Smile escrita por Enma Ai


Capítulo 1
The Help




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As pessoas se perguntam quando alguém que amam morre, "por que não foi eu?". Eu também fazia isso, vivia me lamentando e me culpando por algo que na verdade não foi exatamente minha culpa. Eu pensava que se eles não estavam mais comigo eu também não deveria estar nesse mundo. Mas bem... Sou Namikaze Uzumaki Naruto e sou filho de um ex-grande escritor de romance muito famoso antigamente, Namikaze Minato e sua linda esposa, uma médica muito talentosa, Uzumaki Kushina. Eles eram os melhores pais do mundo, sim, eram.

Eu e meus pais sempre fomos muito ligados, até por que eu necessito de uma atenção especial, nasci com problemas cardíacos, não é uma coisa muito grave mas os médicos disseram aos meus pais que com o passar dos anos alguma anormalidade poderia acontecer então deveríamos sempre estar atentos a qualquer coisa, e quando eu tinha oito anos, numa noite chuvosa eu acordei com dificuldade para respirar, e mesmo sem conseguir andar direito consegui ir ao quarto do lado e chamar meus bons velhos. Como eu poderia descrever suas reações? Desespero? Medo? Sim... eu vi o medo nos olhos esverdeados da minha okaa-san, um medo que me fez ficar com medo da morte. Eu pensei em várias coisas, em como eles ficariam com a minha morte, como seria o céu e como eu poderia morrer de um jeito mais interessante igual á um super-herói. Talvez sorrindo?

Eles não ligaram para como estavam vestidos - meu otou-san vestia um pijama azul de bolinhas brancas, nunca esquecerei isso -, apenas pegaram a chave do carro e me colocaram dentro, a kaa-san me tratou com tanta preocupação que acho que ela pensava que se me tocasse eu quebraria ou teria o finalmente, ataque cardíaco.

Eu não me lembro bem do que aconteceu, mas me lembro do som das gotas furiosas da chuva, dos trovões, do choro que a dona Kushina tentava inutilmente conter e principalmente o som de uma freagem brusca, dos pneus "gritando" contra a estrada molhada... e dos braços da bela esposa de Namikaze Minato me rodeando enquanto o carro parecia girar.

Minha okaa-san teve uma barra de ferro atravessada o peito, se ela não estivesse me protegendo eu teria morrido. Otou-san sobreviveu ao acidente, mas não a luta pela vida.

Fomos hospitalizados, eu não me feri muito apenas desmaiei por causa da falta de ar e uma batida na cabeça e acordei depois de dois dias. Meu Ojii-san quando ficou sabendo que eu tinha acordado entrou no quarto agradecendo ao ser maior, qualquer que fosse por eu estar bem.

"Minato está dormindo, Naruto-kun... esta dormindo e não sabemos quando vai acordar." Foi isso que me foi dito quando perguntei onde otou-san estava. Jiraya estava choroso e tinha um sorriso falso nos lábios e seu choro apenas aumentou quando perguntei da kaa-san. Ele me abraçou como se fosse me perder e nem quando a obaa-san apareceu ele me soltou. Eu sei como ele se sentiu. Eu tive a vontade de fazer o mesmo quando pensei na dona Kushina.

Por algum motivo... eu não consegui chorar, nem ali com eles, nem sozinho, nem mesmo no enterro da okaa-san e aconteceu somente uma vez. Quando conheci ela.

Foi no meu quarto dia no hospital. Tenho que dizer que meu estado era de pura depressão, mas era uma criança de oito anos e queria ver Jiraya e Tsunade sorrindo verdadeiramente de novo, então voltei a ser como era antes. Fiz minhas brincadeiras bestas e não toquei no nome da kaa-san. Eles reagiram bem a isso. Meio que fiquei contente...

Quando eu fui autorizado a andar um pouco pelo hospital passei em vários corredores até chegar em um onde foi que a vi pela primeira vez. Ela estava sentada no banco olhando para baixo fazendo com que sua franja cobrisse seus olhos, seus cabelos eram os mais incríveis que já tinha visto, azuis petróleo, brilhantes, lisos e cutinhos. Ela estava pálida e usava um vestido rosa do qual apertava com força.

Eu não entendia o por que dela estar ali e queria ir até lá perguntar, mas continuei escondido apenas vendo-a encolhida e imóvel. Quando deu cinco horas da tarde um homem de cabelos castanhos escuros a levou embora. No outro dia eu fiz o mesmo trajeto no mesmo horário e a encontrei no mesmo banco desconfortável e ali ficou esperando pelo retorno do homem que provavelmente era seu otou-sama. No mesmo horário do dia anterior ele apareceu e foi embora com ela.

Fiz os mesmos passos, nos mesmos horários por mais três dias, e ela sempre estava lá. Foi quando eu olhei para o relógio na parede e tinha passado das cinco horas e estranhamente aquele homem não havia retornado para pega-la. Eu prendi a respiração curioso e me levantei do chão andando em seguida na direção dela, me sentei ao seu lado e fiquei em silencio por algum tempo.

