A captura do tordo escrita por Maga Clari, Katsudon


Capítulo 1
Prólogo




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Ando meio confusa pela arena, não sabendo exatamente onde quero ir. Então apenas fico vagando pela arena. Arena. A palavra parece despertar meus sentidos. Tenho que manter Peeta vivo, manter meu ultimo ato de rebeldia.

Paro para recobrar a racionalidade. Fecho os olhos e inspiro e expiro profundamente algumas vezes até abrir os olhos novamente. Olho em volta à procura de um lugar onde ele possa estar. A árvore-raio foi o último lugar que o vi; decido ir lá. Acho a trilha que leva à árvore e sigo até lá.

Finalmente, quando chego, vejo Beetee inconsciente com algo agarrado à mão. Aproximo-me pra ver o que é e fico surpresa ao descobrir que é um segundo fio que está amarrado à árvore-raio. Eu não entendo o porquê disso.

— Katniss. – quase pulo com o susto, mas logo me escondo. Levo um tempo para reconhecer a voz de Peeta – Katniss. – grita mais alto. Estou prestes a responder quando um movimento perto da árvore me chama a atenção. Finnick e Enobaria, ambos próximos a árvore. Posso matar um dos dois e, se tiver sorte, acerto a árvore também. Ou posso matar os dois se conseguir ser rápida o suficiente. – Katniss. – posso escutar a preocupação em sua voz, mas não respondo.

Bum!

Se minhas contas estiverem certas, sobramos Peeta, Finnick, Enobaria, eu e mais uma pessoa. Se Finnick e Enobaria morrerem agora, e Peeta matar a outra pessoa, ele vence. Pronto, tracei um plano. Quando vou preparar a flecha, reparo novamente no fio. Intercalo meu olhar entre o fio e a árvore, ficando um bom tempo nisso. Então eu olho pra cima focalizando num ponto no céu róseo. Ele se mexe como se fosse formado por ondas. Novamente olho para o fio e para a árvore e sei exatamente a intenção de Beetee.

Pego o fio enrolando rapidamente na ponta da flecha. Miro o ponto no campo de força que parece um espelho: a brecha. Respiro. Inspiro. Respiro. E solto a seta no mesmo momento em que o raio atinge a árvore e sou jogada pra trás. Posso ver o brilho da explosão.

— Katniss! Katniss! – Peeta grita novamente, não só preocupado mas assustado também. A voz dele está mais perto e me deixa alarmada.

Não sei o que aconteceu com Finnick e Enobaria, então é melhor eu me recuperar rápido caso precise atacar. Dou-me uns minutos para me recuperar e me levanto ainda tonta e confusa.

— Peeta. PEETA!

Escuto-me gritar entre os zumbidos e todo aquele barulho dos aerodeslizadores penetrando a Arena. Eu não devia ter aceitado seguir com aquele plano idiota, eu devia ter imaginado que o fio se soltaria. E agora estou aqui, confusa, e zonza.

Acabo de me lembrar do motivo da tontura: Johanna arrancou meu rastreador. Meu antebraço está começando a ficar ainda mais dolorido e sujo; mas antes que eu pudesse pensar em estancar o sangue, vejo um dos aerodeslizadores me puxar à força para cima. As coisas começaram a perder as cores e o foco lentamente e, em poucos minutos, eu já havia desmaiado.

Não sei com tipo de morfináceo me drogaram, mas o fato é que dormi por três dias. Acordo meio sonolenta e confusa, colocando as mãos na cabeça. Vejo que elas estão algemadas com uma espécie estranha de metal; pelo menos, metade dos meus movimentos não foram tirados.

Olho à minha volta e vejo fileiras de macas e reconheço alguns rostos: Johanna, Octavia, Flavius e Venia. Que raio de lugar é esse? Tento levantar e caminhar, mas não consigo; minha coluna ainda dói e eu cheguei a cair no meio do corredor. Em menos de um segundo já tinha gente correndo na minha direção. Lembro-me instantaneamente do que as meninas da floresta me falaram. Seria uma possibilidade eles serem do D13?

Infelizmente, minha curta ilusão durou até o momento em que um deles me ajudou a levantar e eu pude ver o seu emblema da Capital costurado no jaleco. Eles me pegaram. Game over. O jogo acabou. Mas agora eu não dou a mínima pra jogo algum, eu preciso ver Peeta. O que fizeram com ele?

— Hey, pra onde vocês tão me levando? Hey! Soltem-me! - grito em resposta ao aperto nível monstro que me davam ao me conduzir a qualquer lugar

— Calada, senhorita Everdeen.

— Soltem-me, me solteeeeem! - tento me desvencilhar deles, sem sucesso - cadê o Peeta? O que fizeram com ele? O que fizeram com o Peeta?

— Por favor, entre nessa sala.

— Eu não quero entrar em sala nenhuma, me larguem, eu vou fazer um escândalo. EU VOU FAZER UM...

Sinto uma injeção no braço e então fico desacordada novamente. Perco a noção do tempo quando acordo mais uma vez e me vejo num cubículo escuro; não tão diferente da minha casa na Costura. O fato é que aquela escuridão toda, sozinha, me remetia a algo como morte. Talvez fosse isso mesmo, talvez eu estivesse morta. Ótimo.

Meu nome é Katniss Everdeen. Sobrevivi aos Jogos Vorazes. Tenho 17 anos. Fui o tordo. Morri asfixiada pelo cheiro de rosas e agora posso descansar em paz.


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