A Bella e o Monstro escrita por Leprechaun


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é especialmente dedicado à Ju e a Luana(72?), que comentaram, e alegraram meu dia, à Millar Cullen e a Mypollot que favoritaram, além de todo mundo que está acompanhando. Obrigada!



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A trilha, por fim, descia em direção a Forks, fazendo uma leve curva. Atrás de nós, as colinas e a floresta e, em frente, alguns chalés. Percebi que ele olhou ao redor, e depois passou a observar meus pés. Fiquei mortificada ao imaginar que ele faria algum comentário sobre minha deficiência física, e senti uma forte tensão nos meus ombros.

— Há pôneis selvagens nos pântanos e lobos nas floretas — eu disse, de repente, ansiosa para desviar sua atenção.

Cullen parou e pôs a mão no meu braço, impedindo-me de prosseguir, me fitando com curiosidade. Mais uma vez, o toque aqueceu minha pele, me deixando desorientada, inquieta e sem fôlego.

— Você sonha em correr livremente, srta. Swan? Como os pôneis selvagens?

Eu o encarei por um interminável e aflitivo momento, perguntando-me como, a partir de um comentário inocente, ele tinha adivinhado meu anseio mais secreto. Imaginei, também, se ele pretendeu que a pergunta tivesse sido cruel, como soou para mim.

Acorrentada pelo defeito que me fazia mancar, sobrecarregada pelas terríveis escolhas do meu pai e pela ruína financeira, meu mundo era uma pequena gaiola. Nunca mais experimentaria a alegria de correr livremente. Nunca mais.

— Vai, sim — ele disse, uma promessa nas palavras pronunciadas em voz baixa e profunda.

Ofeguei ao perceber que tinha verbalizado meus sentimentos. Ou não? Havia alguma coisa a respeito daquele homem que me fazia sentir ter a alma despida na sua frente. Era como se os meus pensamentos fossem transparentes para ele, claros como a água em um dia ensolarado.

— Por favor — sussurrei, tentando manter a dignidade enquanto ele me fitava com uma expressão inescrutável. Olhei para o céu. — Devemos nos apressar se quisermos estar abrigados antes da tempestade.

Ele vacilou por uma fração de segundo.

— Sim, é claro. Vamos prosseguir.

Retomamos o trajeto. Eu parecia estar cada vez mais consciente de tudo. Da largura dos ombros dele, do modo elegante de andar, de seu aroma inebriante, porém sutil. Da aura de perigo e poder que o cercava. O inexplicável fascínio por um homem que conheci há apenas alguns minutos era loucura, especialmente por ser algo tão distante da minha realidade.

Com um movimento casual, ele pegou meu braço, ajudando-me a transpor uma pedra que havia se soltado no caminho. O contato pareceu atravessar o tecido da minha roupa, e eu olhei para a mão dele, grande e forte. Quando ele se afastou, abaixei a cabeça e continuei caminhando, entorpecida. Queria tocá-lo e sentir de novo aquela conexão, mas o desejo desconhecido me assustava.

Assim que vimos a hospedaria, fui tomada por uma sensação esquisita, ambivalente. Embora nós não tivéssemos partilhado uma conversa significativa, não gostei do fim da caminhada, apesar de não haver razão para que ela continuasse. Durante o percurso, eu tinha olhado de soslaio várias vezes para aquele rosto bonito, para o contorno forte da mandíbula e o sombreado da barba cortada rente. A silenciosa companhia tinha sido fascinante. Nunca olhei para um homem daquela maneira, apenas pelo prazer de admirar sua perfeição. Nunca havia visto um homem como Edward Cullen.

Ele parou e estudou a hospedaria com atenção. O prédio tinha a forma de um "L". Do lado de fora, havia um estábulo e um pátio; no andar de baixo ficavam o bar e a sala de jantar; e, no piso superior, os quartos de dormir. Meu pai havia comprado o lugar havia uma década.

Eu não sabia nada a respeito das atividades de meu pai antes de ter aberto a hospedaria. Mais de uma vez, o questionei a respeito da vida da nossa família antes da mudança para Forks, pois eu tinha uma vaga lembrança de uma pequena casa em uma cidade movimentada. Lembrava de que ele ficava fora de casa por longos períodos, semanas ou meses, e aquelas ausências faziam minha mãe chorar. E seus retornos a faziam chorar ainda mais.