"Oi?". Eu perguntei e ela apenas continuou encarando o chão. No começo até imaginei que ela era muda mas então ri sozinho pela minha bobeira, ela só não queria conversar. Então insisti. - "Me chamo Naruto. Nome estranho não é? Minha mãe ia colocar de Menma." Fiz uma careta e me inclinei para frente sorrindo. "Acho que ela só pensava em comida quando era para me dar um nome."

Minha insistência deu um grande resultado. Ela riu. Aquele foi o som mais lindo que eu já havia ouvido, era como um anjo ao seu lado que por minha culpa não estava mais olhando para baixo. Quando ela me olhou foi... incrível. Seus olhos eram como perolas, não... mais brilhantes que pérolas. Eram a própria lua. Lindos, charmosos, doces e inocentes. Tudo isso desapareceu depois e se tornou ofuscado e sem vida. Tristes. Naquele momento senti uma vontade súbita de faze-la sorrir mais.

– "Sei que é feio perguntar isso... mas por que todos os dias você esta aqui?"

Lembro-me bem o olhar dela quando fiz aquela pergunta. Eram olhos de quem sente dor, não uma dor sua, de outra pessoa. Sei que eu deveria me sentir envergonhado de perguntar quando está na cara que não é algo certo a se fazer no momento, mas... se eu não tivesse perguntado... nunca teria a conhecido.

– "Já sei! Olha, eu digo o por que de eu estar aqui e ai você diz o seu motivo. Assim vamos estar igualados. Que tal? Uma troca equivalente!"

Ela me olhou com seus grandes olhos surpresa. De todas as vezes que ela esteve ali, naquele maldito banco desconfortável, ninguém havia falado com ela, muito menos perguntado o por quê de estar ali, claro. Todos sabiam o motivo e eu era só uma criança. Crianças não conhecem o mundo dos adultos. A hime apenas concordou timidamente com a cabeça e eu sorri.

– "Certo! Sabe... Eu tenho problemas no coração então o doutor disse "jamais faça algo que não precisa fazer". Só que eu preciso dormir. Então eu dormi. E acordei não conseguindo respirar, e uma vez a kaa-san falou que se algo estranho acontecesse eles estariam no quarto do lado e era só chamar, mas sabe... eu não conseguia falar. Então me levantei e fui até o quarto deles. Na hora achei que os dois é que fossem ter um problema no coração." Eu disse sorrindo tristemente. "Eles me colocaram no carro e saímos depressa. Estava chovendo... Sempre ouvi que não se pode sair na rua quando está chovendo, mas por minha culpa tivemos que sair... Então tudo pareceu girar... e acordei esses dias aqui. História agitada não é?". Eu continuava a falar mesmo sentindo um nó na garganta e os olhos ardendo. Dizer tudo doeu... doeu muito. "O Ero-sennin disse que a kaa-san morreu. O otou-san pode não acordar mais... e... e... é tudo culpa minha..."

Na época eu me sentia responsável por toda a dor que poderia ter causado a Kushina quando ela estava morrendo, além da dor que o otou-sama poderia estar sentindo naquele momento. E então ela mudou completamente minha opinião.

– "Você... não é culpado!". Ela disse tão firme que nem raciocinar eu poderia. Para verem o que apenas algumas palavras são capazes de fazer. "Eles... quiseram te ajudar. Te salvaram. Deveria estar feliz! Eu queria poder fazer isso pela minha okaa-chan. Poder ajudar ela como os super-heróis fazem!"

É nessas horas que pessoas adultas iriam rir com tamanha inocência de uma criança e ficariam tristes pela dura realidade. Eu era uma criança. A única coisa que fiz foi chorar. Ser um super-herói não é fácil, precisa de força, beleza, inteligencia, astúcia e mais do que tudo, coragem. A dona Kushina... minha kaa-san foi minha super-heroína até mesmo no fim. Salvou várias vidas e ainda a minha. A melhor mulher do mundo.

Depois disso um homem muito parecido com aquele que era o otou-sama dela apareceu. Ele tinha olhos perolados também, a unica diferença eram seus cabelos negros. Ele parecia triste e pegou na mão da hime, mas antes que ela fosse embora eu perguntei: "Qual é o seu nome? Troca equivalente, lembra?". Falei emburrado por não ter descoberto exatamente a razão dela estar no hospital. A melhor visão da minha vida foi vê-la sorrir e acenar.

– "Hyuuga Hinata."

Hinata se tornou a primeira garota interessante na minha vida. A melhor amiga que tive até hoje.

E meu primeiro e único amor.


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Notas finais do capítulo

Esse capitulo ia ser maior, mas decidi deixar minhas intenções para o final desse capitulo, para algum outro u.uEntão. O que acharam? Alguém gostou? T^T nunca fiz um capitulo em primeira pessoa, é muito complicado pra mim T^T Gomen...