Counting Stars escrita por Petrova


Capítulo 4
Perdoe meus Pecados


Notas iniciais do capítulo

Hello anjosssss
bem aqui está capitulo fresquinho para vocês
não tem muita movimentação, mas o proximo é capotante
boa leitura anjos



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/501362/chapter/4

CAPITULO IV - Perdoe Meus Pecados

Abri a porta da lanchonete e deixei que Diana passasse primeiro, o por do sol já não existia mais, o céu parecia uma combinação perfeita de noite e luz, o melhor de dois mundos, como os olhos de Diana. Eu sabia que era tarde e sabia de minhas obrigações, levar Diana para casa, mas tudo que eu queria era poder ficar um tempo mais. Por que eu sentia que estava faltando alguma coisa?

Após deixar claro minhas intenções com Diana, nós não falamos muito, fechamos a conta e deixamos nossa mesa para trás, saindo em um silencio tão externo quanto interno, porque dentro de mim rolava inumeras teorias gritantes.

– Pode deixar que eu abro. – sugeri antes que Diana chegasse perto do meu carro.

Andei apressadamente até a porta do Pathfinder, mas deixei meus dedos travados na maçaneta até ela se aproximar. Ainda tinha as bochechas coradas, talvez pensando no mesmo qu eu estava pensando: eu querer beijá-la. Bem, eu estava sendo sincero e ela deveria se acostumar com pessoas flertando com ela, não era tão dificil assim. Ou talvez eu tinha subestimado minhas observações e Diana era exageradamente mais timida e não sabia reagir a elogios ou investidas. Tive que sorrir por um pequeno periodo. Diana ergueu os olhos para mim.

– Por que está rindo?

Balancei a cabeça como se não fosse nada importante. Abri a porta deixando meu braço direto por cima de sua cabeça, uma posição desconfortável por estarmos pertos, mas ao mesmo tempo totalmente maravilhosa. Deixei meus olhos cair por cima dos seus e não desviei, queria vê-la por mais alguns segundos antes que depois dela entrar os minutos passassem exageradamente rápidos.

– Se você quer dizer alguma coisa... – ela começou dizendo, mas não terminou.

– Está tudo bem, não tenho nada a dizer.

Ela suspirou e fez que sim com a cabeça, mas não se moveu e isso me deixou instigado. Ela estava imersa demais no seus pensamentos mais do que eu por isso não se moveu ou ela também achava que estava faltando alguma coisa?

– Melhor eu entrar. – sibilou para mim.

Tirei meu braço do apoio e deixei espaço para ela entrar então finalmente ela se moveu para se arrastar pelo banco antes que eu pudesse segurar seu braço e puxá-la levemente e delicadamente para trás depositando um rápido beijo nos seus lábios. Nossos olhos se encontraram tão repentinamente que achei que ela ia me estapear, por isso pendi o rosto para trás, num reflexo ligeiro demais.

– Nicolas! – ela me repreendeu.

Suspirei.

– Pelo menos não foi um tapa. – encolhi os ombros.

Ela ruborizou e entrou emburrada para dentro do carro. Mesmo que eu soubesse que ela estava vermelha de raiva, era melhor do que ter o rosto estapeado. Não tinha sido nem um beijo, não deveria ter passado nem de dois milésimos de segundos, então ela não precisava querer me matar mentalmente sem fazer o trabalho. Dei a volta no carro e abri a porta do meu lado, me arrastando para o banco no mesmo segundo. Peguei as chaves e liguei o carro. Diana tinha os braços cruzados, mas não estava emburrada mais, apenas séria, séria o bastante para imaginar que ela estava pensando no que ocorreu, por isso relaxei minhas expressões, tinha alguém tenso demais por nós dois. Manobrei o carro e o coloquei em circulação, não demorando muito para que saíssemos da estrada de terra e chegássemos no asfalto. Ainda silencioso. Deveria ser um pouco mais de nove horas, talvez a mãe de Diana estivesse arrancando todos os fios do cabelo neste exato momento, mas não duvido nada que Ellie também não estivesse na mesma situação, apesar de que eu estava mais angustiado por esse silencio do que por nossas mães.

– Se você quiser, podemos colocar alguma musica para tocar.

– O quê? – finalmente ela me viu parado no carro.

