A captura do tordo escrita por Maga Clari, Katsudon


Capítulo 13
Apenas confie




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Finnick e Peeta, ambos traidores. Se bem que nunca confiei no Finnick de verdade. Posso ter baixado a guarda quando ele salvou a vida do Peeta, mas confiança é algo que nunca tive com ele. E pensar que chorei quando Peeta bateu de frente com o campo de força!

Falso, mentiroso e traidor. Fingiu me amar e fez com que eu quisesse dar minha vida por ele. Talvez, Peeta tenha feito isso por vingança. Eu fingi amá-lo e ele fingiu me amar; conquistou minha confiança e amizade e depois matou minha irmã. Falso, mentiroso e traidor. Manipulador.

Juntou-se a Finnick e Snow para me destruir. Será que o Distrito 13 sabe realmente quem é Finnick e Peeta? Será que Gale foi enganado por eles também?

Por isso, quando finalmente alcanço um Finnick cofuso, dou-lhe um soco antes que ele possa se dar conta do está acontecendo. Ele cambaleia para trás colocando a mão na parte esquerda da face onde meu soco o atingiu. Novamente agindo rápido, empurro-o fortemente, fazendo com que ele caia no chão. Subo em cima dele e começo a bater-lhe fortemente em qualquer lugar em que eu possa acertar.

– SEU MENTIROSO DESGRAÇADO! – tento segurar minhas mãos. – SEU GRANDE BABACA. AJUDOU PEETA E SNOW A MATAREM MINHA IRMÃ. IDIOTA. IDIOTA.

Finnick finalmente consegue segurar ambos meus pulsos.

– EU NÃO FAÇO IDEIA DO QUE ESTÁ FALANDO – grita de volta.

– MENTIROSO. – acuso – Você tem uma das rosas de Snow. Você é mais um cúmplice dele, assim como Peeta. – continuo entre dentes. – Você os ajudou a matar minha irmã.

Finnick franze as sobrancelhas, como se não soubesse do que eu estava falando, e eu aproveito o momento para libertar minhas mãos e voltar a bater nele. O que não durou muito tempo, já que duas mãos me tiraram de cima dele e me colocaram contra a parede. Quando encontrei os olhos azuis, um misto de medo e raiva tomaram conta de mim e comecei a me debater para me livrar, sem sucesso, de Peeta.

– Se acalme, Katniss. – disse. Ele tinha prendido minhas mãos atrás de mim contra a parede.

– Me larga, seu assassino mentiroso e manipulador. – rosno – Saia de perto de mim!

Percebo uma movimentação atrás de Peeta e desvio meus olhos para lá. Finnick tinha se recuperado e esfregava o queixo com uma das mãos. Tinha sangue escorrendo de sua boca e quase sorrio satisfeita com meu trabalho.

– Prim está viva – diz.

Meus olhos se arregalam e eu o encaro procurando a mentira. Ele parece ser sincero. Mas eu vi com meus próprios olhos, eu estava lá, chorei vendo o corpo inerte da minha patinha enquanto as risadas do Peeta bestante ecoavam pelo local. Peeta me solta e se afasta a uma distância segura.

– Você é um mentiroso. – cuspo as palavras, enquanto calculo minhas chances contra eles. Considerando que eu sou apenas uma, talvez eu possa apenas atacar um deles, o outro iria ajudá-lo. Se Gale estivesse aqui... Bem, decido ficar mantendo eles ocupados até alguém aparecer e me ajudar. – Eu a vi morrendo! E você que a matou. – apontei o dedo indicador para Peeta.

Ele piscou três vezes como se eu tivesse dito algo incompreensível. Então, abaixou a cabeça e maneou-a para os lados. Quando a levantou, olhou diretamente em meus olhos e disse com uma firmeza impressionante para um mentiroso:

– Seja lá o que Snow te disse, isso é mentira. Prim está muito viva e nunca encostei um dedo nela. – apesar de firme, sua voz soou também suave assim como eu me lembrava de como era a do garoto com o pão.

Peeta anda um passo e eu recuo parando na parede, o que o fez parar bruscamente. Busco em seus olhos, assim como tinha feito com os de Finnick, uma mentira. O que encontrei foi uma tristeza imensurável, um olhar magoado. E por um momento, um breve momento, me esqueço completamente que ele tinha matado minha irmã e sinto uma enorme vontade de acabar com a dor dele.

Mas como eu disse, isso foi apenas por um breve momento. Assim que cai em mim novamente, olhei de Peeta para Finnick e vice-versa várias vezes.

– Como vocês podem mentir desse jeito? – pergunto a ambos. – Eu estava lá e vi tudo. – paro meu olhar em Peeta e continuo. – Você estava lá também. – finalmente as lágrimas chegam a meus olhos. – E você - olho para Finnick – E você tem uma rosa do Snow. O que o torna cúmplice.

Eu escorrego minhas costas pela parede e coloco ambas minhas mãos no meu rosto enquanto choro. Não tenho forças para lutar contra eles.

– Você não acredita em mim, não é mesmo? – pergunta Peeta. A voz dele saiu vacilante e dolorida. Eu nego com a cabeça, ainda sem olhar para ele. – Está vindo uma pessoa que pode te confirmar tudo o que eu te disse, uma pessoa que você confia completamente.

Peeta tem lágrimas nos olhos e as limpa quando percebe que eu o observo. Ele aponta a cabeça para o outro lado do corredor. Vejo uma silhueta que conheço muito bem e, quando dou por mim, Gale começa a correr em minha direção.

