A captura do tordo escrita por Maga Clari, Katsudon


Capítulo 17
Perdendo o controle


Notas iniciais do capítulo

Aqui quem vos fala é uma autora quase fantasma... mas que voltou!!!!!
Primeiramente pedi desculpa pela demora da postagem dos capitulos! Minha culpa a maioria, fiquei sem internet e nao tinha como conversar com a maga...mas agora minha internet voltou.
Segundo: Espero que gostem do capítulo!!!!!



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Estranhando tal atitude, abro atônita a porta. Por instantes, penso ser coisa da minha cabeça. Jamais imaginaria Annie Cresta à minha porta. Sei que estávamos passando praticamente pela mesma situação, mas nunca chegamos a ser amigas.

Annie está parada sustentando um sorriso amigável. Ela, sem sombra de dúvidas, é linda. Tem belos cabelos negros, e brilhantes olhos verdes, como o mar do seu Distrito. Não me admira Finnick ser apaixonado por ela.

Tento lhe oferecer um sorriso.

– Oi, Annie. Como está?

– Estou melhor agora. Depois que fomos resgatadas, sabe? – ela fala, um pouco incerta.

Com certeza, estávamos bem melhores longe das mãos de Snow.

– Fico feliz – respondo, sorrindo. Ela abre seu sorriso mais uma vez.

– E você, como está?

Lembro-me das marcas psicológicas e físicas, dos dias de tortura e dor, dos dias de confusão. Meu estômago se revira de medo. Fecho os olhos e tento me convencer de que está tudo bem. Eu estou bem. Estou à salvo.

Sinto suas mãos em meus ombros e abro os olhos. Ela as desce até as minhas e tenta me confortar.

– Desculpe, não era minha intenção te fazer ficar triste. – ela tem um tom culpado na voz. Mas não é culpa dela.

– Tudo bem, Annie. – tranquilizo-a. Então, recordo-me como é estranho ela estar no meu quarto. – Hum... Annie – chamo sua atenção. –Não querendo ser indelicada, mas o que está fazendo aqui?

Seu rosto se ilumina.

– Tenho uma surpresa para você. Vem comigo? – ela estende a mão, animadamente.

Fico olhando-a. Não sei se deveria ir com ela porque não a conheço. Porém, que mal ela me faria? De certa forma, ela é uma das únicas que pode entender o que passei. Isso foi o suficiente para me dar coragem para acompanhá-la.

Annie me guia pelos corredores como se já os conhecesse desde sempre, o que não deixa de ser esquisito. Chegamos a uma escadaria enorme, e a subimos praticamente correndo. Tenho que confessar que estava curiosa para saber qual era a surpresa.

Finalmente, chegamos à outra escada, só que essa é bem menor e dá acesso a um porta redonda no teto. Annie a abre, passa por ela e eu a sigo.

Minha reação ao chegar lá é de choque. Era uma floresta, uma floresta de verdade. Eu sorrio ao ver algo que eu amo e que me faz tanta falta. Minha pele aproveita o sol. Há quanto tempo não o sinto? Aproveito a sensação de esquentar minha pele.

– Finnick me trouxe aqui há algum tempo. – diz Annie. A felicidade que me invadiu foi tanta que até me esqueci dela. – Ele me falou sobre você também. Que é uma caçadora e adorava a floresta. Pensei que seria uma boa ideia compartilhar esse lugar com você.

– Obrigada, Annie. – agradeço-lhe sorrindo de verdade. Volto a me concentrar na natureza. Sento-me no chão e Annie se senta ao meu lado. Ficamos ali, apenas admirando o lugar.

De repente, escuto um som estranho. Vejo um pequeno aerodeslizador sobrevoando a área. A principio, penso que é do D13, já que estamos aqui e eles devem patrulhar o local. Porém, vejo o emblema da Capital e me desespero. Rapidamente, coloco-me de pé, e Annie me olha, confusa.

– Vamos. Fuja. É a Capital. – aviso, puxando-a. Olho novamente para a nave, e vejo soldados descendo de lá.

Começamos a correr, todavia, alguém me segura e eu grito. Annie também. Sinto uma mão cobrir minha boca. Provavelmente, com a intenção de me silenciar, mas eu continuo gritando.

– KATNISS – escuto minha irmã berrando e correndo em minha direção. Eles iam pegá-la também. Mordo a mão da pessoa e ela me solta, urrando de dor.

– CORRE, PRIM. ELES VÃO TE PEGAR. – grito. Ela ainda está distante.

– KATNISS. CUI... – mas antes que ela possa terminar de falar, algo bate em minha cabeça com força e perco os sentidos.

