Scorpius & Rose

Capitulo 03 - Começando o jogo

O sol tinha chegado um pouco mais cedo naquela manhã e insistiu em atravessar a cortina para incomodar Rose iluminando seu rosto. A ruiva piscava os olhos devagar para se acostumar com a claridade. Ao constar que ainda era muito cedo, ela se levantou meio tonta e fechou melhor as cortinas do seu dormitório, voltou para cama logo em seguida e tentou pegar no sono mais uma vez, mas ela sabia que era inútil. Ficou rolando na cama tentando pelo menos achar uma posição confortável para ficar quietinha só esperando a manhã chegar de verdade, mas não teve nenhum sucesso. Derrotada, se levantou e seguiu para o banheiro. Tomou uma ducha bem demorada, aproveitando para pensar um pouco.

Só haviam se passado duas semanas desde o começo do ano letivo e Rose já se encontrava exausta. Não era fisicamente, mas psicologicamente. Ela achou que agora, depois do N.O.M.s, teria um novo começo em sua vida. Que talvez ela parasse de se sentir tão estranha quando estivesse perto dele, mas infelizmente ela achou errado. Rose sabia que a forma como ela agiu na noite passada não foi nada inteligente, deveria ter se esforçado mais para se controlar e ser educada, mas naquele momento ela só queria bater em alguém.

Quando terminou no banho, Rose tratou de se vestir da forma mais silenciosa possível, apesar de saber que suas colegas de quarto tem um sono muito pesado. Checou no relógio quanto tempo faltava para o café da manhã. Ela ainda tinha uma hora de bobeira. Desceu as escadas de seu dormitório com um livro junto ao peito, se largou no sofá do hall da sala comunal sem nem mesmo perceber um Albus Severus muito bem sentado na poltrona a sua frente.

– Bom dia, tomatinho - ele murmurou com um sorriso cínico no rosto.

Rose deu um gritinho pulando do sofá quando finalmente percebeu a presença do melhor amigo.

– Por Merlin, Severus! Quer me matar garoto? - ela exclamou voltando a se sentar, ainda arfando por causa do susto.

– Imaginei que você não fosse dormi até tão tarde - Albus disse ignorando a reclamação da prima por completo.

– E o que te faz pensar isso? - Rose quis saber estreitando os olhos - E como conseguiu entrar aqui?

– Às vezes você até me ofende, sabia? o moreno de olhos verdes respondeu com uma voz baixa, parecia sentido - Esqueceu com quem está falando, tomate? Por favor né! Qualquer Potter ou Weasley pode entrar aqui... E quanto a sua primeira pergunta, eu tive uma conversa com um certo Scorpius Malfoy, conhece?

– Sei quem ele é.

– Então, acho que vocês deviam conversar, sabia?

– Conversar sobre o que, Severus?

– Sobre o que aconteceu esta noite, Rose - Albus disse como se fosse a resposta mais óbvia a se dar a pergunta da prima.

– Ainda não sei que conversa eu teria com ele - a ruiva bufou se afundando no sofá - Eu não tenho nada a ver com a vida dele e depois, eu já cansei de te pegar daquele jeito por aí e ninguém nunca me ofereceu uma conversa para superar o trauma de ver um menino, que é meu primo e meu melhor amigo, engolindo uma menina diferente todo dia.

– Ei! - Albus reclamou jogando uma almofada em Rose, que segurou rapidamente - Sabe que eu não beijo assim.

– Você já se viu beijando? - ela desafiou. O moreno se calou como resposta - Então não diga que é bonito, porque é daqueles nojentos clássicos.

Ficaram em silêncio, olhando para lugares diferentes. Albus tinha um semblante preocupado, sabia como a prima e, acima de tudo, amiga se sentia. Ele sabia os dois lados da mesma moeda que a cada dia que passava se dividia. Mais do que qualquer um, Albus queria ajudar os amigos, mas não sabia mais como. Rose nunca iria revelar para ninguém o que sente por Malfoy e para Albus nem precisava, ele a conhecia por completo e uma simples troca de olhares lhe dizia tudo. Estar sentado ali, vendo a melhor amiga com olheiras logo nas primeiras semanas de aula o deixava louco.

