Smile escrita por Enma Ai


Capítulo 2
The Pain


Notas iniciais do capítulo

- Seis favoritos, nove acompanhamentos *-* não imaginei que iria começar assim, estou realmente surpresa u.u
Arigatô sherons2, Luciana Neves e Thais marques pelos comentários *-*
— Alguém está acompanhando MekakuCity Actors? Vivo ouvindo as músicas do Kagerou Project enquanto escrevo essa fic. #RIPAyano
— Amo a Miku, só 'pa ocês saberem e..e



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[...] Pelo peso daquelas palavras
Sem poder me mover, caí
Mais quando me submergi naquele sonho, eu compreendi
Que já havia lhe perdido [...].

~Hirari, Hirari - Hatsune Miku

...

Ouvi o som do despertador irritante que Jiraya havia comprado - já que o ultimo eu havia quebrado -, e bufei. Aquela era a pior hora do dia com toda a certeza. Me remexi na cama e olhei para a parede inexpressivo. "Sonhei com eles de novo..." Nos ultimos dias sonhar com Minato e Kushina estava se tornando comum, não sabia o por quê, mas sentia um aperto no peito quando pensava que era algum tipo de sinal. "Não 'tô afim de morrer não. Nem dezoito anos tenho ainda!"

Soltei um longo suspiro e me levantei preguiçosamente, "Preciso me lembrar de fazer algo quanto a esses despertadores. O Ero-sennin arranja um pior que o outro."

Minha rotina sempre é a mesma coisa tediosa todos os dias desde o acidente. Sempre que acordo de mais uma noite sem sonhos faço o que devo fazer e vou para a escola. Tenho as melhores notas e sou um aluno exemplar para qualquer família. "Minha família são Jiraya, Tsunade e Hinata". A realidade dura e dificil de se encarar se tornou bem simples para mim, que aos olhos dos outros sou apenas um garoto que perdeu os pais e não tem ninguém em sua vida que possa dar carinho. "Hinata".

Foi estranho saber que o que sentia pela hime, na verdade quem me ajudou foi meu amigo Uchiha Sasuke. Ele era uma pessoa bastante indiferente e frio com todos na sala do sétimo ano, mas sabe... eu sabia exatamente por que ele era assim. Eu também era.

"Ouvi dizer que o irmão dele se matou depois de matar os pais, então todas as coisas herdadas dos Uchihas foram parar nas mãos do tio dele, Uchiha Madara. Dizem que ele gastou tudo em jogos e prostitutas e assim faliu a empresa Uchiha, deixando-os com quase nada. Por qual motivo quer saber isso Naruto?"

Na época perguntei ao Oji-san apenas por uma coisa, eu queria ajudar Sasuke e como fiz isso? Eu o mostrei que não era o único no mundo estar sofrendo, ele não estava sozinho. Todos temem a solidão, a escuridão quando perdem as pessoas que mais amam de maneira traumática, eu também tinha medo e só precisei de alguém para me guiar de volta a luz. Não foi fácil, muito menos difícil. Apenas o mostrei o túmulo de Namikaze Minato e Uzumaki Kushina para que ele entendesse isso.

"Hoje, dia 4 de Novembro, mais uma tragédia ocorreu na familia Uchiha, uma das mais tradicionais do país. Uchiha Sasuke foi assassinado por seu tio, Uchiha Madara friamente enquanto dormia sem qualquer chance de defesa". Foi a notícia que rodou o país inteiro de um jeito surpreendentemente rápido.

Familia amaldiçoada, não? Eu o trouxe para a realidade e ele me retribuiu me fazendo perceber algo que estava de baixo do meu nariz, então... se foi também. Ou eu sou o amaldiçoado nessa história?– Era o que eu passei a pensar depois da morte de Sasuke, mas entendi que essas coisas acontecem. "Tudo acontece com um propósito, pessoas vem e vão. É a regra da vida, ninguém pode muda-la."

Desci as escadas e fui até a cozinha vendo os cabelos chamativos do oji-san. Sorri e me sentei em uma cadeira.

– Primeira dia de aula depois das férias de verão. - Jiraya foleou o jornal e olhou pra mim com um sorriso muito feliz pro meu gosto. Revirei os olhos e olhei pra obaa-sama que trazia meu café -. Perfeito! Adoro as horas vagas quando você não está aqui!