– Se estiver tão incomodado com esse silencio quanto eu, tenho uns CDs bem legais para se ouvir. – sugeri erguendo as sobrancelhas.

Diana me encarava tão docemente que ela não devia saber de como ela era linda.

– Você não devia nem estar falando comigo.

– E por quê?

Ela franziu a testa.

Por quê? Porque você acabou de... – ela não completou.

Eu fingi uma carranca.

– Não me diga que eu beijo tão mal assim?

Ela deveria rir, mas ao invés disso ficou ainda mais irritada.

– Bem, não tive tempo para observar esse detalhe desde que você simplesmente se aproximou e me beijou.

– Os melhores beijos acontecem assim.

– Aonde você viu isso?

– Na verdade eu li. – dei de ombros. – Por incrivel que pareça, eu leio as vezes aquelas revistas femininas que minha mãe deixa espalhado pela casa. As vezes é mais tedioso não fazer nada do que ler a sessão feminina na revista.

Diana riu, mas creio que no fundo que não queria, por isso obrigou-se a ficar quieta novamente.

– Não devia fazer isso. – murmurei desviando meu rosto para ela. – Você tem um belo sorriso, deveria ser permitir sorrir mais.

Ela ficou quieta.

– E isso não é uma provocação.

– É um meio de se desculpar, certo?

– Pelo o quê? – fingi não entendê-la.

– Por ter me beijado.

– Nunca vou me desculpar por isso, sinto muito por desapontá-la, Diana. – disse talvez um pouco ressentido.

Ela ficou quieta e o silencio voltou novamente, mas dessa vez tentei impedir que meus pensamentos voltassem novamente ou mesmo os dela. Apertei o botão de ligar do aparelho e procurei a faixa nove. O som era mediano e em poucos segundos começamos a ouvir a voz do John O’Callaghan.

– Quem é?

– The maine. – eu disse feliz por ela finalmente estar falando sobre algo diferente do beijo. – Você escuta?

Ela fez que não com a cabeça.

– Por enquanto é a minha favorita, Sad Songs. – continuei. – Você tem alguma para dividir comigo?

Ela estava roçando os dedos nos lábios, acredito que isso seja algum tipo de mania.

– Tem uma, não deles, ela se chama Coming of Age.

– Tentarei ouvir. – eu disse recebendo um rápido sorriso fechado.

A proxima faixa aleatória era Happy. Depois de mais alguns minutos dividindo as musicas de The Maine com Diana, nós finalmente chegamos no centro da cidade.

– Qual a sua rua? – eu perguntei.

– Dermastreet, numero dois mil e treze.

Eu fiz que sim com a cabeça sabendo exatamente o bairro em que ela morava. Eram casas lindamente iguais como um condomínio feito por alguma mulher perfeccionista. Dobrei algumas ruas e finalmente parei numa branca, igualmente a todas, com um jardim belo e um muro que passava um pouco da cintura.

– É aqui. – ela disse olhando de sua casa para mim.

– Quando o carro estiver totalmente pronto, eu avisarei.

Ela fez que sim com a cabeça.

– Obrigada, Nicolas.

– Não precisa agradecer. – dei um ultimo sorriso. – Boa noite.

– Até amanhã. – ela abriu a porta do carro e saiu.

Ela deu um rápido sorriso na minha direção e foi embora em direção a entrada de sua casa. Tinha sido uma longa noite, mas não foi nada ruim, pelo contrário, tinha sido uma das poucas noites que eu realmente me diverti, nada envolvendo festas ou as estupidez do John, eu tinha me divertido de um mondo sereno, eu estive dividindo uma parte da minha noite com alguem que realmente valia a pena. Diana valia a pena para conhecer.

Não cheguei nem a desligar o carro, coloquei Sad Songs no repete e fiz caminho para a minha casa. Nove e quinze estourava no meu relógio e eu já podia imaginar os tipos de reclamações que eu receberia de Ellie quando soubesse que eu não estava com o tio Jack, se já não soubesse. Dobrei algumas ruas e estacionei na garagem de casa, a luz do quarto de David estava apagada igualmente a minha, queria dizer que ele já estava dormindo. Peguei minha bolsa, minha blusa manchada e as haves para entrar dentro de casa. O corredor não estava iluminado, mas a sala e a cozinha ambos estavam e eu podia ouvir o som vindo da TV. Ellie estava confortavelmente enrolada num cobertor verde escuro assistindo um seriado qualquer de médico quando cheguei.