– Katniss! O que aconteceu? – ele pergunta, preocupado.

– Eles não param de mentir Gale. – respondo num sussurro.

Gale se vira para trás e vê Finnick com os braços cruzados. Peeta não estava mais ali e eu agradecia mentalmente por isso.

– Eles? – pergunta.

– Sim. Finnick e Peeta. – quando digo o nome de Peeta, o maxilar de Gale trava.

– O que te disseram?

– Que Prim está viva. – volto a chorar assim que termino de dizer a frase.

Gale fica com o olhar distante por um segundo antes de voltá-lo para mim.

– É verdade Katniss. – sussurra.

– O quê? – pergunto no mesmo tom.

– É verdade. Prim está viva e esteve segura por todo esse tempo. – ele se levanta e me estende a mão. – Venha, vou te mostrar.

Uma chamazinha de esperança se acende no meu coração. Se Gale estava me falando isso, então era verdade. Aceito sua mão e o acompanho de volta ao hospital.

Quando chegamos a enfermaria, eu a vejo. Suas tranças loiras, seu corpo que parecia estar maior do que me lembrava e suas mãos habilidosas trabalhando. Como seu soubesse que estava sendo observada, ela levanta os olhos e varre o olhar até parar em mim.

Eu estava paralisada. Parecia bom demais para ser verdade. Ela abre um grande sorriso e vem correndo em minha direção. Abro os braços para recebê-la e, apesar de eu esperar que ela suma como fumaça, sinto seus braços rodearem minha cintura fortemente.

Era verdade! Ela estava ali e estava bem.

– Eu estava com tanta saudade, Katniss - ela diz num sussurro, como se aquilo fosse uma confissão pessoal demais para que outros a ouvissem.

– Eu também - sussurro de volta - Eu também estava, patinha.

E então ela me agarra e eu a seguro em meus braços, ainda mais forte. Afasto o rosto dela, delicadamente, e observo seu semblante de choro. Há quanto tempo eu não a vejo? Prim parece muito mais adulta do que era algum tempo atrás. Talvez tenha sido todo esse problema que estamos vivendo, deve ser isso.

– Katniss - ela diz, ainda em tom baixo - Katniss, por favor, confie no Peeta. É ele quem está no comando agora. Foi ele que mandou te buscar.

Afasto-me dela imediatamente. Só a menção desse nome faz meu corpo ter o reflexo de defesa. Estreito os olhos. Vejo que Gale me observa de relance. Acho que ele está um pouco desconfortável com essa minha conversa com Prim. Mas por quê?

– Katniss, por favor... - Prim soluça e seu pedido parece quase uma clemência.

Avalio minhas possibilidades. Continuo me sentindo mentalmente desorientada, minha cabeça está girando. Algumas informações se misturam de tal forma que parece até alucinação.

Quando coloco minha mão na pilastra, para me apoiar, ela escorrega e tudo que escuto é o baque no chão.

Katniss, não escute-a. Katniss, ele matou o Distrito 12!

Mas por que ele faria isso? Ele não era do Distrito 12?

Katniss, ele a resgatou a mando de Snow! Não é óbvio?

Mas por que ele me trouxe para o Distrito inimigo então?

Katniss, não seja tola. Todos aqui são subservientes de Snow!

MAS PRIM NÃO É!

Katniss... Peeta a transformou. Primrose é uma bestante!

O QUÊÊÊ?!

– Ei... Katniss, ei!

Pisco algumas vezes antes abrir os olhos definitivamente. Sinto uma mão macia fazer carinho nas minhas. Elas me acalmam. Seus dedos giram em círculos, como se este fosse o seu modo de me dizer que tudo estava bem.

Meu coração pulsa tão fortemente que tenho medo de enfartar.

Minha respiração vai ficando mais forte à medida que ponho os olhos em Peeta de baixo para cima. Ele tem um semblante calmo, porém sério. Parece tentar me acalmar da mesma maneira que ele o faria com uma criança.

Prim e Gale nos observam de longe, sentados num banco lá no final da ala hospitalar. Não consigo descrever muito bem o que eles sentem.

– Está tudo sob controle, Katniss. Confie em mim.

Confie em Peeta, Katniss, por favor...

A voz de Prim teimava em berrar em meus ouvidos. Deveria confiar mesmo nele? Ou será que não?

Minha respiração volta a ficar forte. Estou em estado de alerta.

– Ei, ei, ei. Pensei que já tínhamos acalmado, não? - ele ri. Um riso doce - Isso... Muito bem, Katniss.

Por algum motivo estranho, senti confiança. De verdade. Mas não consigo tirar os olhos dele, apesar disso. Deixo que segure minhas duas mãos com força e deposite um beijo em cada uma delas.

– Não precisa ter medo - ele as solta e então chega mais perto de mim - Eu estou de volta. Não vai mais ter pesadelos, eu prometo.

E então, antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, Peeta me abraça. Eu não recuo, mas também não correspondo. Apenas observo. Atentamente.

Peeta caminha em direção à saída e eu não resisto em chamá-lo de volta:

– Espera!

Ele se vira com um largo sorriso nos lábios.

– Tudo isso é real?

– Sim - ele diz, prendendo a respiração - Sim, estamos no D13 agora.

– Como posso ter tanta certeza?

Peeta olhou-me de esguelha e falou antes de sumir pela porta:

– Apenas confie.


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