Let it be escrita por Algodão doce


Capítulo 9
Duendes e atitudes questionáveis


Notas iniciais do capítulo

Eu reescrevi esse capítulo inteeeeiro hoje, por variados motivos, por isso estou postando só agora. Se bem que ainda é cedo. Quero agradecer a Kelle, pelo lindo comentário (♥) e a Gabizinha, que favoritou a história. Obrigada, vocês são demais! :)



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Quinta eu também faltei à aula, e fiquei fazendo mais ou menos as mesmas coisas. Exceto relembrar o passado. Só vi TV, comi, dormi e fiquei um tempo no parquinho, sentindo o ventinho bom que mais tarde deixou meu nariz entupido. Sexta eu só fui porque tinha a minha entrevista com a Martha. E também porque já tinha perdido aulas demais. Fui com o uniforme completo e os meus tênis pretos. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto, como os da Priscila, já que não tive paciência para pentea-lós de manhã (hehehe). Passei os primeiros horários em completo silêncio, prestando atenção nas aulas. Só na hora do recreio quando avistei a Martha que dei à escola a honra de ouvir minha voz novamente. Pelo que sei, a Martha é três anos mais nova que eu, e faz a sétima série. Ela tem muitas sardas e um comprido cabelo castanho claro. Sentamos em uma das mesas da cantina. A Martha carregava com si apenas um bloco de notas e uma caneta.

– Oi, anãzinha. Como andou?

– Com as pernas, não aprendi a voar ainda.

– Hahaha. Isso foi tão engraçado. – respondi – Certo, pode começar as perguntas.

– Tudo bem. Acho que não vamos conseguir terminar tudo hoje, e prefiro até deixar as fotos para segunda. Quem sabe você não penteia o cabelo, né?

– Da para notar?

– Só um pouquinho. Você é loira natural? – ela perguntou, virando a cabeça para o lado, como um cachorrinho.

– É claro que sim! A genética me cedeu esses lindos cabelos, queridinha. E os meus olhos azuis também! – sorri, como uma modelo. Ela revirou os olhos.

– Não parece.

– Se você não quer morrer, sugiro que passe para a próxima pergunta.

– Então, você é uma ótima aluna, certo?

– Eu sou perfeita. – ela tossiu e me olhou com cara feia - Ta legal, ta legal. Eu me esforço muito, sim. Tem algumas matérias um pouco mais difíceis, matemática, por exemplo, mas eu procuro reforça-lás e tirar notas boas. E consigo. – completei, ainda sorrindo.

– Quero fazer você parecer legal na matéria. Então, por favor, seja legal. Hum... Você gosta de música?

– Nossa, uma mudança repentina de assunto. Bem, eu adoro música. Gosto de cantoras como a Taylor Swift e a Britney. A Cher Lloyd é incrível também. Ah, é, e o Justin Timberlake, meu noivo.

– Vou anotar que aqui você sonha alto. – ela falou e deu um sorriso. Há. Só por isso não vou convida-lá para o meu casamento. – O que você costuma fazer nas horas vagas?

– Ouço música, como já disse. Assisto seriados, como, durmo, estudo.

– Tãoooo interessante. Você tem animais de estimação?

– Só os meus duendes. – aí a anãzinha teve uma crise de riso. – O que? Para com isso! Tem gente que cria cachorros, gatos, papagaios. Porque não posso ter um duende? É preconceito. O Bill vai ficar ofendido. Ele é muito sensível.

– Alice, você é mesmo doidinha. Certo, segunda-feira eu faço mais perguntas. Até lá!

A Martha se retirou ainda rindo. Humf. Sim, dou nome para os meus duendes. É normal. Não é? Ah, que seja. Depois de alguns poucos minutos, tocou e eu fui me arrastando até a sala de aula. Na aula de inglês, deitei minha cabeça sobre a mesa e fiquei assim por um tempinho, até o professor me chamar. Acho que ele murmurou algo como “Alice, sinto muito, mas acho melhor você ir da um tempinho na coordenação. Leve sua agenda também, por favor.”. Peguei minha agenda e fui novamente me arrastando, dessa vez até a coordenação. Sempre que fazemos algo “errado”, tipo sair de sala ou não fazer a tarefa, carimbam nossa agenda.