– Hey, mãe. – disse, acenando com a cabeça e pegando caminho para meu quarto.

– Nick?! – ela pulou do sofá. – Isso é horas de você chegar?

– Mãe, eu já cheguei mais tarde que isso, muito mais.

– Seu tio meu ligou a três horas atrás. – ela gritou.

Pressionei os dedos nas minhas palpebras, nada poderia aumentar minha dor de cabeça, exceto Ellie.

– Então ele deve ter te contado tudo, eu estou bem mãe e nesse exato momento preciso dormir.

Ellie deu a volta no sofá e se colocou defronte a mim.

– Não antes de termos uma conversa.

– Já estamos tendo. – ironizei.

Mas Ellie não riu.

– Você sofreu um acidente? – ela perguntou. – Jack disse que você estava ajudando uma amiga que furou o pneu, vocês estavam no mesmo carro?

– Vá com calma, Ellie. Eu estou bem, estava vindo para casa quando o pneu do carro estourou e percebi que se tratava de uma colega da minha da escola.

– Ela está bem?

– Yeah, eu a levei para jantar, estávamos ambos com fome. – se eu quisesse reverter todas essas perguntas, eu teria ser direto.

– E só voltou agora? – ela arqueou as sobrancelhas.

– Não me olhe desse jeito. Sim, só voltei agora, a deixei na casa dela sã e salva, agora preciso de um banho urgente. – lhe dei as costas e comecei a subir as escadas.

Dobrei a esquerda e entrei no meu quarto. Ellie apareceu logo atrás.

– Quem era ela? – Ellie perguntou e quando a observei, ela estava encostada na porta.

– Uma garota novata. Por isso ofereci ajuda.

Abri a porta do meu guarda-roupa e comecei a procurar uma toalha.

– Ela é bonita? – ela perguntou. – Você gosta dela?

– Ellie! – gritei.

– O que foi? Não posso mais ter curiosidade sobre seus sentimentos e sobre as pessoas que você se relaciona?

Bufei.

– Meus sentimentos, meus relacionamentos, meus, tudo meu.

Ela revirou os olhos.

– Ah, por favor, custa de me dizer se você gosta dela. – Ellie se aproximou e se sentou na minha cama. – Você vai trazê-la aqui para eu conhecê-la?

– Que inferno, Ellie, eu não tenho nada com essa garota. – eu disse, mas não estava realmente brigando, estava sendo impaciente.

– Você está vermelho. – ela murmurou encarando-me tranquilamente. – Nick, você está gostando da garota!

Abri bem os olhos e deixei que ficasse nesse silencio estupido por três segundos.

– Eu preciso tomar um banho. – resmunguei, deixando-a para trás.

– Não antes de terminarmos isso aqui. – ela me parou.

– O que mais tem a dizer?

Eu a encarei esperando ansiosamente que ela me libertasse, mas pelo jeito como ela se silenciou, olhando-me embaraçada, acreditei que era melhor sair correndo do que esperar.

– Você anda... hm... se protegendo? – seu rosto estava ruborizado.

Balancei a cabeça para espantar a pergunta que tinha acabado de ouvir, achei que eu estava ficando louco.

– Sabe, eu sei que você está na idade de provar as coisas.

– Não se preocupe, mãe, não há nada que a senhora possa dizer que eu já não saiba, agora posso finalmente ir tomar meu banho?

Ela suspirou.

– Eu sei. Pode ir.

Andei apressadamente para dentro do banheiro e liguei o chuveiro. Vesti apenas um moletom cinza e me arrastei para cama, fui ouvir algumas canções enquanto observava a janela semi aberta do meu quarto, o céu estava definitivamente o mais bonito que eu tinha visto em toda a minha vida. E temi o motivo disso acontecer.

Espantei os pensamentos e comecei a lembrar do teste que haveria amanhã na aula de inglês. Antes de dormir, passei boa parte da minha noite decorando as páginas do livro para o teste. Nosso livro era o Morro dos Ventos Uivantes. Que diabos é um vento que uiva? Existe a palavra Uivantes no nosso dicionário? E depois desse questionamento, eu apaguei.

