisado. Suspirou, sua noite tranquila tinha acabado.

— Quem está ai? Sou monitor, apareça! — ele ouviu um barulho, como uma arfada, mas ninguém se apareceu — Quer levar uma detenção?

Bufou e foi até o corredor oposto, de onde vinha o barulho e se assustou. Não era Pirraça, muito menos um primeiranista perdido. Era uma garota.

Ela estava jogada no chão e parecia muito maltrapilha. Tom correu até ela e se ajoelhou ao seu lado. Ela tinha os cabelos castanhos e meio lisos cortados irregularmente na altura do pescoço, e várias cicatrizes e arranhões pelo rosto e pescoço. Estava murmurando coisas sem nexo, e parecia perturbada. Usava calças, o que era estranho para uma garota, e uma blusa de manga comprida. Então ela abriu os olhos, e Tom ficou no mínimo... Admirado.

Eram castanhos, como quase todos, mas estavam injetados e assustados.

— Onde estou? Quem é você? — tentou se afastar de Tom, se rastejando, mas não conseguiu ir muito longe. Tom a segurou pelo braço, e ela soltou um gritinho, como se o mesmo estivesse machucado, o moreno a soltou no mesmo instante.

— Se acalme, senhorita, está em Hogwarts. Sou monitor e quero te ajudar.

A garota não parecia mais calma, mas respirou diversas vezes antes de falar, tentando recuperar o controle da situação, sem muito sucesso. Tom notou que ela parecia uma leoa fora de seu habitat.

— Em que ano estamos?

— 1945 — Tom tentou disfarçar a impaciência com a menina, quase sem sucesso.

Quase, porque quando viu que a garota empalidecera consideravelmente viu que algo realmente estava muito errado.

Primeiro: ela surgira do nada.

Segundo: estava toda machucada e parecia extremamente confusa com tudo ao redor.

Tom estava terrivelmente curioso para saber quem a menina era.

— Qual o seu nome, senhorita? — perguntou, pondo a maior quantidade de gentileza na voz.

— Granger. Hermione Granger.

Um nome incomum, deveria admitir. E o sobrenome não parecia ser bruxo. Uma mestiça, talvez. Igual a ele.

— Srta. Granger, permita-me levá-la para a enfermaria. Você parece muito abatida.

Derrotada era a palavra que Tom queria usar, mas achou inapropriado. Com certeza a garota tinha noção de seu estado.

— Não — murmurou com dificuldade — Por favor, leve-me a Dumbledore.

Como ela conhecia o velho pateta? Tom se perguntou, aquela garota o intrigava cada vez mais.

— Os professores não podem ser incomodados a essa hora, Srta. Granger. Por favor, me deixe...

— É importante, eu realmente preciso de Dumbledore — ele quase conseguia sentir o desespero na voz de Hermione.

O que ela poderia querer de tão urgente com o professor de Transfiguração?

Tom assentiu a contra gosto, e a ajudou a levantar, tomando cuidado com o braço da menina. Devagar, a levou para uma das salas, onde bateu na porta e de dentro saiu um homem com cabelos e barba cobre, olhos azuis com óculos meia lua, e o nariz levemente torto. Não parecia aborrecido por ter sido acordado, mas levemente curioso.

Quando a menina o viu, pulou em seus braços e começou a chorar.

Tom largou a pose impassível e a fitou meio curioso, meio consternado. Odiava choro, mas queria saber o que levara a menina a se agarrar tão desesperadamente a Dumbledore.

— Acalme-se, minha jovem. Tom, o que aconteceu? — o professor se voltara para Tom, que demorou uns segundos para se recompor do choque e responder a pergunta.

— Eu estava na ronda, quando eu ouvi um barulho estranho — começou — Quando eu vi, era a Srta. Granger e ela me pedia que fôssemos imediatamente até o senhor.

A menina, que soltara Dumbledore e, agora o observava com uma admiração que Tom nunca teve, sentiu inveja. Ele iria ser grande como Dumbledore, tinha fé naquilo.

— Eu... Estou um pouco fragilizada, confesso que eu esperava para ver o senhor há tempos, prof. Dumbledore. Preciso realmente falar com o senhor, em particular — frisou a última parte, como uma indireta a Tom.

— Sim, claro — avaliou a menina ferida, e depois olhou para Tom — Poderia chamar Madame Lynch, por favor, Tom?

— Claro, volto em um instante.

No caminho, Tom tentou de todos os jeitos, imaginar o que Hermione teria para tratar com Dumbledore. E ela parecia que tinha saído direto de uma guerra. Por mais que fosse inteligente e considerado o melhor aluno de Hogwarts, Tom não conseguia imaginar o que Hermione fazia ali.

Tom buscou a enfermeira, que parecia realmente incomodada em ter sido acordada. Quando chegaram, a castanha parecia menos abalada, e Dumbledore sorria consigo mesmo, como se tivesse acabado de ter uma ideia brilhante. Tom achou aquilo estranho, muito estranho mesmo.

A enfermeira tratou dos ferimentos de Hermione Granger e logo a maioria de seus arranhões tinha desaparecido, revelando uma pele limpa e translúcida, porém com olheiras gigantescas, devia estar há noites sem dormir direito. Tom viu que ela ficara linda sem tantos machucados, talvez sem as olheiras e se estivesse com um corte de cabelo melhor, seria a garota mais bonita de Hogwarts.

Ora Tom, pare com isso. Você tem algo maior para fazer do que ficar observando uma menina, se puniu mentalmente.

Assim que a enfermeira foi embora, Dumbledore pegou uma xícara com chá e deu para menina, que bebeu sofregamente, provavelmente sem ingerir nada há tempos.

— Obrigada — agradeceu sinceramente a Dumbledore. — Creio que faz bastante tempo desde que eu tomei algo tão delicioso.

É só chá, Tom pensou. Mas pelo estado que encontrou Hermione, ficou surpreso por ela ainda não estar morta.

— Não há de que, Srta. Granger. Creio que temos que arrumar um lugar para você dormir, antes que possamos fazer a seleção com você.

— Oh, a Srta. Granger estudará em Hogwarts? — Tom não se conteve, e os dois o olharam como se tivessem esquecido a presença do moreno.

— Sim, e creio que será uma ótima aquisição — os olhos do professor de Transfiguração brilharam por detrás dos óculos meia lua.

A menina se levantou e esticou a mão para Tom, que a pegou rapidamente. Era macia e delicada, Tom notou.

— Creio que não pude me apresentar corretamente, afinal, eu estava em um estado lastimável — riu suavemente, sendo acompanhada por Tom — Sou Hermione Granger, e o senhor é...?

— Tom. Tom Riddle.

A garota soltou a mão do rapaz como se tivesse derretendo em ácido, e sua face de risonha passou a apavorada e depois raivosa. Mais que raivosa, na verdade.

Tom quase conseguia tocar no ódio que Hermione transpassava.

Mesmo sendo Legilimens, não pode prever quando Hermione sacou a varinha, e pressionou firmemente contra seu pescoço.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? O que posso melhorar? O que deve ser mudado? Comentem!