Let it be escrita por Algodão doce


Capítulo 7
Fico doentinha


Notas iniciais do capítulo

Postagem na sexta-feira, comoassim? Pois é, estou um dia adiantada! É que, (a) finalmente estou de férias e (b) a linda recomendação da LolaAndrade me deixou tão tão tão feliz que tive que adicionar esse capítulo hoje só para dizer obrigadaaaa sua diva ♥ E obrigada também a minha outra leitora diva, a Mrs Grier (não canso de coloca-lá nas notas iniciais, se acostume). Boa leitura, pessoal! Leiam as notas finais.



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A Fernanda nem quis ouvir o que eu tinha a dizer depois que ela simplesmente falou que eu estava “me fazendo de santinha”. Ela só foi embora, me deixando com a maior cara de confusa. O pior não era isso, eram as minhas dores. Dor de cabeça, dor na barriga, dor no corpo todo. Sai do banheiro e andei reto até a sala, ignorando todos os olhares e tentando manter a cabeça erguida. Certifiquei-me de que os meus sapatos estavam bem amarrados ao subir a escada, e continuei com o nariz empinado até chegar ao meu destino. É claro que burburinhos se formaram por todo o ambiente, fazer o que, sou o assunto preferido de todo mundo. A Melissa estava nas cadeiras de trás conversando com a Athena e a Fernanda. A Priscila estava com o costumeiro rabo de cavalo cochichando com seus clones. Sentei no meu lugar e peguei o trabalho que o Pedro fez para ler e averiguar.

Estava bom, eu acho, mas nem sequer li o livro, então não sou a melhor pessoa para dizer isso. Que seja. Pelo menos estava pronto. Eu só teria que fazer uma capa bonitinha. A professora entrou na sala e o silêncio reinou, mas matemática só piorou minha enxaqueca. Tentei absorver todo o assunto, porém nada do que a professora falava parecia ter sentido. Física só piorou tudo! E o melhor é que química era logo após o intervalo. Para completar, o ar condicionado da sala me deu um resfriado danado, e agora eu não conseguia parar de espirrar. Eu deveria mesmo ter faltado. Assim que tocou a Melissa veio até minha mesa. “Ótimo”, eu pensei, “ela não deve estar com raiva de mim, igual a todo mundo, sendo que eu nem sei o que eu fiz”.

– Meeeel, você sabe por que todo mundo está me encarando e me olhando como se eu fosse uma terrorista? É assustador, esse povo é tão recalcado!

– Você foi má com a Athena.

– Espera, é só por isso? Ué, não fiz nada demais!

– Você é má com todo mundo, Alice. Mas a burra aqui sou eu, não é mesmo? Te sigo por aí como se eu fosse sua cachorrinha. Quando não tem nada para fazer no fim de semana para quem você liga? Para mim, e eu vou sempre correndo lhe “ajudar”. Somos amigas desde o quinto ano, mas você nunca fez nada por mim. Eu sou só seu brinquedinho.

– Quem colocou essas maluquices na sua cabeça? Duvido que tenha pensado nisso tudo sozinha. Ai, não, desculpa Mel, eu não queria te chamar de burra.

Tentei consertar e só piorei tudo. A Melissa foi embora, e eu fiquei sozinha na sala de aula, sem coragem para levantar, mais pela preguiça do que pela vergonha. Se bem que eu estava morrendo de vergonha. Como que o pessoal dessa escola ficou sabendo dessa ‘briga’? Ouvi risadas no corredor e fingi que estava concentrada no meu livro de física. O Jake e um colega – que eu acho que se chama Eduardo – entraram na sala, sem nem me notar. Fiquei feliz com essa parte, pois agora eu só queria ser invisível. Mas como eu sou tonta e não consigo manter a boca fechada, revelei minha identidade em questão de segundos.

– Jake... – O chamei, minha voz soando fraca e suave. Ele e o provável Eduardo se viraram para mim, e eu pude ouvir o colega dele falar que ia descer, e o Jake responder “vai lá, depois a gente conversa” e vi os dois se cumprimentaram naquele estilo meio idiota, dando um aperto de mão e uma tapinha nas costas.