N

Estrelas... Estrelas enormes e outras pequenas, céus, quantas estrelas. Uma, duas, três... Céus, muitas mesmo. Bilhões de estrelas, potinhos brilhantes brilhando no céu brilhante.

Isso não faz nenhum sentido.

Onde eu parei, mesmo? Ah, quatro, cinco, seis... “Nunca te falaram que apontar o dedo para o céu e contar as estrelas criam verrugas?” Alguém no meu interior gritou e chorei, chorei igual a uma criança quando deixa de ganhar um presente de natal. Centenas de verrugas se espalhavam pelo meu corpo, céus, muitas verrugas. Milhões, como as estrelas, só que elas não era brilhavam e nem bonitas, eram gigantes, enormes e feias. Verrugas e mais verrugas então... “I'm feeling pretty dirty baby, forgive my sins...

“Perdoar meus pecados?” Mas que pecados? Eu apenas contei as estrelas!

– Nick, atenda a droga do seu celular, cara!

Um clarão inundou minha visão na minha primeira tentativa de abrir os olhos, mas fui capaz de ver a figura pequena carrancuda esmurrando meus pés na tentativa de me acordar.

– Acorda, seu porco! – David gritou outra vez.

Quando abri meus olhos na segunda tentativa e o semisserrei, eu vi que não havia nem verrugas e nem estrelas, passei a perceber que tinha sido apenas um sonho, um estranho sonho como os outros. David fugiu na primeira brecha quando percebeu que eu estava acordado e que podia xingá-lo se ele gritasse mais uma vez comigo.

Tateei a cômoda e fui atrás do toque bizarro de The Maine, My Heroine. Era apenas a maldita chamada do John.

– Porra, cara, o que eu te fiz? – perguntei, embriagado de sono.

John riu.

– Bom dia, flor do dia. – ele cantarolou, mas ouvi buzinas de carros.

– Que porra você quer? Premio por ser o pior amigo da face da terra? Fique tranquilo, ele é todo seu. – me afundei no meu travesseiro e puxei meu lençol novamente até a ponta da minha cabeça.

– Muito pelo contrário, como seu melhor amigo, nas horas vagas sua agenda pessoal, seu despertador e instrutor, tenho a honra de te avisar que: porra, Nick, - ele gritou. – você está atrasado!

Eu afastei o celular uns dez centímetros do meu rosto xingando John dos piores nomes.

– Que inferno, John! – gritei de volta e depois bocejei.

– Sem elogios ainda, caro amigo Nick, fiz um favor a você que me deverá pelos próximos cem anos.

A sua animação era estupidamente inexplicável. Que horas eram? Seis e quarenta? Sete horas? Como eu não podia fugir do John Clewart, resolvi dar uma chance a ele.

– Okay, John, - murmurei. – Vou lhe dar uma chance. Qual o favor incrível dessa vez?

Eu não estava nem um pouco interessado nas grandes vitórias do John nesta manhã, mas enquanto ele discursava a mesma droga tediante de sempre, eu iria cochilar. Apenas três minutos...

– Okay, segura essa. – ele disse dramatico. – Sabe aquela gata, a novata? Então, ela é a sua mais nova parceira de biologia. O que acha? Nick? Nick!

Arregalei os olhos e joguei o lençol longe me sentando em um salto.

– O que disse?

– Eu disse que a Daiana...

Diana. – o corrigi.

– Sim, Diana, ela é sua nova parceira de biologia.

– Como você conseguiu isso, John?

– Vejamos. – ele estava sendo estupidamente dramatico. – Eu disse para nosso querido professor Harrison que minha mãe estava desgostosa com as minhas notas e que eu precisava urgentemente de outro incentivo, por isso decidi separar amizade e trabalho, porque você estava sendo um péssimo exemplo para mim.

Ai! Essa doeu, não sei se comemoro ou se eu te soco até a morte.

John riu.

– Eu precisava ser convincente e sua fama com os professores ajudou bastante. Só não comemore nada ainda, porque você está dez minutos atrasado, o portão fecha em quinze, então se você não entrar na escola nos proximos quinze minutos, você terá só semana que vem para se sentar com Diana Grey.

