A Bella e o Monstro escrita por Leprechaun


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas, novamente, pela demora. Bem, vocês já sabem o motivo, né?. Espero que gostem do capitulo. Nas notas finais há um aviso, ok?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/500322/chapter/14

Incapaz de ficar parada, ordenei que as criadas juntassem cobertores e cestas de comida e parti, levando Lucy, na última carroça disponível.

O caminho era traiçoeiro e ondas gigantes batiam nos rochedos por onde nós passávamos. A chuva nós açoitavam deixando-nos completamente encharcadas em questão de minutos. Ao chegarmos ao início de um caminho estreito onde os rochedos desciam até a praia, saímos da carroça e fizemos a pé o restante do caminho.

Olhei para o oceano, vendo as enormes ondas de espuma branca que batiam no navio, jogando-o de um lado para o outro. Uma onda maior do que as outras agarrou o casco escuro e o lançou, sem esforço, contra os recifes denteados. Fui atingida por um mal-estar quando, com um barulho horrível, o navio se transformou em pedaços. Horrorizada, senti as pernas fraquejarem e quase tive que me ajoelhar. Acima do uivo do vento, os terríveis gritos daqueles que haviam sido jogados na água, tentando desesperadamente se agarrar a um pedaço de madeira para ficar à tona. Os náufragos flutuavam e afundavam, e os minutos se arrastavam.

— Salvem quem puderem! — Edward tentava se fazer ouvir, acima da tempestade. — Amarrem-se e peguem quem puderem. Nenhum homem entra na água sem uma corda ao redor da cintura.

Virei-me e o vi na praia. Ele parecia estar formando grupos para trabalharem no resgate. Vários metros de corda surgiram e os homens se amarraram em grupos de oito ou nove. Um barco salva-vidas foi jogado na água, mas seus ocupantes não conseguiam vencer a fúria do mar, e o barco logo foi lançado de volta à praia.

Os homens tentaram várias vezes e, depois de um longo tempo, vi as pessoas cada vez mais próximas da praia.

Edward tinha a água até a cintura e os outros o seguiam, sem se importarem com o perigo. Ele alcançou um homem agarrado a um pedaço de madeira e o levou, a salvo, até a praia. Pedaços de madeira chegavam à praia trazidos pelo capricho do mar, alguns carregando marinheiros feridos, porém com vida.

Um cavalo relinchou e virei a cabeça para ver uma carroça vinda do norte em direção da praia. Carregava uma lanterna, a luz amarela oscilando. A visão era estranhamente perturbadora, trazendo-me lembranças da luz que pensei ter visto horas atrás. Olhei mais atentamente. Havia dois homens no banco, mas a distância era grande demais para que eu pudesse reconhecê-los. Pensei em quem seriam, e por que a carroça andava tão devagar, como se eles fossem apenas observadores da terrível cena, aparentemente sem intenção de se apressarem até a praia para ajudar no resgate.

Por fim, a chuva parou. Alguns homens conseguiram acender uma grande fogueira na praia e puseram os sobreviventes ao redor do fogo, onde as mulheres entregavam-lhes cobertores e diziam palavras de encorajamento.

Orei pelos que tinham sido tragados pelo mar e por aqueles cujas vidas ainda corriam perigo. Olhei ao redor à procura de Edward e, ao vê-lo em meio aos outros, meu coração se apaziguou.

De repente, senti uma pressão sobre meu ombro e me virei. Era meu pai. Com um grito, atirei-me nos braços dele, apesar dele não fazer menção de abraçar-me. Bem, ele não era homem de demonstrar afeto. Inalando o familiar aroma de cerveja e tabaco, recuei um pouco para vê-lo melhor.

— Você parece bem, Isabella — ele disse, em um tom de voz um tanto rude.

— Sim, papai, estou bem. — Notei que o casaco dele estava molhado, mas as calças secas. Não estivera no mar com os demais. — Não tema por mim. Edward Cullen não é um patrão cruel. Ele me trata mais como hóspede do que como criada.

— Sim, foi exatamente o que ouvi. Ephraim Black me contou.