Cada vez que eu o pressionava, ele evitava as perguntas, dizendo que não gostava de ser interrogado. Sempre achei que provavelmente ele se arrependia de ter passado tanto tempo fora de casa e que via aquele período como um tempo roubado da convivência com a esposa, que morrera tão jovem. Ele ainda sofria. As bebedeiras e os ataques de melancolia que sempre seguiam aquelas perguntas faziam com que eu me sentisse culpada e ansiosa, e parei de indagar a respeito de um passado obviamente tão doloroso.

Mesmo assim, papai tinha ficado cada vez mais arredio, bebendo em demasia e acordando de mau humor. Dizia ter sofrido e perdido muito. Sim, eu sempre carregaria aquela culpa e, por causa disso, aguentava as fraquezas dele e tentava consertar seus erros da melhor forma possível.

A preocupação com a nova dívida que ele contraíra apertava minha garganta, aumentando meu desespero. Daquela vez, eu não conseguiria consertar as coisas. Ele tinha jogado fora o sustento de nós dois.

Um estremecimento percorreu meu corpo ao ver o corvo sobre a placa da hospedaria. Ele teria me seguido? Seria um mau presságio? O pressentimento que tive mais cedo retornou, oprimindo-me. O dia havia sido tão estranho, melancólico e pesado, repleto de novidades, acontecimentos peculiares, e lembranças que deveriam ter ficado enterradas.

Afastei os maus pensamentos e empurrei a pesada porta da hospedaria, ouvindo ao longe um trovão, fui atingida pelos primeiros pingos da chuva que começava a cair.

— Por favor, entre — convidei, abrindo a porta.

O bar estava vazio, embora eu soubesse que os habitantes de Forks se reuniriam mais tarde. Tirei o xale e a capa, pendurando-os em um gancho perto da porta.

— Papai — chamei — Cheguei.

Logo depois, Charlie Swan, meu pai, veio dos fundos da hospedaria, o corpo grande e magro, fechando a passagem estreita da cozinha para o bar.

— Fico feliz que tenha chegado antes da tempestade. Sabe que eu me preocupo, Isabella. — Antes que eu pudesse falar, prosseguiu: — É tarde. Precisarei de você para cortar as cenouras e as batatas para o guisado desta noite. Sei que sua perna não está boa, mas você conseguirá. Jessica está doente e você terá que me ajudar no bar e na cozinha.

Ele se moveu em minha direção e parou ao ver que eu estava acompanhada, estreitando os olhos. Identifiquei o distinto brilho de avareza quando ele viu os trajes do novo freguês. Notei também o nariz vermelho e os olhos inchados. Decerto já começara a beber, embora ainda não fosse noite.

— Papai, esse é o sr. Edward Cullen. É nosso novo vizinho, da Mansão Pattinson.

Eu sinceramente esperava um pouco de entusiasmo da parte do meu pai, pois a presença do sr. Cullen atrairia muitas pessoas e dinheiro, o que nós ajudaria. Contudo, em vez de expressar prazer, papai olhou-o fixamente e franziu a testa.

— Cullen. Sr. Edward Cullen— resmungou, como se o nome tivesse algum significado especial. E virou-se em minha direção. — Vá para a cozinha.

Surpresa, olhei de um para o outro. Mas papai concentrava toda a atenção ao sr. Cullen e o olhar que dirigia a ele não era de boas-vindas. Os cantos da boca se retorceram e uma cor avermelhada tomou conta de seu rosto.

O visitante permanecia imóvel, com uma expressão dura e a mandíbula contraída.

— Vá. Agora!

Não ousei desobedecer. Com um último olhar furtivo por sobre os ombros, retirei-me, mancando, para a cozinha, que ficava nos fundos. Chegando lá, apoiei a mão sobre a mesa para tentar me acalmar. O que teria acontecido? Olhando ao redor, verifiquei que tudo estava em ordem. Apenas o humor de papai estava estranho e eu gostaria de saber o motivo. Deveria ser algo grave para que ele ofendesse um freguês, em especial alguém que obviamente tinha dinheiro.