– Porra! – olhei de relance para o relógio.

– Meu trabalho seria totalmente jogado no lixo.

– Tudo bem. Valeu, John. – e desliguei.

Devolvi meu blackberry de volta a cômoda e num salto me levantei da cama e puxei uma toalha para dentro do banheiro. Depois de banho tomado, de dentes escovados e vestido qualquer roupa que estava dobrada e limpa em cima da mesa do computador, peguei minha bolsa, o livro dos ventos que uivam e desci desgovernado até o andar de baixo. Ellie fazia panquecas e o cheiro era tentador, mas não era mais do que os belos olhos de Diana e seu perfume natural de flores e canela. Olhei de relance para o relógio e percebi que tinha feito todo esse trajeto em oito minutos, era um recorde absurdo, mas necessário.

– Tchau, mãe. – eu gritei passando rapidamente pelo balcão.

– Vai pegar o trem?

– Quase isso, vejo vocês no almoço. – puxei as chaves da mesa e disparei para a saída.

O David era novo demais para usar a escola publica cuja eu estudava, por isso ele usava uma que tinha a um quarteirão daqui, então não seria problema deixá-lo ir sozinho enquanto Ellie se preparava para ir trabalhar na prefeitura. Abri a porta da garagem e tirei o carro de dentro dela, manobrando-o para a esquerda e disparando em direção a escola. Olhei cinco vezes para o relógio até estacionar o carro na minha vaga de sempre, perto do carro do John. Eu tinha quatro minutos antes dos portões se fecharem.

A Mountown High é a maior da região, mas não é grande coisa, isso deve por causa do time de futebol e o incentivo que recebemos do governo e propaganda também, por sorte, colecionamos mais títulos do que a maior parte dos times dessa parte da Pensilvânia. Sem contar que eles oferecem bolsas regulares para universidades famosas e outras razoáveis, o que de certa forma ajudava por estudar aqui.

Pela primeira vez desde o começo das aulas depois das férias no meio do ano, não fui pego pela Sra. Madison por usar boné, qual hoje eu acidentalmente esqueci, muito menos levei advertência por chegar atrasado, pois assim que empurrei os portões e estava definitivamente dentro, o sinal tocou. Andei apressadamente até a minha proxima aula, que inglês. Dobrei a direita e observei a porta meia aberta, John estava encostado nela e surpreendentemente a Mary Kathe também estava com ele. Isso não podia ser real, tinha que ser uma miragem, John Clewart não podia estar conversando com Mary Kathe, este não era meu amigo. Impossível.

John era afim da Mary desde a sexta série, mas ele nunca foi corajoso para tentar falar com ela, ele soltava suas piadas e todo mundo ria, inclusive ela, mas não era algo que lhe fosse dar estimulo para ir lá e convidá-la para sair. Agora estamos no terceiro ano e é a primeira vez que eu vejo, em anos, ele finalmente falando com ela sem que eles estejam acompanhados por outras pessoas. Eles estão sozinhos e estou um pouco orgulhoso, se ele começar a ganhar coragem, talvez ele finalmente consiga convidá-la, pelo menos para assistir os treinos, já que Allison, sua melhor amiga, faz questão de ir a todos. Não é tão surpreendente assim se eu não levantar os fatos, John dormiu com 98% das garotas dessa turma, mas nunca teve coragem de chamar o nome da Mary sem gaguejar ou soar frio, era algo que eu não estava acostumado de ver.

As pessoas quando se apaixonam elas ficam totalmente submissas e covardes.

Olhe para ele, não consegue ficar um segundo se mover seu pincel de um lado para o outro como se estivesse prestes a ter um ataque de nervos. Ele pende a cabeça para cada lado de oito em oito segundos, sua posição não é nada boa, ele está ereto demais, não está relaxado, está tenso, parece que vai explodir a qualquer momento e sair correndo pelos corredores, mas mesmo assim ele está enfrentando o nervosismo para estar ali. Sem contar que ele tem as bochechas forçadas, como se não conseguisse não parar de sorrir, ele está totalmente encantado, deslumbrado e ela não consegue perceber nenhum deles detalhes?