– Sabemos disso desde o primeiro dia de aula, Rose - ele não resistiu ao comentário - Digo eu e você. Lembro de como vocês se divertiam no primeiro ano, por que é tão difícil chegar perto dele agora?

– Você sabe o porquê.

– Ah, Rose Weasley! Não me venha com esse papinho de rebelde sem causa, tipo: dói chegar perto da pessoa e não poder tocar - Albus disse interpretando a última frase com uma voz fininha - Você não é assim.

– É exatamente isso! Eu não sou assim! - Rose rebateu - Eu achei que seria só coisa de primeiro momento e tals... Afinal, eu estava preste a entrar em Hogwarts! Eu tinha certeza que esse sentimento passaria, mas não passou! E eu sinto tanto ódio de mim mesma porque toda vez que o vejo eu ajo como uma completa idiota!

– Entendo o moreno sorriu sem vontade, apoiando os cotovelos na poltrona e cruzando os dedos debaixo do queixo - Agora chega de falar de você, não acordei tão cedo só para isso.

Rose agradeceu mentalmente por Severus ter mudado de assunto, ele sabia que ela não queria continuar naquela conversa.

– E o que temos para falar de você, Severus? - ela ergueu a sobrancelha.

– Lara Finnigan.

– Amiga de Luna? Como ainda não conseguiu ficar com ela?

– Não se surpreenda por isso, cara Rose. Se eu quisesse apenas ficar com ela já teria feito. O problema é que eu quero conhece-la primeiro, entende?

– E você ainda me pede para não me surpreender? Severus Potter apaixonado por uma garota? E ainda mais nova do que ele? Rose fez graça.

– Eu estou interessado, Rose. Interessado - Albus bufou.

– O que também nunca aconteceu com você, então cale a boca e deixe de reclamar da minha surpresa, oras!

– Que surpresa?

Rose e Albus quase soltaram um grito apavorado quando do nada Lily surgiu no meio dele. Ela estava toda arrumada para mais um dia de aulas. A capa impecavelmente balançava ao redor de si por causa do movimento repentino, os cabelos estavam presos em uma trança embutida frouxa, mas elegante. O rosto branco e cheio de sardas estava, como sempre, radiante.

– É a segunda vez que tentam me matar hoje, por Merlin, Luna! - Rose reclamou olhando perplexa para prima.

– Você ouviu nossa conversa? - Albus disparou claramente preocupado.

– Não, não e nem quero, okey? - Lily respondeu sorridente e sicera - Vocês querem me acompanhar até o Salão Principal? Não gosto de sair quando já está todo mundo acordado.

Os amigos sentados se entreolharam por um breve momento. Rose lançou um olhar de "conversamos depois" a Albus e ele respondeu com um piscar de olho, significando um "okey".

– Bem, vamos - o moreno suspirou se levantando - Mas só se as duas me derem a honra de se sentarem comigo esta manhã.

– Na mesa da Sonserina? - quis saber Lily, o irmão assentiu - Okey! Por mim tudo ótimo. Rose?

– Oh, sim. Não tem problemas.

Os três seguiram para o Salão Principal tagarelando e rindo como idiotas, de assuntos idiotas. O salão não estava totalmente vazio como Lily esperava encontrar quando chegasse. Havia um grupinho de mais três alunos no meio da mesa da Sonserina. A cabeleira loira foi rapidamente reconhecida em meio a duas morenas.

– Hou! Hou! Hou! - Albus se adiantou se aproximando do amigo e sentado à sua frente - Que milagre ter a presença de Scorpius Malfoy logo cedo! O que foi amigo, caiu da cama?

– Você passa a noite roncando, não é camarada? Quem consegue dormi com um ogro dentro do quarto? - rebateu Scorpius - Boa dia, meninas lindas! Sentem-se.

Lily sorriu desejando um bom dia para o loiro e sentou-se ao lado esquerdo do irmão. Rose queria sorrir, seria a coisa mais educada a se fazer, mas também seria muita idiotice fazer isso na frente daquelas cobrinhas sentadas ao lado de Scorpius. Por fim, ela apenas desejou um bom dia baixo e sentou-se ao lado direito do primo.