Surpreendentemente, eu gosto da sala de Mário, nosso coordenador. Tem várias cadeiras de plástico espalhadas pelo ambiente, e eu costumo sempre ocupar umas três, isso quando chego atrasada. Uma para a minha bolsa, outra para mim e outra para os meus pés. Só que minha mochila não está comigo agora, ou seja, não tenho absolutamente nada para fazer. Nem só escrever ou estudar. Entreguei minha agenda para Mário, que perguntou o motivo de eu estar ali. Expliquei que tive uma semana ruim, tinha ficado doente e que estava muito cansada, por isso meio que dormi na aula de inglês. Após me dar uma bronca e assinar minha agenda, ele foi embora. Aquelas cadeiras eram desconfortáveis demais para dormir, então tive uma brilhante ideia. Deitei-me no chão.

De repente, eu lembrei que preciso pegar as atividades dos dias em que faltei com alguém. As únicas pessoas da sala que não me odeiam são as garotas nerds e os garotos em geral. Menos o garoto ruivo namorado da Athena. De acordo com os meus cálculos, ele me odeia sim. E o Jake, talvez. Mas se ele me odiasse teria me deixado morrer no dia em que eu estava com febre aqui na escola, né? Depois de um tempinho, ouvi passos no corredor. Sentei-me rapidamente, ainda no chão. O Jake entrou na sala. Não dizem que quando a gente fala de uma pessoa ela aparece?

– Você também saiu de sala? – perguntei, me levantando.

– Hã, não. O professor pediu para eu vir aqui deixar algumas agendas de quem não fez a atividade. Onde está o Mário?

– Não sei.

– Vou à sala do diretor, então. Até mais. Ah, é, eu vi o vídeo. Da briga que você arranjou com a Priscila. Fiquei com pena dela.

– É claro que ficou. Mas foi a coitadinha que começou a briga, eu só me defendi. Ai, que seja. Pense o quiser. Eu só... Preciso que me empreste seus cadernos. É que a maioria dos garotos tem a letra ilegível. E a maioria das garotas me odeia.

– E como sabe que minha letra não é ilegível?

– Eu espero que não seja. – sorri – na verdade, não tenho nem certeza de que você não me odeia.

– Bem, eu não te odeio. Suas atitudes são um pouco questionáveis, mas você é legalzinha. Depois da aula a gente resolve esse negócio dos cadernos. Vou nessa.

O Jake deu um peteleco na minha testa e saiu. Fiquei pensando o que ele quis dizer com “atitudes questionáveis”. Voltei a meu lugar, no chão, e tirei um cochilo enquanto esperava a hora de poder sair de lá, assim que a aula do professor acabasse. Depois dela ainda haveria mais uma, religião. Acordei com o coordenador chamando meu nome. Olhei no relógio. Faltavam só dois minutos. Levantei-me, sonolenta. Mário resmungou algo como “pode ir agora”, e eu dei pulinhos, agradecida. Abri a porta da sala de aula, depois de uma longa caminhada, e dei de cara com o Professor Giba, o que havia me tirado de sala. Não queria ouvir um longo discurso do tipo “Você é uma ótima aluna, mas você não pode perder o foco, Alice. Se quer continuar com notas boas tem que parar com as conversinhas. E prestar atenção à aula.”. Então passei rapidamente por ele, tanto que tropecei enquanto andava até minha carteira. Clássico. Toda a sala deu risadinhas, enquanto eu me levantava desastradamente.

O professor de religião entrou e avisou que iríamos para o auditório, ver um filme. Ou pelo menos o começo dele. Todo mundo se levantou e saiu correndo para a porta. Tinta e quatro pessoas tentando passar por uma mesma porta ao mesmo tempo. Bem inteligente. Fiquei quieta no meu lugar, enquanto várias pessoas se empurravam e algumas caiam no chão. Era quase tão engraçado quanto a minha queda de alguns minutos atrás, que eu esperava que ninguém mais se lembrasse. Quando acabou o engarrafamento na saída, me dirigi à porta e fui andando em passos lentos atrás do professor. O filme se chamava “mãos talentosas”. Sentei lá atrás, ao lado de uma garota gordinha de óculos, Isabel eu acho, e perto de uma amiga dela, Marina, uma garota morena de tranças. Não por opção, mas porque o professor mandou. Quando a aula acabou, voltamos à sala para pegar o material. Fui até a mesa do Jake. Ele me falou as páginas do livro que os professores tinham dado e me emprestou os cadernos com a matéria que eu tinha perdido. Agradeci, e expliquei que precisava ir, pois o motorista da besta escolar é um homem com sérios problemas de ansiedade. Eu falei obrigada. Mereço aplausos, pvr.


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Notas finais do capítulo

Eu acho o Jake fofo. Quem concorda? o/
Sobre a Alice na copa: Acho que não vai dar. Mas vou tentar, prometo *-*