John é o cara mais cafajeste que eu conheço, mas não consegue parecer normal com a garota que ele é louco, deslumbrado, demasiado, maluco, apaixonado, enamorado e outros adjetivos corriqueiros de amor.

Senti um leve toque nas minhas costas e percebi que se tratava da nossa professora de inglês, a Sra. McFoster, cuja tinha cabelos vermelhos, quase vinho, batendo na altura do ombro e óculos pousados simétricos no dorso do seu nariz. Abri passagem e assim que ela entrou, eu fiz o mesmo. John e eu trocamos olhares e disfarçadamente olhei para Mary e depois para ele. John soltou um riso transtornado, ele deve ter percebido que eu notei tudo, principalmente seu quase ataque do coração.

– Silêncio, turma, silêncio. – a Sra. McFoster colocou sua bolsa de couro do mesmo tom do seu cabelo e tirou uma papelada pesada que deveria ser nossos testes.

Ajeitei-me na mesma cadeira de sempre, a que fica paralela a janela, onde o clima não está tão diferente do dia anterior, sol, mas com nuvens densas. Talvez até chova essa noite. Desisti do clima e resolvi prestar atenção no que importa.

– Não é novidade para ninguém, - ela disse quando todos finalmente estavam sentados. – espero que estejam preparados para o teste de hoje, porque quando eu entregar as folhas, será cronometrado.

Já fazia um bom tempo que eu havia deixado de me importar com esses detalhes, sobre notas e satisfazer Ellie, principalmente agora. Mas esse era o X da questão. Principalmente agora que tudo parecia estar se encaixando, minhas novas chances e minhas novas tentativas, Ellie mesmo sabia que eu havia começado um bocado de coisas e desistido sem mais e nem menos. E ela tinha razão, se eu não fizesse diretamente por mim, eu faria por ela. Ela sacrificou seu tempo para me entender, me compreender e amenizar meus problemas, agora minha conta estava no vermelho.

Eu devia a ela toda sua esperança, a esperança que eu nunca tive em mim, mas ela teve.

A Sra. McFoster saiu de carteira em carteira repassando o papel, dando instruções e resmungando para alguns alunos a maneira certa de sentar numa cadeira, até que todos já estavam com seus testes em mão.

– E está valendo!

Virei a folha e li de relance as questões da primeira página, não pareciam difíceis, por isso comecei sem pressa alguma e um pouco mais de sete minutos, eu já tinha dobrado a folha e ido para a segunda página, cuja era repleta de textos extensos que fazia minha cabeça girar. Eu odiava ter que ler, apesar de que fosse mais interessante a lei da gravidade ou campo elétrico de uma esfera qualquer do que essa maldita história de ventos que uivam. Apesar de que certo modo eu tenha gostado dela.

Passaram-se mais de meia hora e eu finalmente tinha terminado a questão quinze. Meu teste estava feito e resolvido, era a hora de entregar. Sete alunos já tinham deixado a sala, mas John ainda continuava lá arrancando os últimos fios louros do seu cabelo. Acenei para ele e fui entregar minha prova a Sra. McFoster. Quando senti seus olhos em mim, primeiramente me lembrei do começo do meu terceiro ano, os professores faziam essas mesmas expressões quando eu entregava muitas vezes a prova em branco, como disse meu psicólogo: é comum nesses casos a falta de interesse.

Cansei de ser um caso comum!

– Boa sorte, Sr. Byron. – ela sorriu para mim dando uma olhada mais a fundo na minha prova. – Fico feliz que tenha finalmente me entregado uma prova toda resolvida.

Dei um sorriso amarelo. Eu estava feliz por mim mesmo, mas envergonhado pela minha antiga fama.

– Espero que eu tenha se saído bem.

– Vamos ver. – ela disse, mas não era uma conotação irônica e nem rude, ela estava sendo esperançosa também.

Sra. McFoster era amiga da minha mãe e ficou do lado dela depois da separação, mas com o tempo, ambas foram se afastando, o mal de cidade pequena é que quando alguém resolve falar sobre você, a maior parte não são coisas boas. E falaram da minha mãe.

Empurrei a porta e entrei no corredor, sozinho. Olhei para ambos os lados e só tinha um lugar que seria o bastante para eu estar agora. O campo de futebol.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

comentem!