A captura do tordo escrita por Maga Clari, Katsudon


Capítulo 2
O tributo escolhido por Haymitch


Notas iniciais do capítulo

Oi vocês! ^^
Foi mal a demora, talvez a gente poste devagar mesmo, mas é que temos tido pouco tempo e etc etc, sabem como é né?
Espero que gostem do capítulo.
Beijão



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— KAT-NISS!

O som da minha voz vai sumindo aos poucos; gradativamente, os gritos se transformam em berros. E de berros começo a chorar. Saio correndo pela floresta, desviando daquele fio inútil, mas a minha perna não aguenta tamanha disposição física. Despenco no chão, derrotado, ao assistir o meu tordo voar naquele aerodeslizador; não tive muito tempo para pensar na cena que eu acabara de ver porque eu também sou retirado da arena.

Passam alguns torturantes e confusos minutos até que eu começo a entender o que de fato estava acontecendo. Haymitch arranca meu rastreador com violência e me joga numa cama branca. Tento me debater um pouco mas não adianta. Katniss foi pega. Não foi?

— CADÊ A KATNISS?

— Peeta, você tem que descansar...

— CADÊ A KATNISS, HAYMITCH, POR FAVOR NÃO ME DIGA QUE DEIXOU ELA LÁ DE PRÓPOSITO!

— Garoto...

— ... E O NOSSO PLANO? PENSEI QUE A IDEIA ERA MANTER KAT...

Então eu sinto algo furando minha pele. Era o morfináceo do D13. Recobro meus sentidos somente algumas horas depois; talvez tenha passado dias, quem sabe? Tento levantar e percebo que algo me impede. Eles me prenderam aqui. Olho ao meu redor e vejo que há um soro preso à minha veia e uma pulserinha colocada no meu pulso.Mentalmente desorientado. Ah, conta outra! Sem cerimônia, arranco o morfináceo e resolvo dar uma geral aqui. Fico surpreso ao ver que me tiraram do aerodeslizador sem eu perceber ou sentir absolutamente nada.

As paredes tem um tom estranhamente fosco, algo próximo ao cinza. Pra falar a verdade, tudo aqui é estranho. As pessoas usam a mesma roupa, tudo parece ser calculado nos mínimos detalhes e, pelo cheiro de mofo, aposto que estamos mesmo no subterrâneo. Ah, Peeta, que cabeça a minha. É claro que estamos no subterrâneo, Katniss havia me falado isso logo quando conheceu as duas jovens do D8. Começo sentir-me um pouco asfixiado, como alguém consegue viver sem a luz do sol? E quanto à ventilação?

Apesar desse sufoco subterrâneo, percebo que a dormência causada pelos morfináceos diminuiu; começo a sentir o gelo sob meus pés, como se até o chão fosse artificial. Continuo caminhando mais um pouco, até que escuto um zum zum irritante. Mesmo que eu não resolvesse segui-lo, não tinha como; o túnel pelo qual eu percorria não tinha bifurcação. Ou eu escolhia continuar, ou eu voltava para aquela prisão chamada maca.

Zum zum zum. E o zumbido infernal só faz piorar. Paro um instante, me sentindo tonto, e me seguro na parede para manter o equilíbrio. Dou continuidade à caminhada, agarrado às paredes. Tudo começa a girar. Zum zum zum. Acho que vai ser difícil ficar de pé. Zum zum zum. Caio no chão, com estrondo, após perder o equilíbrio de vez. Zum zum zum. A sensação era de ter milhares deles em meus ouvidos. Agora a realidade brincava comigo, assim como fez na Arena. Zum zum zum. Katniss? KATNISS!

...

— GALE! Viu só o que você fez?

Abro meus olhos lentamente e vejo duas mãos se afastarem de mim. Me surpreendo ao ver Primrose tirando uma agulha das minhas veias. Dou um sorriso de alívio ao perceber que o zumbido se fora. Prim me ergue com seus bracinhos fracos e eu a abraço, agradecido. Isso dura mais do que eu pretendia, mas, ao vê-la ali tão frágil, provavelmente ansiando por notícias da irmã, me senti imediatamente culpado. Quando eu a solto, finalmente, posso vê-la ir em direção àquele amigo de Katniss. Ou namorado, não sei. Vejo eles dois discutindo, mas eu não consigo entender muito bem sobre o que eles estão falando. Chego próximo ao meio do salão e paro para ouvi-los:

— Você quase o debilitou novamente, Gale, eu disse que era perigoso...

— E não era essa a intenção? Quero dizer... esse é o propósito de por o veneno nas armas, não é?

— Mas eu ainda acho que muitos inocentes podem se machucar... você precisa ter mais cuidado.

— Prim. - ele se abaixou para ficar na mesma altura que ela. Colocou as mãos pesadas em seus ombros e falou: - Você ainda é uma criança... vê pureza em todo mundo. Quando a Capital nos atacar, não terão dó nem piedade...

— E só por isso não podemos ter? - cuspo as palavras, aproximando-me deles. Por um instante, os dois calam, em surpresa. - Combater a maldade com maldade só nos torna pior que eles.

— Só porque você é covarde não significa que todos os rebeldes sejam...

— Covarde é você, que usa a força sem a razão - pela primeira vez dou uma boa olhada ao meu redor e percebo inúmeras prateleiras, cheias de compartimentos de vidro. Meus olhos caem nos tubos onde se encontram aqueles insetos do zum zum - E ainda por cima, coloca essas ideias na cabeça de uma criança...

— Eu não sou criança! - ela gritou, de repente - Eu posso muito bem ter minhas próprias ideias. E a minha ideia é justamente a que eu me arrependo de ter te ajudado com o criadouro, Gale, isso foi um erro!

E então eu a vejo deixar o salão, fechando a porta atrás de si. Agora eu começo a entender: aquele era um criadouro de Teleguiadas. E eles fizeram armas com o veneno delas...

Sinto o olhar frio e ressentido de Gale cair sobre mim. Ele dá um muxoxo e volta ao seu trabalho. Mexe, monta e desmonta armas, ignorando de súbito a minha presença. Volto a pensar em Katniss. Como ela pode se apaixonar por um brutamontes como Gale? Será que onde quer que ela esteja, ela faz ideia de que o seu "precioso priminho" planeja um genocídio?

— Ela não vai voltar tão cedo, Mellark.

— Desculpe? - respondi

— Katniss. Eles a pegaram - ele diz simplesmente, sem levantar os olhos de suas máquinas - Se ela voltar, tenha certeza de que será depois das rebeliões. E nem sabemos se vamos sobreviver a tempo de vê-la.

— Mas você tem alguma notícia sobre o paradeiro dela?

— Pra ser sincero com você, - hesitou e olhou fixamente para mim, com uma indiferença tão falsa, que eu juro que tive a impressão de vê-lo lacrimejar - eu nem sei se ela está viva.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, capítulo pequeno. Mas é que eu queria fechar a ideia dele nessa parte, entendem? Eu prometo aumentar os próximos.
Maga Clari ;]



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