– Você está horrível, Alice.

– Obrigada, Senhor Óbvio.

– O que houve?

– Eu não sei. É que todo mundo está me olhando torto, cochichando sobre mim, minhas amigas estão falando coisas do tipo “vai se fazer de santinha, Alice?”, “você é má com todo mundo”, e isso me afeta mais do que eu esperava. E... Eu também não sei por que to te falando tudo isso. Foi mal.

– Na verdade, eu perguntei o que houve porque você está com a maior cara de doente.

– É, tem isso também. – O Jake pôs sua mão na minha testa, e pode constatar o óbvio, novamente.

– Você está fervendo!

– É isso que acontece quando estamos com febre.

– E o que ainda está fazendo aqui?

– Aqui na sala ou aqui na escola?

– Poxa vida Alice, você é mesmo maluca. Levanta daí, vamos até a enfermaria. Aqui na escola eles não dão remédios, você vai ter que voltar para casa. – Me levantei e o Jake me olhou de cima a baixo. - Quer que eu te carregue?

– Faça isso e eu arranco sua orelha. E dou para meu cachorro! – só que, hã, eu não tenho cachorro. Mas ele não precisava saber disso.

Então eu fui até a enfermaria. Por mais que eu dissesse “Jake, é melhor você ir, eu estou bem, a aula já começou”, o garoto ficava lá na “maca” ao lado da minha, sentado. Eu estava com trinta e oito graus de febre, mas eu não podia voltar para casa porque ninguém poderia vim me buscar, então eu teria que esperar a besta escolar deitada e quietinha. Eu estava com fome, mas não me arrisquei a comer nada, pois vomitar novamente não era uma opção considerável. Só bebi um chá que a enfermeira fez. Ela também colocou umas compressas frias na minha testa, para ver se eu melhorava.

Depois de um tempo o Jake, finalmente, disse que ia embora, e perguntou se eu queria que ele arrumasse meu material. Eu respondi rapidamente que não, pois não gostava da ideia de alguém mexer em todas as minhas coisas. Porém a ideia de ter que voltar para sala arrumar meu material também não me agradava muito. Acabou que eu aceitei a ajuda, e disse que era melhor ele ficar com o trabalho de português. “É bom mesmo você ficar em casa amanhã, descansando”, o atrevido ousou falar. Quem ele pensa que é, o meu pai?

* * *

Quando acabou a aula e eu saí da enfermaria, cruzei com a Melissa no portão. Ela só me ignorou e deu meia volta. Pensei que ia atrás das suas amiguinhas do clubinho da winx, mas não, nada de Athena e Fernanda, ela foi conversar com a Priscila. Só para me provocar, aposto. Sim, sou arqui-inimiga da Priscila desde que sou uma mini Alice! Procurei o Jake – e a minha mochila – por todo o pátio, e nada do garoto aparecer. Uma anã brotou na minha frente e atrapalhou minha busca. Era uma mini-pessoinha que eu nunca vi mais gorda. Uma smurfette, só que sem ser azul, assim digamos.

– O que você quer, projeto de gente?

– Ei, ei, olha o bullyng. Só porque eu sou baixinha? Meu nome é Martha, você deve ser a Alice. Nossa, é um prazer te ver assim, pessoalmente.

– Estou famosa agora?

– Quanta amargura.

– Ah, por favor, estou cansada de criticas.

– Não vim te criticar. É que eu sou do jornal da escola, e queria saber se você não pode me conceder uma entrevista.

O Jornal da escola é mensal, porém eu acho que ninguém lê nenhuma das dez edições, só joga fora ou faz um aviãozinho com as folhas de papel. Ele não é em formato de jornal, mas em formato de revista. Pensei bem. Uma entrevista. Pode ser divertido. A anãzinha, ops, Martha esperava uma resposta, e ela parecia estar falando bem sério. Então resolvi aceitar. Quem sabe não era o meu primeiro passo antes da fama? Tudo bem, eu estou meio que exagerando. Como eu disse: ninguém lê essa bagaça mesmo. É só que meu cérebro tem sérios problemas, porque ele nunca faz o que eu mando. Tipo, eu penso em falar “banana” e sai “maçã”. É o cérebro que controla isso, né? Whatever.