– Ainda falta quanto tempo para o café começar? - Severus perguntou baixo para a irmã.

– Uns 15 minutos para o café começar e 75 minutos para a primeira aula - ela respondeu segura.

– Primeira aula do Prof. Potter com o sexto ano. Mal posso esperar - Rose esfregou a mãos, um ato ansioso de menino levado. Scorpius a observou de canto de olho, queria sorrir para ela, mas se conteve.

– Será Soserina com Grifinória - uma das morenas comentou - Vai ser interessante.

– Papai ensina muito bem.

– Ah é! A sua turma foi a primeira que ele pegou, Lílian. Há algo de diferente dos outros professores? - Malfoy perguntou.

– Meu pai sempre foi um cara legal e você sabe disso das poucas vezes que foi lá em casa, Sco - a ruivinha menor respondeu brincando com os dedos - Papai é o professor mais louco que eu já conheci!

– Hãm? - Albus olhou bem pra irmã, intrigado.

– Não fomos permitidos a revelar nada e nem conversar sobre a metodologia enquanto ele não passasse por todas as turmas... Papai quer uma surpresa - Lily disse travessa - Mas não se preocupem. Logo, logo estarão em aula.

Enquanto o grupinho conversava e os outros alunos começavam a chegar, Rose percebeu que a morena sentada do lado esquerdo de Scorpius acariciava e apertava a mão dele. A ruiva inclinou a cabeça e focou bem aquela cena. A vontade absurda de bater em algo começou a consumi-la de novo, mas dessa vez ela não ia perder o controle. Antes que qualquer coisa desse errado Rose se levantou, um pouco brusca para o normal, e saiu andando o mais rápido que conseguia, mal cumprimentava as pessoas que passavam por ela. Lily ameaçou se levantar e segui-la, mas Albus a impediu e lançou um olhar significativo para o melhor amigo, que entendeu rapidamente e tratou de correr para seguir a ruiva.

Quando Rose já estava na virada do terceiro corredor em direção a sala de DCAT, ela ouviu uma a voz dele atrás de si.

– Tem que parar de fugir dessas coisas - Scorpius quase não falava, pois estava arfando demais.

– Fugir de que? - Rose bufou se virando contra a vontade. Agradecendo em silêncio a Merlin pelo corredor está vazio.

– Não posso pegar na mão de uma garota que você já quer matar todo mundo - o loiro disse sem nenhuma trava na língua.

– Do que você está falando? - a ruiva perguntou nervosa.

– Estou falando disso - Scorpius sussurrou e de repente ele estava muito perto de Rose. Tão perto que as respirações aceleradas começaram a se misturar.

Menta com morango.

– Sco...

– Shhhh... Pode parecer que desistir no quarto ano, mas isso não aconteceu, okey? - ele sussurrou focando a boca avermelhada dela.

– Do que você realmente está falando? - a ruiva sussurrou com a voz tremula. Ela corava violentamente. Seu foco era nos olhos dele.

– Deixa eu te mostrar - e então ele a beijou com vontade.

As pernas de Rose tremeram e ela podia jurar que ia cair, mas os braços de Scorpius a segurava com força, apertando-a cada vez mais contra ele. Malfoy pediu passagem e Rose nem conseguia pensar se existia a possibilidade de negar. A boca dela era a mais macia que ele já havia experimentado, nenhum sonho que já tivera chegaria perto daquela realidade. Rose não tinha definição para o que estava acontecendo. Talvez fosse uma ilusão, não?

Não se sabe quanto tempo ficaram ali, acariciando a língua um do outro. Pareceu meses, anos ou até séculos. Fosse o tempo que fosse, acabou cedo demais. Antes mesmo que Scorpius tivesse tempo para abrir os olhos, Rose já corria para longe dele, sumindo entre as paredes do castelo.

– Ainda não acabou, Rose - Scorpius sussurrou para si mesmo sem sair do lugar - Nem começou e por mim, nunca vai acabar.