Escutei a voz dele e decidi me colocar à porta da cozinha para tentar escutar alguma coisa. Parte de mim se envergonhou por fazer aquilo, mas eu queria saber por que ele tratou tão mal o estranho.

Senti um arrepio. Talvez Edward Cullen não fosse um estranho. Ele não mencionou já ter conhecido meu pai? No entanto, não vi nenhum sinal de reconhecimento, da parte de papai, até que eu mencionei o nome dele. Era uma situação bastante peculiar.

— Não pode tê-la. Ela é minha filha e eu preciso dela aqui. — A voz estrondosa de pai rompeu o silêncio. — Está louco se pensa que vou concordar com isso!

— Talvez — Cullen disse, com calma e frieza. — No entanto, você me deve uma significativa soma em dinheiro. Mais do que conseguiria levantar.

Cobri a boca com a mão. O dinheiro. Papai se endividou com alguém de Seattle, que estivesse longe e que ele pudesse evitar com promessas e desculpas. Devia uma grande soma ao novo vizinho, um homem que sabia onde nós encontrar. E que tinha ido nós cobrar rápido demais.

— Você é um devedor. Tem ideia do que é uma prisão, Swan? — perguntou, áspero. — Muita gente, desespero, doença. O fato é que, se recusar minha oferta, será levado para a prisão até que sua dívida seja saldada. O que provavelmente não acontecerá, pois não terá como obter fundos para pagá-la. Não haverá ninguém para cuidar de sua filha e você perderá a hospedaria. — Deteve-se por um instante, deixando a realidade de suas palavras soltas no ar. — Sofrerá muito e perderá tudo que lhe é caro — concluiu, com satisfação.

Encostando-me na parede, temi desmaiar. Nós poderíamos perder a casa e nosso ganha-pão. E papai perderia a liberdade, a saúde e talvez a vida. O pensamento era terrível. Apesar de suas falhas, ele era tudo que eu tinha.

Oh, céus, e fui eu quem levei aquele homem até ali. Imaginei que papai ficaria contente com um hóspede tão distinto. Cullen era lindo e interessante. Um príncipe, na minha imaginação.

Garota tola, fui atraída por um homem bonito. Ele não era um príncipe, a não ser que fosse o Príncipe das Trevas, o verdadeiro monstro vindo a Forks disfarçado de homem.

— Pode me levar se quiser — papai disse, e eu percebi que o tom de sua voz era de frustração e de falta de sinceridade.

— Você? — Cullen deu uma risada destituída de humor. — Deixaria sua filha tomar conta da hospedaria sozinha? Quanto tempo a virgindade dela duraria?

Ofeguei. Ele falava da minha virtude como se fosse um assunto público. Podia imaginar o rosto de papai ficando vermelho de raiva e uma veia latejando na sua têmpora. Nervosa e preocupada, dei um passo à frente.

— Vamos, Charlie Swan , isso é uma simples transação de negócios — Cullen declarou com muita paciência. — A compra de um produto.

Eu comecei a caminhar, tropeçando na perna fraca. Apoiando-me na parede para não cair, vi papai partir para cima de Edward com o punho cerrado e erguido. Aterrorizada, senti um gosto amargo na boca. Ele era mais jovem, mais rápido e mais forte do que meu pai. Contudo, esquivou-se, e não revidou. Papai avançou pela segunda vez, e novamente Cullen desviou do golpe. Muito rápido. Quando papai se preparou para o terceiro ataque, olhei de um para o outro, sentindo que deveria intervir.

— Papai, por favor. — Me aproximei dele e o segurei pelo braço. — O que está acontecendo?

— Nada deste mundo, Bella. Alguma coisa vinda do fogo do inferno, a própria cria do demônio — respondeu, mostrando Cullen com um movimento de queixo.

Escutei o barulho de um trovão e a claridade de um raio iluminou o ambiente. Por um segundo, Edward parecia realmente ter saído do inferno, de um lugar de fogo.

— Não, não fui gerado pelo demônio, mas, sim, fui moldado pelo fogo do inferno — disse, sorrindo malevolamente.

