Seu amor é uma mentira escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 25
Capítulo 24: Ela




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Querido Diário,

Eu sinto que tem algo errado. Sinto que vou vomitar a qualquer momento. Eu fiz algo de errado? Eu disse algo de errado? Ou foi algo que eu não disse? Aquela folha arrancada foi um exagero? Eu só queria que ele percebesse que eu sei que estamos jogando. Nós estamos em um jogo, não estamos?

Devo ter feito algo errado. Será que foi o fato de eu ainda não acreditar fielmente que ele me ama? Quero dizer, eu acredito mas... Eu acredito desconfiando.

Deve ser isso. Eu nunca desconfiei dele. Ele deve estar magoado por causa disso.

Ele não quer mais escrever nesse diário. Ele disse que eu não preciso mais disso, que já estou melhor, mas eu não quero parar.

De um tempo pra cá ele parou de contar suas piadas, aquelas piadas que só eu entendo. Ele parou de fazer brincadeiras. Eu percebo ele dando desculpas pra se afastar de mim. O que eu fiz? Por que ele não diz?

Querido Diário,

Hoje é dia 22 de Agosto. Está chovendo.

Pierre não está aqui, e eu acho que ele anda saindo demais. Eu não tenho coragem de perguntar onde ele está e o que está fazendo, porque eu acho que é exatamente isso que ele quer. Eu repito a mim mesma, ele deve estar no trabalho. Mas que trabalho? Sócio de um clube? O que ele faz lá? Mas eu não vou perguntar, não vou. Eu não vou dar esse gostinho a ele.

Ele deve ter se afastado porque toquei no assunto da mãe dele. Ele nega, mas eu sei que falar disso é como rasgar o peito dele com um punhal.

Ele não teve uma infância normal. A mãe dele não era do tipo maternal, e um dos motivos pra ele odiar receber ordens é que ele teve um padrasto que mandava na mãe dele como se ela fosse um brinquedo. Ele via a mãe dele apanhando, obedecendo ao cafageste sem questionar. Ele bebia, fumava muito e cheirava mal. Eu só estive na presença dele uma vez e foi sem querer.

Eu tinha ido na casa do Pierre chamar ele pra brincar e me deparei com ele. O monstro do Lago Ness, como apelidamos ele. Ele tinha uma cara de bravo e dezenas de tatuagens. Não era à toa que Pierre preferia dormir fora de casa do que ficar ali.

A mãe dele não era do tipo maternal. Ela era negligente demais, não se importava se o filho tinha tomado banho, se ele tinha comido, se ele estava doente. Ela não ligava pra esse tipo de coisa. Era uma viciada em heroína.

Mas já chega de falar do passado, diário. Eu estou ficando deprimida. Onde ele está? Onde?

Querido Diário,

Eu sinto muito mas preciso me afastar de você. Eu não quero mais escrever aqui. Do que adianta? Ele não vai ler.

Ah, e eu arranjei um novo emprego. Eu preciso de algo que ocupe mais a minha cabeça. Eu preciso de algo mais difícil, algo mais sólido. Eu quero ter um motivo pra ser obrigada a acordar cedo todos os dias.

Agora sou secretária em uma empresa de advocacia. Não que eu tenha escolhido ido de propósito, foi mero acaso. Eu não estou esperando trombar com uma certa pessoa. Não mesmo.


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