Quando acordo, já estou dentro de um lugar velho conhecido.

Sinto-me presa, outra vez, e a sensação claustrofóbica me engole como um monstro, trazendo o mesmo terror que vivenciei desde do dia da Colheita.

Snow estava no comando novamente. Meus olhos abrem, no susto, procurando entender exatamente o que está acontecendo. Bato nas paredes de vidro, tentando quebrá-las de qualquer jeito. Infelizmente, tudo que consigo são feridas em minhas mãos.

– Capturei o pássaro de novo, senhorita Everdeen - escuto a voz corrosiva do nosso presidente.

– O quê?! - a única palavra sai de minha boca de modo abafado.

– Use a sua inteligência para o que for importante, senhorita Everdeen! Nós dois sabemos que estou no comando.

Tento respondê-lo à altura, mas tudo que consigo é um grito desesperado de quem sente-se fora do controle da situação. Continuo batendo nos vidros, esmurrando, chutando, empurrando. Snow apenas aperta um pouco os lábios, deliciando-se com esta situação.

– E adivinha quem me ajudou a capturá-la?

Paro de esmurrar o vidro, derrotada, e fico em pé, encarando o relexo do Presidente Snow à minha frente. O holograma parece tão real que me dá arrepios. Meu coração bate ruidosamente, enquanto o escuto torturar-me com suas palavras.

– Ainda não descobriu?

Então, meio de repente, as luzes se apagam. E com a mesma rapidez, outro holograma surge no lugar do Snow. Peeta. Era Peeta encarando-me com um sorriso sarcástico em seus lábios finos.

Cambaleio para trás, perdendo subitamente o equilíbrio. Apoio-me na parede, sem acreditar no que está acontecendo.

– Ganhamos, Katniss.

A imagem de Peeta se multiplica em todo o ambiente em que me encontro, sendo a única fonte de luz do local. Ganhamos, Katniss. Aquilo se repete de novo e de novo e de novo. Infinitas vezes. A voz parece fazer parte de mim e me dominar, mesmo com todos os meus esforços para não ouvi-la.

– Não existe mais Distrito 12. E em breve, não existirá Katniss Everdeen também.

– NÃO!

Começo a berrar, tão alto e vibrante, que praticamente perco a voz. Rouca, como um passarinho na véspera de sua morte. Não poderia ser o Peeta. Ele não teria me traído assim, tão descaradamente.

Para onde quer que eu olho, encontro o sorriso contido e assustador do menino que me acolheu noite passada.

– Desista, Katniss. Nós vencemos.

E então, meio de repente, a imagem começa a desfocar. Ao invés de um Peeta frio e aterrorizante, mesclado a este vejo uma outra versão dele. Um Peeta de roupas pretas, que luta e tem os olhos cheios de sentimentos transbordados. Ele grita ordens e não para de olhar em sua volta.

Minha cabeça começa a doer de novo, e tudo que consigo fazer é chorar. Agacho-me, com as mãos em cada orelha, procurando a calma que nunca vinha. Por que tudo aquilo estava acontecendo, afinal? Eu só queria uma vida normal, na Costura. Caçar com Gale, e, no fim do dia, brincar com minha irmãzinha. Mas desde que Snow pôs os olhos em mim, isto nunca mais foi possível.

Agora, agachada na cela escura em que fui presa, imagens horrorosas lotam minha mente. Continuo chorando. Não por causa do que vejo, mas por não ter o controle sobre mim mesma.

O tempo inteiro venho tido um conflito interno. Real, não-real. Verdade, mentira. Snow, Peeta.

De repente, uma frase, uma simples frase, desperta a minha atenção. Junto a ela, um semblante bastante conhecido.

"Nunca se perguntaram o motivo pela obsessão por rosas?"

– Finnick!

Jogo-me sobre a imagem enorme dele, procurando conforto. No entanto, as últimas lembranças que tenho dele invadem-me imediatamente.

– Traidor! Seu traidor imundo e mentiroso!

Volto a esmurrar, chutar e empurrar o vidro por trás da imagem. Entretanto, dessa vez, algo acontece?

O vidro se contrai, tilinta e, enfim, despedaça. Quase ao mesmo tempo, escuto um barulho muito forte surgir em algum lugar fora daqui. Bombas, talvez? Não quero, nem consigo, pensar. Apenas volto a chorar feito uma criança.

Nunca pensei que fosse achar isso, mas o completo escuro é menos assustador do que os telões acesos.

Pelo menos, assim, posso ter o controle de mim mesma uma última vez.


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