Olhei para ele e senti uma espantosa certeza invadir meu coração. Ali estava a ameaça e o perigo. A força que iria transformar os últimos vestígios do meu mundo seguro em migalhas.

— Conheço muita coisa do inferno — ele continuou, os olhos brilhando. — E dividiria alegremente meu conhecimento com você, em todos os meus amaldiçoados detalhes.

Um raio iluminou o rosto de Cullen por um breve instante, revelando esplendor e crueldade ao mesmo tempo. Estremeci. Naquele momento, ele parecia assustador. Virei para papai.

— Papai, por favor, diga-me o que está acontecendo.

Os lábios dele eram apenas uma linha fina.

— É a ele que eu devo dinheiro.

Olhei para Cullen, sentindo uma fúria desesperada, emoção que desconhecia até então. Também senti raiva do meu pai, que nós lançou naquele apuro, e de mim mesma por não ter percebido e...

—Bella, vá para a cozinha. Isso é negócio para homens — grunhiu meu pai. — Não tem nada a ver com você.

— Ah, mas tem a ver com ela, sim — Cullen o corrigiu, sua atenção fixa em mim. — Ela parece uma garota sensível. Talvez devêssemos deixar que ela decida.

— Não! — Papai exclamou.

— Sim — Cullen insistiu, em voz baixa e firme.

Ele curvou os lábios em um sorriso cínico e afastou o casaco para o lado, exibindo uma pistola presa ao cinto. Com um gesto descuidado, passou a mão no cabo da arma e olhou para meu pai. A ameaça era clara. Ele não sentia pena ou arrependimento. Faria tudo o que achasse necessário para receber o que lhe era devido.

Respirei fundo e passei as palmas das mãos úmidas no avental antes de cruzar os braços, com as emoções à flor da pele. Lembrei-me das palavras de Esme.

A vinda dele que trouxe o mal até nós... Ele está ligado ao demônio.

Ergui o olhar para Cullen, que me observava com aqueles olhos maravilhosos. Durante os breves momentos no cemitério e na caminhada até a hospedaria, eu o achei um homem extraordinário. Cometi um terrível engano. Não percebi a crueldade por trás da aparência.

— Ouvi o suficiente para saber que há alguma discussão que me envolve — eu disse, virando-me para Cullen, mas incapaz de esconder meu amargo ressentimento. — E também a minha castidade, não é mesmo?

Com um gemido estrangulado, papai foi até o bar e pegou uma garrafa. Tomou um longo gole, seguido por outro. O vinho escorria pelo queixo, manchando sua camisa. Apertando os olhos, ele pôs a garrafa sobre o balcão do bar e com o dedo indicador apontou para mim.

— Sua culpa, garota. Foi tudo por culpa sua. Enviei todo aquele dinheiro a Seattle para obter a opinião do Dr. Carlisle a respeito do que fazer com sua maldita perna. E para nada. Gastei dinheiro e acabei ficando com uma garota aleijada. — Riu de um modo estranho, fazendo um barulho feio. — Uma garota aleijada que matou a mãe.

— Não — murmurei, as velhas feridas abertas, sangrando. Dei um passo para trás, sentindo que a acusação era verdadeira. Para meu horror, tombei contra o peito de Edward Cullen, que segurou meus braços, equilibrando-me.

Mortificada, afastei-me, as palavras de papai ecoando em meus ouvidos, cruéis por serem verdadeiras. Não havia um só dia em que não me sentisse culpada. Meu pai me dizia frequentemente que pagara uma boa quantia pela opinião inútil do Dr. Carlisle, mas eu não sabia que aquilo nós tinha afundado em dívidas. Senti um profundo remorso, pois fui eu quem ouviu falar do médico e implorarei para que papai o consultasse.