– Todos adoram. - O respondi cínico e ri baixo com a cara que ele fez se culpando, quando eu dizia coisas assim ele sempre pensava em meus pais e que eles não estavam mais aqui, comigo. - Estou brincando, ero-sennin. "Talvez não... mas eles não precisam saber né?". - Me passa o café velhote.

– Oras seu...

– Jiraya. - A obaa-san o repreendeu e ele fechou a boca. Senti o gostinho da vitória e olhei para o relógio. Arregalei os olhos e me levantei assustando os dois. "Demorei de mais no banho!". Enfiei tudo que podia na boca e corri para sala vendo o material espalhado, rapidamente recolhi tudo e coloquei na bolsa até que vi um livro em cima da estante e me estiquei para pegar.

– Nanico. - Oji-san pegou o livro e me entregou, apenas dei de ombros lamentando pelo meu tamanho. Pra falar a verdade não sou tão pequeno... apenas não cresci muito... só isso. Sou até maior que a hime... ou estou errado? - Hinata está te esperando?

Ele me perguntou quando eu já estava abrindo a porta e sorri de orelha a orelha. - Ela sempre está.

Sai correndo pela rua observando algumas casas de estrutura pobre no caminho. Eu morava em um bairro se querem saber, nem todas as pessoas eram pobres, um exemplo somos eu e os velhotes, somos aquilo que chamam de estar em cima do muro, que é quando por um probleminha poderíamos perder a casa e tudo que há nela.

"Tão diferente da Hina-chan". Com toda a certeza Hinata era uma garota criada para ser a jovem mais educada do Japão. Os Hyuugas eram pessoas ricas, poderosas e os membros dela sempre estavam envolvidos em política, comércio e diziam por ai que outras coisas no submundo do exterior. Hinata era filha de Hyuuga Hiashi, um dos homens mais influentes do país e herdeira do 'poder Hyuuga'. Depois que a esposa de Hiashi, Ayano morreu, Hinata acabou se tornando a "princesinha Hyuuga", não somente para a familia mas para todas as pessoas que conheciam seu nome.

"É difícil ser amigo de uma super-heroína". Sempre que podia Hinata estava em eventos beneficentes apoiando a causa e aplaudindo. E eu sempre ao seu lado.

Todos os dias eu falava com Hinata, sabia tudo sobre ela e ela sobre mim, eramos inseparaveis. Depois daquele dia no hospital ela não apareceu mais então depois que recebi alta pedi ao Jiraya que me falasse sobre os Hyuuga.

"Parece que Hyuuga Ayano morreu". Apenas aquelas palavras foram o suficiente para que entendesse tudo, os dias dela no hospital, seu silêncio, seu otou-sama e aquele que foi busca-la da ultima vez. Ayano havia morrido e deixado para trás a menina mais bela que eu já tinha conhecido.

Observei a hora no meu celular e sorri ao olhar para frente. Ela estava lá no ponto, como sempre. O capuz cobria sua cabeça e olhei admirado a blusa do anime Dragon Red Kai*. "Ela saiu escondida de novo. Hina-chan é tão rebelde."

– Pensei que não ia chegar a tempo. - falei apoiando as mãos nos joelhos e respirando fundo -. Eu diria que o oji-san mandou um oi, mas é mentira.

A hime riu com aquele jeito que somente ela pode fazer. Pergunto-me todos os dias o que Hishi fala pra Hina sobre ela sair mais cedo de casa para ir a escola comigo dentro de um ônibus quando ela tem carros e motoristas. Devo lembrar da história de que ninguém gosta quando estou presente? Pois bem, na escola é assim, ninguém, absolutamente ninguém com exceção da Hina-chan, fala comigo. Mas por quê, Naruto-kun? Eis a questão. Por que sou bolsista.

Quando estava quase terminando o ano e passaríamos para o primeiro, descobrimos - eu e Hinata, que Hiashi ia coloca-la em uma escola particular para os 'ricos de bem com a vida', lógico que eu não ia ficar pra trás! Decidi tentar pegar uma vaga na mesma escola e com minhas notas perfeitas consegui de primeira.

Está claro também a razão pela qual Hyuuga Hiashi me odeia! Sou um "pé-rapado" - como ele disse uma vez -, sem dinheiro nem um titulo honroso para andar ao lado da princesinha Hyuuga, mas como a Hina-chan convence qualquer pessoa a fazer qualquer coisa, o velho Hyuuga não teve chance contra ela, no entanto, tem vezes que tem de sair de casa escondida e esses dias andavam muito frequentes.