– Eu topo. A gente vai começar quando? Você vai tirar fotos minhas também, né? Ain, eu vou ficar maravilinda! Da um jeito de me colocar na capa?

– Vai com calma, menina! Então, Alice, podemos começar sexta?

– Sexta! – falei, mais contida. Ta vendo como meu cérebro é problemático?

A Martha se despediu, e acenou para um carro que havia acabado de chegar. Então foi embora. Eu ainda não estou entendendo nada da minha vida, mas já to até me acostumando. Minha besta escolar chegou, e nada do Jake. Falei com o Vinícius, o besta que dirige a besta, e ele disse que ia procurar as criancinhas, mas que quando voltasse já ia dar partida! Meu filho, você vai tirar o pai da forca? Hunf. Peguei meu celular e procurei em contatos o número do infeliz-me-deixa-arrumar-sua-bolsa-e-aí-eu-sumo-com-ela-depois, conhecido popularmente como Jake. Liguei umas duas vezes, até ele atender.

– Cadê você, infeliz?

– Alice? Eu estou aqui na quadra de basquete.

– E você esperava que eu adivinhasse?

– Bom, eu te procurei por todo o lugar e nada de te achar, e hoje eu tenho esporte, então cansei. Vim jogar, ué.

– Eu fiquei quietinha lá na enfermaria, o tempo todo! Como está a Samantha?

– Quem é Samantha?

– Minha mochila, imbecil.

– Olha, o treinador vai brigar comigo, tenho que ir. Quadra de basquete, a que fica no primeiro andar. A Samantha ta aqui no banquinho. Ah é, sua simpatia me surpreende a cada dia mais.

– Eu sei! Não é que todo mundo diz isso?

Desliguei antes de ouvir qualquer resposta e fui andando o mais rápido que podia até o ginásio do andar de cima. Cheguei lá, após subir uma rampa gigante, e tive a visão mais horrível de toda minha vida. Aposto que vou ter pesadelos essa noite. É melhor nem tentar descrever, só para não deixar todo mundo horrorizado. Não, pera, eu vou descrever sim. Garotos. Muitos garotos. Magricelos, espinhentos e suados. Isso deve ter em toda escola, é, mas não milhares deles reunidos. Ou sim? Ah, que seja. Fui até o banquinho onde a Sam descansava e a abracei. Coloquei-a nas costas e fui andando em direção a “saída”.

Antes de descer a rampa, voltei meus olhos para a quadra e procurei o Jake. Acenei para ele, que corria feito um louco atrás de uma bola, e ele acenou de volta. Até que de longe ele parecia bonitinho... Quer dizer, comparando com os outros jogadores ele era o mais bonito. Hã, menos feio. Meus duendes, não, eu preciso afastar esses pensamentos malucos da minha cabeça. E droga, o Vinicius já devia ter achado as criancinhas. Cheguei lá em baixo e o motorista já estava a passar pelo portão, quando o alcancei. Entramos todos juntos na besta, o que causou muita confusão. Milhares de pirralhos tentando passar por uma porta. Caí quase de cara no chão sujo do veiculo, mas me recuperei e sentei quietinha nos bancos da frente. Abri a minha mochila e tirei os biscoitos de lá dentro. A fome era maior.


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Notas finais do capítulo

Está na copa do mundo! Jogadores e torcedores gringos (e gatos) por todo o Brasil, uhu! Provavelmente não vai ter na fanfic algo relacionado com os jogos ou a copa, porque eu já escrevi até o capítulo onze... Mas se vocês quiserem eu posso dar um jeitinho. O que acham, Alice na copa ou não? Comentem e deem sugestões.