— Hipotequei a hospedaria naquele ano — Papai disse, a mandíbula contraída. — E um tal sr. Edward Anthony Cullen, de Seattle, comprou o penhor. Eu fazia meus pagamentos regularmente. Então, perdi uma prestação quando eu... quando... Bem, fiz um ou dois investimentos. Dei dinheiro a meu irmão, que prometeu que o retorno seria bom. Mas o idiota perdeu o dinheiro dele e o meu também. — Suspirou. — Quando não ouvi nada a respeito de Cullen, achei que ele houvesse se esquecido da dívida. Logo em seguida deixei de pagar outras prestações. Como ele nunca me cobrou, nunca mais enviei outro pagamento. — papai esmurrou o balcão do bar. — Tudo culpa sua, Cullen — ele gemeu, o rosto tomado por uma expressão de rancor e amargura. — Se quisesse seu dinheiro, devia ter pedido mais cedo. Não é problema meu que o tenha deixado escapar.

Sob o barulho da chuva e das batidas de meu coração, tentei me acalmar. Meu pai sabia da dívida. Durante semanas e meses, ele soube que a ruína se aproximava. Não tinha dito nada, feito nada, e agora culpava a todos menos a ele mesmo. Medo e desespero me dominaram. O que aconteceria conosco? Cerrando os punhos ao lado do corpo, tentei aparentar uma calma que não sentia.

— Talvez haja um modo...

— Há uma solução simples — Cullen interveio.

— Não — papai gritou. — Preciso dela aqui. Na cozinha. No bar. Quem iria arrumar os quartos? Cuidar do jardim e das galinhas? — Deu outro soco no balcão e estreitou os olhos ao estudar o homem mais jovem. — É quase como se soubesse o quanto eu valho e tenha esperado até que eu lhe devesse tudo. Então, agora, não terá nada, meu belo, porque não tenho mais nada.

Meu belo. Era um termo comum aos habitantes de Forks, aplicado a todos os que visitavam o bar, mas naquele caso era a mais completa verdade. Estremeci ao encontrar os olhos frios, certa de que não havia nada mais sob a fachada charmosa. Mordendo os lábios, respirei profundamente.

— O senhor sabia quem eu era no cemitério... — declarei, subitamente percebendo o que havia acontecido. — Foi até lá para me procurar.

— Sim.

Me senti humilhada com a resposta. Tinha pensado nele como um príncipe e ele me fez de boba.

— E esta manhã? — sussurrei. — Era o senhor no rochedo?

Ele teria me observado na praia? Observou Jake e Riley puxando o corpo da mulher afogada para fora do mar? Lembrei novamente das afirmações de Esme. Era uma estranha coincidência a chegada daquele homem, os rumores dos destruidores de navios, além do corpo da mulher morta. Cruzando os braços sobre o peito, dei um passo para trás.

— Eu estava na praia esta manhã — ele disse, com um sorriso cínico. — Tinha negócios a serem concluídos.

Fiquei horrorizada com aquela admissão. Aparentemente, havia uma ligação entre Edward Cullen e a morte da mulher. Gostaria de saber se ele se regozijava com a prova de sua diabólica tarefa. Ouvi rumores de que o xerife Billy Black e seus homens estavam determinados a encontrar os destruidores de navios para vê-los serem enforcados. Olhando para o sr. Cullen, imagine seu sangue circular rápido, e a respiração ficar mais ofegante como se estivesse sendo estrangulada por cordas muito grossas. Os negócios a que ele se referia teriam ligação com os destruidores e o crime?

Virei-me para papai ao escutar um gemido e senti como se tivesse sido esmurrada ao observa-lo na luz difusa do bar. De repente, ele parecia tão velho e abatido... o rosto marcado por linhas que eu não havia notado até aquele momento, com bolsas sob os olhos e a pele pálida. Senti uma enorme tristeza. Ele não era nenhum refugio de força e estabilidade, não era um porto-seguro. Como eu me convenci do contrário?

Na realidade, minhas expectativas tinham sido construídas sobre uma fundação fraca e instável. Conheci parte da verdade no dia em que mamãe tinha morrido. Aprendi que o mundo não era gentil, nem justo e seguro, e passei anos fingindo que papai era meu protetor. Nutri uma fantasia adorável, sabia agora, uma fantasia que não se sustentaria sob a luz da realidade. Era como se Edward tivesse tirado as vendas de meus olhos e roubado os pincéis que eu usava para colorir meu mundo.


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Notas finais do capítulo

Imagem: http://aurorawienhold.deviantart.com/