Senti toda a cor abandonar meu rosto. Papai pensava que eu era amante de Edward. Abri a boca para protestar, mas um grito chamou minha atenção. Outro homem havia sido retirado da água com vida. Ao me virar de novo para papai, ele tinha ido embora, deixando-me sozinha, e sem se despedir. Conformada, engoli o nó que se formara em minha garganta. O que era meu sofrimento em face daquela noite horrível? Haveria muito tempo depois para sentir pena de mim mesma pelo que deviam estar comentando ao meu respeito.

Franzindo o cenho, imaginei quando o pai tivera oportunidade de conversar com o sr. Black. A Hospedaria Ephraim era longe. Uma sensação estranha, que não consegui identificar, me perturbava.

Virei-me para continuar observando a luta dos homens contra as ondas inclementes e geladas quando vi uma mulher agarrada a um grande sarrafo de madeira, carregando uma espécie de pacote sob um dos braços, ela estava muito longe para ser resgatada. Deus do céu, era uma criança que a mulher tinha nós braços. Corri para mais perto, erguendo os braços para chamar a atenção dos homens que estavam na água. A mulher lutava para manter a criança segura e gritava desesperadamente, o rosto contorcido por uma máscara de horror. Deviam ser mãe e filho. Por um instante, fui dominada pelas recordações. Vislumbrei mamãe lutando pela sua vida e pela minha, numa noite de tempestade como essa.

— Não! —gritei, acenando. — Não!

Como que afinado com meus gritos, Edward virou-se em minha direção. Seguiu a direção de meu olhar e viu a mulher que lutava para sobreviver. Ele se jogou na água e, com movimentos seguros e rápidos, cortou com o punhal que sempre levava preso à perna, a corda que o prendia aos demais. Fiquei aterrorizada ao observá-lo lutar contra a força das ondas. E então, ao se aproximar da mulher, ele desapareceu, tragado pelas ondas.

Volte. Volte para mim. Oh, Deus, não permita que ele me abandone.

Enquanto alguns homens resgatavam a mulher, outros nadavam à procura da criança. Edward e a criança haviam desaparecido havia muito tempo. Tempo demais.

Oh, Deus! Por favor, meu Deus! . Como em resposta às minhas preces, Edward surgiu com a criança imóvel nos braços. Ele saiu da água, enquanto outros acorriam, com os braços estendidos para pegar a criança afogada. A mãe gritava, em desespero. Em vez de entregá-la, Edward virou a cabeça dela para baixo, apoiou-a sobre um dos braços, e apertou seu peito com firmeza, soltando-a, para, em seguida, repetir o procedimento várias vezes até que a criança tossisse e cuspisse a água. A mãe parou abruptamente de gritar.

— Oh, Deus o abençoe! — Tentou se manter de pé, caindo e tornando a se levantar. — Deus o abençoe!

Caiu diante dos pés de Edward, abraçando firmemente as pernas dele antes de, finalmente, pegar a criança. Outras pessoas pegaram com cobertores e ele deitou-se na areia, exaurido.

Alguns momentos depois, procurou-me com o olhar e sorriu, olhos brilhantes, o rosto iluminado.

Notei que ele tremia. Peguei um cobertor, e fui até ele.

— Você está a salvo — sussurrei, jogando o cobertor sobre os ombros dele. — Temi que... — meneei a cabeça. — Você está a salvo!

Gelado e tremendo, Edward se levantou. Seus braços fortes me envolveram, embalando-me pela cintura, mantendo-me firmemente contra seu corpo. Com uma das faces apoiada sobre o peito largo, fechei os olhos e pensei por um instante em quem abraçava quem. Talvez nós estivéssemos nos abraçando, cada um mantendo o outro de pé.

Edward deixou que eu o conduzisse para perto do fogo e aceitou o chá que eu lhe ofereci, mas, quando parou de tremer, insistiu em amarrar-se de novo aos companheiros para ajudá-los a lutar contra as ondas.

Os minutos transcorreram até não restar mais ninguém para ser salvo. A criança fora a última a ser resgatada. Depois, apenas os mortos chegavam à praia e finalmente, apenas fragmentos de madeira.