Assim que o ônibus chegou entramos, pagamos passagem como qualquer cidadão comum e "pé-rapado" e nos sentamos no fundão. Mexi no celular e estendi o fone pra ela que aceitou de bom grado.

– Acho que você não viu a nova abertura de Dragon Red Kai, então pode ouvir. - Hinata apenas assentiu e ajeitou o capuz.

Eu não entendia muito bem a hime quando começamos a nossa amizade, pensava que ela não falava muito por causa de sua okaa-sama, quando na verdade a Hinata-chan é a pessoa mais tímida do mundo. Ela cora por tudo, um elogio de nota, uma conversa simples em que seu nome é metido no meio, até mesmo olha-la nos olhos faz com que core. "Muito fofa!"

Chegamos na escola pouco tempo depois. Saímos do ônibus e entramos na escola, como qualquer dia eramos o centro das atenções e eu sabia como isso a incomodava, não por estar ao lado de um bolsista, mas por todos olharem pra ela e unicamente ela. "E isso me deixa furioso...– fuzilou um garoto que parecia come-la com os olhos - e muito, muito possessivo". Digamos que na nossa escola quem manda principalmente é o diretor - um velho baka muito irritante... amigo do meu oji-san... irritante mesmo -, depois seria o que denominamos de "O Inverso". Os nerds mandam e controlam tudo. Diferente não? Só por que a escola é onde a maioria dos filhos de políticos estão, não significa que eles podem comprar e mandar em tudo que quiserem.

– Na nossa primeira aula estamos juntos, Naruto-kun. - Hinata sussurrou e eu sorri. Ela dava muita vontade de apertar suas bochechas rosadas -. Que bom...

Concordei e peguei sua mão apertando o passo. Dava-se para ouvir os murmúrios e as fofocas, mas quem liga? Todos devem saber que Hyuuga Hinata é a pessoa mais preciosa para mim.

E nunca, nunca irei perde-la!

...

Me joguei na cama apertando o travesseiro contra o rosto e respirei fundo sentindo o cheiro adocicado da minha princesa Hyuuga. O quarto dela nunca mudou desde criança, sempre fora delicado e cheio de bichos de pelúcia - principalmente gatos -, tudo era azul ou roxo e aquilo era reconfortante. O quarto dela exalava conforto e amor, diferente do meu do qual eu não conseguia encontrar nada que me fizesse sentir bem. "Foi sua okaa-sama que decorou o quarto... e eu perdi tudo quando perdemos nossa antiga casa."

– Senti falta daqui. - Dei um sorriso malicioso e peguei uma pelúcia de gato preto com um laço lilás no pescoço. Eu que havia dado há ela quando foi seu aniversário de dez anos -. Senti falta do Naru-chan também.

Ela me olhou assustada e corou violentamente, depois abriu e fechou a boca muitas vezes antes de falar. - D-d-d-des...desde quando... sabe...?

Abafei o riso no travesseiro e olhou pra ela travesso. - Foi no dia que Hanabi fez aquele desenho de você sentada em um dinossauro e que ela dizia que era um gato gigante bravo. - Hinata corou mais ainda e sorri presunçoso -. Ouvi quando ela falou do gatinho preto que te dei... foi tão lindo! "O Naru-chan não é mal, não é, não é!". Me senti lisonjeado!

Percebi que ela estava praticamente roxa de vergonha, mas então respirou fundo e se sentou na cama sorrindo meigamente. Juro que um dia tenho um infarto só por causa desses sorrisos.

– Arigatou. - Eu me sentei também e a fitei confuso pelo repentino agradecimento -. Arigatou por passar esses dias comigo. Eu... estou realmente feliz.

– Ahn? - Devo admitir que estou surpreso de mais para conseguir entender alguma coisa, mesmo assim sorri - Sempre passamos as férias juntos, não estou entendo, Hina-chan.

Ela pegou o Naru-chan das minhas mãos e mexeu delicadamente no laço lilás cabisbaixa. Senti que tinha algo de errado e que ela não queria dizer. Continuei olhando-a com a esperança que dissesse algo mas sua única reação foi morder o lábio inferior.

Suspirei e me levantei, o olhar dela acompanhou meus movimentos. - Acho melhor eu ir pra casa. Jiraya queria que eu o ajudasse com o carro, você sabe... ele sempre dá um jeito que quebrar ele.

Sorri e fui até ela levantando seu queixo fazendo-a olhar diretamente pra mim. Seus olhos como sempre estavam grandes e simplesmente incríveis, brilharam como a lua depois de eu me despedir dando-lhe um beijo na testa e fechar a porta. Respirei fundo e andei pelos corredores da enorme mansão Hyuuga e quando cheguei na sala fiz uma careta ao ver Hyuuga Hiashi.

– Mas já voltou a entrar na minha casa sem eu saber, garoto? - ele falou sem tirar os olhos dos documentos que estavam em sua mão. Ignorei e abri a porta mas ele me chamou novamente -. Não acho que poderá vir mais aqui. Ja ne, Uzumaki.

Estreitei os olhos desconfiado e dei de ombros, fechei a porta da casa e cumprimentei os guardas do portão antes de ir embora. Pensei em todas as reações estranhas daqueles dois. Hinata também ficou muito quieta na escola quando estávamos sozinhos, Hanabi estranhamente não estava em casa - ela sempre está, sei que a pequena pirralha odeia sair de casa -, e agora Hiashi falou como se fosse... uma despedida.

Andei um bom tempo até achar o ponto de ônibus e ele demorou mais ainda para chegar. O céu ficou escuro e alguns pingos de chuva começaram a cair e logo se tornou uma chuva violenta cheia de raios e trovões. "Como aquela noite". Em dias chuvosos como aquele gostava de ficar em casa, sozinho e se esforçando para pensar em nada. "A hime me tirou a culpa, mas ninguém pode ser capaz de me tirar as lembranças". Senti uma vibração no meu bolso e peguei o celular sorrindo levemente ao ver o nome 'Hinata' na tela.

– Hina... - atendi mas fui surpreendentemente interrompido por ela.

– E-eu... preciso... te contar uma coisa...

– Hun? É sobre seu otou-sama? Sinceramente, ele nunca vai parar de ser carrancudo e preconceituoso contra mim. - Ouvi apenas o silêncio dela, como se relutasse a falar -. Hina... gomenasai... eu saí de repente dai fazendo com que o carro do ero-sennin virasse uma desculpa...

– Eu... fiz outro exame.

Pisquei várias vezes e fiz um esforço para entender do que ela estava falando, então me lembrei que Hinata sempre fazia exames a cada dois meses, mas por algum motivo Hiashi passou a força-la fazer a cada mês. Não que ela fosse morrer hoje ou algo assim, mas era apenas uma precaução para ver se ela teria a mesma doença que a mãe. Até mesmo Hanabi tinha de fazer, só que a cada seis meses por que estranhamente a pirralha não tinha grandes chances de acabar como Ayano, mas ainda existia um cuidado contra isso.

– Outro...? Como assim?

– Eu... menti para o otou-sama... e para você. Eu não tenho os últimos três exames... eu não fiz eles. - Segurei minha vontade de gritar com ela e fechei os olhos com força. Ela sabia que não deveria faltar nas consultas. Hinata era a mais velha e tinha riscos altíssimos para ter a doença bem diferente de Hanabi que nasceu pouco antes do diagnóstico de Hyuuga Ayano. Então por quê? -. Gomen... gomen... - enquanto ela se desculpava parecia abafar o choro. Arregalei os olhos sentindo um aperto no peito e olhei assustado para a janela quando um raio cruzou o céu. - Gomen... e-eu... eu estou com cêncer Naruto-kun... o mesmo que matou a okaa-san. Gomenasai...

Afastei o celular do ouvido e interrompi a ligação. Cancêr. Estou com cancêr. Cobri o rosto com minhas mãos tremulas não conseguindo raciocinar. Meu mundo simplesmente desabou.

"Não... de novo não...!"– Solucei deixando as lágrimas saírem, lágrimas guardadas por anos e que eu pensava que nunca precisaria soltar novamente. - "Por que me tira-la também?"

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As coisas sempre andam bem quando você não repara e quando percebe é tarde de mais.

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Notas finais do capítulo

Poooois bem e..e um câncer matou a linda mamãe da Hina e agora ela também tem o mesmo câncer. Não se perguntem qual câncer, imaginem o que quiserem, eu até pesquisei muito sobre os tipos mas nenhum era o que eu queria para a história. Narutinho perdeu os pais, um bom amigo e agora pode perder a Hina-chan, pobre vida '-'
Ayano... esse nome é 'lindu... e sinônimo de tragédia - hue'
— Dragon Red Kai, sim sim... é de Dragon Ball Kai, não curto DB mas tipo... idai? e.e