Molhados até os ossos, os homens puseram uma parte dos sobreviventes nas carroças e outros foram caminhando, protegidos pelos cobertores. Estavam todos exaustos e muito tristes pelo que haviam visto e sofrido. Pelos que haviam perdido a vida, pelas perdas materiais e pela perda dos seus sonhos.

Finalmente, para minha alegria, Edward saiu da água também. Peguei outro cobertor e, com cada músculo do meu corpo protestando de dor, fui até ele, arrastando a perna doente como um galho quebrado. Edward encontrou-se comigo no meio do caminho, fatigado, com marcas sob os olhos, mas para mim, belo como sempre. Com mãos trêmulas, tentava desabotoar o casaco, mas eu me adiantei e desabotoei para ele, sem me importar em ser observada pelos outros. Estava prestes a despi-lo também da camisa quando ele me segurou pelos pulsos, me lançando um olhar de advertência. Sorri para ele, admirada com a estranha modéstia. Peguei o cobertor, e o envolvi.

— Logo amanhecerá — eu disse, para quebrar o silêncio. Desejei muito aquecê-lo e beijar seus lábios. — Seus lábios estão azuis. Deixe-me pegar outro cobertor antes que você morra de frio.

Quando fiz menção de me afastar, Edward fechou a mão ao redor do meu braço.

— Já senti muito mais frio do que isso. O frio dessa noite é uma brisa balsâmica. — Riu com amargura. — Quanto a morrer... — Fitou-me, seus olhos pareciam brilhar na escuridão. — Você lamentaria minha morte?

Até meu ultimo suspiro, tive vontade de dizer.

— Não responda. — Ele pôs o dedo sobre meus lábios. Corajoso e forte, lutara por cada vida naquela noite, sem se importar com o sacrifício. Mas, e quanto a outras noites? E outras mortes? O mistério que o envolvia continuava a atormentar-me.

— Quantos homens você matou? — perguntei, abruptamente.

Edward deu um sorriso dissoluto e ameaçador.

— Mais de um. Por que quer saber? Sou o que sou. Do modo como fui moldado. Você gostaria que eu me desculpasse, Bella? Que pedisse perdão quando eu não me arrependo de nada do que fiz?

Eu não sabia o que responder. Como Edward podia ser ao mesmo tempo vilão e herói?

— Você não matou Rosalie.

— Está perguntando ou afirmando? — ele desviou o olhar para o horizonte, mas percebi a tensão em sua voz.

— Estou afirmando — respondi. — Sei que não foi você quem decretou o destino miserável daquela pobre mulher. — focei a mão dele, que, após hesitar por um instante, fechei os dedos sobre dela.

— Não importa. — Edward parecia infinitamente cansado. — Ainda sou exatamente o mesmo homem de antes. Minha alma ainda esta enlameada e meu coração, negro como carvão.

Sim, eu sabia. Mas, ainda assim, mantive meus dedos entrelaçados aos dele.

Não sabia dizer como ou quando nós voltamos a mansão Pattinson. Estávamos muito cansados, com frio e com os músculos trêmulos por tanto esforço. Tendo oferecido as carroças para transportar os criados e os sobreviventes, Edward me colocou sentada na frente dele no cavalo negro e fomos cavalgando no meio da noite, minhas costas contra o peito dele, ambos embrulhados em um cobertor. Não entendia como Edward ainda tinha força para sustentar-me, mas ele o fez, o corpo rijo e forte.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Os próximos capítulos vão conter cenas inadequadas para menores de 18 anos (lê-se sexo), se você não tem maturidade suficiente para ler esse tipo conteúdo, eu recomendo que volte a acompanhar a fic a partir do capitulo 17, quando as coisas entre Edward e Bella vão estar menos quentes, se é que você pode me entender. Apesar de que, nos próximos capítulos, haverá revelações muito importantes para o desenrolar da historia. Se você não quer perder isso, e também não se julga capaz de ler um capitulo, digamos, mais “ousado”, eu peço que você ignore as partes mais picantes e foque apenas nos diálogos, ok?
Beijo.
E simbora pro próximo capítulo, ninfomaníacas de plantão. kkk